Resumo: O presente simpsio temtico objetiva proporcionar espao para discutir pesquisavas voltadas para as polticas pblicas de cultura e para as polticas de memria, abarcando as inflexes das mesmas em relao cultura popular, os incentivos financeiros, os impactos nas prticas culturais e nos seus agentes. Intenta-se igualmente discutir as polticas pblicas voltadas para o patrimnio cultural, em suas mltiplas dimenses (material, imaterial, ambiental, paisagstico) incentivando suas relaes com as polticas de memria (monumentos, tombamentos, aes de salvaguarda, etc.). Estes temas e questes devero ser abordados em perspectiva histria, destacando os movimentos de mudana, transformao, resistncia na aplicao de polticas pblicas de cultura, quais reaes suscitaram, que questes e debates a historiografia tem elencado ao abordar os temas em tela.
Bibliografia
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SARLO, Beatriz. Tempo ado: cultura da memria e guinada subjetiva. So Paulo:
ST 27 - Sesso 1 - Sala 27 - Dia 16/09/2020 das 14:00 s 18:00 21574q
Local: Sala 27
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Jeaniny Silva dos Santos (PUCRS - Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul)
As polticas de memria e o patrimnio brasileiro na gesto de Alosio Magalhes no IPHAN (1979-1982)
Resumo:Nos anos finais da ditadura civil-militar brasilei...
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Resumo:Nos anos finais da ditadura civil-militar brasileira, as polticas de memria e patrimnio cultural sob a guarda do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional - IPHAN observaram um ciclo de renovao da fase modernizante da instituio e consequentemente de ampliao conceitual, com a emergncia do alargamento do conceito para bens culturais. Essas mudanas estruturais da instituio fazem parte de uma conjuntura que estava de acordo com as perspectivas polticas de cultura. O principal objetivo analisar as transformaes ocorridas nas polticas culturais patrimoniais de 1979 a 1982, as novas diretrizes adotadas, para tanto, as narrativas nacionalistas faziam parte do discurso institucional do IPHAN, cujos propsitos eram marcados pela construo de uma memria e de uma identidade nacional. Percebe-se o redesenho do discurso durante a gesto de Alosio Magalhes, apresentado como a referncia para as polticas culturais e a sua capacidade de ao\persuaso. Com a renovao das polticas culturais no Brasil, e a busca por integrar simbolicamente o pas, como parte de um projeto poltico inserido no Estado autoritrio brasileiro, que articulava as polticas econmicas e culturais convergiam nesse momento com metas e planos para o desenvolvimento. Proponho ainda, ponderar como o patrimnio cultural foi utilizado pelo governo brasileiro para valorizar a ideia de nao e se legitimar. A ditadura tambm usa as polticas culturais e de patrimnio, principalmente, relacionadas proteo dos bens culturais, como incentivo ao desenvolvimento econmico e social do pas, conseguindo, assim, diminuir a crise econmico-social enfrentada pelo regime no incio da distenso. Para tanto, foram analisados os Boletins SPHAN/pr-Memria, emitidos durante o perodo de 1979 a 1982, de onde se pde perceber a postura adotada para as aes da Secretaria do Patrimnio Artstico Nacional/Fundao Nacional Pr-memria. Os boletins tornaram-se instrumentos devido periodicidade na sua edio e distribuio, foram utilizados como meios de interveno poltica e disputas no campo cultural. O Estado pretendia atuar como mediador do fazer cultura at as comunidades, por meio dessa poltica cultural estatal. Portanto, as polticas de memria e os patrimnios culturais ajudaram a solidificar uma memria nacional para a populao brasileira, fazendo com que a ditadura mantivesse sua legitimidade perante a sociedade.
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Luciano Chinda Doarte (Grupo de Estudos e Pesquisas em Patrimnio Cultural), Felipe Augusto Tkac (UFPR - Universidade Federal do Paran)
Na Letra, na Boca e na Mira: uma anlise da poltica cultural patrimonial do governo Bolsonaro
Resumo:O patrimnio cultural uma forma potente de inscr...
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Resumo:O patrimnio cultural uma forma potente de inscrio de identidades, memrias e narrativas no campo da cultura, desde seu surgimento moderno at os dias atuais. Nada disso sem embates prprios a cada tempo. Como ao estatal de construo da identidade nacional, de registro de um ado a ser sublinhado ou de privilegiar nomes, coisas e significados com uma dignificao cultural, o patrimnio uma performance pblica, visando o bem e o interesse comuns ao menos desde sua teoria. nessa esteira que o Estado brasileiro, como outros afetados pela cultura ocidental, gere pastas, rgos e legislao para formar e manter seus patrimnios, criando para si narrativas artstica, histrica e cultural. Desde 1988 o Ministrio da Cultura privilegiou os temas do patrimnio, mas mais recentemente a estrutura pblica cultural voltada ao patrimnio e no s tem encontrado empecilhos na sua execuo plena. Partindo dessa constatao, a anlise proposta se debrua sobre como a poltica cultural do patrimnio se que o termo se aplica do governo Jair Bolsonaro pode ser observada em leis e decretos (na letra), no discurso (na boca) e nas aes da poltica contempornea sobre os temas (na mira). Com essa anlise de histria do tempo presente, buscando estudar diferentes formas de compreenso acerca do patrimnio cultural presentes no recorte temporal privilegiado, prope-se uma leitura sobre a ao estatal do governo federal nos temas da cultura, com foco ao patrimnio cultural, no recorte temporal compreendido entre janeiro de 2019 e junho de 2020 do incio do governo Bolsonaro ao tempo das repercusses pblicas sobre a reunio ministerial de abril de 2020. Como base, serve-se das teorias de poltica de memria, de Caroline Bauer, de identidade cultural, de Stuart Hall, dos regimes de patrimonializao, de Jean Davallon, e dos processos de memorializao, de Estela Schindel.
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Diomedes de Oliveira Neto (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Mrio de Andrade e a preservao do patrimnio arquitetnico no Brasil: o anteprojeto de 1936 em perspectiva
Resumo:A trajetria das polticas federais de preservao...
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Resumo:A trajetria das polticas federais de preservao do patrimnio no Brasil tem como um dos marcos institucionais a criao em 1937 do chamado Servio do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (SPHAN). Sua fundao seria resultado da confluncia dos pensamentos e mobilizaes de intelectuais modernistas em torno da construo de uma identidade nacional, durante o ento perodo varguista. Dentre esses intelectuais, destacou-se a figura de Mrio de Andrade, que teria confeccionado em 1936 um anteprojeto direcionado criao de uma instituio federal de preservao do patrimnio.
Apesar de ser considerado pela historiografia como um dos principais documentos de referncia para as polticas federais de preservao do patrimnio, o anteprojeto de Mrio no teria sido de todo aproveitado no momento de criao do rgo federal. Trabalhos historiogrficos se propam a perceber os limites e contribuies do anteprojeto para as polticas do patrimnio, desde a criao do Sphan at perodos mais recentes, a exemplo dos debates para a construo de polticas direcionadas aos bens imateriais. No entanto, constatamos que ainda so muitas as possibilidades de anlises acerca do anteprojeto e de suas contribuies no apenas para as prticas de preservao dos bens culturais imateriais, mas tambm para uma expanso de posturas de preservao para com os bens arquitetnicos.
A partir desses questionamentos, o objetivo desta comunicao perceber como o anteprojeto de Mrio de Andrade, considerado um documento que abarcava uma diversidade de bens culturais a serem preservados, poderia ter contribudo para um alargamento das prticas e discursos de preservao tambm para os bens culturais arquitetnicos no Brasil.
Para tanto, foi analisado, sob uma perspectiva da Histria Cultural, o texto do anteprojeto (com suas inmeras categorias e exemplos de bens que poderiam ser considerados como patrimnio). Alm disso, nos debruamos tambm em alguns escritos de Mrio sobre arquitetura, tomados a partir de suas viagens pelo Norte e Nordeste do Brasil ainda na dcada de 1920, e publicados posteriormente em peridicos como a Revista do Brasil e o Dirio Nacional, alm de textos presentes na sua obra O turista aprendiz, publicada em 1946.
Conclumos a partir das problematizaes dessas documentaes, que apesar de Mrio de Andrade estar alinhado ao pensamento modernista de preservao que havia vingado na poca da criao do Sphan, suas consideraes sobre arquitetura e a diversidade dessa expresso apontada no anteprojeto possibilitaria uma extenso nas prticas, discursos e valores de preservao para com outras arquiteturas que foram excludas dos processos oficiais de preservao do Sphan, a exemplo dos bens arquitetnicos no coloniais.
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Maria Clara da Silva Cavalcante
Patrimnio Industrial de Pernambuco: entre a proteo legal e os novos usos
Resumo:O presente artigo visa contribuir com as discusse...
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Resumo:O presente artigo visa contribuir com as discusses acerca do patrimnio industrial. Prope-se analisar o lugar ocupado por remanescentes da indstria no espao urbano da Regio Metropolitana do Recife, em Pernambuco. Atravs da anlise de aes de polticas pblicas culturais sobre vestgios de trs indstrias relevantes para a atividade industrial em Pernambuco durante o sculo XX, pretende-se investigar a abordagem empreendida na proteo legal e preservao dos bens materiais, as dificuldades e os desafios na valorao desses bens, e os percalos para a reutilizao desses espaos inserindo-os na reestruturao urbana atual.
A instalao de grandes indstrias era acompanhada da criao de estruturas prprias, e da construo de vida social entrelaada ao cotidiano fabril. Atualmente, as metrpoles experimentam uma reestruturao produtiva, e uma desconcentrao industrial. Esses processos impactam profundamente o tecido urbano constitudo pelas estruturas produtivas que foram consolidadas ao longo do sculo XX. No Brasil, a reestruturao, que j vinha acontecendo nas dcadas finais deste perodo, intensificou-se na dcada de 1990.
Diante da construo da cidade contempornea, os espaos de desindustrializao tendem a ficar descontextualizados e vistos como obsoletos e improdutivos. Devido ocupao de grandes reas e intensa especulao imobiliria, muitos elementos que compunham vilas, fbricas ou infraestrutura foram destrudas ou modificadas.
O interesse recente pelo patrimnio industrial pode ser relacionado ampliao do que considerado um bem cultural e a noo de patrimnio urbano como um conjunto vel de ser preservado. Dessa forma, a ao sobre o patrimnio urbano a a ser muito mais que tombar determinadas edificaes, e sim conservar o equilbrio da paisagem, levando em considerao diversos aspectos inter-relacionados.
O tema do reconhecimento dos valores da paisagem urbana abre espao para os artefatos considerados menores, que muitas vezes no eram reconhecidos por sua composio esttica, no entanto, am a ser reconhecidos por suas qualidades compositivas e espaciais.
A salvaguarda dos vestgios da industrializao ainda uma questo relevante. O tombamento, ou reconhecimento legal de um bem, seja ele material ou no, no entanto, est longe de ser garantia de continuidade da memria a que se remete. Dessa forma, o presente trabalho analisa a ao das polticas pblicas culturais e projetos de interveno sobre remanescentes das fbricas da Companhia de Tecidos Paulista, da Fbrica da Macaxeira e da Fbrica Tacaruna, vestgios da indstria txtil do Sculo XX.
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tala Silvana de Oliveira Paes Barreto (tribunal de justia de pernambuco)
Casa da Cultura: memria de uma cadeia e patrimnio do Recife
Resumo:CASA DA CULTURA: Memria de uma Cadeia e Patrimni...
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Resumo:CASA DA CULTURA: Memria de uma Cadeia e Patrimnio do Recife
O presente trabalho prope uma anlise da importncia da Casa da Cultura do Recife como Patrimnio Histrico e Artstico de Pernambuco tendo por base a pesquisa documental nos arquivos da FUNDARPE e IPHAN, e dos autores Regina Abreu e Mrio Chagas. As fontes primrias de pesquisa sero atravs de documentos existentes no Arquivo Pblico Estadual Jordo Emerenciano. A Casa da Cultura foi tombada pelo Decreto n 6.687 de 05/08/1980 e considerada como maior Centro de Cultura e Arte de Pernambuco, inaugurada em abril de 1976. Construda para ser a Casa de Deteno do Recife, localizada s margens do Rio Capibaribe, foi idealizada pelo engenheiro Jos Mamede Alves Ferreira nas Ilhas de Antnio Vaz e funcionou por 118 anos como um dos maiores presdios do Brasil, desativado em 15/03/1973, devido superlotao. O artista plstico Francisco Brennand, enquanto exercia a Chefia da Casa Civil, quis criar em Pernambuco uma instituio que remetessem aos centros de educao nas reas de literatura, teatro, msica e artes plsticas, como os que estavam sendo criadas na Frana. A Casa de Deteno pareceu ser o local mais adequado para a criao desse espao e para esta finalidade foi necessrio uma restaurao ando a ser chamada de Casa da Cultura. Qual a importncia desse Patrimnio para o Recife? Como contribuiu para a divulgao da arte Pernambucana? Na Casa da Cultura h esculturas lembrando a condio humana privada de liberdade e as penas impostas pelas leis, de forma que produz uma crtica ao sistema penitencirio, em que pertinente at os dias atuais, mesmo que a restaurao e inaugurao tenham sido feita anos depois. importante destacar que dentro da Casa da Cultura existe uma cela, a cela 106, localizada na ala Leste, que foi mantidos da mesma forma que era no tempo em que o local funcionava como a Casa de Deteno do Recife, local destinado a presos comuns ou polticos e escravizados que tentavam a fuga, para sofrerem punies ou permanecerem presos a pedido de seus senhores. As paredes continuam com os rabiscos dos detentos que cumpriram pena naquele lugar. Com isso, tudo que aconteceu dentro do espao no ser esquecido e a sua histria ser preservada. O objetivo desse artigo demonstrar o valor que o tombamento de um patrimnio tem e a importncia para a composio da memria e da histria da cidade do Recife no estimulo s pessoas para conservar o que o tempo produziu.
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Adrielly Ribas Morais (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Polticas Pblicas de Educao Museal e Memria: Os museus e a cidade como espaos de saber.
Resumo:A pesquisa de doutorado em andamento possui em seu...
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Resumo:A pesquisa de doutorado em andamento possui em seus objetivos compreender as prticas de educao museal e analisar o alinhamento terico poltico desenvolvido, bem como a sua proximidade ou no, com as diretrizes e polticas pblicas internacionais e nacionais para a educao museal. Partindo do princpio da reflexo acerca dos sentidos e significaes atribudos aos museus e sua relao com memria, tambm importante compreender sua relao com o territrio e a memria local. A importncia do patrimnio urbano, histrico e cultural assenta alm da ateno conferida aos aspectos arquitetnicos e museolgicos, est tambm alocada na construo social de uma especificidade que advm de determinadas formas culturais, identitrias, artsticas, polticas, econmicas e simblicas reunidas em um espao fsico (CHOAY, 2006). Para anlise e compreenso das polticas voltadas para educao museal, o estudo ter como referencial terico-analtico o ciclo de polticas (BALL e BOWE 1992). O campo se dar nos museus da Repblica, do Amanh e da Mar com o intuito de compreender quais as prticas de educao museal existentes nessas instituies, ratificar os carter terico-prtico prprio dos museus em sua dimenso educativa, bem como a compreenso do contexto prtico no ciclo de polticas e a ressignificao dada pelos sujeitos. A escolha do campo se deu pelos museus apresentarem historicidades, propostas distintas e localidade de diferentes pontos da cidade. A pesquisa de cunho qualitativo utilizar de abordagem do tipo etnogrfica. O territrio e a historicidade do lugar em que o museu est inserido tambm revelam uma disputa de memria. E um lugar pode ser tornar uma marca e recursos de investimentos, turismo e ganhos econmicos. Isso exige a construo de uma narrativa e uma imagem de cidade, geralmente associada a uma memria forjada. Por isso importante compreender a trajetria e o contexto social em que aquele espao musealizado est inserido para uma melhor apreenso e anlise de suas prticas.
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ST 27 - Sesso 2 - Sala 27 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 69134e
Local: Sala 27
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Vagner Jose de Moraes Medeiros (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Educao patrimonial a partir de um roteiro histrico geogrfico em Inhama Rio de Janeiro
Resumo:Muito se perdeu do patrimnio histrico e cultural...
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Resumo:Muito se perdeu do patrimnio histrico e cultural dos bairros do subrbio do municpio do Rio de Janeiro. Provavelmente, um dos motivos foi a falta de conhecimento da populao que nela reside, pois no h quase histrico de luta no sentido de sua preservao. E se na escola no se educa para este tipo de cuidado, os governantes tambm no se interessam nesse sentido. Diante disso trazemos um projeto voltado para o bairro em que a escola est inserida, que, neste caso, o de Inhama, situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. o locqal em que se encontra a escola em que leciono, de modo a criar uma possibilidade de aprendizagem para fora dos muros da escola e para alm da aula expositiva, tentando despertar o interesse pelo conhecimento com uma atividade extraclasse e interdisciplinar. Despertar no alunado tambm o interesse pelo patrimnio cultural do bairro em que vive ou estuda, no intuito de valorizar e lutar pela sua preservao. feito a partir de uma caminhada a p, pelas ruas do bairro. Neste roteiro, trata-se da histria e da geografia do lugar, dialogando com a educao patrimonial. Os pontos de paradas so bens tombados oficialmente, mas h os que no so, pois o que determinou a importncia dos lugares foi o desenrolar do projeto. Uma viso de educao reflexiva para a valorizao dos patrimnios da comunidade. Os imveis do roteiro esto em uma paisagem urbana e podem ser analisados tambm com o arcabouo terico da geografia cultural, promovendo assim algo que vai alm do conhecimento sobre a histria ou as explicaes geoeconmicas sobre o surgimento do lugar, surgindo uma nova construo de um sentido para o espao geogrfico dado por aquele que o observa e interage com o mesmo. Ao final o projeto possui, segundo a proposta do mestrado profissional que sugere a criao de um produto pedaggico voltado para o ensino de histria, um modelo metodolgico de como implantar o roteiro em qualquer escola da cidade.
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Ramon de Souza Cabral (UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par)
Educao Patrimonial no Ensino de Histria: A festa do Divino Esprito Santo e a Histria Local na cidade de Marab-PA
Resumo:Essa comunicao faz parte de uma pesquisa que est...
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Resumo:Essa comunicao faz parte de uma pesquisa que est em fase inicial de desenvolvimento no mestrado do Programa de Ps-Graduao em Histria PPGHIST, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par UNIFESSPA, na Linha de Pesquisa Ensino de Histria, Narrativas e Documentos. Nela desenvolvemos um estudo da Festa do Divino Esprito Santo e suas prticas culturais na cidade de Marab-PA, e investigamos a possibilidade de ensinar a Histria local a partir da Festa do Divino, por meio da Educao Patrimonial. Nesse percurso investigativo, pretendemos verificar: qual a relao da comunidade com a Festa do Divino? De que forma essas festividades esto sendo abordadas na Educao Bsica nas aulas de histria? Como esse ado /presente em torno da Festa do Divino esto sendo representados nas escolas locais? Entendemos que o ensino de Histria tem responsabilidade na formao dos indivduos e sua relao com a cultura, a cidadania e a conscincia histrica crtica. Nesse sentido a Educao Patrimonial se apresenta como uma estratgia de ensino de Histria Local, que viabiliza o despertar do interesse da comunidade sobre a memria, identidade e as manifestaes da cultura local. O Divino Esprito Santo em Marab/PA se insere nesse processo como como ponto de partida para pensar o ensino de Histria e suas prticas culturais. De origem barroca, o culto ao Divino Esprito Santo foi introduzido no Brasil durante o perodo colonial e ganhou caractersticas peculiares de acordo com a regio de ocorrncia. Aqui em Marab-PA as festividades remetem dcada de 1940, grupos se formaram mediante um intenso fluxo migratrio, oriundo principalmente do estado do Gois, em decorrncia do auge dos garimpos de diamante e cristal de rocha nos rios Tocantins e Araguaia. Atualmente o municpio de Marab/PA conta com dezoito grupos do Divino. Nessa fase da pesquisa alm de ampliar as referncias bibliogrficas, j foram realizadas por meio da metodologia da Histria Oral, algumas entrevistas com integrantes da festa e j comeamos a analisar a matriz curricular das escolas pblicas de Marab, para investigar de que forma essa Histria Local e a ideia de patrimnio vem sendo experenciadas pelos professores e professoras da educao bsica.
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Rosana Maria dos Santos (UFRPE)
O POVO LETRADO: as bibliotecas populares na cidade do Recife nas dcadas de 1940 1960
Resumo: ...
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Resumo: Rosana Maria dos Santos (UFRPE)
O artigo tem como objetivo analisar e problematizar a criao do Departamento de Documentao e Cultura e a sua importncia para o desenvolvimento das politicas pblicas voltadas para as construes de Bibliotecas Populares na cidade do Recife. Em 1949, foi promulgada pelo presidente da Cmara Municipal do Recife e autorizada pelo prefeito Pelpdas Silveira a Lei n 292, de 16 de abril, que institua a criao de bibliotecas populares nos bairros da periferia da capital de Pernambuco. As polticas culturais e educacionais propiciadas pela efetivao da Lei impactaram as vidas daqueles que delas puderam ter o leitura. Os benefcios trazidos por essas bibliotecas revelaram uma dimenso antes nunca vista no cenrio cultural e educacional do Recife. As bibliotecas populares romperam com o imobilismo da Biblioteca Pblica e conseguiram levar a leitura populao mais distante do centro, alm disso, proporcionaram o crescimento intelectual do povo marginalizado. As implementaes das polticas pblicas voltadas ao o educao atravs da cultura oportunizaram aos moradores do Recife um encontro com a prpria identidade de ser humano. Esses espaos de leitura e compartilhamento de conhecimento foram uma inovao, pois proporcionaram o encontro do povo com o livro. At o final do sculo XIX essas pessoas sequer poderiam usufruir dos bens pblicos de uso comum do povo, como as praas, parques, cujo ingresso era limitado por grades, de sorte que apenas os privilegiados poderiam deles apropriar-se. No entanto, essa apropriao literria proporcionada ao povo foi definida e controlada pelo Estado, atravs das elites intelectuais do Recife.
Palavras - chave: Bibliotecas Populares, Recife, Polticas Pblicas, Departamento de Documentao e Cultura.
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Glauber Guedes Ferreira de Lima (UFG - Universidade Federal de Gois), Alexandra de Lima Cavalcanti (NCC)
Espetacularizao, burocracia e afeto: o maracatu de baque solto e o carnaval do recife
Resumo:Esta comunicao discute o carter normativo da po...
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Resumo:Esta comunicao discute o carter normativo da poltica cultural que promove o Maracatu de Baque Solto em meio ao carnaval do Recife. Mais especificamente, interessa-nos discutir a regulao e inscrio de sentidos sobre este bem cultural. Por conseguinte, argumentamos que tal poltica se articula sob um uso instrumental da cultura, o qual significa o maracatu enquanto recurso a ser operado por um conjunto de agentes. Tais operadores incluem o poder pblico, o mercado e os seus prprios detentores. Neste sentido, o esclarecimento dos termos e dos efeitos desta dinmica a questo central a guiar nosso trabalho.
Tal sentido de poltica cultural enseja uma abordagem que a difere do significado convencional que a equipara ao que seriam as polticas pblicas para a cultura. Nesse, o estado no o lcus primrio de poder, nem tampouco sua agenda aprimorar os mecanismos estatais de o aos direitos culturais. Tal entendimento, prioritariamente, interessa-se pelos usos polticos da diferena cultural, e tem por objetivo compreender criticamente a dinmica regulatria da articulao entre poltica e cultura.
A discusso a ser realizada se estrutura sob trs dimenses: a festa, a burocracia e os afetos. Na primeira delas, a questo esttica o elemento central. O Maracatu de Baque Solto uma expresso cultural que traz em si um profundo cunho religioso e performtico. No carnaval, tal manifestao regulada a partir de uma srie de aspiraes, o que inclui sua espetacularizao. a face sensvel do maracatu, assim como o que a legitima, o que ser discutido aqui.
A questo seguinte consiste nos processos burocrticos que organizam e recompensam a participao dos maracatuzeiros no carnaval. A partir destes, cada grupo tende a se materializar normatizado pelos princpios que orientam a poltica em questo. precisamente o disciplinamento do bem, no sentido de lhe emprestar ou obliterar valores, o que estar em anlise.
A terceira questo, por fim, corresponde aos afetos produzidos em meio aos dententores do bem cultural. Isto envolve, de um lado, o seu regozijo pelo reconhecimento e visibilidade alcanada com a festa. Assim como, por outro, os dissabores com os obstculos impostos pela razo que est embutida na burocracia. Mais ainda, envolve tambm os significados construdos a partir do tensionamento e subverso do aparato regulatrio da poltica cultural.
Em suma, este trabalho discute uma poltica cultural de forma a evidenciar como esta constitui, em grande medida, a expresso cultural que alega promover e preservar. o Maracatu de Baque Solto, menos como uma expresso cultural transcendente, e mais como produto de uma srie de gestos polticos, o que pretendemos apresentar neste trabalho.
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Rayanne Matias Villarinho (UFPEL - Universidade Federal de Pelotas)
Narrativas e patrimonializao: Serra da Barriga - Quilombo dos Palmares
Resumo:O presente trabalho busca analisar a Serra da Barr...
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Resumo:O presente trabalho busca analisar a Serra da Barriga, localidade situada no estado de Alagoas/Brasil, que em 2017, foi declarada Patrimnio Cultural do MERCOSUL. Partindo de que no ado a regio foi sede do maior quilombo das Amricas, nomeado Quilombo dos Palmares, busca-se desta forma, compreender como tornou-se bem patrimonial luz do avano e ampliao desta valorizao no mbito nacional e regional. Para isso, desenvolve-se o estudo atravs de uma anlise documental conjuntamente a narrativas de depoentes locais sob diferentes perspectivas, visando desta forma, promover uma compreenso de que forma a histria do local o fundamenta como bem patrimonial.
Situada no municpio de Unio dos Palmares, a terra de Zumbi dos Palmares smbolo de resistncia de um povo que vivenciou a desigualdade racial, um sistema de colonizao e intensos conflitos ocorridos neste territrio. Desta forma, as tentativas de fugas tornaram-se atividades rotineiras, em busca por refgios como garantia de sua liberdade e sobrevivncia. Uma das formas mais radicais de promover a resistncia este modelo escravagista foi atravs dos quilombos; sendo assim, ressalta-se o mrito desta localidade que foi o abrigo do maior quilombo das Amricas sendo assim por si s j a representao de um glorioso patrimnio pelo seu compartilhamento histrico, social e cultural que compe a construo de identidade por meio da histria destes povos que habitaram o continente latino-americano.
As narrativas acerca da Serra da Barriga Quilombo dos Palmares categoria de patrimnio cultural advm de vrios atores envolvidos neste processo de patrimonializao, como o MERCOSUL conjuntamente da Comisso de Patrimnio Cultural (C), o IPHAN com documentos oficiais importantes anlise sobretudo o Dossi de Candidatura, a Fundao Cultural Palmares e tambm a partir de vozes institucionais e locais como de moradores e trabalhadores que pelas suas experincias e envolvimento com a regio puderam contribuir para averiguar este estudo.
Entende-se que o uso do ado fundamental para construo de identidades e tambm para istr-las para que no se diluam e se percam ao longo dos anos. A Serra da Barriga ou por vrios processos e discursos at se constituir e ser ento promovida como patrimnio cultural do MERCOSUL, com a responsabilidade de testemunhar memrias, valorizar a cultura e mant-las vivas e presentes. Entretanto, a ascenso da valorizao patrimonial institui maior reconhecimento s identidades sociais e maior significncia s estas temticas remetendo o valor e importncia que realmente possuem. Ressalta-se que antes de regional, nacional ou global, tal patrimnio local, fruto de uma cooperao de todos envolvidos naquela regio.
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Sura Souza Carmo (Universidade Federal de Sergipe)
Da Igreja do Bonfim ao Bemb do Mercado: polticas patrimoniais na Bahia e a valorizao do patrimnio afro-diasprico
Resumo:O artigo visa abordar, a partir de uma anlise his...
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Resumo:O artigo visa abordar, a partir de uma anlise historiogrfica, a trajetria das polticas patrimoniais na Bahia, desde a criao da Inspetoria Estadual de Monumentos Nacionais do Estado da Bahia em 1927 at os dias atuais, apontando os agentes precursores, as caractersticas e as razes para o alargamento da noo de patrimnio, que influenciou e tambm foi influenciada pelo contexto nacional de preservao de bens culturais. O marco balizador da anlise situa-se na criao da Inspetoria Baiana, por intelectuais baianos vinculados ao Instituto Geogrfico e Histrico da Bahia (IGHB), elite conservadora do estado, com destaque para Wanderlei de Arajo Pinho, detentor de uma noo de patrimnio relacionada defesa da herana colonial portuguesa representada pelas edificaes do Centro Histrico de Salvador e do Recncavo. Mudanas polticas, econmicas e sociais esto relacionadas ampliao da noo de patrimnio no mundo e no Brasil, sendo a Bahia caracterizada, sobretudo, a partir da dcada de 1930, pela valorizao da herana africana, em diversas expresses culturais, concomitantemente com a herana portuguesa, em uma relao estreita entre patrimnio, representao, turismo e entretenimento denominada de idia de Bahia ou baianidade. Contudo, apesar do destaque da herana africana na formao da identidade nacional, as aes patrimoniais na Bahia, assim como do IPHAN, durante dcadas, negligenciaram o elemento africano em detrimento de uma nacionalidade pautada na monumentalidade da arquitetura luso-brasileira inventariadas pela historicidade e esttica dos edifcios. O tombamento de terreiros, a partir dos anos 1980, e o registro de bens imateriais de herana africana, a partir dos anos 2000, no mbito federal e estadual, inauguraram um novo olhar e uma busca por equilbrio nas aes patrimoniais. Por fim, busca-se ainda demonstrar como as polticas de turismo e de patrimnio na Bahia so atreladas, sobretudo aos bens e prticas afro-diaspricas, atravs de uma valorizao que enaltece uma suposta convivncia harmnica entre os diferentes segmentos sociais em que caractersticas como tradio, monumentalidade e exoticidade seriam indissociveis.
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Natlia Vieira Carneiro (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
Entrando e Saindo de Beco: Memrias, identidades e tempos sociais na Rua da Areia em Joo Pessoa / PB
Resumo:Historicamente, as aes de identificao, reconhe...
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Resumo:Historicamente, as aes de identificao, reconhecimento e salvaguarda do patrimnio cultural anseiam mobilizar sentidos para a memria coletiva pois a relao do patrimnio com sua funo social foi transformada ao longo do tempo sendo definido e proposto por uma maior diversidade de grupos e segmentos sociais. Compreender esse processo reproduz o verdadeiro sentido de pertencimento, em que as referncias culturais dos grupos sociais am a ser elementos essenciais para a construo da identidade local. Em detrimento disso, tcito que o cuidado com os bens patrimoniais visa resguardar a memria, dando importncia ao contexto e s relaes existentes na rea, pois, segundo Tomaz (2010) no possvel preservar a memria de um grupo social sem, ao mesmo tempo, preservar os espaos por eles utilizados e as suas manifestaes cotidianas. Nesse contexto, a presente pesquisa trata-se de uma investigao sociohistrica acerca da cidade de Joo Pessoa, especificamente sobre a Rua da Areia, que at o sculo XX serviu como rea de grande fluxo financeiro e de concentrao de moradias qualificadas como afirmam Wellington Aguiar, e Coriolano de Medeiros (1932) em suas obras e o processo de transformao e emigrao dos moradores de poder aquisitivo elevado, que l residiam, ando a ocupar novas reas, perdendo o status de moradia qualificada. Com isso, a mesma, est pautada no fornecimento de anlises que sejam capazes de trazer ao debate as discusses sobre preservao e o processo de transformaes e permanncias ps expanso urbana de Joo Pessoa, no sculo XX identificando suas configuraes, usos e comportamentos sociais e diagnosticando a rea, considerando a preservao do cenrio, trazendo o debate acerca da sua invisibilidade e rea de marginalizao social por ser considerada zona de meretrcio. Diante da complexidade dos fenmenos expostos na presente pesquisa, justifica-se a escolha do tema para estudo a fim de avanar nas questes tericas e prticas, legais e factveis, de compreenso da real e contempornea situao de uma rea de grande importncia histrica para a cidade de Joo Pessoa invisibilizada pelo descaso dos poderes pblicos constitudos, que, juntamente com os tcnicos patrimoniais, devem estabelecer uma relao de pleno dilogo com os agentes locais, de forma a se encontrar formas democrticas e socialmente justas de aliar a preservao do patrimnio edificado promoo de melhores condies sociais.
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Lara Lucena Zacchi (UDESC)
Polticas de memria sobre a ditadura civil-militar brasileira em Santa Catarina: A Comisso de Memria e Verdade da UFSC (CMV/UFSC).
Resumo:O ado recente da ditadura civil-militar brasil...
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Resumo:O ado recente da ditadura civil-militar brasileira deixou marcas na memria de todo um coletivo social, reverberando consequncias no tempo presente na medida em que estabeleceu disputas sociais e polticas pela memria em diversos espaos do pas. O presente trabalho busca compreender parte dessa disputa pela memria da ditadura no estado de Santa Catarina (SC), cujo conservadorismo historicamente presente e foi reiterado no resultado das eleies presidenciais de 2018. Este trabalho objetiva, ento, analisar o relatrio da Comisso de Memria e Verdade da Universidade Federal de Santa Catarina (CMV/UFSC) publicado em 2017, considerando-o uma poltica de memria sobre a ditadura em SC, entendendo suas possibilidades em tensionar esquecimentos sobre o ado ditatorial. A partir dos aportes metodolgicos trazidos pela Histria do Tempo Presente e sobre os estudos polticos da memria, o trabalho analisa aspectos do relatrio da CMV, entendendo-o enquanto uma fonte histrica imbuda de intencionalidades que emerge de demandas sociopolticas inseridas em seu presente, articulando continuidades e rupturas de um ado recente traumtico. Publicado no site do Acrevo Memria e Direitos Humanos da UFSC, o relatrio apresenta diferentes documentos e testemunhos coletados que demonstram as graves violaes aos direitos humanos e a represso produzida pelos agentes da ditadura na UFSC e no estado de SC. Possibilita a investigao de traumas nacionais, coletivos e individuais, (re)construindo narrativas, tornando-as pblicas e capazes de modificar o entendimento sobre o ado histrico. Considerando que os processos histricos de redemocratizao e de construo da democracia brasileira basearam-se, sobremaneira, em uma poltica de esquecimento com relao ao ado ditatorial, pressuponho que a memria social sobre o perodo esteve fortemente atrelada ao ato de esquecer, negar, no reconhecer. Assim, para alm das iniciativas civis, destacada a importncia da implementao de polticas de memria capazes de tensionar os esquecimentos do ado ditatorial e trazer tona as diversas violaes aos direitos humanos do perodo. A emergncia de polticas de memria como o relatrio da CMV tambm manifesta uma tentativa de responder demandas cvicas pelo desejo de reparao, reestruturao e justia aos crimes e violaes aos direitos humanos cometidos na ditadura. A importncia dessas polticas de memria tambm faz-se presente face aos discursos negacionistas e revisionistas sobre a ditadura, os quais contribuem para a naturalizao da violncia e impunidade, acarretando na perpetuao de um Estado repressivo, conservador e desigual.
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ST 27 - Sesso 3 - Sala 27 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 6d6tj
Local: Sala 27
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Fernando Bagiotto Botton (Universidade Estadual do Piau)
Construes polticas da memria de Simplcio Dias na cidade de Parnaba-PI
Resumo:Em virtude de seu protagonismo poltico perante os...
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Resumo:Em virtude de seu protagonismo poltico perante os processos de independncia do Piau, podemos identificar que inmeros discursos de memorialistas, historiadores e gestores pblicos se referem a Simplcio Dias da Silva como um grande nome da formao poltica e cultural do estado, tornando-o inequvoco esteretipo daquele que podemos chamar de heri ptrio. Essa concepo de poder e coragem aliados formulao de uma representao poltica nos leva a indagar as inter-relaes polticas que permeiam a construo da memria daquele homem dentro da memorialstica piauiense, muitas vezes abrangendo valores de masculinidade e dominao simblica. Nesse sentido, compreendemos a imagem pblica de Simplcio Dias como um construto histrico-discursivo que possui conotaes de poder, sendo que as maneiras pelas quais sua imagem rememorada influenciam na prpria conformao de noes muito especficas do significado de ser-piauiense correntes na cidade de Parnaba.
Muitas das obras de memorialistas, escultores e gestores pblicos parnaibanos do sculo XX e incio do XXI cultuam ideais romnticos oitocentistas compreendendo o ado como ferramenta para se despertar um ufanista sentimento de orgulho regional, nesse sentido, amos a problematizar algumas prticas discursivas e memorialsticas que justificariam a recorrncia de homenagens, citaes e reiteraes a esse patriarca, pretensamente responsvel direto pela independncia do Piau, formulando ou pretendendo formular uma identidade municipal e estadual. A produo desses discursos tem o poder de legitimar uma forma especfica de olhar para o ado histrico da regio e significar os sentimentos polticos de pertencimento pessoal a tal ado. Para isso nossa breve apresentao procurar compreender algumas dessas formas pelas quais a memria do libertador do Piau foi (re)constituda na segunda metade do sculo XX por meio de uma monumentalstica pblica (praas comemorativas, nomes de rua, inauguraes e obras de grande porte) e tambm pela discursividade de memorialistas e gestores no entorno da imagem de Simplcio Dias, no sentido no apenas de homenagear aquela figura mas tambm de se apropriar e reformular certas simbologias polticas e de gnero, como sempre, com vistas ao presente.
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Tiago Cardoso da Silva (UFRR - Universidade Federal de Roraima)
O Poeta do Mundo Verde e o Movimento Roraimeira: trajetria de Eliakin Rufino (1980 a 2000)
Resumo:O presente trabalho buscar analisar a identidade ...
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Resumo:O presente trabalho buscar analisar a identidade polifactica da trajetria de Eliakin Rufino pelas Perspectivas Culturais no Movimento Roraimeira. Assim, por meio da anlise historiogrfica de textos jornalsticos digitais e digitalizados, do arquivo da hemeroteca pessoal do poeta como um dos idealizadores do movimento na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima, abordaremos sua trajetria de vida. Desse modo, para contrastar a identidade e trajetria, utilizaremos o aporte terico da Histria Cultural, apoiados na metodologia do uso de jornais, discutiremos o contedo da hemeroteca de Eliakin Rufino.
No comeo da dcada de 1980, surgir em Roraima um movimento cultural chamado Roraimeira. O movimento, buscar construir a identitria pela representao cultural roraimense, por meio da realizao de uma arte relacionada a vida e as paisagens de Roraima (OLIVEIRA; WANKLER; SOUZA, 2009). Contudo, a figura de Eliakin Rufino nesse percurso, ser identificada a partir de sua relao com o lugar em qual buscar projetar sua trajetria, partindo das suas msicas, poesias e lugares roraimenses, com isso, se colocar a cantar e contar, o lugar de referncia, Roraima, representando-se e identificando-se, inclusive em relao ao contexto sociocultural da Amaznia, como aparece em poemas publicados na coletnea Cavalo Selvagem (SOUZA, 2013; RUFINO, 2011).
Partindo dessas premissas do Movimento Roraimeira, a partir de 1980 e da trajetria de Eliakin Rufino como idealizador do movimento, teremos nas discusses propostas pesquisa: primeiramente analisaremos a Histria Cultural do Movimento Roraimeira com a trajetria de Eliakin Rufino pela identidade polifactica. Aps as anlises, buscaremos relacionar as representaes identitrias de Eliakin Rufino no Movimento Roraimeira partindo das entrevistas que encontram-se em jornais, a entrevista gravada com Eliakin Rufino para o trabalho, vdeos produzidos pelo movimento em canais digitais da internet, as dissertaes e os artigos cientficos que abordam a temtica do movimento, para assim, construirmos a trajetria do idealizador do Movimento Roraimeira.
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Lucas de Mendona Furtunato (SEDUC/PE)
Um guardador de memrias no Alto Jos do Pinho: uma iniciativa comunitria de memria e patrimnio na periferia do Recife
Resumo: A presente proposta de comunicao apresenta resu...
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Resumo: A presente proposta de comunicao apresenta resultados de uma pesquisa empreendida por mais de cinco anos junto ao sr. Marcos Simo, um antigo morador do Alto Jos do Pinho, bairro da periferia da Zona Norte do Recife. Marcos Antnio do Nascimento, mais conhecido como Marcos Simo, 69 anos, empreende h muitas dcadas um projeto sistemtico de valorizao das memrias e histrias locais e por isso reconhecido por sua comunidade como uma das pessoas mais habilitadas a contar a histria do lugar, um historiador do bairro, ao que ele mesmo contesta: no, eu no sou historiador. Eu no sou nada. Eu posso ser um guardador de memrias.
H mais de vinte e cinco anos o sr. Marcos organiza encontros anuais no Alto Jos do Pinho, denominados Encontros de Geraes, que renem moradores do bairro para a partilha de histrias sobre o lugar e oferta de homenagens s pessoas mais antigas e com importantes servios prestados. Alm disso, nos Encontros o sr. Marcos expe parte de sua coleo fotogrfica comunidade. Com mais de duas mil fotografias, seu acervo de uma envergadura significativa, com fotos da dcada de 1950 at os dias atuais algumas das quais raros registros sobre o processo de urbanizao daquela rea da periferia da Zona Norte do Recife.
A presente pesquisa, desenvolvida em trabalho monogrfico no curso de Licenciatura em Histria (UFPE) e continuada no Curso de Especializao em Museus, Identidades e Comunidades (FUNDAJ/MEC), se faz em ateno a conceitos, mtodos e debates pertinentes aos campos da Histria Pblica, da Educao Patrimonial e da Museologia Social para identificar e analisar interpretaes, processos e tecnologias engendradas e mobilizadas nessa iniciativa comunitria de memria e patrimnio, no tocante produo de conhecimentos e de estratgias prprias de valorizao do patrimnio cultural levada a cabo por sujeitos no acadmicos e no profissionais, longe de institutos, universidades e fundaes de pesquisa. Procura-se, assim, apreender suas especifidades contextuais e produtivas e fornecer caminhos terico-metodolgicos para investigaes da experincia, avaliando a pertinncia da instrumentalizao dos conceitos de musealidade, musealizao e de ao museolgica.
Dessa forma, entendemos que a presente pesquisa contribui para os debates relacionados elaborao de polticas pblicas de cultura e patrimnio ao fornecer elementos contributivos para a adoo de uma perspectiva que preze pela diversidade produtiva de conceitos e interpretaes acerca do patrimnio, bem como pela pluralidade de metodologias de preservao e difuso da memria, avaliando possibilidades de construo de estratgias de ao junto ao Estado a partir de editais de fomento do estado de Pernambuco.
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Ulysses Santiago de Carvalho (UFC - Universidade Federal do Cear)
O Projeto Literatura de Cordel: As Concepes de "Cultura Popular" e a (Re)Afirmao Identitria Cearense no Centro de Referncia Cultural do Cear (1975-1990)
Resumo:Funcionando, aproximadamente, entre 1975-1990, o C...
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Resumo:Funcionando, aproximadamente, entre 1975-1990, o Centro de Referncia Cultural do Cear (CERES), rgo vinculado Secretaria de Cultura do Estado do Cear (SECULT), realizou inventariaes e promoveu estudos sobre as manifestaes artstico-populares do Cear. Ao longo do seu tempo de funcionamento, o CERES executou suas atividades a partir de trs projetos: o Projeto Artesanato, o Projeto Literatura de Cordel e o Projeto Festas e Folguedos. Dessa forma, neste trabalho, pretendemos analisar a identidade cultural cearense suscitada, em meio ao trmino da Ditadura Militar (1964-1985) e o comeo da chamada Redemocratizao (1985), pelo Projeto Literatura Cordel, isto , como a literatura popular em verso foi alada, dentro de determinadas demandas histricas, como as necessidades econmicas da indstria cultural, a um dos smbolos do Cear. Para isso, examinaremos, mais especificamente, as concepes de arte e cultura popular evocadas pelos intelectuais pertencentes ao CERES, notadamente por Oswald Barroso e Rosemberg Cariry. Participando simultaneamente de alguns movimentos culturais, como o Siriar e o Nao Cariri, Barroso e Cariry, como veremos, atriburam "cultura popular", ao entreg-la uma funo revolucionria na luta contra o capitalismo, uma noo cada vez mais distante da "folclrica". Em nossa metodologia, utilizaremos como fontes histricas as publicaes do prprio CERES, sobretudo aquelas que tratam mais diretamente dos folhetos populares, como os dois volumes da Antologia da Literatura de Cordel (1978/1980), e outras mais particulares aos dois intelectuais destacados, como Cultura Insubmissa (1982). Neste trabalho, poderemos constatar, ento, a concepo de "cultura popular" se tornando, gradativamente, mais sincronizada com as atualizaes tericas, na dcada de 1980, da Antropologia e mais reassociada ideia de patrimnio cultural. Esta pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) e ligada ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Memria e Patrimnio (GEPPM/UFC).
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Lucas Incio Rodrigues (Prefeitura Municipal de Maria da F/MG)
Legislao e Patrimnio Imaterial: o processo de oficializao do saber/fazer o doce P de moleque na cidade de Piranguinho/MG
Resumo:O estudo se constitui sobre o tema legislao e pa...
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Resumo:O estudo se constitui sobre o tema legislao e patrimnio imaterial, as quais assumem a busca pela compreenso da organizao do processo de oficializao da prtica cultural do saber/fazer o doce P de moleque, na cidade de Piranguinho/MG. Durante sua histria, Piranguinho/MG, cidade com 8.016 habitantes, segundo o censo do IBGE de 2010, localizada no sul do estado de Minas Gerais, pertencente a serra da Mantiqueira, distante da capital Belo Horizonte cerca de 440 quilmetros, vivenciou vrias transformaes em diversos campos sociais. Entre essas transformaes as prticas voltadas produo do doce P de Moleque se destacam como influenciadoras das mudanas e permanncias da cidade e na mentalidade de seus moradores. Atualmente a cidade detm o status de ser a Capital Nacional do P de Moleque e anualmente realiza-se uma festa em honra ao doce, a Festa do Maior P de Moleque do Mundo. A justificativa da pesquisa consiste na possibilidade de ampliar as produes acadmicas sobre os estudos de polticas culturais, de memria e de patrimnio, podendo contribuir na construo de projetos de incentivos culturais. Buscamos tambm, por meio desta pesquisa, questionar os sentidos e conceitos voltados questo do patrimnio, diferenciando suas definies e problematizando sobre as intencionalidades presentes em sua oficializao, utilizando da cultura como uma possibilidade para alavancar aspectos de cunho poltico local. Objetiva-se, por meio das aes dos gestores pblicos e dos processos organizativos de polticas culturais sobre o saber/fazer, organizar, historicamente, como se deu o processo de oficializao da prtica cultural, compreendendo as influncias legais, econmicas e polticas, que geraram a oficializao do saber voltado a confeco do doce p de moleque, na cidade de Piranguinho, como patrimnio cultural imaterial do estado de Minas Gerais. Do ponto de vista metodolgico, foi realizada uma pesquisa de campo por meio de entrevistas, visitas de observao, registro fotogrfico e de imagens, levantamento de documentos oficiais e pblicos, leis e jornais, os quais permitam a identificao estabelecida no objetivo apontado. Espera-se, alm do entendimento sobre as definies e diferenciaes do conceito de patrimnio, a organizao de informaes que possam auxiliar o rumo de polticas pblicas locais, e regionais, e do poder pblico no que diz respeito gerao de renda e os modos de organizaes em prol da sustentabilidade social local.
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Camila Silva (UNISINOS)
O processo de constituio e patrimonializao da Coleo Varela (AHRS, 1858-1936)
Resumo:Este trabalho visa compartilhar algumas reflexes ...
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Resumo:Este trabalho visa compartilhar algumas reflexes sobre o processo de constituio e patrimonializao da Coleo Varela, importante conjunto documental sobre a guerra civil farroupilha, custodiada pelo AHRS. A pesquisa busca desnaturalizar o processo de acmulo das fontes geradoras deste acervo, atravs do entendimento dos agentes que interviram na seleo e preservao dos seus documentos. A origem da coleo adquirida pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, remonta ao final da dcada de 1850. Domingos Jos de Almeida, ex-ministro da Republica Rio-Grandense, empreendeu os primeiros esforos para a reunio dos registros sobre a guerra civil farroupilha. Alm das provas comprobatrias das dvidas contradas no perodo em que ocupou o cargo de Ministro da Fazenda, Almeida buscava a materializao do capital simblico relacionado experincia do governo insurrecto. Diante da resistncia publicao de uma histria documentada da Revoluo Farroupilha, Almeida no concretizou tal projeto. Contudo, seu trabalho resultou na formao de um extenso arquivo de documentos doado ao historiador Alfredo Varela. Dentre as obras que este autor dedicou guerra civil sul-rio-grandense, destaca-se Histria da Grande Revoluo, publicada em 1933, com o financiamento do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Este trabalho provocou um intenso debate entre os intelectuais gachos. Na contramo do discurso afirmativo da brasilidade do movimento farrapo, a obra deste historiador no encontrou espao na agenda comemorativa do centenrio. Do mesmo modo, o arquivo de Almeida, atravs do qual o autor baseava sua narrativa, no fora incluso nas atividades de 1935. Apesar do crescente interesse na dcada de 1930 por registros referentes a Revolta dos Farrapos, a transio da coleo para o domnio pblico foi marcada por alguns conflitos. Os intelectuais ligados s instituies de memria do Estado viam-se diante de uma escolha ambgua. A aceitao do arquivo que estava intrinsicamente relacionado a figura de Domingos Jos de Almeida parecia uma deciso natural de ser tomada, tendo em vista a efemeridade de 1935. No entanto, sua incorporao pelo MJC naquele contexto concederia a Alfredo Varela certo protagonismo em meio as comemoraes do centenrio. Tal medida afetaria o cuidadoso trabalho de memria realizado pelo IHGRGS, modificando o rol de referncias sobre o ado farroupilha. Em 1936, aps uma longa troca de cartas entre Alfredo Varela e o Secretrio do Interior e Exterior, o conjunto foi recebido pelo Governo. Ao longo da sua trajetria a Coleo Varela foi objeto de diferentes projetos de memria. Exemplo disso, o trabalho de transcrio dos seus documentos, cujo resultado vem sendo publicado nos Anais do AHRS, desde 1978.
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