ST 25 - Sesso 1 - Sala 25 - Dia 16/09/2020 das 14:00 s 18:00 dy5y
Local: Sala 25
-
Saulo Vilar de Campos Silva (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
TRATADOS, TRIBUTOS E TRATANTES: diplomticos olhares estrangeiros assombram o sol dos mazombos no Pernambuco oitocentista.
Resumo:Para Ortega y Gasset, a Histria pode ser entendid...
Veja mais!
Resumo:Para Ortega y Gasset, a Histria pode ser entendida como o estudo da transio. A nossa pesquisa pretende compreender como os processos dinmicos que levaram crise do antigo sistema colonial e os resultados de suas tratativas poltico-diplomticas influenciaram no desenvolvimento socioeconmico da capitania do Pernambuco oitocentista. Os mecanismos estruturais dessas transformaes remontam ao primeiro tratado de 1654, porm, o nosso recorte assume como eventos ruptores e aceleradores da crise na estrutura do referido sistema o planejamento executivo (1807) e a formalizao do Tratado de amizade, Commercio, e Navegao entre Portugal e Inglaterra, em 1810, seus adendos, at a ltima modificao de 1827. Nossa base historiogrfica aproxima-se do debate entre Laura de Mello e Souza (O sol e a sombra; Norma e Conflito) e Antnio Manuel Hespanha (As vsperas do Leviathan; Caleidoscpio do antigo regime), endossado por E.P. Thompson, C.R. Boxer e Pierre Bourdieu. Alm da anlise legal sob a tica do escravismo, ao analisar as estruturas istrativo-financeiras, e as narrativas dos viajantes, a pesquisa tenta compreender se a postura fleugmtica e dominadora dos seus discursos , pode funcionar como representao dos processos de dominao, e suas transformaes, exercidos pela matriz fisco-tributria inglesa sobre as matrizes fisco-tributrias portuguesas na Europa e na Amrica? Procura-se saber se possvel identificar, diante das crises e das polticas de fiscalidade, como se comportam as morais tributrias dos agentes dominadores e dos dominados? Sob os olhares libertos, auto representativos e dominadores dos viajantes, notadamente os do cidado britnico, Henry Koster. Nascido em Lisboa, abolicionista atuante educado em Liverpool e que tambm teve como misso diplomtica, a servio da causa, realizar um estudo comparativo entre o formato da escravido nas Antilhas e em Pernambuco, vindo a falecer na vila de Santo Antnio do Recife em 1820. Funcionando, tambm, como um exerccio de alteridade, pretendemos utilizar como fontes as narrativas destes viajantes e seus diversos olhares, bem como as observaes de Oliveira Lima (D. Joo VI no Brasil; Pernambuco, seu desenvolvimento econmico). Ficamos alinhados com o tema geral deste evento Histria e mdias: narrativas em disputa ao tambm utilizar os peridicos da poca O paquete estrangeiro (Porto), O correio brasiliense e seu contraponto O investigador portuguez em Inglaterra, rgo de mdia chapa branca representando os interesses da coroa portuguesa, cujo relacionamento extraoficial com Hiplito da Costa, redator dO correio levanta muitas suspeitas.
Ocultar
|
-
Gabriel de Abreu Machado Gaspar (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Um servio til e proveitoso: Fernando Jos de Portugal e a prtica da traduo no mundo luso-brasileiro (1750-1811)
Resumo:A partir da segunda metade do sculo XVIII, o mund...
Veja mais!
Resumo:A partir da segunda metade do sculo XVIII, o mundo brasileiro assistiu ao surgimento de um amplo movimento de traduo de obras estrangeiras dos mais diferentes gneros, como tratados, oraes, novelas, contos, poesias, dramas e obras cientficas. Estas publicaes mantinham estreita relao com a recepo em tons prprios dos ventos luminosos que ali chegavam desde a reorientao da poltica rgia no perodo pombalino e do reformismo ilustrado do secretrio de estado Rodrigo de Sousa Coutinho (1755-1812). Durante o perodo em que Sousa Coutinho esteve frente da Secretaria de Estado da Marinha e do Ultramar, proliferam-se aes de incentivo a letrados que buscavam um conhecimento prtico que baseassem as reformas. Fundamental neste aspecto a fundao em 1799 da Casa Literria do Arco do Cego dirigida pelo botnico franciscano Frei Veloso (1741-1811). Dos prelos desta tipografia saram numerosas tradues de obras sobre a agricultura, comrcio, medicina e histria natural. Com a subsequente migrao da Corte joanina, a publicao de tradues manteve seu ritmo ascendente em meio a instalao da instalao da Impresso Rgia e ao crescimento do comrcio livreiro no Brasil. De duas livrarias descritas em 1799 ou-se para, no mnimo, dez livreiros em atuao, j em 1808. Com o objetivo de investigar este amplo processo, foram escolhidas as verses em vernculo publicadas nesta tipografia do Ensaio sobre a Crtica (1810) e dos Ensaios Morais (1811) escritos pelo poeta ingls Alexander Pope (1688-1744). As obras foram traduzidas ao portugus por D. Fernando Jos de Portugal e Castro (1752-1817), Conde e Marqus de Aguiar, um dos principais ministros do primeiro gabinete organizado pelo prncipe-regente D. Joo na Amrica. A partir delas, busca-se refletir sobre a prtica da traduo no perodo e as estratgias envolvidas no processo de traduzir uma obra em princpio do Oitocentos.
Ocultar
|
-
Mara Moraes dos Santos Villares Vianna (UERJ)
O Imprio Luso-Brasileiro em perspectiva: impressos e censura nas primeiras dcadas do sculo XIX
Resumo:
A chegada corte Portuguesa ao Brasil inaugurou u...
Veja mais!
Resumo:
A chegada corte Portuguesa ao Brasil inaugurou uma srie de transformaes polticas e culturais, principalmente, na cidade do Rio de Janeiro, a qual ou a sediar a famlia real portuguesa. Entre tais mudanas destaca-se a nova relao que a cidade ou a ter com os impressos, aps a abertura da Impresso Rgia, em 1808. A tipografia foi criada com o propsito de atender as necessidades istrativas e burocrticas do governo, entretanto, tornou possvel a publicao de obras variadas e contribuiu para a criao de novas formas de socialidade. Ao mesmo tempo, a instaurao da tipografia no significou o o amplo a posse e leitura dos impressos, uma vez que, junto a sua instaurao foi implementado pela coroa a censura prvia, a qual perdurou at 1821.
Dentro de tal conjuntura, o presente trabalho pretende fazer um estudo comparado entre a censura que vigou em Portugal e no Brasil, entre 1808 a 1821, por meio da anlise das prticas censrias desenvolvidas em cada localidade. Almeja-se identificar as rupturas e continuidades presentes na censura que foi implementada nos trpicos, em relao a que vigorava em Portugal. Compreende-se ainda, que o o leitura estava atrelado a uma elite letrada e era utilizada pela mesma como um mecanismo de poder, garantindo a manuteno das hierarquias presentes na sociedade da poca. Dentro de tal chave de anlise, ser explorada a relao entre o o aos livros proibidos e a formao educacional da elite letrada, em Portugal e no Brasil, identificar e explorar a relevncia atribuda pelos letrados leitura de obras proibidas no processo de formao da prpria elite . Como aporte terico-metodolgico ser feita a reviso bibliogrfica e anlise dos documentos relativos censura presentes no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Ocultar
|
-
Arthur Ferreira Reis (universidade federal do esprito santo)
O caminho do Atlntico: a circulao dos impressos no ano de 1821
Resumo:Com o eclodir da Regenerao do Porto, uma das pri...
Veja mais!
Resumo:Com o eclodir da Regenerao do Porto, uma das primeiras atitudes das Cortes foi instaurar a liberdade de imprensa. Com isso, jornais e panfletos se multiplicaram em Portugal e tambm no Brasil. Se, verdade, j existia uma cena pblica ainda que muito incipiente na Corte, foi a partir dos debates iniciados por ocasio da Regenerao do Porto que os espaos pblicos comearam a se consolidar no Brasil a partir do envolvimento de pessoas em manifestaes e debates, que geravam e eram gerados por impressos.
Nos espaos pblicos, mais que apenas leituras e debates sobre ideias, eram formulados projetos e resinificadas algumas identidades. A partir de 1820 com o consequente debate a respeito da constituio e os conflitos entre os projetos polticos formulados, brasileiros e portugueses aram a se afastar gradualmente graas a tenses e diferentes perspectivas para o Imprio, o que teria culminado na separao em meados de 1822.
Todavia, a gestao de uma identidade "brasileira" distinta da "portuguesa" no foi o nico resultado do jogo de alteridades discutidas nos peridicos nesses primeiros anos do Brasil Imprio. Existiu uma outra formulada a partir das experincias revolucionrias Atlnticas que nos ajudam a compreender a insero do Brasil na Era das Revolues.
A partir da leitura dos peridicos de 1821 e da anlise das referncias de jornais estrangeiros neles, bem como dos discursos polticos, defendemos que existiu uma identidade liberal nos peridicos. Compreendendo os diferentes movimentos polticos que ocorriam no ano de 1820 e 1821 - movimento liberal na Espanha, Portugal e Npoles e independncia grega - como similares, criou-se nos peridicos, a partir de notcias estrangeiras e ideias, uma identidade liberal que, no se limitando aos limites nacionais e continentais, uniu os diferentes movimentos polticos europeus e americanos. A partir de um jogo de semelhanas entre si, bem como a criao de inimigos e aliados, essa identidade teve grande importncia para o fortalecimento do vocabulrio poltico liberal no Brasil, no s fortalecendo o projeto constitucional que se apresentava como a grande novidade, como tambm construindo um elo de ligao entre os liberais de ambos os lados do Atlntico.
Ocultar
|
-
Gilciano Menezes Costa (SEEDUC)
A formao da opinio pblica itaboraiense-RJ (1822 - 1832)
Resumo: A presente comunicao analisa a formao da ...
Veja mais!
Resumo: A presente comunicao analisa a formao da opinio pblica de Itabora (municpio localizado no Estado do Rio de Janeiro) em um contexto que antecede a prpria implementao do periodismo impresso na cidade. Atravs da leitura dos peridicos disponibilizados na Hemeroteca Digital da Fundao da Biblioteca Nacional, sobretudo nas correspondncias divulgadas em diferentes peridicos da Corte Imperial, tornou-se possvel conhecer diversos debates e polmicas sobre temticas locais publicados pelos itaboraienses. Entre os jornais mais procurados pelos moradores de Itabora para realizarem essas publicaes, destacam-se a Gazeta do Rio, o Correio do Rio de Janeiro, a Astrea e a Aurora Fluminense.
O conceito de opinio pblica abordado neste trabalho como um recurso que busca legitimar posies polticas e um instrumento simblico que visa transformar algumas demandas setoriais numa vontade geral. Trata-se da construo de novas legitimidades na sociedade para alm dos limites do julgamento privado.
Assim, esta anlise apresenta a evoluo das discusses de questes do cotidiano de um ambiente privado local para a arena pblica do periodismo, considerando esse contexto como resultante de prticas realizadas pelos moradores em busca da construo de uma cultura letrada que legitimasse seus atos praticados.
O presente estudo busca demonstrar que o incio da opinio pblica itaboraiense foi caracterizado por posicionamentos e discusses dos moradores locais publicados nos impressos de tipografias localizadas na Corte Imperial. Considera-se que o perodo de formao dessa opinio pblica ocorreu entre os anos de 1822, quando foi iniciada a publicizao de posicionamentos locais na imprensa, e 1832, ano em que o primeiro jornal impresso de Itabora foi criado.
A pesquisa leva em conta que o uso desse meio privilegiado de interao social (imprensa) realizado pelos itaboraienses para expressarem seus interesses (ainda que em jornais de uma outra regio), alm de mostrar a dimenso de suas redes de sociabilidade, possibilitou compreender que a anlise da Histria da Imprensa de Itabora no est atrelada apenas ao material impresso produzido na cidade, visto que a formao da opinio pblica local anterior implementao do periodismo impresso na regio. A partir dessa constatao se tornou vivel a elaborao da escrita dos embates e debates dos moradores de Itabora nesse perodo.
Portanto, o presente trabalho busca contribuir para a Histria da Imprensa Fluminense ao ampliar a interpretao da anlise local para contextos conexos com a prtica tipogrfica de variadas regies, no se retendo, dessa forma, ao estudo da localidade em si.
Ocultar
|
-
Rafael Terra Dall' Agnol (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Biografia e discusso historiogrfica em Pereira da Silva: o caso Baslio da Gama
Resumo:No ano de 1847, a primeira parte de Plutarco Brasi...
Veja mais!
Resumo:No ano de 1847, a primeira parte de Plutarco Brasileiro chega ao conhecimento do pblico. A obra tem como autor Joo Manuel Pereira da Silva. Historiador, bigrafo, poltico e escritor, Pereira da Silva escreve um trabalho em que narra a vida de vinte importantes personalidades que, em sua maioria, viveram durante o perodo colonial, sobretudo de escritores e poetas. Composto por dois tomos, a edio do livro ficou a cargo dos irmos Laemmert. Eduardo e Henrique, nascidos na Alemanha, foram pioneiros no mercado livreiro e tipogrfico brasileiro. No que diz respeito a Plutarco brasileiro, havia um formato padro estendido a todas as biografias escritas por Pereira da Silva. Basicamente, elas eram divididas em duas partes, mesmo que houvesse mais subdivises. Primeiramente, era feito um relato acerca da vida da personalidade biografada para depois ser analisada, com mais detalhamento, a produo artstica do indivduo. Os trabalhos historiogrficos de Pereira da Silva quase sempre eram caracterizados por polmicas por conta dos erros cometidos pelo historiador. Em relao sua escrita biogrfica ocorre o mesmo. Encontramo-los na biografia sobre Baslio da Gama. O equvoco, chamemos assim, dizia respeito origem paterna do poeta mineiro. Com a publicao do primeiro volume de Plutarco Brasileiro, alguns peridicos fizeram seus comentrios com elogios, mas tambm algumas crticas. Surge, com isso, um debate envolvendo o autor e alguns perodos cariocas acerca da origem paterna do poeta Baslio da Gama. Muitas vezes, no Brasil oitocentista, a biografia constitua um lcus privilegiado para que debates historiogrficos ocorressem. Desse modo, a partir do debate pblico ocorrido, pode-se compreender a complexidade das relaes envolvendo histria, biografia e intelectuais no Brasil oitocentista.
Ocultar
|
-
Edinailson os dos Santos (IFCE - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Cear)
Viva Deus e a Ptria!: Jos Eleutrio da Silva, um ufanista na imprensa cearense do sculo XIX
Resumo:A presente comunicao pretende analisar como Jos...
Veja mais!
Resumo:A presente comunicao pretende analisar como Jos Eleutrio da Silva (1808-1893), professor primrio de uma pequena cidade cearense, utilizou as pginas de jornais da capital da provncia para divulgar seus ideais e interesses. Objetivando entender como seus discursos, muitas vezes acalorados, renderam a ele insultos, agresses fsicas, priso e uma imagem pblica satirizada. Filiado ao partido conservador, Jos Eleutrio militava na imprensa sem poupar crticas aos oposicionistas; avesso a mudanas, atacava a propaganda republicana, que atingia um dos assuntos defendidos por ele com mais paixo, a figura do Imperador. O recorte temporal inicia-se no ano de 1850, quando Eleutrio se estabeleceu na cidade de Granja, comeando suas colaboraes na imprensa, at 1889, ano do seu ltimo texto publicado, quando, supostamente insatisfeito com o fim da monarquia, teria desistido da vida poltica e jornalstica. O corpus documental da pesquisa formado pelos jornais A Constituio e Pedro II, este ltimo, rgo conservador com mais colaborao do professor, trincheira de seus temas, pautados pelo conservadorismo, nacionalismo e monarquismo. Tambm sero analisados textos de seus crticos, como os dO Sol, folha que ridicularizou sua atuao poltica quando este conseguiu eleger-se deputado provincial no binio 1858-59. A pesquisa se utiliza do aparato terico de estudos sobre a imprensa cearense (NOBRE, 1975), bem como de trabalhos sobre como os indivduos utilizavam a imprensa para divulgar posicionamentos, estabelecendo espaos, mas tambm criando conflitos e sofrendo consequncias (LUSTOSA, 2000). Impreterivelmente, os textos de Jos Eleutrio traziam o ttulo ufanista Viva Deus e a Ptria!, forjando uma identidade que o tornou famoso na imprensa cearense do sculo XIX, mas que tambm serviu de munio para seus desafetos.
Palavras-chave: Jos Eleutrio da Silva. Imprensa. Cear Sculo XIX.
Ocultar
|
-
Francisco Paulo de Oliveira Mesquita (UFC - Universidade Federal do Cear)
Honra aos jangadeiros do Cear: a repercusso do fechamento do porto de Fortaleza no teatro do jornalismo brasileiro e a projeo da vanguarda abolicionista cearense no jornal Libertador (1881-1884)
Resumo:Antes do frisson do dia 25 de maro de 1884 do Cea...
Veja mais!
Resumo:Antes do frisson do dia 25 de maro de 1884 do Cear pelo Imprio, o movimento abolicionista dessa provncia j havia ganhado repercusso no performtico teatro jornalstico brasileiro e levantava diversas expectativas acerca dos rumos do problema do elemento servil no Brasil. A constituio de uma rede interprovincial de associativismo abolicionista na imprensa, envolvendo o jornal Libertador (rgo da Sociedade Cearense Libertadora, principal agremiao abolicionista do Cear) e diversas folhas pelo Brasil, em especial, a Gazeta de Notcias e a Gazeta da Tarde da Corte, alm de ter possibilitado a acelerao do processo abolicionista nessa nao, permitiu que o abolicionismo cearense ganhasse repercusso na opinio pblica nacional, alimentando o jogo de ao e reao entre abolicionistas e contramovimento para a construo da legitima representao do mundo social nessa arena, sobretudo a propaganda realizada pelo jornal Libertador para a projeo do Cear como vanguarda abolicionismo brasileiro. Alm deste jornal ter preenchido suas pginas com vrias notcias sobre aquilo que buscava constituir como os principais acontecimentos da trajetria da liberdade dos escravos no Cear (o fechamento do porto da cidade de Fortaleza, a proclamao de Acarape como o primeiro municpio livre do Imprio, a libertao da cidade de Fortaleza e a promulgao da lei 2.034), ele acompanhava como essas notcias eram recebidas pela opinio pblica e a maneira como ela influa sobre os acontecimentos, divulgando nas suas prprias pginas diversas notcias sobre o movimento abolicionista no Cear, difundidas em vrias folhas do teatro jornalstico nacional. Dentre esses eventos, a notcia sobre o fechamento do porto de Fortaleza ganhou bastante repercusso na imprensa e foi apropriada de vrias maneiras pelo Libertador para afirmar sua vontade de representao. Conforme essa narrativa, o presente trabalho examina como o jornal Libertador apropriou a repercusso das notcias sobre o fechamento do porto de Fortaleza no teatro do jornalismo brasileiro para a projeo da representao do Cear como vanguarda do movimento abolicionista brasileiro. Para tanto, alm da utilizao de dicionrios biogrficos e relatos de poca, foram apropriados como documentao, um conjunto de discursos divulgados pelos jornais Libertador (CE), Jornal do Commercio (RJ), Gazeta de Notcias (RJ), Gazeta da Tarde (RJ), Pacotilha (MA), Gazeta do Norte (CE) e Constituio (CE). Alm de demonstrar a circulao das ideias abolicionistas no Brasil Oitocentista, este estudo permite enxergar como a afamada narrativa sobre o protagonismo dos jangadeiros durante as greves no porto de Fortaleza foi idealizada pelos agentes que atuaram durante a campanha abolicionista cearense na imprensa brasileira.
Ocultar
|
-
Luiza Almeida Baptista de Souza (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Jos do Patrocnio (1853-1905): entre lutas, memrias e pginas da imprensa periodista brasileira
Resumo:Em 1887, vinha a pblico o peridico carioca Cidad...
Veja mais!
Resumo:Em 1887, vinha a pblico o peridico carioca Cidade do Rio (Rio de Janeiro; 1887-1902). O proprietrio e redator chefe do jornal era o poltico Jos do Patrocnio, um dos principais nomes do movimento abolicionista nos espaos pblicos e em conferncias. O mesmo foi vereador da Cmara Legislativa do municpio neutro em 1886 e ficou no cargo at 1889, semanas aps a Proclamao da Repblica, momento no qual a Cmara dos Vereadores foi extinta e os vereadores perderam seus cargos. Aps ocupar essa funo, Patrocnio se candidatou outras 3 vezes para cargos polticos e fracassou em todas essas tentativas. Dessa forma, a continuidade do funcionamento do peridico Cidade do Rio at o incio do sculo seguinte possibilita a tentativa de compreender o pensamento de Jos do Patrocnio na Repblica a partir dos escritos do jornal e dos artigos de sua autoria que ele ainda publicava. As palavras do jornalista nos concedem a ideia de movimento e no s de vitrias e conquistas encerradas. Quando perde a eleio para Deputado Federal em 1890, ele publica o Manifesto ao eleitorado da corte no jornal e escreve que poderia estar fora do Congresso, mas no estava fora da opinio nacional. Ele acreditava que poderia fazer poltica no apenas nos rgos institucionais do Estado, como tambm a partir da imprensa. vista disso, sero analisadas as ideias polticas de Jos do Patrocnio no contexto republicano e as projees para o futuro do pas que eram publicadas no jornal Cidade do Rio. Pois, no presente trabalho, visa-se compreender o projeto de Repblica que Jos do Patrocnio defendia. Isso , qual era o seu projeto de futuro para o pas e quais foram as condies de cidadania pensadas por esse abolicionista para sociedade brasileira na Repblica. Para isso, utiliza-se como referencial terico metodolgico as ligaes entre Histria e Biografia, compreendendo a biografia no como forma de esgotar o eu de um personagem, mas como o melhor meio de revelar as ligaes entre ado e presente, memria e projeto, indivduo e sociedade, e de experimentar o tempo como prova de vida.
Ocultar
|
-
Rafael de Oliveira Cruz (Secretaria da Educao do Estado da Bahia)
O que esperar de Isabel I?: O Terceiro Reinado na imprensa ilustrada da Bahia (1889)
Resumo:A terceira regncia da princesa Isabel (1887-1888)...
Veja mais!
Resumo:A terceira regncia da princesa Isabel (1887-1888) suscitou inmeras expectativas e apreenses em torno do que aconteceria aps o falecimento do Imperador D. Pedro II e a inaugurao do reinado de Isabel I na condio de Imperatriz Constitucional e Defensora Perptua do Brasil. A ideia do eventual Terceiro Reinado no era alvo de debate apenas dentro do espao da Corte Imperial do Rio de Janeiro, mas ou a ser um objeto de anlise e expectativas em diversas partes do pas e no ou despercebido pela imprensa local que alimentava e/ou desconstrua o iminente reinado de uma ento herdeira cujo trato poltico era desconhecido em um Brasil que se aprofundavam dilemas econmicos, polticos e sociais. Sendo um importante veculo de circulao de ideias, a imprensa provincial tambm se debruava sobre as questes tidas como nacionais, mas que afetavam diretamente as relaes locais. O presente trabalho busca tecer anlises a partir do A Locomotiva, revista ilustrada publicado na capital baiana no final da dcada de 1880, e que satirizou em suas charges a istrao da Princesa Imperial questionando os interesses e prioridades da herdeira do trono com os problemas da poca. A edio em questo circulou no ano de 1889 e, portanto, em um momento em que j se havia feito a extino legal da escravido em territrio brasileiro, mas que mantinha o o debate tal como sobre a ideia de federalismo e da repblica. Pretende-se desta maneira, observar como o humor estampado naquele peridico se lanava no campo das incertezas provocado pelo iminente reinado que se reservava a um pas cheio de complexidades e que eventualmente seria governado por uma mulher tida como carola. Alm disso, buscamos compreender se tais desconfianas tambm estavam atrelados ao gnero da herdeira do trono imperial em um momento em que se entendia a poltica como um espao essencialmente masculino.
Ocultar
|
ST 25 - Sesso 2 - Sala 25 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 s524g
Local: Sala 25
-
Alyne Tas dos Santos Lima (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
As Festas Cvicas no Recife (1817-1859)
Resumo: ...
Veja mais!
Resumo: Orientadora: Prof. Dr. Ldia Rafaela Nascimento dos Santos
Professora do curso de Histria da Universidade Catlica de Pernambuco
Nesta pesquisa foi estudada e analisada as festividades a partir da cmara municipal do Recife, assim possibilitando um melhor entendimento acerca de uma instituio que ocupava um importante papel, enquanto pea chave na realizao das festas. Bem como as modificaes gradativas que essa relao sofreu enquanto com aspecto poltico de um pas recm independente. Importante ressaltar, as cmaras municipais exerciam as competncias legislativas, judiciarias e executivas, sendo assim, aprovando aspectos municipais, que de outras formas organizavam os divertimentos na cidade. Essa pesquisa tem como objetivo problematizar os usos e significados das festas cvicas pela cmara municipal do Recife. Foram utilizadas as atas da cmara municipal do Recife e correspondncias da presidncia da provncia (1822-1835), alm da utilizao de historiografias sobre a temtica para uma melhor compreenso sobre os festejos no perodo estudado. Pela documentao analisada, percebemos que os registros so pautados dos mais variados assuntos como, por exemplo, contedos istrativos de gerncia do governo municipal, alm de convites relacionados aos divertimentos na regio. Partindo dessa repercusso, possvel a problematizao que os festejos organizados pela instituio ficavam em segundo plano, pois, aps a lei de 1828 regulamentou que as festas no atribuam mais h elas, com isso proibindo gastos para esse fim. Portanto, as celebraes foram fundamentais para a construo de uma imagem na sociedade, alm da formao dessas cerimnias pela cmara, elas tambm foram fundamentais para uma estabilidade pblica. Desse modo, os divertimentos foram essenciais para o desempenho social e criao de novos vnculos entre toda a populao da cidade.
Palavras-chave: Festas cvicas, Cmaras Municipais, Divertimento.
Ocultar
|
-
Victria Maria Vasconcelos Silva (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco), Heldyane Naege dos Santos Gonzaga (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
Memria e cultura popular: Narrativas sobre as festas tradicionais a partir dos escritos de Mrio Melo e Pereira da Costa
Resumo:Orientador: Dr. Pr. Ldia Rafaela Nascimento dos ...
Veja mais!
Resumo:Orientador: Dr. Pr. Ldia Rafaela Nascimento dos Santo do Curso de Histria da UNICAP; CTCH
Este trabalho analisa como as narrativas sobre as festas tradicionais contriburam na construo de identidades, da realidade sobre a festa do ado, alm de identificar os elementos caractersticos acerca das festas oitocentistas que sobreviveram at os dias atuais. As festas so atrativas para a sociedade, mas no apenas proporcionam o divertimento, sendo muitas vezes associadas s manifestaes culturais e utilizadas como fontes de pesquisa para analise do funcionamento social de um perodo especfico. A metodologia utilizada foi uma investigao exploratria que consistiu desde o levantamento bibliogrfico seleo de fontes. Foram utilizados os escritos de dois grandes historiadores memorialistas, Pereira da Costa e Mrio Melo. O primeiro fez parte do movimento de intelectuais folcloristas do sculo XIX, que buscavam definir tradies culturais populares. O segundo, nascido no Recife da dcada de 1880, tinha uma intensa produo intelectual sobre a cultura popular. As fontes analisadas foram os peridicos Folklore Pernambucano e o volume 8 dos Anais Pernambucanos do ano de 1862, em que os anos focos so 1818-1823, ambos de autoria de Pereira da Costa. Alm disso, foram analisados recortes de jornais encontrados na biblioteca do Instituto Arqueolgico, Histrico e Geogrfico Pernambucano, no Fundo Mrio Melo e peridicos disponveis on-line no site da hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, atravs de busca por palavras chaves. A partir da reunio dos dados qualitativos foi possvel identificar festas ligadas ao sagrado que tinham um carter popular, como a festa de So Joo. Ambos os memorialistas sempre buscavam divulgar e defender as manifestaes populares, as prticas festivas tradicionais e a msica popular, assim como outros folcloristas que desde o final do sculo XIX se preocuparam em valorizar os aspectos culturais que definiam como resultado entre a unio dos ndios, negros e portugueses. Algumas caractersticas de prticas comemorativas que teriam sobrevivido s mudanas na sociedade foi observada nos escritos, entre elas esto: o maracatu, cultivadas pelos escravos africanos no seus recreios domingueiros e solenidades festivas; os clubes de frevo, um deles vindo do perodo monrquico se esta terra fosse minha , e as festividades juninas, que remontam-se aos primrdios da colonizao. Com a anlise das narrativas foram identificadas as mudanas que ocorreram nas festas. Uma valorizao das manifestaes culturais mestias foi perceptvel, ao lado de polticas de branqueamento da populao abria-se um espao que reconhecia a presena dos descendentes africanos.
Palavras chave: Festas; Folcloristas; Identidades.
Ocultar
|
-
Janaina Rita Silva de Souza (Univisa)
Hinos para a Princesa D. Januria: Uma expresso de seus sditos em 1836.
Resumo:
Em 7 de abril de 1831, Dom Pedro I abdica deixa...
Veja mais!
Resumo:
Em 7 de abril de 1831, Dom Pedro I abdica deixando no Brasil seus quatro filhos e ando o poder imperial a uma criana de 5 anos, nesse contexto est inserida Januria Maria de Bragana que uma dessas Imperiais crianas, nascida em 1822 portanto mais velha que seu irmo D. Pedro que nasceu em 1825.
O perodo regencial no Brasil foi um perodo marcado por diversas rebelies provinciais e disputas de poder, O ato adicional de 1834 descentralizou o poder que antes se concentrava nas mos da pessoa do imperador, a a ser deslocado para as elites polticas desse momento e ainda podemos visualizar uma questo de sucesso do trono que remove com base na constituio de 1824 D. Maria da Glria (Maria II de Portugal) da linha de sucesso do trono do Brasil e coloca a nossa personagem em protagonismo poltico.
No ano de 1836, ocorre no dia natalcio de D. Januria uma grande celebrao em Pernambuco, comandada pelo presidente da provncia e a famlia Cavalcante de Albuquerque, pois Holanda Cavalcanti havia perdido as eleies para Diogo Feij no ano anterior e apostava em uma regncia comandada pela princesa da independncia, que estava com 14 anos nesse momento.
A documentao utilizada para compor a pesquisa se divide em manuscrita e impressa, onde temos fontes do Arquivo da casa Imperial do Brasil que se encontra atualmente no Museu Imperial de Petrpolis e Jornais coletados na Plataforma BNDigital, sendo eles: A Gazeta Universal que era um peridico que circulava em Recife nesse perodo e era favorvel a regncia de D. Januria e o Dirio de Pernambuco o mais importante jornal de circulao na provncia, sendo o acervo utilizado o referente ao ano de 1836 e a metodologia utilizada a anlise de trajetria feminina da historiadora sa Michelle Perrot.
Palavras Chave: Regncia, Imprensa, D. Januria, Princesa Imperial.
Ocultar
|
-
Ldia Rafaela Nascimento dos Santos (Universidade Catlica de Pernambuco)
As narrativas das festas nacionais nos peridicos pernambucanos (1831-1840)
Resumo:Nesse trabalho prope-se a anlise das festas naci...
Veja mais!
Resumo:Nesse trabalho prope-se a anlise das festas nacionais em Pernambuco a partir das disputas das narrativas dos peridicos pernambucanos, tendo por foco as suas funes sociais e polticas entre os anos de 1831 e 1840. Festejar os acontecimentos cvicos foi prtica importante da cultura poltica do Brasil Oitocentista. Os eventos que posteriormente se transformaram em marcos polticos da ruptura com a situao colonial foram festejados e vivenciados por todos durante o tenso perodo regencial. Para as elites que ocupavam o poder institucionalizado elas deveriam ser ocasies em que os valores da recm-formada nao fossem reafirmados. As festas tambm foram parte da construo dos movimentos contestatrios, de sua represso e das sociabilidades, tendo um papel articulador da construo das identidades local e nacional, mediando o jogo de poderes e interesses das elites da regio. Entre as manifestaes em prol do Estado Nacional ou em prol da valorizao de valores e personagens de Pernambuco, as festas tornaram-se veculo e linguagem de afirmao poltica. Elas foram diretamente influenciadas pelas peculiaridades do perodo estudado, especialmente pelo processo de organizao do Estado Nacional e pelas Insurreies liberais. As expresses festivas, culturais e polticas, foram espao para demonstrao de patriotismo, envolveram os esforos de diversos agentes sociais na formao do Estado Nacional e das novas identidades polticas, nacional e regional. Os grupos que disputavam os cargos de poder na provncia disputaram intensamente a linguagem das festas. Tais tenses foram evidenciadas nas narrativas dos peridicos pernambucanos onde criava-se uma verso da festa adequada aos seus interesses, ressaltando elementos da arquitetura efmera e da participao popular nas comemoraes dos feriados definidos por legislao do Imprio que reforavam a sua verso da realidade.
Ocultar
|
-
Raynara Cintia Coelho Ribeiro Brito (UFPA - Universidade Federal do Par)
A querela na imprensa paraense: entre ultramontanos e maons
Resumo:O presente estudo tem como objetivo empreender uma...
Veja mais!
Resumo:O presente estudo tem como objetivo empreender uma anlise em torno da querela ocorrida no sculo XIX entre ultramontanos e maons, tendo como palco do conflito a imprensa paraense. Dessa forma, a partir das tpicas argumentativas construdas pelos jornais A Boa Nova e O Pelicano entre 1872 a 1874, pretendo desenvolver um debate dos principais eixos condutores da discusso entre a imprensa catlica e manica, buscando compreender quais eram suas intenes, objetivos, discursos, construes, imagens e posturas frente aos atritos que tencionavam a relao entre Igreja e Estado na dcada de 1870. Para trabalhar com a imprensa paraense utilizei como aporte terico os pesquisadores que se debruam em torno dos jornais como fonte e objeto de pesquisa histrica, na tentativa de observar e questionar a importncia deste documento para o conhecimento histrico, como Carlos H. Ferreira Leite (2015), Virglio M. Pinto (2000), Maria H. Capelo (1988), Nelson Sodr (1999), Peter Burke (1992), Silva C. P. de Brito Fonseca e Maria L. Corra (2009), Tnia R. de Luca (2010), Simone da S. Bezerril (2010), Marialva Barbosa (2000), Maria do R. Cunha Peixoto e Heloisa de F. Cruz (2014), Marcus V. de Freitas (2013) e Andr Mazini (2012). Alm de estabelecer um dilogo com autores que desenvolveram estudos em torno desta temtica no Brasil, como Dilermando R. Vieira (2007), talo D. Santirocchi (2015), Fernando A. de Freitas Neves (2015), David G. Vieira (1980), Franoise J. de Oliveira Souza (2010), Germano M. Campo (2010), Gustavo de S. Oliveira (2015), Alan C. de Souza Santos (2011), Elson L. Rocha Monteiro (2014), Marcelo Linhares (2005), Nilo Pereira (1982), Joo Santos (1991) e outros. Portanto, atravs das fontes identifica-se que a maior parte desses conflitos eram travados na arena das palavras propiciando a imprensa paraense os mais variados discursos polticos, religiosos, filosficos e morais, alm de expor que um dos pontos centrais do debate jornalstico era o conflito de jurisdio, colocando de um lado o jornal A Boa Nova defendendo a atitude dos bispos Dom Vital e Dom Macedo Costa no lanamento de interditos contra as irmandades e confrarias religiosas, e de outro o jornal O Pelicano afirmando em vrias de suas publicaes que houve usurpao de jurisdio por parte do poder eclesistico, haja vista que as irmandades eram associaes mistas e assim, estavam sujeitas tanto a interferncia da Igreja como do Estado.
Ocultar
|
-
Maria Larisse Elias da Silva (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
Os jurados parecem ter sido escolhidos nas urnas: vozes sobre o morticnio de Cajazeiras/PB no jornal O Liberal Parahybano (1882-1883)
Resumo:O artigo tem por objetivo discutir a tenso polti...
Veja mais!
Resumo:O artigo tem por objetivo discutir a tenso poltica intitulada morticnio eleitoral, que aconteceu na manh do dia 18 de agosto de 1872, envolvendo liberais e conservadores, em Cajazeiras, na provncia da Parahyba do Norte; objetiva-se tambm entender os indcios presentes nas pginas do jornal O Liberal Parahybano para informar, popularizar e conquistar o apoio da opinio pblica em torno do caso. Na poca, a tenso desdobrou-se em um processo-crime que perdurara por uma dcada at chegar ao Tribunal da Relao. A investigao, assim como a tramitao e execuo do processo teve diversas interferncias polticas, evidenciando a fora do familismo e das redes de solidariedade nos jogos de poder protagonizados pelos liberais e conservadores, que faziam uso de inmeras estratgias para inserirem-se nos cenrios polticos provinciais (GRAHAM, 1997). O fato poltico de Cajazeiras, recm-emancipada da Comarca de Sousa, apresentou-a nas pginas dos jornais de diversas provncias e da Corte, sendo notcia de capa, foco editoriais e motivo de envolvimento da opinio pblica durante as dcadas de setenta e incio de oitenta, do Segundo Reinado. Dito isto, ao compreender que as narrativas presentes no impresso foram ferramentas de embates e insultos construdos por sujeitos que intencionavam ampliar suas redes de sociabilidade (LUSTOSA, 2000), discute-se neste trabalho que fruto de uma pesquisa de Mestrado as cartas presentes na sesso Publicaes solicitadas, do jornal O Liberal Parahybano, que circulou na provncia da Parahyba durante os anos de 1882 e 1883. A escolha do impresso no teve a inteno de construir uma narrativa portadora de fatos ou verdades, mas, problematizar os apelos e valores que foram acionados no peridico que por sua vez fora voz de representao do partido Liberal dez anos depois de ocorrido o conflito poltico e que compem as prticas de poder naquela poca.
Ocultar
|
-
Victor Gustavo de Souza (UNESP - Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho)
Imprimir para Atrair:
Resumo:Pesquisar sobre o movimento imigratrio do sculo ...
Veja mais!
Resumo:Pesquisar sobre o movimento imigratrio do sculo XIX para o Brasil significa estar cercado de uma srie de fontes, afinal, o tema encontra-se diretamente ligado formao de nossa sociedade. Novelas chamadas de poca retratam imigrantes italianos nas fazendas de caf; lembranas e memrias de nossos anteados sobre seus sonhos e esperanas ao cruzar o Atlntico; festivais por todo o pas celebrando as diferentes culturas que aqui se estabeleceram, enfim, so apenas alguns exemplos de como a imigrao faz parte da vida do brasileiro. Diante dessa variedade de materiais, vez ou outra, nos deparamos com alguns que ainda no receberam a devida ateno, o que o caso dos guias para emigrantes.
Publicados em diversos momentos do perodo imperial e no incio da Repblica, os guias para emigrantes tinham como objetivo geral apresentar ao estrangeiro as caractersticas e vantagens de uma determinada regio, a fim de que para l ele se dirigisse. Tanto instituies privadas como os rgos pblicos utilizaram-se desse aparato em suas tentativas de atrair o imigrante para o Brasil. A propaganda servia para eliminar possveis dvidas do estrangeiro quanto imigrao e melhorar a imagem do pas mesmo que isso significasse no ser totalmente verdadeiro nas informaes fornecidas.
Essa categoria de propaganda foi publicada por diversos rgos (tanto pblico quanto privado) ao longo do sculo XIX, em especial a partir de seu ltimo quartel, e, ao mesmo tempo que buscam cumprir objetivos prprios de seus responsveis, compartilham diversas semelhanas como: narrativas sobre a natureza dita ednica do Brasil; a fertilidade das terras; a questo do clima e salubridade, visando combater a imagem de um pas pestilento; entre outros. Tais aproximaes, nos levam a perceber um modus operandi na elaborao dos opsculos. Dito isto, esta comunciao foi pensada visando abordar aspectos tcnicos do guias para emigrantes, buscando divulg-los e apresentar alguns resultados obtidos durante a pesquisa de Mestrado, em fase final, refletindo sobre a investigao dessa fonte atualmente.
Ocultar
|
-
Josiane Silva de Alcntara (Fiocruz - Fundao Oswaldo Cruz)
As scincias ao alcance de todos: uma anlise do projeto editorial da coleo Bibliotheca do Povo e das Escolas (Lisboa - Rio de Janeiro, 1881-1913)
Resumo:Este trabalho busca analisar a coleo de livros d...
Veja mais!
Resumo:Este trabalho busca analisar a coleo de livros de vulgarizao cientfica intitulada Bibliotheca do Povo e das Escolas (BPE). Esta coleo foi publicada por 32 anos pela tipografia Horas Romnticas, de propriedade do editor portugus David Corazzi, e circulou no territrio de Portugal e Brasil entre 1881 e 1913, com altos e baixos em seu percurso editorial. Sob o emblema de propaganda de instruo para portugueses e brasileiros, a BPE produziu 237 ttulos nos diferentes ramos do saber, dando principal enfoque s matrias cientficas, no intuito de servir como manual escolar e um repertrio de conhecimento geral de fcil o s classes populares. Sua proposta era arrolar conhecimentos teis e indispensveis, expostos por forma sucinta e concisa, mas clara, despretensiosa, popular ao alcance de todas as naturezas, conforme o texto de apresentao de seu diretor intelectual, o mdico Xavier da Cunha, que ainda define seu pblico-alvo imaginado: o operrio, o estudante, o chefe de famlia ou o professor.
A historiografia aponta que o mercado editorial, no contexto do sculo XIX, na figura de diferentes profissionais que atuaram na produo, circulao e comercializao de impressos, tiveram papel importante na emergncia de diferentes pblicos leitores -- como mulheres, operrios e crianas --, evidenciando o alinhamento de editores s aes polticas e pedaggicas que visavam a ampliao dos sistemas nacionais de ensino e a reproduo de modelos culturais especficos (MOLLIER, 2008; LYONS, 2011; KALIFA, 2001). Ao estudar uma coleo bibliogrfica no campo da histria, o nosso interesse problematizar a emergncia dessa frmula editorial em um nexo com as prticas de mediao das cincias, dentro de uma dinmica histrico-cultural especfica. As formas de produo, distribuio e consumo de compndios, manuais e tratados cientficos caracterizados como populares so prticas importantes para refletir como as cincias interagiam com os seus pblicos e quais eram suas trajetrias institucionais no contexto luso-brasileiro entre o final do sculo XIX e incio do sculo XX.
Desta forma, nos importa saber o que significava um livro popular de vulgarizao cientfica dentro de um quadro social tensionado pela presena da escravido, intensificao dos debates sobre a instruo popular e defesa da difuso ampla de ideais tcnico-cientficos para formao dos trabalhadores. Nossa premissa que esses impressos foram estratgicos na conformao de uma noo de utilidade das cincias e necessidade de sua aplicao vida cotidiana dos grupos populares.
Ocultar
|
-
Accio da Silva Coelho Neto (UESPI - Universidade Estadual do Piau)
Indgenas e epidemais na fronteira norte do Imprio do Brasil (1850-1863)
Resumo:Indgenas e epidemias na fronteira norte o Imprio...
Veja mais!
Resumo:Indgenas e epidemias na fronteira norte o Imprio do Brasil
(1850-1863)*
Accio da Silva Coelho Neto*
O momento que estamos vivendo, no qual o mundo sofre uma crise global de sade em virtude da pandemia do COVID-19, coloca em pauta a relevncia de refletirmos sobre a disseminao de doenas entre os povos tradicionais. Diante disso, essa comunicao tem como objetivo examinar como as epidemias afetaram a populaes indgenas na fronteira do Brasil com as repblicas da Venezuela e Colmbia, entre 1850 a 1863. A escolha do recorte temporal corresponde s fontes encontradas sobre a temtica em questo. Na segunda metade do sculo XIX, a retrica do vazio demogrfico ava uma imagem de que o avano do Estado sobre os territrios dos povos indgenas no era uma invaso e sim uma misso de povoamento e civilizao, por meio dos aldeamentos, pretendemos desconstruir tal ideia.
O trabalho busca ainda discutir a relao entre aldeamentos indgenas e a proliferao das epidemias. As principais fontes de referncia so os relatrio de presidentes de provncia, os relatos de viajantes e jornais publicados na poca. Essas fontes sero essenciais para compreendermos as principais doenas das quais os ndios eram vtimas, de que maneira elas afetavam os projetos de povoamento do Imprio, as estratgias utilizadas por missionrios e autoridades para evitarem ou incentivarem a mortandade de indgenas, bem como os conhecimentos medicinais que estes utilizavam para se protegerem e que causavam estranhamento aos brancos.
Buscamos refletir sobre epidemias enquanto estratgia de expanso da fronteira interna e externa durante o processo de legitimao do Estado Nacional quando desenvolveu-se uma poltica de apropriao dos territrios indgenas. Diante disso, fundamental considerarmos o carter proposital de disseminao de doenas, como estratgias de combater tribos hostis a avano do Estado sobre o territrio dos povos originrios ou mesmo para impedir a ocupao de terrenos contestados por tribos dos pases vizinhos.
Nossas referncias terico-metodolgicas sustentam-se nas perspectivas da nova Histria Indgena, especialmente nas obras de Manuela Carneiro da Cunha (2012), Carina Santos de Almeida (2010), Ana Lucia Vulfe Notzold (2010) e Maria Regina Celestino de Almeida (2011), que enfatizam os indgenas enquanto sujeitos de sua prpria Histria e valorizam a sua contribuio na construo da histria nacional.
*A proposta de comunicao faz parte do projeto de PIBIC Dilogos entre o Imprio do Brasil e as Repblicas de Nova Granada, da Venezuela e do Equador (1829-1870), sob orientao da Prof. Dr. Cristiane Maria Marcelo.
*Graduando em Histria pela Universidade Estadual do Piau, campus Prof. Ariston Dias Lima, So Raimundo Nonato.
Ocultar
|
-
Roberg Janurio dos Santos (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Par)
A imprensa paraense: o debate poltico e a concepo de Amaznia (1882 1885)*
Resumo:Roberg Janurio dos Santos (Unifesspa-UFPA)
O d...
Veja mais!
Resumo:Roberg Janurio dos Santos (Unifesspa-UFPA)
O debate poltico no Brasil do Segundo Reinado (1841 1889) esteve fortemente marcado pelos embates entre liberais e conservadores, oportunidade em que os jornais se tornaram um dos principais espaos de formao da opinio pblica acerca de temas e ideias do campo poltico. Ao longo do sculo XIX, com a multiplicao de folhetos, dirios, livros e peridicos, ocorreu uma intensa circulao de percepes e ideias, de modo que os impressos aram a ser canais estritamente importantes para a legitimao de ideias e opinies, alm de constiturem-se em meios de projeo social (BESSONE, RIBEIRO, GONALVES, MOMESSO, 2016).
Durante o Segundo Reinado, especialmente a partir de 1870, segundo Figueiredo a imprensa paraense ganhou maior expresso, acompanhando a chamada reconstruo da Provncia aps a Cabanagem (1835 1840), visto que o consumo de peridicos foi estendido a camadas sociais como comerciantes e logo em seguida ao povo das cidades; por outro lado, as possibilidades de posse de mquinas tipogrficas aumentou, o que possibilitou a proliferao de um maior nmero de jornais. neste cenrio que se acentuam os embates polticos atravs dos peridicos, alm do debate sobre temas regionais e nacionais. A partir desse contexto, o objetivo dessa comunicao analisar o posicionamento dos Jornais O Liberal do Par (rgo do Partido Liberal) e de O Dirio do Gram-Par (rgo que historicamente pertenceu ao Partido Conservador) acerca da concepo do vocbulo Amaznia enquanto conceito poltico no perodo entre 1882 e 1885, momento efervescente em torno da emergncia do conceito poltico de Amaznia.
O Dirio do Gram-Par (1853 1892) se proclamava apartidrio, mas importa perceber sua arrojada investida em relao necessidade de uma reorganizao istrativa/provincial no Brasil, em especial na forma de atendimento s Provncias distantes do Sul. Para os editores e articulistas do jornal, o sistema poltico brasileiro estava corrompido pelos interesses partidrios e pessoais dos polticos, bem como pela inrcia apresentada poca pelo Governo Central, oportunidade em que justificavam que somente um novo partido e/ou um novo recorte espacial de conotaes amplas (regional) poderia soerguer o Vale do Amazonas, esquecido pelo Imprio, que sofria pela falta de recursos e explorado em impostos. Nesse contexto, para o jornal, a Amaznia equivalia a um novo espao, bem como um novo partido, uma nova frente de luta: "Levantemo-nos todos contra os velhos preconceitos dos partidos polticos, e formemos um partido novo, forte, grande e glorioso o partido da Amaznia" (Dirio do Gram-Par, 1883).
O Dirio do Gram-Par, na condio do mais importante peridico do espao nortista entre o Par e o Amazonas na segunda metade do sculo XIX, operou papel semelhante ao jornal Monitor Sul-Mineiro (criao da Provncia de Minas do Sul) e do jornal O Dirio de Pernambuco (bloco regional Norte) naquilo que diz respeito construo da ideia de regio e de ideias separatistas no Segundo Imprio.
O jornal O Liberal do Par (1868 1890) foi um veculo de imprensa do Partido Liberal no espao paraense e a exemplo do Gram-Par manteve circulao diria, alm de ter sido produzido em tamanho grande (ROQUE, 1976). No incio da dcada de 1880, especialmente em 1883 esse jornal se posicionava em relao a uma forte e ampla campanha desenvolvida pelas pginas de O Dirio do Gram-Par em relao a adoo de uma nova postura poltica da regio no que concernia ao distanciamento sentido em relao ao Governo Central, notadamente mediante a bandeira da Amaznia, naquele momento o vocbulo servia no s como referente espacial, mas como conceito poltico, uma mescla de modernidade e separatismo, quando se convocava a populao a reagir ao distanciamento a partir da possibilidade de separao da Amaznia do Brasil. O Liberal do Par respondeu em 19 de janeiro de 1883 a uma provocao de O Dirio do Gram-Par sobre a conivncia dos liberais com o descaso do Governo com a Amaznia. Na resposta, O Liberal do Par se dizia contrrio ao separatismo e que era melhor est unido ao gigante da Amrica do Sul do que a fraca e pequena Amaznia.
Portanto, O Liberal do Par tambm fez uso da concepo poltica de Amaznia, mas combatia o separatismo e uso poltico do termo, por parte de O Dirio do Gram-Par.
REFERNCIAS:
BESSONE, Tnia (et. Al.) Cultura escrita e circulao de impressos no oitocentos [recurso eletrnico]/ organizao Tnia Bessone... [et al.]. - 1. ed So Paulo: Alameda, 2016.
FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. Uma histria impressa: os jornais paraenses, 1822-1922 (primeira parte). ZYG360.com. Publicao trimestral da Fundao de Telecomunicaes do Par. Ano I, n 4, nov. 2008. p. 36-38.
ROCQUE, Carlos. A histria de A Provncia do Par. Belm: Mitograph,. 1976.
*Pesquisa de doutorado em andamento junto ao PPhist-UFPA.
Ocultar
|
ST 25 - Sesso 3 - Sala 25 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 3f2v3x
Local: Sala 25
-
Wellington dos Santos Pereira (Governo do Estado do Paiu), Pedro Pio Fontineles Filho (UESPI)
O que o trreo do jornal pode nos apresentar? Usos e imagens das produes folhetinescas nos peridicos teresinenses (1871-1903).
Resumo:Resumo: O presente estudo tem como objetivo analis...
Veja mais!
Resumo:Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar as dinmicas das produes folhetinescas dos jornais teresinenses entre 1871 a 1903. O recorte temporal encontra justificativa na regularidade em que os folhetins eram publicados nos peridicos da capital piauiense. Ao analisar o longo sculo XIX e suas revolues, Hobsbawm (2019) problematiza as mltiplas configuraes que auxiliaram na construo do mundo burgus. Nas artes perceptvel os novos modos de significao e consumo que se processavam por meio da reprodutibilidade tcnica, amplamente discutido e problematizado por Benjamim (2006), evidenciando a apropriao do campo pelo capitalismo, transformando-o em mercadoria. Nesse nterim, a literatura encontra no trreo do jornal uma nova forma de divulgao, contribuindo para o processo de expanso do impresso. A modalidade ou a ser conhecido por folhetim. A frmula pode ser considerada um fenmeno no somente do ponto de vista das transformaes que suscitou, refletido pelos novos modos de consumo, relao entre autor e leitor, como tambm pelo poder de alcance, no se restringindo somente a Frana, seu bero, mas atingindo novas paisagens como o Brasil. Historicizar as produes folhetinescas nos ajuda a entender o que nos tornamos hoje, uma sociedade em que a informao circula maciamente mediada por novos es. O levantamento documental propiciou a percepo de um espao dinmico que comportava, para alm do romance, outros gneros, como a crnica, poesia, relatos de viagens, dentre outros. Nesse sentido, tomar os folhetins como objeto de estudo e fonte torna-se necessrio para compreendermos seus mltiplos usos e imagens lanando mo de 20 folhetins presentes nos diferentes jornais. Para iluminar a presente discusso, lanaremos mo das problematizaes suscitadas por Meyer (1996), Nadaf (2003), Trizotti (2016), Quffelec (2011), Threnthy (2015) para compreender os debates construdos em torno do folhetim. Para alm das autoras, utilizaremos o conceito de apropriao proposto por Roger Chartier (2004), no exerccio de entender como as dinmicas em torno do e eram construdas, bem suas representaes (1990). Para entender a relao entre Histria e Literatura utilizaremos as proposies de Lima (2006). Apesar de seu perecimento, as caractersticas da frmula reverberaram em diferentes temporalidades garantindo sucesso de diferentes mdias, seja atravs da rdio, na dcada de 50 do sculo XX, com a emergncia das rdios novelas, por meio das telenovelas, que entram em cena na dcada de 70, de mesmo sculo, e ainda hoje so populares em vrios pases, como Brasil e Mxico, ou atravs das sries, bastante apreciado nos dias atuais, reforando sua importncia para compreender as relaes que pautam nossa sociedade.
Ocultar
|
-
Gabriela Martimiano Crepald Siqueira (UEL - Universidade Estadual de Londrina)
Um olhar sobre o progresso: o fio condutor de "Por paus e por pedras" de Lus Guimares Junior (1870)
Resumo:No presente trabalho se props desenvolver uma an...
Veja mais!
Resumo:No presente trabalho se props desenvolver uma anlise do olhar sobre o progresso, que atuou como fio condutor entre as quinze edies do conjunto folhetinesco de Por paus e por pedras, do autor Lus Guimares Junior, publicado entre os meses de janeiro a abril, aos domingos, no ano de 1870, no Dirio do Rio de Janeiro.
A partir da leitura e interpretao desses folhetins que, atualmente, encontram-se disponveis em formato de microfilmes no site da Hemeroteca Digital Brasileira e de uma historiografia existente sobre as reas de Histria do Brasil, Histria da Imprensa, Histria da Leitura e Histria da Literatura, foram possveis compreender algumas particularidades. Dentre elas, estava uma escrita ligeira e atropelada que se assemelhava a como o progresso era compreendido na segunda metade da centria brasileira. Da pena do autor, seu instrumento de trabalho, saram diversos assuntos ao longo de cada edio do conjunto que, por meio da anlise, foram possveis de serem classificados a partir de alguns elementos-chave. Eram estes, teatro, literatura, concertos musicais, apresentaes de saraus, nmeros circenses, vesturio e costumes. Muito disto influenciado pelo apreo cultura sa visvel pelo comrcio majoritariamente francs na provncia da Corte.
Para tal, Lus Guimares Junior narrou os ltimos acontecimentos de cada semana que se ava, como era de praxe nos folhetins de variedades, por meio de uma linguagem tambm comum aos folhetinistas. Alm da construo de dilogos, no geral ldicos, que explicitavam e escancaravam os absurdos do cotidiano daquela sociedade carioca que parecia a todo custo tentar andar na mesma velocidade do progresso, mas que dificilmente tinham xito. Estes aspectos, bem como vrios outros, faziam parte de uma frmula folhetinesca usada e abusada pelos ento chamados homens de letras que faziam uso dos rodaps dos jornais para fazer suas publicaes, sendo estas de enorme sucesso entre seus leitores.
Como resultado foram possveis de compreender alteraes nos modos de sociabilidades, levantadas pelo autor sua maneira, tendo suas origens em um processo que j vinha tomando corpo desde os anos de 1850 e que, com a chegada do progresso advindo daquele outro lado do Atlntico, possibilitou o contato da sociedade imperial com novos gostos e costumes europeizados que, mesmo em um contexto nacional de notvel inflao financeira, buscava a todo custo manter as aparncias, dentro daquilo que simbolizasse civilidade, requinte, distino e pertencimento.
Palavras-chave: Progresso. Folhetim. Imprensa oitocentista.
Ocultar
|
-
Mara Lgia Fernandes Costa (Universidade Estadual do Piau)
A Construo do Autor: uma anlise sobre a produo ficcional de Clodolado Freitas
Resumo:A proposta central deste estudo analisar a produ...
Veja mais!
Resumo:A proposta central deste estudo analisar a produo folhetinesca do piauiense Clodoaldo Severo Conrado de Freitas (1855-1924) com a inteno de compreender acerca de uma parcela do conjunto ficcional que circulava na imprensa peridica das primeiras dcadas do sculo XX. Ao ar a lista de folhetins publicados por Clodoaldo Freitas constatei um significativo nmero de narrativas que podiam ser usadas como fontes de pesquisa com o fim de ampliar os estudos acerca dos valores sociais e das representaes culturais de um perodo marcado por permanncias e rupturas de um Brasil que estava vivenciando a consolidao de uma cultura burguesa. Ao analisar o corpus documental compreendi que a escrita daquele intelectual se somou uma vontade coletiva de construir uma sociedade civilizada e preparada para a nova ordem que acabara de ser instalada. Do ponto de vista dos papis sociais, a pesquisa permitiu sistematizar modelos de masculinidade e de feminilidade ideais encontrados na produo ficcional de Clodoaldo Freitas. O resultado dessa imerso no mundo folhetinesco encontrou uma escrita literria marcada pelo esforo de prescrever condutas, desejos e sentimentos para o seu pblico leitor. (CERTEAU, 1995) Destaco a importncia de definir a trajetria do romance-folhetim para entender o seu efeito na literatura produzida por Clodoaldo Freitas. Produto francs criado ainda em fins do sculo XVIII o romance-folhetim chegou a imprensa brasileira com grande prestgio estimulado pela traduo de grandes clssicos da literatura internacional. Clodoaldo Freitas sempre cultivou um envolvimento com a imprensa, iniciado ainda na poca de estudante de direito. Acabou se destacando como escritor de matrias, crnicas de diversos temas e um grande editor de jornais de diferentes estados do pas. Est a o elemento chave que promove a circulao dos textos ficcionais de Freitas com maior facilidade: ao acumular o cargo de editor e de funcionrio pblico, Clodoaldo assumia tambm o seu papel como escritor. Existem pelo menos oitocentos textos assinados por Freitas entre o final do sculo XIX e o incio do sculo XX, entretanto, nesta pesquisa me atenho a alguns de seus textos ficcionais publicados como romance-folhetins. Ao problematizar as principais personagens que teceram a trama daqueles folhetins, descubro a possibilidade de alcanar um universo das letras que permitido enxergar. A obra literria de Clodoaldo Freitas funciona como um fio condutor para chegar a um universo mental e cultural das elites intelectuais das primeiras dcadas do sculo XX.
Ocultar
|
-
Danielle Christine Othon Lacerda (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Polmicas folhetinescas: Leituras polticas dos romances de Eugne Sue no Brasil Oitocentista
Resumo:Esta comunicao trata-se da anlise e reflexo so...
Veja mais!
Resumo:Esta comunicao trata-se da anlise e reflexo sobre o papel social dos escritos do folhetinista francs Eugne Sue que circularam no Brasil em meados do sculo XIX. As polmicas suscitadas pelos dois principais ttulos dentre uma vasta e popular obra romanesca que catapultou o escritor como um dos principais romancistas populares e mais bem pagos da primeira fase do romance-folhetim, marcaram um fenmeno que instigou, dentre os leitores comuns, a esfera intelectual e poltica da capital imperial, o Rio de Janeiro e a capital da provncia pernambucana, Recife. Do romance que se tornou um febre entre vidos leitores e crticos, Os Mistrios de Paris, publicado entre 1842-1843, inovou a narrativa de cunho burgus ao introduzir os marginalizados da sociedade sa no protagonismo da fico. Assassinos, prostitutas e operrios repercutiam a dura realidade social, margeadas por uma perspectiva, ainda que incipiente, de um socialismo utpico, recm inaugurado pelo dandy e escritor. Na obra mais polmica de Eugne Sue, o Judeu Errante, retomou a campanha antijesutica e ressaltou sua ideologia de cunho social. No encalo do fenmeno que se formava e nas polmicas das obras, no se pode deixar de notar a intensidade com a qual as obras foram recebidas no Brasil. A intensa e ampla apropriao das obras alterou comportamentos, introduziu ideais e mobilizou embates e disputas no espao pblico. Diante disto, neste trabalho, destacamos a construo de sentidos do romance social de Eugne Sue luz do principal nome da Revoluo Praieira, Antnio Figueiredo e a narrativa de desconstruo do mito jesuta por meio ao reacender o combate de carter ideolgico e poltico, entre insultos e crticos ferozes, como Lopes Gama, o padre Carapuceiro. Deste modo, a compreenso desta construo de significados pera por uma abordagem que articula a produo escrita, os es e os agentes envolvidos na circulao dos textos e, portando, apoiamos-nos nos estudos de Robert Darnton, Roger Chartier, Diana Cooper-Richet e Henri-Jean Martin.
Palavras-chave: Romance-folhetim, Circulao de romances, Eugne Sue, Praeira, Jesutas
Ocultar
|
-
Isadora de Mlo Costa
O Jornal das Senhoras e A Esperana : Aproximando as pginas e revelando os contextos.
Resumo:No sculo XIX, a imprensa se proliferou como o pri...
Veja mais!
Resumo:No sculo XIX, a imprensa se proliferou como o principal meio de reproduo e produo de ideias. A partir de 1808, com a abertura da Impresso Rgia no Rio de Janeiro, essa propagao toma maiores vultos, a imprensa oficialmente instalada no Brasil, ao mesmo tempo em que e colocado em prtica o fim do decreto de trezentos anos que se proibia todo e qualquer tipo de impresso fora de Portugal. Na segunda metade do sculo XIX a produo periodista aumenta significativamente e peridicos voltados para as mulheres afloraram em diversas regies do mundo luso-brasileiro, como O Jornal das Senhoras (1852-1855, Rio de Janeiro) e A Esperana: Semanrio de recreio literrio dedicado s Damas (1865-1868, Porto). Esses impressos abarcam questes que permitem problematizar a representao feminina do perodo, alm de comparar e conhecer mais das sociedades que os produziram: Brasil e Portugal, respectivamente. nesse sentido que o presente trabalho objetiva reconstituir parte do cenrio poltico e cultural desses peridicos, assim como, compreender suas principais caractersticas, tais como: quem eram seus redatores e colaboradores, a localizao de suas tipografias, suas principais temticas e suas ligaes cotidianas. Assim, por meio dos diferentes locais, contextos e gnero de autoria dos impressos aqui ressaltados, recorre-se ao Jornal das Senhoras e A Esperana como principais fontes e objeto de anlise. Utiliza-se, ainda, da histria comparada, nos moldes de Marc Bloch e da abordagem da Histria Poltica e da Histria Cultural, como arsenal terico-metodolgico de compreenso desses impressos. Pois, compreende-se que esses jornais possibilitam compreender parte significativa do tecido cultural dessas sociedades, assim como, suas apropriaes e opinies que circulavam acerca e no seio dessas parcelas do feminino.
Ocultar
|
-
Carolina de Toledo Braga (Universidade de Coimbra)
A tipografia da Viva Roma (Pernambuco, 1848-1853)
Resumo:Umbelina Coelho da Silva Ribeiro Roma, a Viva Rom...
Veja mais!
Resumo:Umbelina Coelho da Silva Ribeiro Roma, a Viva Roma, viveu no Recife, na provncia de Pernambuco, no Brasil, em meados do sculo XIX. Com a morte do marido, no auge da Insurreio Praieira (dezembro de 1848), a viva no s assumiu os negcios do casal, uma loja de livros e uma tipografia, como mudou o nome da oficina para Tipographya da Viva Roma. O peridico de maior destaque da Tip. da Viva Roma, o Dirio Novo, era declaradamente liberal praieiro e porta-voz das tropas rebeldes.
Este artigo vai examinar uma parte da trajetria de Umbelina: o perodo entre a morte do marido e a venda da oficina tipogrfica. Baseando-se no inventrio do falecido marido da viva e em notcias de diversos jornais da poca, em cruzamento com a bibliografia, os dados levantados sugerem que esta mulher estava inserida no mundo de negcios, poltica e trabalho no Recife oitocentista, e no era exceo entre as mulheres ss, quic entre as em estado de viuvez. Tambm no era a nica viva livreira. Havia Rufina Rodrigues da Costa Brito, do tipgrafo Paula Brito, no Rio de Janeiro, e Maria Clara Rey, viva Bertrand, em Portugal, que tambm assumiram o comrcio dos maridos mortos.
A ideia analisar a participao desta mulher enquanto proprietria de uma oficina tipogrfica e levantar questionamentos sobre as mulheres como proprietrias da imprensa. Quais eram, na prtica, as tarefas realizadas por ela? Quais a diferenas de gnero na propriedade de oficinas tipogrficas?
Por meio de um estudo das mulheres proprietrias de tipografias possvel perceber que desde o sculo XIX h tendncias monopolistas no ramo tipogrfico no Brasil. A pesquisa Media Ownership Monitor Brasil mapeou os proprietrios de 50 veculos de mdia brasileiros atuais e quais as ligaes deles com poltica, religio e negcios. Entre TVs, internet, impressos e rdios, foram analisados os de maior audincia e influencia na opinio pblica. Entre as 50 concesses analisadas, notvel o nmero de mulheres proprietrias dos maiores veculos de mdia no pas naquele momento: quatro (INTERVOZES, 2017). A maioria sendo co-proprietria junto com os maridos, apenas uma no dividia a propriedade.
Como esta predominncia de propriedade masculina da imprensa desde o sculo XIX influencia no consumo de informaes at hoje? Compreender a participao das mulheres no apenas na publicao, mas na produo de material impresso nos Oitocentos nos abre caminhos para afirmar que estavam inseridas na propriedade da imprensa, ento, como foram silenciadas no exerccio desses papeis? O silenciamento sobre as mulheres como proprietrias de tipografias e veculos de comunicao reflete uma tentativa de apagamento da existncia delas no mundo pblico ocidental e delimitao da participao feminina no mundo domstico.
Ocultar
|
-
Cristiane de Paula Ribeiro (UNICAMP)
A pena e os seus trnsitos: os mundos do trabalho de mulheres com aspiraes intelectuais no sculo XIX (Rio de Janeiro)
Resumo:Durante o sculo XIX no Brasil foram muitas as mul...
Veja mais!
Resumo:Durante o sculo XIX no Brasil foram muitas as mulheres com propenses para a vida de jornalista, escritoras que colaboraram com artigos, poesias, crticas e romances em jornais dirios, bem como aquelas que se aventuraram nos seus prprios negcios com a empresa jornalstica. A existncia dessas mulheres carrega particularidades em suas trajetrias, haja vista a heterogeneidade do grupo, que abarcava desde as aristocrticas at outras imersas em classes mais modestas e que necessitaram estender seu trabalho para alm das lides da imprensa.
Exemplos emblemticos tratam de Anna Rosa Termacsics dos Santos, autora do Tratado Sobre a emancipao poltica da mulher e direito de votar (1868) e de alguns artigos. Para alm de suas predilees com a pena, Anna necessitou expandir seus labores para as atividades com o giz, lecionando aulas e transitando por diferentes colgios e casas em busca de recursos, sobretudo ao fato dela ter sido uma mulher solteira e que subsistia com suas despesas individualmente.
Em um mundo completamente oposto, temos a trajetria de Amlia Carolina da Silva Couto, jornalista-gerente do Echo das Damas (1879-1888), um peridico carioca que alcanou grande circulao em diversas provncias. Ao contrrio de Anna, Amlia casou-se com Jos Arajo Couto, redator de jornais, escritor de quando e quando e profissional do ponto nos teatros. A jornalista empreendeu negcios com o periodismo de uma forma distinta de suas companheiras de ofcio, negociando com pessoas importantes a divulgao de sua folha, o que fez com que realizasse muitas viagens. Similarmente e com o mesmo objetivo, ela direcionou um grande foco para as propagandas, e possivelmente tambm se aventurou no teatro.
Apesar dessas duas mulheres, ao que as fontes mostram, terem disposto de atuaes completamente diferentes uma da outra, suas trajetrias permitem vislumbrarmos as estratgias que foram utilizadas por mulheres de letras para se fazerem atuantes nesse universo to desigual no quesito gnero. Enquanto Anna trabalhou de professora, Amlia optou por empreender um negcio diferente com o periodismo, isso tudo com o apoio do marido, ampliando suas relaes e buscando nas propagandas formas de durabilidade no trabalho da impresso.
Assim, objetivamos discutir as possibilidades de trabalho feminino no universo da impresso e seus trnsitos em meados do sculo XIX no Brasil, uma vez que isso requer a necessidade de uma cuidadosa operao exegtica para decifrar e decodificar os seus termos (CHALHOUB; NEVES; PEREIRA, 2005, p.13). Almejamos, ainda, discutir quais foram as estratgias empreendidas por mulheres para adentrarem nesse espao, at ento majoritariamente masculino, e as principais formas de permanncia, quando houvesse.
Ocultar
|
-
Joo Costa Gouveia Neto (UEMA - Universidade Estadual do Maranho)
O movimento das companhias lricas entre o Teatro So Lus (MA), o Teatro Santa Isabel (PE) e o Teatro So Joo (BA) entre 1850 e 1870.
Resumo:As comunicaes entre as provncias do Imprio bra...
Veja mais!
Resumo:As comunicaes entre as provncias do Imprio brasileiro durante o sculo XIX eram difceis e demoradas e por isso as companhias lricas permaneciam meses em cada capital at se deslocarem para outras cidades e acabavam estabelecendo contatos para, por exemplo, ministrarem aulas de idiomas e de msica, durante esse perodo em terra. Nesse sentido, objetivo deste trabalho construir o itinerrio das companhias lricas do empresrio Vicente Pontes de Oliveira, do Maestro Poppe e do empresrio Jos Maria Ramonda a partir de So Lus, capital da provncia do Maranho, tendo como fonte os jornais Dirio do Maranho, O Globo e Semanrio Maranhense que daro as informaes sobre os cantores e demais instrumentistas que participavam dos espetculos no Teatro So Lus, assim como do repertrio apresentado. Os jornais foram o principal meio de divulgao desse movimento artstico no sculo XIX que impulsionava vrios setores do comrcio local antes e durante a estada dessas companhias nas capitais de provncias. Desse modo, os jornais que informam sobre a presena dos artistas lricos na capital maranhense entre 1850 e 1870 eram tanto de tendncia informativa quanto opinativa. J sobre o Teatro Santa Isabel (PE) a presena e atuao dos artistas lricos ser contada atravs do livro Msica e pera no Santa Isabel: subsdio para a histria e o ensino da msica no Recife de Jos Amaro Santos da Silva (2006) e sobre as histrias dos empresrios lricos no Teatro So Joo (BA) Maria Helena Franca Neves (2000), no livro De La Traviata ao Maxixe: variaes estticas da prtica do Teatro So Joo que me conduzir pelos sons do dito teatro. Alm dos artistas que aram pelas trs capitais do nordeste imperial os trs estudos tambm comungam da pesquisa em jornais em um perodo onde a maioria da populao era analfabeta e nem por isso a difuso das ideias era menor. Nesse sentido, este trabalho pretende ser mais um divulgador do movimento artstico operado pelas companhias lricas no Teatro So Lus (MA), no Teatro Santa Isabel (PE) e no Teatro So Joo (BA), no que tange ao tipo de repertrio apresentado nos espetculos, s nfases dadas aos compositores das peras que mais faziam sucesso no perodo em questo, assim como aos artistas das companhias lricas e dos concertos solo, em sua maioria estrangeiros, mas que eram acompanhados por instrumentistas e demais componentes do coro formado por artistas locais.
Ocultar
|
-
Victria Aquino (UFF - Universidade Federal Fluminense), Danielle Tavares da Rocha (UFF - Universidade Federal Fluminense)
O Teatro Oitocentista e as Manifestaes Abolicionistas em Campos dos Goytacazes (1880-1888)
Resumo:O projeto pretende explicar, a partir de impressos...
Veja mais!
Resumo:O projeto pretende explicar, a partir de impressos disponveis em bibliotecas e arquivos, sendo neste caso utilizada a mdia jornalstica, com o jornal 25 de Maro o papel desempenhado pelos teatros na cidade de Campos dos Goytacazes. O projeto reconhece o teatro como espao de sociabilidade e de construo de uma esfera pblica no Brasil Imprio, abrigando as grandes disputas ideolgicas e pragmticas do seu tempo, sobretudo na dcada e 1880, poca de intensa propaganda abolicionista.
possvel analisar nas pginas do jornal 25 de Maro, jornal este criado para divulgar e estabelecer ideais abolicionistas, e que recebe este nome justamente em homenagem a abolio ocorrida no Cear. E no somente circulando nas ruas, o jornal utilizava do espao dos palcos dos teatros Empyreo Dramtico e So Salvador para articular tais ideias para quem mesmo o pblico no letrado pudesse compreend-las. Atravs de movimentos beneficentes, unio com clubes e peas teatrais, arrecadava-se dinheiro para a compra de alforrias.
O projeto reconhece o espao do teatro como um espao poltico, e por isso pretende analisa-lo e demonstrar se h no teatro campista uma disputa poltica a cerca da abolio da escravatura no Brasil. Assim analisaremos o que era noticiado no jornal 25 de Maro e tambm o Club Abolicionista que continham os participantes do jornal, sendo o mais importante entre eles Carlos de Lacerda, fundador do Club Abolicionista e do jornal 25 de Maro. Dito isto, este projeto pretende ir a fundo e analisar, dentro das possibilidades, as peas que eram apresentadas nestes teatros, para discutir se haviam teor abolicionista ou escravagista, ou mesmo se as peas ocultavam o assunto. Bem como analisar a bilheteria, os preos estipulados para cada acento, se eram peas aclamadas ou no e o impacto delas nesta sociedade.
Ocultar
|
-
Jos Ren Cmara Jnior (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco), Lcio Cordeiro de Souza (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
O caminho das pedras, os escravizados e o defeito mecnico: breves anotaes sobre mobilidade social, trabalho e cantaria no Recife Oitocentista
Resumo:Pensando, brevemente, sobre a dominao e o contro...
Veja mais!
Resumo:Pensando, brevemente, sobre a dominao e o controle social, a colonizao deixou fortes marcas que no vo desaparecer to cedo. No sculo XIX, uma srie de prerrogativas na formao de um Estado-nao precisava ser equacionada, de modo que as ideias liberais tiveram grande impacto, em especial pela influncia do positivismo, que esclareceria melhor a construo de uma ptria. A nao deveria constituir a verdadeira comunidade de convivncia, mas isso era impossvel devido extenso e s mentalidades de sujeitos que detinham o poder na poca (Carvalho, 1990). A combinao ardilosa de organizao poltica, sob forte influncia dos pases ibricos, garantiu em organizar um governo que preservasse a unio das provncias e a ordem social. Essas definies sociopolticas para o Brasil tiveram grande impacto na sociedade brasileira sobre alguns institutos, sobretudo a escravido.
Na primeira metade do sculo XIX, a capital da Provncia de Pernambuco mantinha inmeras semelhanas com outras cidades escravistas brasileiras, sendo povoada desde o princpio, essencialmente, por gente mida, isto , mercadores, pequenos e mdios funcionrios pblicos, negros de ganho, forros, comerciantes em geral, oficiais mecnicos (CARVALHO, 2010), todos visando desesperadamente assegurar uma mobilidade social, principalmente as pessoas de cor. Ajustando a escala para os oficiais mecnicos escravizados que labutava no ofcio da cantaria, algumas questes se colocam: como se constitua o trabalho para eles, estigmatizados pela cor e pelo defeito mecnico? Como as mudanas polticas e estruturais implementadas pelo presidente Rego Barros (1837-1844), que empreendeu uma verdadeira campanha de obras pblicas modernizadoras, impactaram em seu trabalho? Teriam elas contribudo para a precarizao do seu trabalho? Essas questes se justificam pela maneira marginal com que a historiografia referente aos perodos Colonial e Imperial do Brasil tratou os ofcios mecnicos e seus atores como um todo. De fato, apenas recentemente vimos aumentar o nmero de trabalhos que investigam esse tema. Foi uma quebra de paradigma. Novas abordagens e mtodos revelaram uma verdadeira fonte temtica, abrindo espao para a histria microssocial do cotidiano. Nessa perspectiva, diversos estudos, Acioli (2008), Arajo (2003), Cord (2005, 2009, 2012 e 2013), Barbosa (2015), Silva (2001), Silva (2010), dedicaram-se a compreender a organizao profissional e a valorao social dos trabalhadores manuais no Brasil Colnia e no Imprio. Desse modo, este trabalho objetiva dar continuidade ao levantamento sistemtico da literatura j produzida sobre o tema, aprofundando a investigao em torno dos canteiros que atuaram no Oitocentos (ACIOLI, 2008) e analisando as imbricaes sobre o trabalho do escravizado.
Ocultar
|