ST 23 - Sesso 1 - Sala 23 - Dia 16/09/2020 das 14:00 s 18:00 4q5u4b
Local: Sala 23
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Micaele Irene Scheer (Prefeitura de Lajeado)
O controle sobre o uso do banheiro e as experincias dos/as trabalhadores/as do setor caladista de Novo Hamburgo (1968 - 1979)
Resumo:Ao pesquisar os dissdios individuais instaurados ...
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Resumo:Ao pesquisar os dissdios individuais instaurados na Junta de Conciliao e Julgamento de Novo Hamburgo, pelos/as trabalhadores/as do setor caladista, foi possvel observar as experincias desses sujeitos no cotidiano fabril. Muitos processos que envolvem casos de insubordinao e desdia, relatam tenses envolvendo o controle sobre o uso do banheiro. Nessa comunicao, sero destacadas as aes aparentemente individuais e triviais, mas que poderiam contar com o apoio dos colegas de trabalho e so aqui compreendidas como expresses da luta de classes. Como afirma E. P. Thompson (1981, p.170) ao contrrio da opinio de certos praticantes tericos, nenhum trabalhador conhecido pelos historiadores permitiu jamais que a mais-valia lhe fosse arrancada do couro sem encontrar uma maneira de reagir (h muitas maneiras de fazer cera).
Fazendo cera. Amarrando servio. Matando tempo. No dando produo. Assim era descrita a burla sobre tempo aos olhos do patro. Nesse contexto o espao privado do banheiro era um refgio dos mandos dos contramestres e do controle do ritmo do trabalho. As aes trabalhistas que citam esse espao so quantitativamente significativas e a anlise qualitativa apresenta vestgios interessantes. No ano de 1973, um processo contra a fbrica Brochier exemplifica essa situao (Processo Trabalhista n 946/73, 1973). Milton declarou, atravs da petio inicial, que foi suspenso por que no bateu o carto ponto ao entrar e ao sair do banheiro. Com apoio de seu advogado, alegou: ora, tal atitude da empresa ridcula, vexatria, vindo a ferir consideravelmente a moral dos empregados. A fbrica, ao se defender, alegou que esse tempo no era descontado dos trabalhadores, mas aqueles que mais diligentemente se portam no expediente eram recompensados com gratificaes salariais. Milton compartilhou durante a audincia que no foi o nico que deixou de bater o ponto, sugerindo que assim como ele, outros colegas demostraram sua indignao em relao ao assunto. A juza Catharina Dalla Costa avaliou que a punio foi injusta e abusiva: relgio ponto instrumento de controle de entrada e sada do expediente de trabalho e no de controle do tempo das necessidades fisiolgicas do indivduo.
Nelson foi flagrado dormindo no banheiro da Calados Hack. Joo foi surpreendido enquanto fazendo loteria esportiva no banheiro da Sissi. Vitor usou esse tempo para jogar rolos de papel higinico pela janela da Rio Verde, tambm foi acusado de estragar calados e retardar a produo. Essas experincias sero apresentadas com mais detalhes, com o objetivo de comprovar a hiptese de que havia uma disputa em torno da disciplina, que fundamental para compreender o conjunto de experincias dos trabalhadores e trabalhadoras no cotidiano fabril.
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Tanice Fuhr (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran)
Experincia de Jovens Trabalhadores em Nova Hartz-RS: trabalho, escolarizao e modos de viver no Vale dos Sinos
Resumo:Essa pesquisa tem como interesse a anlise das rel...
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Resumo:Essa pesquisa tem como interesse a anlise das relaes de trabalho estabelecidas por jovens trabalhadores na cidade de Nova Hartz-RS, procurando compreender possveis tenses e presses presentes nesta dinmica no sculo XXI. A inteno pensar a experincia desses jovens diante da historicidade em que esto inseridos, abarcando seus modos de vida e perspectivas sobre trabalho, escolarizao e expectativas futuras. A noo de experincia utilizada na pesquisa parte das discusses feitas por Thompson (1978) onde, rebatendo Althusser, o autor aponta a importncia da considerao das experincias dos sujeitos no trabalho do historiador e na investigao do processo histrico. Ao considerar tal noo acredito que ela nos aproxima da complexidade expressa nas aes dos sujeitos, observando como as decises e avaliaes que tomam se vinculam a aspectos costumeiros, seja de um sujeito ou de um grupo social. Portanto, h muitas circunstncias a serem notadas enquanto condio comum e um mesmo campo de possibilidades (Thompson, 1978). Por tudo isso, explorar tais sentidos nos aproxima do modo como esses jovens trabalhadores lidam com as adversidades (moradia, estudo, filhos, convvio com familiares, casamento etc.), permitindo uma anlise que paute condies de vida e redes de sociabilidade atreladas s decises por trabalho, muitas vezes iniciada na infncia. Assim, entendo o espao de narrao aberto ao sujeito a partir da produo de entrevistas como um momento importante de avaliar que memrias ganham visibilidade durante a conversa com esses jovens (Portelli, 2010). Nesse sentido, no trabalho com fontes orais que se ter um contato mais prximo com as experincias desses sujeitos, podendo apresentar aspectos peculiares sua trajetria e percepo social, mas tambm prticas e valores compartilhados. As entrevistas j realizadas permitiram reconhecer estes jovens como parte importante nesse processo de alterao nas relaes de trabalho e no processo de escolarizao, valorizando a interpretao que possuem desse processo. Aliado a isso, a busca por outras fontes expe o interesse em adensar a questo investigada. O intuito que elas permitam evidenciar novos elementos dessa problemtica e aponte possveis ambiguidades dentro dessa dinmica No presente momento, a pesquisa se volta a analisar as cinco entrevistas j realizadas, observando as motivaes para insero nas relaes de trabalho assim como os limites da conciliao entre trabalho e escolarizao frente s presses, dilemas e anseios que priorizam no seu modo de viver. O levantamento documental, ainda que estagnado devido pandemia, dever seguir intencionando o contato com as empresas da regio e rgos como Conselho Tutelar, Ministrio do Trabalho e Assistncia Social (CRAS e CREAS).
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Vincius Reis Furini (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Trabalho, conflito e contraveno: a Doca das Frutas frente Histria Social do Trabalho.
Resumo: A Histria Social do Trabalho tem atravessado uma...
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Resumo: A Histria Social do Trabalho tem atravessado uma profunda renovao terica e epistemolgica, ampliando e diversificando suas problemticas com novos sujeitos e objetos de estudos. Entre as principais transformaes desse campo de estudos est a emergncia de sujeitos sociais com experincias diversas, necessitando repensar a classe trabalhadora em termos de raa, gnero, sexualidade, etc., posto que ela, em especial no Brasil, no exclusivamente branca, masculina, heterossexual, operria e urbana. Nesse sentido, surge efeito investigar sobre as experincias de trabalhadores marginalizados que atuavam de maneira informal e estiveram envolvidos em conflitos e contravenes em espaos populares, como a Doca das Frutas: vila de malocas, na regio central de Porto Alegre.
A Doca das Frutas surge no comeo da dcada de 1940 atravs do comrcio fluvial de frutas, onde os vendedores vindos de barco do interior do estado para comercializ-las na capital acabavam se fixando no local. A Doca das Frutas em pouco tempo acabou se expandido, transformando-se em uma vila de malocas de grandes propores, alarmando a imprensa e as autoridades municipais (KLAFKE; WEIMER; FURINI, no prelo). Sua localizao central possibilita que sejam observadas as complexas relaes assentadas entre diferentes sujeitos sociais que habitavam, trabalhavam ou transitavam por aquele espao. As relaes de trabalho, naquele local, apontam para uma heterogeneidade de atividades profissionais, aparecendo de diferentes formas: eram fruteiros, comerciantes, estivadores, operrios, domsticas, lavadoras, policiais, soldados, meretrizes etc., que trabalhavam, em sua maioria, de forma informal. Esses sujeitos estabeleciam relaes, nem sempre harmoniosas entre si, resultando em conflitos e, em alguns casos, transgresses da norma social.
O trabalho pretende investigar, a partir de processos-crime presentes no Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul (APERS), a relao entre trabalhadores da Doca das Frutas e os conflitos estabelecidos entre si e frente interface da lei. Os processos-crime oportunizam o estudo para alm dos crimes, eles possibilitam que investigamos tanto os valores e normas de agentes e grupos sociais em determinada poca, quanto o discurso dos pobres que, em certa medida, recuperado, possibilitando outras formas de estudos da cultura popular (MAUCH, 2013, p. 23). Esta documentao permite, tambm, que se reflita sobre o controle social exercido sobre a classe trabalhadora em uma sociedade capitalista (CHALHOUB, 2001, p. 53). Deste modo, os processos-crime so valiosas fontes de anlise dos conflitos e contravenes que envolveram os diferentes trabalhadores da Doca das Frutas.
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Sheille Soares de Freitas (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran), Carlos Meneses de Sousa Santos
Precoces trabalhadores no Oeste do Paran: redes de convivncia e tenses sociais (segunda metade do sculo XX e incio do sculo XXI)
Resumo:Essa proposta destaca condutas e moralidades envol...
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Resumo:Essa proposta destaca condutas e moralidades envolvendo a experincia de precocidade de crianas e adolescentes nas relaes de trabalho. O enredo norteador que tivemos ou pelo reconhecimento do amplo e diverso debate existente, bem como as controvrsias envolvendo esses jovens e os postos de trabalho que ocuparam.
Para tal, temos como ponto de maior inflexo a presena desses trabalhadores na constituio do Oeste do Paran, particularmente a partir de meados do sculo XX. Nossa investigao e anlise priorizou perscrutar os nexos e dissensos envolvendo a presena desses sujeitos nas relaes de trabalho e o que elas sugeriam sobre moralidades e prticas envolvendo modos de viver e de produzir alternativas frente ao que elegiam como prioridades e urgncias.
Ao trabalharmos com autos processuais (cveis, trabalhistas e criminais) da Comarca de Toledo, associados com matrias da imprensa radiofnica e fontes orais fomos demarcando nosso ponto de contato com essa problemtica. Com isso, amos vises formuladas sobre esses sujeitos e imagens que os prprios trabalhadores constituram de si e das relaes em que tomaram parte. Assim, deparamo-nos com relaes e prticas que envolviam avaliaes morais, atreladas sua condio de classe.
Esse repertrio social colocava em evidncia modos costumeiros em tenso, onde e como morar, relaes afetivas, rede de sociabilidade etc. Tudo isso, muitas vezes, apresentando evidncias que elucidavam a forte presena de aes tutelares, crimes de variadas ordens, alm de decises ambguas sobre escolarizao e como viver frente a urgncias de renda e presses que reconheciam na ordinariedade da vida.
As fontes elencadas, em grande medida, reforaram nosso interesse em pautar circunstncias controvrsias dessa experincia social. Pois, lidamos com indcios de trajetrias que apontam vrios elementos que traam condies comuns e experincias compartilhadas, mas, tambm, destacam nuances e divises sobre o como decidem e se inserem nessas redes de convivncia e relaes de poder que os interpelam na dinmica histrica que se desenrolou desde meados do sculo XX.
Por tudo isso, acreditamos que apresentar essa problemtica faz com que retomemos com mais afinco como a anlise histrica vem se colocando sobre essa questo e contribuindo para repensar o lugar desses jovens trabalhadores em nossa sociedade.
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Deyse Vieira Quinto (UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz)
Concebendo sua cidadania: as trabalhadoras domsticas na Assembleia Nacional Constituinte
Resumo:Em 1985, perodo de reabertura poltica e reformul...
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Resumo:Em 1985, perodo de reabertura poltica e reformulao legislativa ps-ditadura militar, as associaes de trabalhadoras domsticas ansiavam por alcanar a equiparao dos seus direitos trabalhistas aos dos demais trabalhadores urbanos na Constituinte. Organizadas nacionalmente desde a dcada de 1960, buscavam superar o estado de marginalidade jurdica onde prevalecia a negociao entre patroas e empregadas, que no se dava de forma horizontal ou sem conflitos.
A Associao Profissional de Trabalhadoras Domsticas da Bahia, que atuava em Salvador desde a dcada de 1970, se insere no movimento nacional ao participar do V Congresso Nacional das Empregadas Domsticas do Brasil, realizado no Pernambuco em 1985. Comea ento a figurar como eixo de articulao fundamental do movimento na organizao para a Constituinte e como referncia nas estratgias de mobilizao da categoria.
Tendo como fonte relatos das trabalhadoras publicados em livros, as atas da Constituinte, manuais, relatrios de eventos e atas da associao baiana, pretende-se refletir sobre as concepes que as subalternizavam, sobre o gnero, a raa e as condies sociais dessas trabalhadoras a partir da sua entrada no movimento nacional de trabalhadoras domsticas, em 1985 - momento em que estas se voltam para a conquista de direitos trabalhistas na Constituinte -, at 1989, quando realizam o VI Congresso Nacional e avaliam sua participao na Constituinte.
Invoca-se aqui o conceito de classe como categoria histrica proposto por Thompson e, dado o carter histrico do conceito, para compreender a realidade baiana na segunda metade do sculo XX, utiliza-se o conceito de diviso sexual do trabalho a partir de Danile Kergoat. Da mesma forma, examina-se a questo racial, visto que o trabalho domstico no Brasil marcado pela escravido, onde mesmo no ps-abolio se mantm as estruturas hierrquicas escravistas, o que no necessariamente determina todas as aes dos sujeitos. Opta-se ento pela proposio de Maciel Silva que, para operacionalizao como recurso analtico, sugere falar em prticas paternalistas e anti-paternalistas. Prope-se o conceito de consubstancialidade apresentada por Danile Kergoat, como uma forma de leitura da realidade social em que se entrecruzam de forma dinmica e complexa o conjunto de relaes sociais, o que no exime a existncia de contradies entre elas.
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Tatiane Bartmann (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Resistncias Cotidianas nos Processos Trabalhistas da 1JCJ de Porto Alegre (1941-1945)
Resumo:A presente pesquisa tem o objetivo de compreender ...
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Resumo:A presente pesquisa tem o objetivo de compreender as diferentes formas de resistncias dos/as trabalhadores/as no interior fabril a partir da anlise dos processos trabalhistas. Empregando o conceito de resistncia cotidiana desenvolvido por James Scott (2011), busca-se verificar nas aes trabalhistas as experincias individuais dos/as trabalhadores/as, suas demonstraes de insatisfao e a burla das regras criadas pelos estabelecimentos fabris. Questiona-se sobre as maneiras encontradas pelos/as operrios/as para a defesa dos seus interesses e os alcances de suas reivindicaes. Atitudes como a lentido ao executar uma tarefa, vrias idas ao banheiro ao longo do turno, conversas e brincadeiras entre operrios/as, pequenos furtos, so aqui interpretadas como tticas de resistncia. Nesse sentido, o conceito de ttica de Michel de Certeau (2014) tambm contribui para essa pesquisa. Adaptando o conceito para a anlise que se quer fazer dos diferentes tipos de resistncia, ttica seria a ao do/a trabalhador/a que atua dentro da empresa, que utiliza recursos a sua disposio de maneira improvisada para se opor, para resistir dominao imposta. No decorrer do texto, pretende-se abordar esse conjunto de aes que mostram diferentes usos dos objetos cedidos pela prpria empresa para uma determinada funo, mas que so utilizados pelos/as trabalhadores/as de diferentes maneiras mostrando a uma nova forma de fazer, um jeito diferente de consumir e utiliz-los. Recortes metodolgicos levaram anlise das aes de resistncia dos/as trabalhadores/as empregados/as das empresas fundadoras do Cinfa (Centro da Indstria Fabril) em Porto Alegre. Pode-se dizer que esse grupo empresarial possui forte atuao em diferentes setores econmicos, como o metalrgico, o txtil, o alimentcio e bebidas, entre outros. Foram analisados ao total 140 processos da 1 Junta de Conciliao e Julgamento (1JCJ) de Porto Alegre, movidos por trabalhadores/as desde a implementao da Justia do Trabalho (JT) no ano de 1941 at 1945, final do Estado Novo, perodo em que a JT se manteve vinculada ao poder executivo.
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Thulio Francisco Arago da Silva (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
Trabalho e dominao: a constituio dos conflitos de classe nos processos trabalhistas em Paulista (1955 1960).
Resumo:O objetivo desse projeto de pesquisa analisar a ...
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Resumo:O objetivo desse projeto de pesquisa analisar a constituio dos conflitos de classe em Paulista, no perodo de 1955 a 1960. Tendo como eixo de investigao os processos trabalhistas: aes ajuizadas pelo Tribunal Regional do Trabalho, para resoluo de conflitos entre o trabalhador e patro, itidos pela Justia do Trabalho, quando as tentativas de acordos no tivessem xito. O crescimento substancial de processos trabalhistas, durante a dcada de 1950, demonstra que os teceles recorreram aos tribunais do trabalho, num processo de sistematizao da justia. Os operrios, em especifico os trabalhadores da indstria txtil, iam at a Justia para fazer valer os direitos assegurados pela lei. Nesse sentido os processos trabalhistas compreendem uma vasta fonte histrica, para compreenso dos processos de enfrentamento entre a classe patronal e os trabalhadores. Ao direcionaram suas questes para dar visibilidade pblica s condies de trabalho em que estavam situados. A esfera jurdica era a plataforma para legibilidade dos movimentos operrios. Para composio desse quadro histrico onde foi descrito o domnio imposto pela Companhia de Tecido Paulista e o fazer-se da classe operria, na formao da experincia de atuao dos trabalhadores e trabalhadoras, frente dominao imposta pelas relaes sociais de produo, compreende-se, efetivamente os conflitos de classe, percebidos dentro das relaes trabalhistas. O perodo de 1955 a 1960 foi marcado pela efuso das greves, que buscavam melhores condies de vida e manuteno de direitos adquiridos. preciso investigar como as relaes trabalhistas, descritas nos processos da Justia do Trabalho da comarca de Paulista, podem contribuir para a ampliao do conhecimento historiogrfico.
Palavras‐Chave: Trabalho Paulista Justia.
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Karlene Sayanne Ferreira Arajo (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
Willys Overland de Jaboato Pe: Discursos, Operrios e a Justia do Trabalho
Resumo:Este trabalho apresenta estudos sobre a fbrica de...
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Resumo:Este trabalho apresenta estudos sobre a fbrica de automveis Willys Overland do Brasil construda no municpio de Jaboato Pernambuco, em 1966. Discutimos como atuaram as foras polticas e econmicas que viabilizaram a construo de uma fbrica de automveis no Nordeste do Brasil, particularmente em Pernambuco, em um cenrio de Guerra Fria e ditadura militar no Brasil. Precisamos entender como os discursos de modernizao e de progresso, que procuraram produzir sentido para sua instalao, construram o agenciamento de novos disciplinamentos, como o abandono das atividades sindicais, classificadas como subversivas para trabalhadores rurais transformados em operrios urbanos. O que indicaria para uma descaracterizao desse operrio enquanto ser poltico, tentando construir a identidade de trabalhadores da Willys. A fbrica produziu discursos e estratgias de ao em Pernambuco, que em sintonia com os discursos dos militares, se colocou como a redeno econmica, poltica, social e do trabalho na regio. A Willys se apresentava como promotora de uma revoluo de paz para o Nordeste. Uma revoluo sem armas, sem conflitos, sem mobilizaes polticas e reivindicatrias de seus operrios. Uma revoluo que tentou produzir um corpo disciplinado e silencioso para o trabalho urbano, fabril e moderno. Sem registro de greves, lideranas sindicais ou paralisaes dos operrios da Willys, a luta por direitos foi deslocada para o campo da Justia do Trabalho. na Junta de Conciliao e Julgamento de Jaboato que encontramos os registros das suas reivindicaes trabalhistas. Tomamos como documentao para contar essa histria, jornais, revistas, documentos da SUDENE, censos demogrficos, arquivos do Departamento de Estado Norte Americano e entrevistas realizadas com funcionrios do escritrio e operrios da fbrica e processos trabalhistas impetrados entre 1966 e 1973 na JCJ de Jaboato.
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Bruno Mandelli (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Redes de Classe e Histria Comparada em tempos da Histria Global: velhos dilemas, novos problemas
Resumo:Nas ltimas dcadas uma corrente de historiadores ...
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Resumo:Nas ltimas dcadas uma corrente de historiadores tm defendido um retorno a uma histria global. Munidos de importantes argumentos tericos e metodolgicos, bem como crticas ao que chamam de nacionalismo metodolgico, esses autores advogam de maneira geral que se vivemos em um mundo globalizado, em que mercadorias, informaes e tecnologias circulam de forma global, no teria sentido uma histria que no tivesse a pretenso tambm de ser global. Sem querer ter a pretenso de dar conta de todos os problemas e debates que envolvem essa discusso, mas problematizando algumas das questes tericas no que diz respeito Histria Social do Trabalho, queremos neste artigo levantar velhos dilemas que cercam esse debate: a teoria da formao da classe, segundo E. P. Thompson, a histria comparada e a teoria das redes de classe. Algumas das inconsistncias apontadas pelos historiadores globais, como Marcel Vander Lindem, teoria da formao da classe de Thompson est na limitao da anlise dentro de um processo fechado em si mesmo1 Desse modo, teria Thompson incorrido na tentao de explicar o processo de constituio da classe operria inglesa sem levar em conta as suas conexes com o Imperialismo e o Colonialismo, de acordo com Van der Linden, como uma mnoda leibniziana: A Inglaterra , de acordo com sua anlise, a unidade lgica de anlise enquanto foras externas certamente influenciaram esse processo, estas so especificamente retratadas como influncias estrangeiras2. Neste artigo, problematiza-se essa dicotomia entre global e nacional, lanando como alternativa um retorno proposta comparativa de mltiplas sociedades, sem cair na pretenso de construir uma Histria Global. Por mais que se considere correta a anlise de Van der Linden de criticar a falta de conexes transatlnticas e internacionais para se pensar um projeto de Histria Global, isso no exclui, em nossa opinio, na necessidade de pesquisas empricas sobre processos de formao da classe em regies ou pases que carecem dessa anlise. Pensar o global no est em contradio com o local. Muito pelo contrrio. Defende-se a perspectiva que s possvel (re)construir uma Histria Global se essa for muito bem munida de pesquisas e anlises particulares, sob risco de se diluir dentro do oceano do global todas as particularidades e pormenores da histria dos trabalhadores.
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Mnica Renata Schmidt Pegoraro (PUCRS - Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul)
Os trabalhadores na fala dos deputados classistas: represso e resistncia durante o Governo Provisrio
Resumo:A legislao trabalhista dos anos 1930 foi consagr...
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Resumo:A legislao trabalhista dos anos 1930 foi consagrada como a mais significativa realizao dos governos de Getlio Vargas (1930-1945). O tema foi objeto de interminveis polmicas: enquanto alguns viram no tratamento da questo social as vantagens recebidas pelos trabalhadores, antes desprovidos de leis protetoras, outros preferiram denunciar o carter autoritrio e fascista da nova legislao, com o argumento de que ela servia mais para reprimir do que para beneficiar a classe operria. Os registros do cotidiano dos trabalhadores surgem sob diversas formas na historiografia brasileira, apesar dos avanos, ainda se faz necessrio valorizar a voz desses atores. No perodo em tela, os trabalhadores aparecem, por exemplo, em textos de rgos do Estado e de instituies que cuidavam dos trabalhadores, como o caso dos Anais da Assembleia Nacional Constituinte de 1933/1934, fonte utilizada nesse estudo. Mas, nem por isso, pode-se reduzir tais registros oficiais a meros discursos institudos, homogeneizados por sua referncia ao poder. Cabendo ao historiador fazer visvel aquilo que se ocultou, de escutar o que foi emudecido, de entender a dominao como resposta a um interlocutor que pouco aparece porque suas atividades esto obscurecidas, annimas ou implcitas no texto que as registra (PAOLI, 1982, p. 21-22). Na falta do depoimento direto ou em vista da fala silenciada, buscou-se, mediante o exame dos discursos dos deputados classistas, representantes dos trabalhadores, entender dinmicas de luta, represso e resistncia protagonizadas pelos trabalhadores, envolvendo as formas de participao poltica, o o aos direitos do trabalho e de expresso. Nessa perspectiva, o tema da comunicao remete a aspectos da experincia dos trabalhadores urbanos no contexto do Governo Provisrio, marcado, entre outras coisas, pelo processo de proletarizao. Entre os objetivos do estudo, pode-se destacar o esforo no sentido de entender a participao dos trabalhadores no contexto de redefinio das lutas por direitos identificada a questo trabalhista, inaugurada aps 1930, quando os trabalhadores aparecem com rosto na paisagem social de um Estado centralizador e tutelar. A anlise da fala dos deputados classistas remete aos debates polticos que atravessam o perodo, e, mais especificamente, a Constituinte de 1933/1934. Contudo, o exame da fala desses outros da classe operria permite uma aproximao com os mundos do trabalho e com os conflitos e incertezas que se seguiram aos anos 1930.
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ST 23 - Sesso 2 - Sala 23 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 4u3i3u
Local: Sala 23
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Dhyene Vieira dos Santos (UFAM - Universidade Federal do Amazonas)
Sujeitos coletivos em formao: participao dos motoristas e condutores de bondes na greve geral de 1919 em Manaus
Resumo:O ano de 1919 marcado por greves gerais na maior...
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Resumo:O ano de 1919 marcado por greves gerais na maioria das capitais brasileiras. Em Manaus no foi diferente, parcela significativa de trabalhadores urbanos aderiram as mobilizaes e paralisaram as atividades em toda a cidade. Esta comunicao tem como objetivo central apresentar parte dos resultados analisados na dissertao de mestrado em Histria sobre os motoristas e condutores de bondes em Manaus. Pretendemos discutir especificamente sobre a participao dos trabalhadores do trfego de bondes na greve geral de 1919.
Os motoristas e condutores de bondes foram categorias estratgicas na mobilizao de 1919, pois parar o servio de bondes significava parar toda a cidade. Era tambm uma forma de anunciar que os trabalhadores estavam em greve, chegando tal informao mais rapidamente populao e s autoridades. Parar o servio de bondes integralmente foi a primeira vitria de convencimento dos grevistas. No ter bonde circulando significava que o conjunto de trabalhadores do trfego de bondes havia aderido greve pela reduo da jornada de trabalho das dez horas para oito horas.
Alm dos motoristas e condutores, aderiram a parede os trabalhadores chauffeurs, os bolieiros, os carroceiros, os estivadores do Lloyd brasileiro, da Booth Line, da Manos Harbour, da Amazon River e da Amazon Engineering. O conjunto de trabalhadores urbanos no compareceram ao trabalho e assim formaram a greve geral pacfica dos trabalhadores manauaras. As principais pautas foram solicitaes de aumento de salrio e reduo da jornada de trabalho para 8 horas.
Para dar unidade ao movimento local, as diversas categorias de trabalhadores urbanos decidiram que durante todo o tempo de paralisao teriam uma nica entidade dirigente representando os trabalhadores, o Comit de Operrios Amazonense. O Comit foi criado especialmente para conduzir o movimento paredista de 1919 e contou em seus quadros com representantes das mais diversas categorias envolvidas. Nesse sentido, pretendemos discutir nesta comunicao todo o andamento da greve geral de 1919 visando sobretudo, a participao dos motoristas e condutores de bondes.
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Leonardo Silva Amaral (UFPEL - Universidade Federal de Pelotas)
A Trajetria de Jos Vecchio: A militncia sindical e trabalhista
Resumo:O presente trabalho tem por objetivo visualizar as...
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Resumo:O presente trabalho tem por objetivo visualizar aspectos sobre a vida operria, tendo como ponto de partida as vivncias de Jos Vecchio. O perodo que corresponde a pesquisa se d ao longo dos governos varguistas entre os anos de 1930 1950, momentos estes que configuraram grandes mudanas nas relaes de trabalho, bem como do movimento sindical, sendo importante situar desse modo a trajetria desse indivduo. As atividades de Vecchio, tem como inicio suas atuaes dentro das vivncias trabalhistas, tendo como plano de fundo a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde trabalhou como operador de bondes na cidade. Nesse primeiro momento, ele entra em contato com demais trabalhadores em meados dos anos 30, em um momento de grandes dificuldades, com a falta de direitos, bem como a possibilidades de mobilizao, e esses fatores contriburam para que grupos de operrios se organizassem, e nesse sentido a figura de Jos Vecchio surge. Ele se torna um agente ativo na formao de mobilizaes, principalmente das associaes sindicais, como a estruturao do Sindicato dos Operrios e Empregados em Tramways e Classes, abrindo espao para organizaes de outras categorias, estas se articulando entre si, em busca de melhores condies trabalhista, mas tambm vislumbrando maiores espaos no meio social. importante salientar que aps a tomada do poder por Getlio Vargas vrias mudanas ocorreram na legislao trabalhista, as modificaes incidiram tambm nos sindicatos que acabaram se tornando atrelados ao Estado, tendo que seguir vrias normas, o que dificultou as atividades em busca de melhores condies de trabalho e de perspectivas de ascenso social. Porm relevante citar que esses trabalhadores se mantinham mobilizados, atravs de estratgias e buscando outros locais de luta, levando em conta a importncia da militncia de Vecchio. Aps os desdobramentos das organizaes sindicais ao longo dos anos de 1930, ele acaba por se aproximar das movimentaes politico-partidrias, sendo um dos principais organizadores em meados de 1945 da Ala Trabalhista do PSD (Partido Social Democrtico) no Rio Grande do Sul , sendo em seguida o principal fundador do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) tambm no Sul do pas. Esses fatores levantam em questo que no somente as articulaes no meio sindical se apresentava como nico local de mobilizao, mas o uso do campo politico se apresentava como uma nova possibilidade da luta trabalhista, j que no apenas Jos Vecchio, mas vrios outros militantes e trabalhadores adentraram nas prticas politicas naquele momento. Sendo o principal questionamento a ser compreendido nesse momento o uso do campo politico por esses trabalhadores, tendo como base as vivncias de um militante ativo nas lutas sociais.
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Ana Carolina Monteiro Paiva (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
Aes de confronto, formas de resistncia: os ferrovirios durante a greve de 1919
Resumo:No incio do sculo XX, a construo da Estrada de...
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Resumo:No incio do sculo XX, a construo da Estrada de Ferro Madeira-Mamor (EFMM) mobilizou trabalhadores de diversos pases, organizados em uma estrutura de trabalho hierrquica que determinava os lugares dos sujeitos a partir de suas nacionalidades e funes. Os historiadores Manuel Ferreira (2005) e Francisco Foot-Hardman (2005) identificam o nmero de contratados pela empresa construtora da ferrovia: desde o incio das suas obras em 1907 at o fim de 1912 consta no total, 21.817 contratados, com o nmero de bitos de 1.693. Os autores tambm concordam que no esto calculados os que se dirigiram por iniciativa prpria construo, em busca de trabalho, o que estimam ser cerca de 25.000 a 30.000 homens, com aproximadamente 6.000 bitos. O elevado nmero de mortes, entre outros motivos, est relacionado dificuldade dos trabalhos rduos da linha de frente de construo e s condies sanitrias, com as doenas endmicas. Com a concluso do assentamento dos trilhos e inaugurao da ferrovia, continuaram os trabalhos de manuteno e funcionamento, como tambm o intenso labor daqueles que permaneceram no servio da estrada de ferro. Em 1919, organiza-se na emergente cidade de Porto Velho ponto central da ferrovia uma greve que conclama o proletariado em geral sem distinco de classe ou nacionalidade exigindo a reduo da jornada de trabalho, atravs de meetings, abaixo assinados e paralisao das atividades. Deste modo, a proposta deste artigo consiste em analisar dentro deste movimento grevista articulado por trabalhadores gerais de Porto Velho, em que distintas formas de trabalho coexistiam, o desenrolar da greve tendo em vista as formas de negociao e atuao da classe trabalhadora ferroviria, como tambm discutir sobre as possveis formas de resistncia e confronto destes trabalhadores diante do controle da Companhia Madeira-Mamor.
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Sayonara Faria Sisquim
As ideias "amarelas" do operrio Mariano Garcia em seu jornal Gazeta Operria na Primeira Repblica.
Resumo:O artigo abordar a atuao do socialista reformis...
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Resumo:O artigo abordar a atuao do socialista reformista Mariano Garcia como militante operrio na primeira repblica, bem como a divulgao de suas ideias atravs do jornal operrio lanado por ele: a gazeta operria. Mariano Garcia foi um operrio da indstria do cigarro que lutou pelo fim da escravido como uma das formas de valorizao do trabalho, e pela Repblica como melhor forma de representao poltica. foi um atuante militante operrio participando de diversas greves de diferentes categorias de trabalhadores, a exemplo da greve dos Cocheiros e Carroceiros em 1906. lutou por direitos sociais e melhores condies de trabalho, tais como direito educao e moradias salubres para a classe trabalhadora. atuou na construo de uma identidade coletiva atravs da luta operria defendendo uma maior participao poltica da classe trabalhadora, tendo no seu jornal Gazeta Operria, um dos principais rgos de divulgao da luta dos trabalhadores, assim como, das suas ideias de uma sociedade mais justa e igualitria que valorizasse o ato de se trabalhar com as mos, ao essa estigmatizada na sociedade pelos longos sculos de escravido no Brasil. Defendia a criao de um partido operrio como veculo de participao da classe trabalhadora na poltica formal, e que esse partido pudesse eleger representantes da classe trabalhadora que desse voz aos que trabalhavam, acreditando que na eleio de representantes da classe operria poderia garantir leis que permitiria ganhos concretos para a classe trabalhadora. Como jornalista, Mariano Garcia no s escreveu para diversos jornais operrios, a exemplos do EchoPopular e do A Voz do Povo, como tambm para colunas de diferentes jornais como o Paiz e A poca onde denunciava os baixos salrios pagos classe trabalhadora, as altas jornadas de trabalho, a explorao do trabalho infantil e das mulheres, assim como as ms condies de trabalho em muitas fbricas da capital federal e das moradias insalubres dos trabalhadores. Como militante socialista, atuou na organizao dos operrios ajudando na criao de vrios sindicatos e associaes, alm de promover encontros a exemplo dos congressos operrios de 1906 e 1912 onde teve importante participao.
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Luiz Vincius Maciel Silva (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
Agremiaes carnavalescas, sociabilidades e mundo do trabalho no Recife de 1890 a 1910
Resumo:A virada do sculo XIX ao XX testemunha de um re...
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Resumo:A virada do sculo XIX ao XX testemunha de um rearranjo nas dinmicas espaciais e sociais da cidade, seus agentes, suas instituies e suas relaes; mas tambm no carnaval do Recife, oferecendo novos papeis aos seus grupos constituintes, a exemplo das agremiaes com claras referncias a categorias de trabalho presentes na cidade. Portanto, prope-se analisar nesta investigao as sociabilidades e atividades presentes nos clubes carnavalescos compostos, sobretudo, por trabalhadores e trabalhadoras, alm das estratgias que lanavam mo para a manuteno das agremiaes, em um contexto de intenso controle da ordem social. Atravs do estudo de publicaes de jornais do perodo (1890 1910) e dos peridicos carnavalescos que alguns clubes produziam, pretende-se buscar a atuao dessas instituies, seus sujeitos nessas publicaes e, se possvel, os seus hbitos e estratgias. Entretanto, sem esquecer das ausncias, que tambm trazem respostas para as perguntas que lanamos, considerando, nesse sentido, o perfil dessas agremiaes que as tornavam alvos constantes da vigilncia do estado e de crticas da opinio pblica, muitas vezes por meio da imprensa escrita. O dilogo com a historiografia se estabelece com da Histria Social inglesa, em autores como E. P. Thompson e seus estudos sobre classes populares, suas experincias e sociabilidades, Robert Darnton, em dilogo com outras cincias sociais. Porm, destaca-se, para esse trabalho, a troca de reflexes com a historiografia brasileira sobre festividades carnavalescas e mundo do trabalho no perodo, muitas sob os pressupostos tericos da j referida Histria Social, utiliza-se, portanto, Rita de Cssia Barbosa de Arajo, Maria Clementina Pereira da Cunha, Leonardo Pereira, para estudos sobre o carnaval, tanto no Recife como no Rio de Janeiro; Erika Arantes, com discusses na relao do carnaval e mundo do trabalho na zona porturia carioca; e, por fim, Claudio Batalha, Felipe Azevedo e Souza, Israel Ozanam e Karla Vieira de Lima, com suas contribuies e diferentes olhares sobre as espaos associativos de camadas populares.
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Mona Lisa Nunes de Souza (UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Carroceiros e cocheiros na Capital da Bahia (1866-1879)
Resumo: Carroceiros e cocheiros na Capital da Bahia (186...
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Resumo: Carroceiros e cocheiros na Capital da Bahia (1866-1879)
PPGH/UFBA
Mona Lisa Nunes de Souza
Os carroceiros e cocheiros eram trabalhadores importantes no cotidiano da cidade, fossem carregando mercadorias, trabalhando no asseio pblico ou at mesmo recolhendo e transportando mortos que eram abandonados nas vias pblicas. As atividades desempenhadas por esses trabalhadores eram to importantes que chamou ateno das autoridades pblicas, em 1854, 1858 e 1871; momentos em que diversas posturas municipais foram promulgadas, visando regulamentar estas duas atividades. Diante do exposto, e devido ao protagonismo que estes trabalhadores exerciam na cidade, este trabalho pretende investigar a experincia de carroceiros e cocheiros na cidade de Salvador no perodo de 1866 a 1879.
Em 22 de fevereiro de 1872 o dia amanheceu nebuloso. Era para ser mais um dia comum e pacato para o carroceiro Aleixo, porm, em meio a tantos trates e tralhas que o carroceiro do asseio da cidade recolhia, deparou-se com um objeto aparentemente de valor e o colocou na carroa com certo cuidado e zelo. O carroceiro era natural da Bahia, de cor parda, idade presumvel entre 20 e 24 anos, no conheceu pai e nem me, e declarou que no sabia ler e escrever. Em depoimento ao chefe de Polcia, Aleixo declarou que ava pela Estrada Nova com sua carroa recolhendo dejetos impudicos quando encontrou um pano. O promotor pblico de Salvador assim narrou o episdio: [Aleixo] fora encontrado, na Baixa do Sapateiro, tendo em uma das mos ocupada em apertar a garganta de Jos Clemente, e a outro, com um chicote, procurando dar lhe, o que no conseguiu em razo de ter sido obitado pelo Inspetor assim, foi encaminhado ao Chefe de Polcia acompanhado de muitas, pessoas, aquele declarara que, horas antes, o denunciado espancara o preto de nome Victor Marcos que se achava presente, e como ofendido ocorrera para que casassem o espancamento.
Como vimos, o fato que o embrulho encontrado por Aleixo no ou despercebido ao olhar de alguns transeuntes. Desse modo, no demorou muito a aparecer Victor Marcos a reclamar da tal pea encontrada pelo carroceiro. Mas Aleixo se recusou a entregar o objeto, e, essa atitude ocasionou uma briga generalizada que se estendeu at a Baixa dos Sapateiros, onde o Aleixo foi detido pelo Inspetor. Na verso do carroceiro, ele no quis fazer por ignorar se era dele [Victor Marcos] ou no, em virtude do que o mencionado preto dirigiu-se para ele respondente com um pau, e, para se defende tomou o pau e com cinturo trazia servindo-se dele de chicote para aoitar o burro que conduzia com a Carroa com ele deu chicotadas no referido preto, com este ato algumas pessoas, que no sabe quem seja correram atrs dele respondente para pega-lo chegando a Baixa dos Sapateiros.
Assim como Aleixo, tantos outros carroceiros e cocheiros podem ser identificados atravs dos Livros de Matrculas dos Carroceiros e Condutores (1866-1872). Em ambos os livros, podemos encontrar informaes minuciosas sobre estes trabalhadores. Os dados registrados, por exemplo, a cor, a nacionalidade, e a condio contribuem para informar o perfil social dos cocheiros e carroceiros.
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Natlia Garcia Pinto (UFPEL)
Histrias de trabalhadores negras: experincias de mulheres negras escravizadas e libertas na sociedade escravista de Pelotas (1850/1888).
Resumo:O presente trabalho visa explorar e compreender as...
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Resumo:O presente trabalho visa explorar e compreender as experincias de mulheres escravizadas, tendo como lcus a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, em meados do sculo XIX. Essa proposta de trabalho evoca a luta de mulheres escravizadas e libertas em busca da aquisio da liberdade para si ou para um familiar. A pesquisa visa problematizar principalmente os horizontes da almejada carta de liberdade no contexto da escravido. A investigao enfoca no tema da agncia histrica da conquista da liberdade na construo do caminho de o a ela, enfocando especialmente o papel de escravizadas, libertandas, libertas como mulheres, mes e principalmente como trabalhadoras. O estudo proposto uma tentativa de contribuir para a valorizao do tema sobre gnero e escravido, pontuando as condies de vida, trabalho, relaes sociais no de uma maneira macro da vida dessas mulheres em comunidade. Alm disso, aponto o papel da maternidade na escravido, considerando o fato de que mulheres escravizadas ou libertas (africanas ou crioulas) experienciavam o sistema a partir de lugares distintos pela manuteno de sua sobrevivncia e liberdade. O trabalho tem um investimento emprico (alforrias cartorrias, alforrias batismais, inventrios, batismos, bitos) e na construo de narrativas histricas que valorizam o protagonismo de mulheres na trama pela conquista e manuteno da liberdade no oitocentos nos projetos familiares e comunitrios. A investigao prioriza a uma anlise intersecional, ou seja, abordamos a luta dessas mulheres trabalhadoras levando em considerao a raa, o gnero e classe social. A pesquisa tem o objetivo de problematizar a luta dessas trabalhadoras para ruir com o sistema do cativeiro tambm do ponto de vista da maternidade negra, visto que essas personagens histricas libertaram seus filhos e lutaram para os terem por perto e longe do domnio senhorial branco. Outro ponto a ser destacado so os conflitos que essas trabalhadoras tinham com seus parceiros afetivos e sua luta para terem o domnio de suas vidas por si e no mais para outrem. Nesse mbito, a proposta problematizar a luta dessas trabalhadoras escravizadas e libertas na luta pela liberdade de seus afetos, mas tambm pela luta da liberdade de seus corpos longe da esfera de dominao machista tambm de seus parceiros de vida.
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Sabrina Machado Campos (SME - Duque de Caxias), Felipe Muniz Rocha (SEEDUC - RJ)
Os Mundos do Trabalho e a Cidadania: Villa de Estrella no processo de Abolio
Resumo:Este estudo pretende observar as transformaes na...
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Resumo:Este estudo pretende observar as transformaes nas relaes sociais de produo entre os anos de 1850 e 1892, Villa de Estrella, um dos primeiros ncleos populacionais da atual cidade de Duque de Caxias Rio de Janeiro. A escolha desse marco cronolgico se justifica pela mudana na composio tnica na regio a partir da lei Eusbio de Queirz, em 1850, e sua extino, em 1892. Para tal, sero utilizados os dados estatsticos de 1847-48, 1872 e 1890 da regio; e documentos escritos, como os assentamentos de batismo. Seu embasamento terico ser fundamentado em Thompson, utilizando os trabalhos de Flavio Gomes, lvaro Nascimento, Marcelo Badar, Ana Rios, Hebe Mattos, Sidney Chalhoub, Antonio Negro, Nielson Bezerra e Marlucia de Souza como arcabouo analtico.
Ele ter trs pontos de anlise, iniciando com uma apresentao acerca dos debates entre os campos historiogrficos dos Mundos do trabalho e da escravido e ps- abolio, com o intuito de questionar o muro historiogrfico que os separa, bem como notar o agenciamento negro enquanto protagonista dos movimentos dos trabalhadores no sculo XIX. A superao desse Muro de Berlim historiogrfico aclamada tanto por historiadores que analisam os Mundos do Trabalho como os que tratam da escravido e do ps-abolio, pois urgente que os estudiosos dos mundos do Trabalho team relaes mais intrnsecas com as pesquisas sobre escravido e ps-abolio. Afinal como pensar relaes sociais de produo, proletariado e classe trabalhadora sem o vis da raa? (E de gnero?)
Em seguida, almejo considerar os diversos significados da liberdade para a populao preta e parda, refletindo sobre como a ideia de cidadania uma construo social e histrica. A partir dessas ponderaes, tenho por objetivo pensar a Baixada Fluminense, a partir da Villa de Estrella, para compreender como esses pontos podem ser vistos a partir de uma localidade perifrica, conhecida como Recncavo da Guanabara ou Serto Prximo, predominantemente agrria e negra, mas com intenso contato com a Crte.
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Lidiana Emidio Justo da Costa (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
homem, no h mais ningum que sirva para isto? Ser guarda nacional na provncia da Paraba nos idos oitocentos
Resumo:O autor Martins Pena, no sculo XIX, considerado f...
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Resumo:O autor Martins Pena, no sculo XIX, considerado fundador das comdias de costumes no Brasil, conseguiu caracterizar com doses de humor e criatividade os comportamentos dos tipos sociais de seu tempo. Na comdia em um ato, intitulada- O Juiz de Paz da Roa, ele procurou retratar o cotidiano rural e o funcionamento da justia, que, na figura do juiz de paz, era aplicada em meio a corrupo e abuso de autoridade. A figura de Manoel Joo, guarda nacional e lavrador, casado com Maria Rosa e pai de Aninha, nos oferece um vislumbre de como o servio na Guarda Nacional era visto por parte de muitos trabalhadores no perodo. Este personagem, depois de um dia rduo de intenso trabalho, recebera a seguinte ordem do escrivo: Venho da parte do senhor Juiz de Paz intim-lo para levar um recruta cidade, insatisfeito e alterado Manoel Joo disse: homem, no h mais ningum que sirva para isto?. Ouvindo do escrivo que todos se recusavam em prestar tal servio, ele no resistiu e murmurou: Sim, os pobres que o pagam de Manoel Joo (PENA, 2010, [1838], fac similar). Essa histria fictcia de Manoel Joo, confunde-se, ainda que parcialmente, com a de inmeros trabalhadores livres e pobres que prestaram servio na Guarda Nacional nos idos oitocentos, em especial, na provncia da Paraba. A Guarda foi criada pela Lei de 18 de agosto de 1831, durante a gesto do ministro da justia, Diogo Antonio Feij e inspirada na lei de criao da Garde Nationale sa. A fora brasileira recebera a misso de defender- a Constituio, a Liberdade, Independncia, e a Integridade do Imprio. Naqueles tempos conturbados da abdicao e caracterizado como de vacncia do trono, como bem discutiu Marcelo Basille (2009), a Guarda Nacional foi organizada em todo o Imprio por municpios, atendendo aos interesses do momento poltico- marcado por diversos projetos para a construo do Estado nacional, bem como por diversas revoltas provinciais. Um fato que chama ateno na respectiva instituio que, a maior parte de seu contingente era formada por pessoas que gozavam do estatuto de cidados, como descrito na Constituio de 1824, sendo a maior parte deles- pobres, os quais dependiam de seus prprios esforos para manter a sobrevivncia de seus familiares. Assim, percebe-se que, apesar de ser um privilgio gozar do status de cidado e guarda nacional, havia um preo a ser pago, ou seja, havia o nus da tal cidadania. E sobre essa questo que pretende-se debater.
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ST 23 - Sesso 3 - Sala 23 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 423d3a
Local: Sala 23
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Tlio Henrique Pinheiro (UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri)
Trabalhadores, Terra e Trabalho em Diamantina MG (1950-1970)
Resumo:Este um trabalho que buscou focar nos trabalhado...
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Resumo:Este um trabalho que buscou focar nos trabalhadores rurais do municpio mineiro de Diamantina. A microrregio do Alto Jequitinhonha, onde fica localizada a cidade de Diamantina, possui em seu meio rural uma grande quantidade de propriedades rurais de carter familiar. A apropriao territorial nessa regio teve seu auge com as descobertas minerais, especialmente dos diamantes no Arraial do Tejuco, atual cidade de Diamantina. O trabalho agrcola desde o perodo colonial dividia espao com as atividades na minerao. A agricultura assumiu protagonismo relevante nos arredores da cidade de Diamantina e em outras localidades do Alto Jequitinhonha. O marco temporal desse estudo se d da dcada de 1950 e se encerra em 1970. A escolha do marco temporal se justifica, pois se insere em um momento que coincide com os debates entorno da questo sindical rural no Brasil. Entretanto, a sindicalizao para os trabalhadores rurais de Diamantina, s se deu na dcada de 1970. Nesse sentido, a proposta de trabalho buscou analisar um momento em que os trabalhadores rurais no possuam rgo de representao e no faziam jus a benefcios assistenciais de qualquer natureza. Verificou-se as dinmicas de trabalho e sobrevivncia no meio rural diamantinense, bem como as lutas travadas por estes para permanncia e manuteno em suas propriedades. O sculo XX foi marcado por uma mudana substancial no espao rural brasileiro. Com a industrializao e urbanizao crescente, os ideais de desenvolvimento e progresso acabaram por marginalizar o campo. Trabalhadores rurais no dotados de rgo representativos e alijados das aes polticas, tinham que manter um ritmo de vida e trabalho que garantissem suas sobrevivncias no campo ou viam nas cidades a opo para sobrevivncia. Quanto metodologia utilizada, fez-se uso da fonte oral, produzida por meio da Histria Oral, com entrevista realizada com os segmentos de trabalhadores rurais diamantinense. Alm disso, foi feito um trabalho por meio dos jornais que eram produzidos em Diamantina no perodo estudado, buscando identificar os modos de vida e trabalho desses trabalhadores a partir das notcias da imprensa local.
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David Bezerra Filgueira de Vasconcelos Concerva (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)
Partidos e trabalhadores rurais: migraes, conflitos e direitos no Par.1980
Resumo:Orientadora: Professora Regina Beatriz Guimares ...
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Resumo:Orientadora: Professora Regina Beatriz Guimares Neto (UFPE)
Esta pesquisa resulta de uma investigao e anlises das relaes de resistncia envolvendo os migrantes que chegam ao Par e o movimento poltico-partidrio que se constitui no perodo dos anos 1980, destacando a atuao, principalmente, de parlamentares e de partidos polticos, em prol das questes agrrias, junto aos posseiros, aos STRs e atuao jurdica da T.
De maneira geral, a partir das pesquisas j realizadas na rea e dados consultados, possvel notar um claro impacto social, econmico e ambiental dos projetos governamentais , destacando-se as questes em torno da migrao, do trabalho e da luta pela terra; alm de novas reas que aram a ser exploradas, reconfigurando a economia e devastando o meio ambiente. No Par, por exemplo, nota-se o aumento exponencial dos conflitos de terras entre as diversas frentes de expanso (latifundirios, posseiros, garimpeiros) e os camponeses locais, pescadores artesanais, povos indgenas e quilombolas, ocasionando a morte de vrias lideranas polticas. Alm disso, para alm dos programas de colonizao em geral, preciso ressaltar os impactos advindos de projetos agropecurios e minerais, como o Programa Grande Carajs (PGC), transformando grandes reas florestais em monoculturas ou minas.
Diante das polticas pblicas que impactaram, de forma incisiva, toda uma realidade vivenciada na regio Amaznica, causando um enorme impacto social, poltico e ambiental institudos pela Ditadura Civil-Militar, vrios agentes de mediao am a atuar de mais ativa, com muitos movimentos surgindo ainda nas pocas de 70 e 80. Dentre eles, podemos destacar a crescente presena dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, a atuao da Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), o surgimento da Comisso Pastoral da Terra (T) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). De maneira geral, respeitando as particularidades e formas de luta de cada um, grande parte desses movimentos vai atuar em uma defesa firme dos direitos sociais, da terra e do meio ambiente.
Alm dos movimentos citados acima, como foco principal dessa pesquisa, de fundamental importncia destacar a atuao dos partidos polticos em torno dessas polticas pblicas colocadas pelo governo, seja como parte do processo ou como oposio. Com a queda do bipartidarismo no ano de 1979, foram criados diversos partidos, sendo alguns deles de muita influncia no campo poltico progressista e voltado s demandas sociais. Primeiramente, cabe destacar a fundao do PT e do PDT, alm do ressurgimento do PSB e do Partido Comunista do Brasil PCdoB j na segunda metade da dcada de 80. Grande parte desses partidos atuaro conjuntamente com outros movimentos sociais.
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Tuylla Rayane Tavares da Cunha (EEJJM)
Dos sertes nordestinos aos seringais amaznicos: trabalho, explorao e resistncia
Resumo:Nos sertes nordestinos eram comuns os perodos de...
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Resumo:Nos sertes nordestinos eram comuns os perodos de estiagem que comprometiam a sobrevivncia da populao camponesa, principalmente se levarmos em considerao a ausncia de polticas pblicas que auxiliassem essa populao de forma mais eficaz, resumindo-se a concesso dos socorros pblicos apenas em momentos crticos e de forma a satisfazer os interesses das elites polticas de diversas reas do Nordeste brasileiro. Dessa forma, muitos trabalhadores rurais se dirigiam aos centros urbanos em busca de trabalho e comida, provocando, por vezes, aes de massa, como por exemplo saques a feiras, em busca de recursos que satisfizessem sua necessidade mais imediata: a fome. Para conter esses levantes de massa e aliviar as tenses nessas reas, alm de, concomitantemente, contribuir com o esforo de guerra no contexto da seca de 1942 e da Segunda Guerra Mundial, o governo federal sob a liderana de Getlio Vargas e utilizando-se da propaganda e da necessidade de trabalho por parte dos camponeses nordestinos prejudicados pela seca, ou a incentivar de modo mais intenso a ida de trabalhadores especificamente nordestinos para os seringais amaznicos. Assim, o presente trabalho tem como proposta discutir, com base em fontes bibliogrficas, a situao em que viviam essas populaes de reas nordestinas nos perodos de seca, a insero dessas mesmas populaes no esforo de guerra na condio de soldados da borracha e a situao de trabalho em que esses personagens encontraram-se inseridos nos seringais amaznicos, sob a proteo das leis que regulavam seu trabalho e sob a explorao e desrespeito por parte de alguns seringalistas, alm do contexto de abandono no qual esses trabalhadores viram-se mergulhados, uma vez que o governo brasileiro pouco fez para cumprir com as promessas feitas no ato do alistamento e difundidas pela propaganda oficial.
Palavras-chave: Sertes nordestinos; Seringais amaznicos; Trabalho
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Laiane de Jesus Santos Macedo (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
Refazendo o ado: Um relato sobre a organizao Sindical dos Trabalhadores Rurais de Santo Antonio de Jesus/BA.
Resumo:Resumo: O artigo faz parte do projeto de mestrado,...
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Resumo:Resumo: O artigo faz parte do projeto de mestrado, pesquisa que se encontra em andamento. Para a sua elaborao, utilizamos como recorte temporal o ano de 1963, perodo que o sindicato foi criado, assim como relata o entrevistado, Manoel Francisco. Na poca, ele atuou como lder ruralista e tambm como monitor do Movimento de Educao de Base, no Municpio. Dessa forma, analisamos atravs de um relato oral de memria, o processo de organizao e fechamento (1964) do Sindicato dos trabalhadores rurais, de Santo Antnio de Jesus/Bahia. Percebemos na narrativa do entrevistado, as movimentaes, articulaes e dificuldades, para criao da instituio, bem como a logstica da perseguio de suas lideranas. As movimentaes ocorridas no campo poltico e social, durante os anos de 1960, possivelmente influenciaram na criao do sindicato pelos trabalhadores rurais, que receberam apoio de agentes Catlicos: membros da Juventude Agraria Catlica e da Ao Popular, que tinham como colaboradores professores (as) leigos (as) do Movimento de Educao de Base. Grupos catlicos, de cunho progressista preocupados com a alfabetizao e com a luta pela Reforma Agrria. As narrativas do relato oral de memria, desse lder sindical, indicam que um grupo de trabalhadores rurais do Recncavo Sul, resistiram as imposies que o cenrio poltico, da ditadura civil-militar instaurou. Centralizado no curto governo de Joo Goulart (1961-1964), a sua organizao data-se no ano de 1963, momento que antecede o golpe civil-militar. Com a ecloso do golpe, o sindicato foi fechado, seus membros perseguidos, presos e acusados de comunismo. O objetivo da pesquisa evidenciar os trabalhadores rurais da cidade, como agentes histricos ativos e protagonistas, nas suas lutas e vivncias no mundo do trabalho rural.
Palavras-Chave: Memria, Trabalhadores rurais, Sindicalizao, Ditadura
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Higor Railan de Jesus Pereira (UNIFAP - Universidade Federal do Amap)
Os pees e os gatos: aliciamento e trabalho compulsrio no Projeto Jari
Resumo:O Projeto Jari, capitaneado pelo bilionrio norte-...
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Resumo:O Projeto Jari, capitaneado pelo bilionrio norte-americano Daniel Keith Ludwig, foi instalado numa extensa rea entre o estado do Par e o Territrio Federal do Amap em 1967. Reunia uma diversidade de empreendimentos econmicos nos mbitos agrcola, pecurio, florestal, mineral e industrial. O mais importante era o projeto de celulose, no qual eram empregados milhares de trabalhadores braais, chamados de pees. Esses trabalhadores se ocupavam sobretudo nas atividades de desmatamento de milhares de hectares de floresta nativa e reflorestamento de pinus caribaea, matria prima da celulose. Esses trabalhadores eram aliciados pelos empreiteiros, conhecidos como gatos, em cidades interioranas do Nordeste e nas proximidades da rodovia Transamaznica. Atrados por promessas de bons salrios, centenas de pees chegavam anualmente no vale do rio Jari e se deparavam com dvidas (contradas com deslocamento, alimentao e estadia), e pssimas condies de trabalho e moradia. No incio dos anos 1970, vrias denncias de irregularidades nas contrataes de trabalhadores e nas condies de vida nas frentes de trabalho da Jari aram a figurar nas pginas de jornais de circulao nacional, como O Globo e O Estado de So Paulo. Isso ensejou, por parte do Ministrio Pblico do Trabalho e da Polcia Federal, que fossem feitas investigaes para averiguar essas denncias. O objetivo da presente comunicao analisar as formas de aliciamento e compulsoriedade ao trabalho no projeto de celulose da Jari. A partir da anlise de artigos de jornais e documentos diversos presentes no acervo digital do Arquivo Nacional, foi possvel desvelar traos da relao entre os gatos e os pees, tais como: as estratgias de aliciamento e controle do trabalhador; as condies degradantes de trabalho e moradia; e as prticas cotidianas de resistncia protagonizadas pelos pees.
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Clarisse dos Santos Pereira (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Os trabalhadores rurais no Congresso Nacional: representaes e tticas no contexto da aprovao da Previdncia Rural
Resumo:A previdncia social para os trabalhadores do camp...
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Resumo:A previdncia social para os trabalhadores do campo foi aprovada em maio de 1971 atravs da Lei Complementar n 11, que instituiu o Programa de Assistncia ao Trabalhador Rural e regulamentou o Funrural, j estabelecido desde o Estatuto para o Trabalhador Rural, de 1963. Apesar da sua rpida agem pelo Congresso Nacional (ela foi proposta pelo Executivo em abril e aprovada pelo Congresso em maio), o caminho at a aprovao da Lei Complementar n 11 foi permeado por muitos debates e disputas entre membros do MDB e da Arena. O objetivo deste trabalho analisar como se desenvolveu um dos debates mais acirrados deste contexto: a questo do financiamento do projeto, compreendendo o papel da articulao dos trabalhadores rurais nesta discusso. Esta era uma matria central tanto para a oposio quanto para os parlamentares governistas. O projeto original apresentado pelo ento presidente Mdici previa que uma das fontes de subveno da previdncia seria uma cota de 20% da contribuio sindical. O MDB defendia a retirada dessa cota, alegando que ela enfraqueceria os sindicatos rurais, que j custeavam um auxlio de sade para os sindicalizados. O partido oposicionista apresentou at mesmo uma emenda ao projeto, prevendo outro tipo de financiamento, emenda esta rejeitada pelo relator, o Deputado Ildlio Martins, da Arena/SP. Contudo, nos interessa tambm entender a articulao dos trabalhadores rurais para barrar o financiamento proposto por Mdici. Foram os protestos e manifestaes destes trabalhadores que fez o MDB apresentar um tipo de subsdio alternativo ao originalmente publicado. Este embate evidencia no s uma disputa de foras dentro do Congresso Nacional, mas tambm aponta para a organizao forjada no cotidiano dos trabalhadores rurais, e mostra que estas personagens no estavam apartadas das lutas institucionais pelos seus direitos trabalhistas. Ao cruzarmos as fontes parlamentares com as reivindicaes expressadas pelos trabalhadores nos relatrios anuais produzidos pela Confederao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), podemos percorrer o caminho entre as demandas cotidianas dos trabalhadores do campo e a execuo (ou no) delas pelos agentes do Estado, interrogando, na esteira de Michel de Certeau, sobre as tticas e estratgias que so construdas dentro dos aparatos sociais.
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Rosane Maral da Silva (SEE/MG)
Dinmicas do trabalho no setor de confeco do vesturio: trabalhadores e formas de resistncia
Resumo:Nesta comunicao, me proponho a discutir acerca d...
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Resumo:Nesta comunicao, me proponho a discutir acerca de alguns aspectos das dinmicas de vida e trabalho dos trabalhadores da indstria de confeco do vesturio do oeste do Paran, especificamente, do municpio de Santa Helena. A apresentao ter por base pesquisa desenvolvida durante o curso de doutorado realizado no Programa de Ps-Graduao em Histria da Universidade Federal de Uberlndia, sob orientao do professor Dr. Rinaldo Jos Varussa. Naquela ocasio, analisei o processo de mudanas que o trabalho industrial ocasionou na vida dos sujeitos e em suas relaes de trabalho, durante os anos 1980 a 2015. No entanto, aqui me concentrarei a colocar em pauta elementos sobre as condies de trabalho, visto que tais condies exercem um papel importante na busca por melhorias, no processo de constituio desses sujeitos e na configurao de formas de resistncia. Para tanto, utilizo a histria oral, pois permite colocar em pauta as interpretaes dos prprios sujeitos que vivenciaram a experincia do trabalho fabril. Os entrevistados aqui apresentados tiveram suas trajetrias de trabalho construdas em um mercado caracterizado pelos processos de intensificao laboral, terceirizao e informalidade.
Nota-se que, quando as atitudes dos patres e gerentes ultraam o limite daquilo que os trabalhadores consideram aceitvel e tolervel, eles tendem a se articular em busca de seus direitos organizando maneiras de contestao, podendo variar entre: reduzir a produo, conversar com colegas durante o expediente, provocar a demisso, ir mais vezes ao banheiro e demorar para retornar, pedir demisso para trabalhar em faces domiciliares, buscar formao para angariar trabalho em outro setor, procurar informaes com representantes do sindicato, encaminhar processo judicial, ou fazer paralizao.
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Marcos Alesandro Neves dos Santos (UFSM - Universidade Federal de Santa Maria)
Existncia e resistncia dos operrios txteis na Vila Operria de Camaragibe (1900 1929)
Resumo:A escolha do tema justifica-se pela necessidade em...
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Resumo:A escolha do tema justifica-se pela necessidade em verificar as formas de resistncia dentro da vila, pois de acordo com a documentao coletada possvel contribuir para uma maior percepo da vida em uma vila operria, aspecto pouco abordado na histria social . A documentao utilizada sobre a Fbrica de Camaragibe, inclui atas de reunies que ocorriam na vila e documentos ligados famlia de Carlos Alberto de Menezes , demonstrando que a influncia crist est presente em diversos momentos. listas de pontos que eram debatidas nas reunies das associaes internas, sejam de vis religioso ou recreativo, nos aproximaram um pouco mais da vivncia dos moradores na vila. Os estatutos sobre o clube musical, sobre a sociedade de mtuo socorro, entre outras, fornecero subsdio para que a dinmica do funcionamento da fbrica seja analisada.
A ideia deste debate partiu do desdobramento da minha dissertao de mestrado intitulada: Vilas operrias: Centros de ordem e excluso na Vila operria de Camaragibe - PE. (1900-1929). Na obra citada, analisei a vila como espao projetado pelos diretores da fbrica que almejavam um ordenamento e uma excluso do operariado atravs de um conjunto de normas que deveriam ser seguidas para que pudessem trabalhar e morar na vila. Aprofundei o debate em torno da organizao espacial da vila, lanando mo da planta que esquadrinhava as seces da fbrica e como tal organizao projetada pelos donos da fbrica almejava um maior controle sobre os operrios.
J este ponto,que estar inserido no debate da minha tese, tem como proposta analisar as sociabilidades e o modo de vida da classe operria, tendo como referncias as sociedades mutualsticas e recreativas e como elas auxiliaram o fortalecimento da classe operria. (SANTOS, 2017). Sendo assim, para dar o enfoque desejado e necessrio, foi preciso um novo olhar sobre as fontes (e novas fontes) para que esses sujeitos, outrora escondidos sob uma narrativa que privilegiou discursos patronais e debates que estavam distantes da histria social do trabalho pudessem aparecer. Edward Palmer Thompson, importante historiador ingls e uma das maiores referncias para a dita nova histria do trabalho credita o processo de construo da classe para as experincias compartilhadas no cotidiano fabril , dando conta de um processo coletivo, ao invs de individual. Sendo assim, atravs destas trocas, para alm das resistncias do cotidiano, consolidam-se as bases que viabilizam a construo (diria) da classe pela tentativa de subverso do plano moral imposto na vila.
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Caroline Duarte Matoso (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Fbrica Rheingantz: o cotidiano fabril e as trabalhadoras (RS, 1910 a 1968)
Resumo:Sendo uma das principais empresas txteis do estad...
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Resumo:Sendo uma das principais empresas txteis do estado, a Fbrica Rheingantz se instalou no municpio de Rio Grande no ano de 1873, intitulando-se de Fbrica Nacional de Tecidos e Panos de Rheingantz e Vater. Acompanhando um movimento internacional, a empresa txtil empregou um nmero considervel de trabalhadoras. A partir da anlise da documentao da Fbrica Rheingantz e da metodologia da histria oral, percebe-se que a diviso sexual do trabalho esteve presente na indstria. Nas memrias do operariado e dos empresrios, a diviso de tarefas entre homens e mulheres justificada a partir da naturalizao biolgica das habilidades humanas. Assim, as mulheres estariam em maior nmero na tecelagem por estarem mais aptas a essas funes, como demonstra a fala do operrio Aureo Nunes de Almeida: (...) a mulher mesmo que eu acho que mais se adapta para esse tipo de servio. muito minucioso, muito cansativo e o homem no tem essa capacidade de absoro do trabalho como a mulher tem (ALMEIDA, 1987, p. 8). Analisa-se que o discurso dominante, que a partir de valores morais e sociais criam obstculos ao desenvolvimento feminino na sua plenitude enquanto ser social, foi internalizado pelas(os) entrevistadas(os), em um processo de internalizao da cultura dominante. As relaes de gnero moldaram as experincias de suas(seus) trabalhadoras(es) no apenas nos cargos ocupados, mas tambm estavam expressas nos benefcios sociais destinados s(aos) operrias(os). Foi criado pela empresa uma srie de polticas sociais que visavam a reproduo de sua mo de obra, como: incentivo ao casamento das operrias e o incentivo a natalidade. Nesse sentido, pretende-se explorar as experincias de gnero e classe no universo fabril Rheingantz, entre os anos de 1910 a 1968, ano de fechamento da empresa.
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Flvia Bruna Ribeiro da Silva Braga (Prefeitura de Jaboato dos Guararapes)
A esperana republicana: Artistas, operrios e profissionais liberais em Pernambuco (1875-1910)
Resumo:A tradio histrica transformou os bestializados...
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Resumo:A tradio histrica transformou os bestializados da Repblica em uma massa de povo indiferente e alheio ao processo de transformao poltica que aconteceu no Brasil em 1889. Diferentemente do que a verso mais abrangente do processo pregou, novos estudos tm demonstrado que a populao brasileira esteve presente, participante e atenta s agitaes contra o Imprio, tendo sido apagadas da memria oficial da Repblica, ansiosa em controlar e pacificar as reinvindicaes populares. Entretanto, apesar da nova forma de governo ter sido, em sua maior parte, excludente e oligrquica, a Repblica foi considerada objeto de esperana por uma parcela considervel de artistas, operrios e profissionais liberais. Muito longe de serem considerados ingnuos ou massa de manobra de intelectuais vindos das faculdades de Direito e Medicina do Imprio, trabalhadores e trabalhadoras lutaram ativamente lado a lado por mudanas governamentais que lhes garantisse novas oportunidades, direitos e participao poltica. Para este trabalho, trago a experincia de ao e propaganda republicana feita por e para trabalhadores a partir de Pernambuco, desde o processo de participao na contestao ao regime na dcada de 1870 atravs do processo de cobrana prometida pela Repblica at 1891, primeiro movimento em prol das oito horas. Este processo envolve uma relao intrnseca com a esperana e promessa at as primeiras decepes com o novo regime, no intuito de demonstrar que a marginalizao imposta pela Repblica no pode ser usada como justificativa para embasar a tese dos bestializados. Trabalhadores(as) fundaram jornais, tais como Liga Operria e O Obreiro, estiveram em conjunto com a gerao positivista atravs de peridicos como O Democrata, Folha do Norte e O Rebate; associaram-se a agremiaes republicanas, como o Clube Democrata, o Clube Republicano de Limoeiro, a Unio Artstica Republicana e fundaram Clubes Republicanos Paroquiais. Estiveram presentes em associaes abolicionistas de carter republicano, como o Clube Martins Jnior. Impulsionados pela perda dos direitos polticos com a Reforma Eleitoral de 1881 aram a ser o pblico alvo das chapas eleitorais, das peas teatrais como O Plebeu e Os Filhos da Canalha, bem como por entidades de luta pela educao dos pobres. Com a Proclamao, aram quase imediatamente para o processo de cobrana e mobilizao pela garantia de direitos trabalhistas juntos aos antigos companheiros de propaganda republicana. Dentre as associaes mais relevantes temos a Liga Operria Pernambucana (fundada em 1886) e o Congresso Artstico Operrio, criada com a Repblica, que angariou significativa presena de trabalhadores no af por mudanas com o novo regime.
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