Resumo: A presente proposta tem por objetivo reunir pesquisadores do campo da histria e das diversas reas que se dedicam ao estudo sobre as mulheres, trajetrias e biografias femininas, movimentos nacionais e internacionais de mulheres, mulheres no poder, na poltica, de partidos ou no, na academia, produo intelectual feminina, lutas feministas, antifeministas, debates histricos-jurdicos sobre o direitos da mulheres, eventos e conferncias regionais, nacionais e internacionais em que as mulheres foram objeto central de debate, dentre outras temticas ligadas s mulheres no sculo XX.
REFERNCIAS
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BEAUVOUIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. v. 1 e 2, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
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COLLING, Ana Maria. A resistncia da mulher ditadura militar no Brasil. RJ: Rosa dos Tempos, 1997.
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ST 22 - Sesso 1 - Sala 22 - Dia 16/09/2020 das 14:00 s 18:00 5s2us
Local: Sala 22
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Nielly da Silva Pastelletto (PUCRS - Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul)
Entre as pginas e o movimento: revista da semana e a emancipao feminina
Resumo:O trabalho que aqui comunicarei trata-se da pesqui...
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Resumo:O trabalho que aqui comunicarei trata-se da pesquisa que venho desenvolvendo no mestrado, nela busco analisar como a Revista da Semana veiculava questes referentes a emancipao feminina. A Revista da Semana figurou como um dos peridicos mais importantes da cidade do Rio de Janeiro, tendo surgido como um suplemento do Jornal do Brasil no ano de 1900, e apenas em 1914 ganha um carter mais poltico, social e feminino, marcas que manter at o final de sua editorao. Contando com uma grande relevncia nacional, entre as caractersticas que lhe proporcionaram destaque pode-se elencar seu longo perodo de durao, que totalizou quase sessenta anos, alm de seu pioneirismo quanto a utilizao de recursos grficos, sendo precursora na utilizao de fotografias em grande escala, o que lhe levou ao patamar de nica revista a registrar fotografias da Revolta da Vacina.
Como norteadores da pesquisa de emancipao, trabalharei com o trip de conceitos baseados na definio da brasilianista June Hahner, que engloba voto, trabalho e educao, e optei por um recorte temporal que abrange do ano de 1927 at 1934, uma vez que possvel identificar uma srie de transformaes sociais importantes para os aspectos que fazem referncia a emancipao das mulheres, como a outorga do direito ao voto, por exemplo. As fontes utilizadas na pesquisa encontram-se disponibilizadas digitalmente na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, sendo que os poucos nmeros faltantes, seja de forma integral ou parcial, pude complementar mediante pesquisa no Museu da Comunicao Hiplito Jos da Costa, em Porto Alegre, at o momento de seu fechamento em consequncia do isolamento social pelo qual amos.
Irei apresentar nesta comunicao alguns dos resultados parciais identificados at o momento, a exemplo de dados quanto a localizao das matrias em relao s colunas do peridico, principais pautas, autoras e autores que tm maior incidncia nas pautas relacionadas emancipao, bem como algumas caractersticas das reportagens levantadas. Na pesquisa em questo, a Revista da Semana abordada como fonte, mas tambm enquanto objeto, dessa forma trarei algumas questes no que tange a estrutura do peridico, como valores, principais colunas, colaboradores, entre outros dados.
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Jessica Caroline Taveiras Almiro de Jesus (Uel)
As representaes sobre o meretrcio no Rio de Janeiro no semanrio O Riso (1912-1911).
Resumo:Nesse artigo pretende-se discutir as representae...
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Resumo:Nesse artigo pretende-se discutir as representaes a respeito do meretrcio na cidade do Rio de Janeiro, nos anos de 1911 e 1912. Esta discusso ter como objeto de anlise duas pequenas crnicas encontradas no O Riso: semanrio artstico e humorstico. Nelas foram exploradas por meio da narrativa, situaes cotidianas que ocorriam na vida de homens comuns, transitando no limiar de tabus sociais como temticas sediciosas como amor e sexualidade ilcitas.
O conceito de Representao proposto pelo historiador Roger Chartier foi a fundamentao terico-metodolgico desse texto. Para o autor ela no deligada nem da realidade, nem do social. (CHARTIER, 2014, p.46). Levando-se este conceito em considerao, procuraremos argumentar que a leitura do jornal nos permite perceber como os discursos neles presentes construram uma representao social da prtica da prostituio, apropriando-se de situaes que seriam consideradas cmicas para tratar de um assunto visto como espinhoso socialmente, sendo este o ponto sobre o qual iremos nos ater.
A crnica nos traz tambm representaes a respeito das experincias humanas, com os comportamentos, os sentimentos, expectativas e as questes que movimentam e circulam em cada sociedade e tempo. Dessa maneira a literatura busca a realidade, interpreta e enuncia verdades sobre a sociedade, sem que para isso deva ser a transparncia ou o espelho da matria social que representa e sobre a qual interfere. (CHALHOUB, 2003, p.55).
Os textos enquanto expresses culturais que possibilitam analisar as representaes sociais e histricas e prticas cotidianas dialogam com uma realidade, que no caso analisado uma narrativa desviante, a das prostitutas, pela viso de homens que frequentavam esse espao. Nessa narrativa no se buscou julgar, moralizar ou disciplinar essas mulheres, pois as representaes demostram a viso de mundo de homens que viviam e poderiam ter amado nesse espao. O testemunho histrico proporcionado pela crnica, dessa maneira pode ser compreendida como uma maneira importante de narrar o vivido.
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Mnica Karawejczyk (Puc)
Sob a indumentria nova, Eva sempre a mesma mulher. A questo dos direitos e deveres femininos na terceira constituinte republicana na tica do jornal Correio do Povo (Porto Alegre)
Resumo:A presente comunicao pretende dar visibilidade p...
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Resumo:A presente comunicao pretende dar visibilidade para as discusses apresentadas durante a terceira Constituinte da era republicana e que versaram sobre a questo dos direitos e deveres para as brasileiras. Essa pesquisa um recorte de uma pesquisa maior que est analisando as constituies e as constituintes republicanas da primeira metade do sculo XX em busca das discusses sobre os direitos e deveres femininos.
A terceira Assembleia Nacional Constituinte brasileira foi instalada no Palcio Tiradentes, no Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1933 ficando reunida at maio de 1935. A nova Carta Magna foi entregue no dia 15 de julho de 1934 e Getlio Vargas eleito presidente do Brasil, de forma indireta, por escrutnio secreto e maioria dos votos do parlamento, tomando posse no dia 17 de julho (PORTO, 1989, p.239 e 244).
Entre os tantos assuntos debatidos na ocasio da Constituinte os que diziam respeito s brasileiras foram: a igualdade jurdica entre homens e mulheres, o divrcio, a participao feminina no corpo de jurados, o trabalho feminino, o servio militar obrigatrio para as mulheres e o sufrgio feminino. Tais questes causaram certa controvrsia nas reunies da Assembleia Constituinte e acabaram por reverberar na imprensa da poca. Nesse sentido, essa comunicao dar nfase para a repercusso de tais fatos nas pginas do jornal Correio do Povo, publicado na cidade Porto Alegre, e tratar das questes que o peridico resolveu dar mais nfase, ou seja, as questes do servio militar obrigatrio, a participao no corpo de jurados e o sufrgio feminino. A escolha por utilizar o Correio do Povo como fonte principal foi motivada pelo fato do peridico ser considerado um dos mais importantes jornais publicados na primeira metade do sculo XX, sendo denominado como o de maior circulao e credibilidade no sul do pas. O jornal veio a pblico no ano de 1895, com a pretenso de ser um peridico apartidrio, no comprometido com a poltica, mas somente com a causa pblica, forma pela qual Francisco Rdiger, no livro Tendncias do Jornalismo, que apresenta o Correio do Povo, como sendo um dos peridicos que inaugurou a fase moderna do jornalismo informativo no Rio Grande do Sul. ados pouco mais de 25 anos da sua fundao, o Correio do Povo j aparece como a vanguarda do nosso jornalismo, seja pelos moldes verdadeiramente capitalistas de sua organizao empresarial, seja pelo novo conceito jornalstico que, respondendo s novas demandas do tempo, estava se consolidando na sociedade (RUDIGER, 1993, p.57).
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Erasmo Carlos Amorim Morais (Governo do Estado do Maranho)
TENSES FAMILIARES: as representaes sobre as relaes de gnero no cotidiano de Parnaba (1930-1970).
Resumo:O objetivo deste trabalho analisar as representa...
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Resumo:O objetivo deste trabalho analisar as representaes acerca das relaes de gnero no cotidiano de Parnaba entre os anos de 1930 e 1970. Justificativa: Para compreender os discursos que demarcam a condio de homens e mulheres na sociedade parnaibana utilizou-se como fonte os processos de desquites arquivados no Frum Salmn Lustosa na Comarca da referida cidade. Discusso: Os processos judiciais guardam relaes de poder ao tempo em que so relicrios que conservam a existncia de mltiplos sujeitos na construo do conhecimento histrico. Ao todo, foram analisados 68 processos de desquite. Atravs destes, conseguimos ar o cotidiano da cidade por meio de imagens criadas sobre os papeis sociais esperados para as relaes matrimoniais. Os valores e comportamentos presentes no imaginrio coletivo da elite eram reproduzidos pelos advogados, quando da defesa de um ideal de famlia que muitas vezes no se coadunava com a realidade dos personagens que recorriam justia para romper o vnculo conjugal. Consideraes finais: Portanto, a documentao analisada permitiu vislumbrar as principais causas que ensejaram o fim da sociedade conjugal, dentre eles podemos destacar, segundo preceituava o Cdigo Civil de 1916, em seu artigo 317, incisos: I adultrio, II tentativa de morte, III sevcias ou injria grave, IV abandono voluntrio do lar conjugal, durante dois anos contnuos. A elaborao de discursos sobre os comportamentos femininos estava embasada no saber mdico e jurdico vigente poca como forma de reforar a conduta do homem, enquanto sujeito ativo e provedor, e da mulher, na condio de esposa, me e dona do lar. A maioria dos processos foram ajuizados por homens, prevalecendo a narrativa masculina em relao condio feminina para justificar a quebra da sociedade conjugal. As sentenas proferidas por juzes, na maioria dos casos, reforavam a postura conservadora acerca dos papeis sociais esperados para homens e mulheres dentro do casamento.
Palavras-Chave: Representaes. Desquite. Cotidiano. Casamento. Famlia.
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Ewennye Rhoze Augusto Lima
As mulheres do Recife: incurses pela Revista P'ra Voc (1930).
Resumo:O Recife uma dessas cidades de forte tenso entr...
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Resumo:O Recife uma dessas cidades de forte tenso entre o moderno e o tradicional. A sua historia esta atravessada por momentos de deslumbramentos e fantasias sobre o seu futuro possivelmente moderno. Considerada a Paris Nordestina, a cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, tornou-se referencial de modernidade no inicio do sculo XX. ando por reformas urbanas que tiveram como modelo quelas realizadas primeiramente em Paris e posteriormente em cidades tupiniquins como no Rio de Janeiro, Recife foi alvo de uma modernizao dos costumes, tendo sido receptculo de discursos de modernidade advindos da Europa e dos Estados Unidos que motivavam a transformao de um jeito tradicional de ser a uma efervescncia social da inovao, do inusitado, dos aparatos modernos. Neste contexto surge, em fevereiro de 1930, o peridico Pra Voc semanal ilustrado que era associado empresa Dirio da Manh S.A que publicou matrias sobre vida social, cultura, moda, arte e literatura todas com o intento de apresentar sociedade recifense as ltimas novidades referentes a estes aspectos culturais, alm de ter contado, entre seus colaboradores, com Jorge de Lima, lvaro Lins, Aurlio Buarque de Holanda, Josu de Castro e Mrio Melo na composio das principais matrias da revista voltadas para o pblico feminino, especialmente o das elites da cidade. O objetivo desta pesquisa, portanto, investigar como a revista Pra Voc apresenta uma imagem feminina ideal a partir da indumentria e dos esteretipos retratados em suas pginas, projetando, desta feita, um rosto para a tida mulher moderna no Recife, ao o que se torne possvel compreender certas mudanas cotidianas e de costumes nas prticas do bem vestir, na dcada de 1930.
Palavras-Chave: Feminino; Recife; Revista Pra Voc.
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Jlia Boor Nequete (PUCRS - Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul)
Propaganda poltica e gnero: Representaes femininas e feminilidade pelas lentes dos documentrios da Agncia Nacional (1964-1979).
Resumo:O presente trabalho aborda a anlise sobre quais r...
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Resumo:O presente trabalho aborda a anlise sobre quais representaes femininas foram utilizadas dentro da narrativa dos documentrios produzidos pela Agncia Nacional (AN). A Agncia Nacional foi um dos rgos responsveis por realizar e divulgar imagens favorveis ditadura militar. As produes da Agncia Nacional eram apresentadas sociedade atravs das salas de cinema, antes da exposio dos longa-metragens, e suas narrativas correspondiam a uma srie de temticas, ligadas, sobretudo, ao civismo, ao progresso e ao desenvolvimento. A AN era responsvel, sobretudo, pela produo dos cine-jornais e de documentrios, realizando a comunicao oficial do regime para com a sociedade. Embora no haja documentrios - gnero analisado neste trabalho - voltados a apresentar especificamente a mulher, esta no uma figura excluda, sendo possvel identificar em quais momentos e como a mulher aparece no discurso dos documentrios enquanto uma representao social a ser legitimada. Cabe ressaltar que desde a dcada de 1960 a pauta feminina e feminista se torna uma constante na agenda social, sendo possvel observar que aparece em movimentos sociais no somente de oposio e resistncia mas tambm de apoio ao regime, como foi o caso da CAMDE (Campanha da Mulher pela Democracia). Compreendemos, portanto, que no h uma preocupao em afirmar o protagonismo feminino fora do ambiente privado, havendo uma valorizao da mulher enquanto e essencial famlia, ao cuidado, beleza, maternidade e ao assistencialismo. A representao da mulher aparece atravs de uma viso conservadora que a inclui no espao social, sendo este espao excludente, silenciando demais papis que estavam em demanda. Atravs da anlise desta representao observamos, sobretudo, que a afirmao de uma feminilidade que foi utilizada em conformidade com o projeto poltico elaborado pela ditadura e circularam, mesmo que indiretamente, atravs, tambm, das imagens da propaganda ditatorial oficial expondo os limites do que foi compreendido como figura feminina, sendo a mulher necessariamente branca, ligada ao ambiente familiar e privado.
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Fernanda Ldo Flres (Colgio Sartre- Escola SEB)
A atuao da Federao Democrtica Internacional de Mulheres em Cuba (1960-1980)
Resumo:A Federao Democrtica Internacional de Mulheres ...
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Resumo:A Federao Democrtica Internacional de Mulheres (FDIM) foi fundada em Paris, em novembro de 1945, no seio da luta feminina antifascista. Em janeiro de 1951 a Federao teve que se mudar de Paris para Berlim, pois sua presidente, a comunista Eugnie Cotton, ter feito campanha contra a postura do governo francs no tocante ao restabelecimento do domnio colonial no Vietn. Em Berlim Oriental a Federao funcionou at o ano de 1991. No contexto da Guerra Fria, desde 1961 , o principal ativismo da FDIM foi atravs da edio mensal do peridico Mulheres do Mundo Inteiro. A revista, editada em seis idiomas, dentre eles o francs, o ingls e o espanhol, tinha por objetivo central criar uma comunidade imaginada de mulheres progressistas ao redor do mundo interior. medida que as mulheres assem a ler a revista, tomariam conscincia da luta internacional contra a opresso feminina, da luta a favor de seus direitos e da realidade feminina a nvel global. Foi na Revista Mulheres do Mundo Inteiro que mulheres da Amrica Latina militaram, entre as dcadas de 1960-80, contra os regimes ditatoriais, a exemplo da comunista brasileira Ana Montenegro que foi redatora, em francs, da Revista da FDIM entre 1964 e 1979. As dcadas de 60 a 80 na Amrica Latina foram marcadas por uma forte influncia anticomunista norte-americana em contraponto ao surgimento de uma nao socialista nas Amricas: Cuba. No seio da cidade de Havana, nos anos de 1960, surgiu a Federao de Mulheres Cubanas (FMC). Entre 1960 e 1978, a FMC esteve vinculada diretamente com a FDIM em Berlim, sendo uma das organizaes que auxiliou as comunistas latinas em sua fuga para o exlio no contexto ditatorial na Amrica Latina. Em 1978 foi criada uma sede da FDIM em Havana, sede essa que guarda hoje boa parte do acervo das mulheres latinas com relatrios desde o incio da dcada de 80 sobre a atuao da mulheres e da esquerda latina at o dias atuais. Esta pesquisa tem como foco compreender a atuao da FDIM com sede em Berlim atravs da Federao de Mulheres Cubanas (FMC) entre os anos de 1960 a 1978 e a atuao do escritrio regional da FDIM em Cuba a partir de 1978, no tocante luta pelos direitos das mulheres, contra a opresso feminina e pela igualdade de condies mulher dentro do contexto totalitrio cubano. Entender como essa rede internacional de solidariedade funcionou auxiliando as comunistas latino-americanas rumo ao exlio e na luta contra os regimes ditatoriais na Amrica Latina entre as dcadas de 60 a 80 do sculo XX.
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Savio Queiroz Lima (Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO)
Shirley Chisholm e Mulher Maravilha: Alegorias e Inquietaes Feministas na Candidatura de uma Mulher Negra na Eleio Presidencial Estadunidense de 1972
Resumo:O trabalho proposto tensiona os efeitos simblicos...
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Resumo:O trabalho proposto tensiona os efeitos simblicos no uso da Mulher Maravilha para a crtica da derrota eleitoral de Shirley Chisholm para concorrer presidncia dos Estados Unidos. Partindo nos usos arquetpicos da super-herona em um mesmo cenrio de disputas feministas que viam as dificuldades e singularidades de uma mulher negra enfrentar o processo eleitoral em solo estadunidense. A super-herona, produto da Indstria Cultural, fruto de uma proposta educativa sobre o feminino nos idos de 1940, apropriada pelo movimento feminista entre o fim de 1960 e incio de 1970, tornando-se smbolo da capa da primeira edio da revista Ms. Magazine, especfica para o debate feminista na mdia. Reflete sobre a participao poltica de uma mulher negra, educadora e ativista, Shirley Chisholm, na campanha eleitoral, ainda dentro da seletiva partidria democrata, na eleio presidencial estadunidense em 1972. Chisholm conquistou significativa carreira poltica como a primeira mulher negra congressista no distrito de Nova York, objetivando a educao, a sade e os direitos de minorias polticas. A fico e a realidade comungam crticas e inquietaes atravs das representatividades possveis nos campos polticos, quer seja no uso simblico e alegrico da Mulher Maravilha em ficcional eleio metafrica ou mesmo em to aguerrido processo poltico envolvendo expectativas militantes dos movimentos feministas e de direitos civis dos negros, e quo importante o reavivamento dessas historicidades contemporaneidade. A biografia e a bibliografia so as fontes fundamentais deste trabalho, sem perder seu epicentro a publicao feminista inaugural da Ms. Magazine e as duas personagens histricas presentes. As dimenses de ado sensveis que so obtidas pelas abordagens do humor temporalizado e interposies entre Histria e Fico permitem um debate sobre a ressonncia da Histria de mulheres e sua translao representativa.
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Beatriz de Souza Bravo (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Los 80: a condio feminina durante a ditadura militar chilena
Resumo:O seguinte trabalho discute a condio da cidad c...
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Resumo:O seguinte trabalho discute a condio da cidad chilena durante a ditadura militar chilena (1973 - 1990), a partir da anlise de Ana, personagem protagonista da srie televisiva Los 80, ms que una moda. A obra, exibida entre 2008 e 2014, retrata o cotidiano de uma tpica famlia de classe mdia durante a dcada de 1980 no Chile, em que o pas vivia uma ditadura militar, caracterizada pelo autoritarismo e a implementao do projeto neoliberal ortodoxo. Em meio a esse cenrio se destaca Ana Herrera, personagem de 40 anos, me e dona de casa. Inicialmente sustentada pelo marido, Juan, e tem a funo de cuidar dos filhos e do lar, em uma diviso machista de tarefas. No entanto, essa realidade (semelhante a muitas mulheres chilenas de classe mdia) ir mudar devido s consequncias da implementao do neoliberalismo no pas, e esses acontecimentos so representados na srie analisada.
A famlia Herrera, composta pelos pais Ana e Juan, e os filhos, Cludia, Martn, Flix e Anita, representa, inicialmente, a formao familiar definida pelo governo como ideal. A Junta Militar reforava o patriarcalismo histrico chileno, ao inserir a mulher como central para o xito do regime, a partir de sua funo de me e esposa. Segundo os dirigentes da ditadura, cada cidado deveria cumprir um papel para a refundao do pas, e a mulher deveria criar os filhos segundo os preceitos dos militares. Por formar a futura gerao de chilenos, as mulheres eram fundamentais para o regime, criando indivduos apolticos. Contudo, essa imposio ditatorial ir se chocar com dois eventos: a evoluo feminina que estava em processo, com a conquista de direitos; e as consequncias da implementao do neoliberalismo no pas, como as crises econmicas, que iro inserir as mulheres no mercado de trabalho.
O segundo evento retratado com protagonismo na srie Los 80, pois a partir da crise recessiva de 1982, Juan demitido de seu emprego e, para suprir as demandas financeiras do lar, Ana comea a trabalhar fora de casa. A srie demonstra as dificuldades de sua insero no mercado de trabalho, e a partir de sua vivncia possvel estudar a dcada de 1980 no Chile, em que muitas mulheres aram pela mesma situao e, ao se inserir no mercado de trabalho, enfrentaram problemas, como a dupla jornada de trabalho, o machismo do meio, a baixa remunerao e a falta de apoio de seus cnjuges. Por meio desta conjuntura, analisada a condio feminina em um pas patriarcal em que h a implementao de um novo modelo econmico, o neoliberalismo.
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ST 22 - Sesso 2 - Sala 22 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 1i1v41
Local: Sala 22
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Stefanie Rocha Carneiro Pinho (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
A sociedade no lugar s do homem, a famlia no lugar s da mulher.. tala Silva de Oliveira: uma mdica feminista na Bahia republicana.
Resumo:A medicina social e as teorias cientificistas do s...
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Resumo:A medicina social e as teorias cientificistas do sculo 19 tiveram largo impacto na construo da repblica brasileira. O movimento higienista foi o grande alicerce para o projeto de modernizao do pas, que visou a interveno do Estado dentro dos lares dos brasileiros em busca de um padro familiar considerado como civilizado, neste intento a famlia nuclear tornou-se uma preocupao central no projeto modernizador republicano. O modelo de famlia ideal ambicionado seria composto por um novo tipo de mulher, ainda submissa, porm, participativa nos cuidados com o lar e na educao dos filhos. Esta mulher seria a esposa obediente, a me educadora e a dona de casa dedicada. A herona dos republicanos representava a mulher rica e bem educada nas prendas do lar e nos valores cvicos, inclinada aos interesses familiares e criada para alcanar o seu maior propsito existencial no casamento, criao dos filhos, cuidados com o lar e o marido. A inteno de cultuar tais caractersticas, divulgadas como inatas natureza das mulheres, era acentuar o seu carter domstico e negar a sua sexualidade. Ao estudar as teses mdicas do perodo percebe-se nos seus discursos a construo dos papis sociais de gnero com base em supostas caractersticas inatas dos sexos. Partindo da compreenso sobre este contexto sociocultural, o presente trabalho analisa as contribuies da mdica tala Oliveira sobre sexualidade e educao social, organizadas em sua tese Da sexualidade Educao Sexual, apresentada em 1927 na Faculdade de Medicina da Bahia. Este artigo, um recorte da minha dissertao de mestrado, ainda em construo, intitulada A marca da violncia das mulheres: gnero, cultura e sociedade nas ruas de Santo Antnio de Jesus (1890-1930), na qual tala fornece subsdios para contrapor os discursos dominantes da poca sobre sexualidade feminina. A necessidade de fazer tal recorte se d ao fato de que tal fonte se constitui como imprescindvel para conhecer uma das poucas vozes femininas que ecoavam em espaos de poder predominantemente masculinizados e contribui diretamente para combater um dos maiores silncios da histria: a histria das mulheres. Neste caso ainda mais notvel, a histria de uma mulher nordestina que se ops a pensamentos predominantes e dedicou um captulo inteiro de sua tese ao feminismo, defendendo educao plena para as mulheres e igualdade entre os sexos. Procurar-se- portanto, mostrar a importncia de seu trabalho na medicina e na educao.
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Talita Maria de Melo Coelho (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Federao Baiana Pelo Progresso Feminino: a luta pela ampliao da democracia e pelo direito ao voto feminino (1927-1932).
Resumo:A pesquisa intitulada de Federao Baiana Pelo Pr...
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Resumo:A pesquisa intitulada de Federao Baiana Pelo Progresso Feminino: a luta pela ampliao da democracia e pelo direito ao voto feminino (1927-1932), orientada pela professora Dr. Alcileide Cabral do Nascimento, buscou compreender como as feministas liberais brasileiras construram suas bases na Bahia atravs da criao da Federao Baiana pelo Progresso Feminino, entre 1927 e 1932. Alm de investigar como estavam organizadas, como elas encaram o movimento antifeminista na Bahia e este trabalho analisou de que maneira essa organizao influenciou o debate sobre as questes de gnero, de cidadania e ampliao da democracia para essas mulheres. Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram utilizamos como base terica a autora Carole Pateman, com o debate sobre a dicotomia entre o pblico e privado, visto que entender esses conceitos so parte fundamental para uma anlise mais cautelosa da formao e estruturao desse movimento. Utilizamos tambm a autora Flvia Birole de modo a ampliarmos a compreenso sobre as relaes de gnero e o posicionamento dessa categoria no campo da teoria. Ademais, utilizamos os trabalhos do escritor Jos Murilo de Carvalho como referencial para entendermos o conceito de cidadania. Do ponto de vista metodolgico foi realizado um levantamento de fontes primrias, como cartas e relatrios da Federao cuja a finalidade foi identificar de que maneira a Federao Brasileira pelo Progresso Feminino articulou-se com a filial baiana, e como foi estruturada a sua luta pelo direito cidadania das mulheres baianas. Buscamos tambm identificar quem eram essas mulheres, e de que forma o debate racial estava posicionado nesse movimento; utilizando como base terica o conceito de interseccionalidade da autora Kimberle Crenshaw. Atravs dessas fontes percebemos que as mulheres que integravam esse movimento encontravam-se em posies sociais mais privilegiadas, mas que ainda assim permaneciam em um lugar de desvantagem. E nesse sentido, a Federao se manteve na vanguarda ao reunir mulheres intelectuais capazes de desestabilizar e questionar a sociedade patriarcal e hierrquica, fissurando as estruturas sociais estabelecidas naquele perodo.
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Iraclli da Cruz Alves (Universidade Federal Fluminenses (UFF))
Memria, histria e historiografia dos movimentos feministas no Brasil: notas para um debate
Resumo:Em linhas gerais, as narrativas historiogrficas s...
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Resumo:Em linhas gerais, as narrativas historiogrficas sobre os movimentos feministas no Brasil se dividem basicamente em dois grandes grupos, evidentemente que com nuances: um define que o feminismo nasceu na dcada de 1970, o outro aponta para numa perspectiva linear dividida em trs ou quatro ondas que pouco ou nada dialogam. A primeira teria comeado no final do sculo XIX, se estendendo at aproximadamente o incio da dcada de 1940; a segunda, nos anos 1970 aps um intervalo de duas dcadas; a terceira na dcada de 1990 sofisticando o debate da segunda; e a ltima teria comeado por volta de 2012-2013, inovando radicalmente a predecessora. A emergncia das ondas geralmente lida com o signo da ruptura. A nova viria sempre propondo mudanas radicais. Um olhar nos intervalos revela outras histrias. Entre as duas primeiras ondas, por exemplo, houve um movimento expressivo quase nada investigado. Ser que no atingiu o tamanho e a fora suficientes ao ponto de se tornar uma onda? Ou seria necessrio remexer nas etapas? A segunda onda estaria localizada entre 1940-50? Ao invs de quatro, o ideal seria dividi-lo em cinco ondas? Estas perguntas norteiam o debate que proponho nesta comunicao, cujo objetivo problematizar as narrativas sobre os feminismos no Brasil. Entendo que a clssica diviso em ondas no d conta de explicar esta histrica marcada por complexidades. Ao analisar a histria acadmica produzida sobretudo na Europa e nos Estados Unidos sobre a segunda onda feminista ocidental, Clare Hemmings (2009) chamou a ateno para o fato de que a abordagem dominante simplifica a complexa histria dos feminismos ocidentais, fixa autoras e perspectivas dentro de uma dcada especfica e, repetida e, erroneamente, posiciona feministas ps-estruturalistas como as `primeiras a desafiar a categoria mulher como sujeito e objeto do conhecimento feminista. No Brasil, a narrativa majoritria seguiu exatamente essa cronologia, sempre tomando como referncia a evoluo do feminismo europeu, sobretudo francs e norte-americano que funcionam como uma espcie de mtrica para avaliar o quanto e como o feminismo evolui no pas. A obra O Segundo Sexo, da filsofa sa Simone de Beauvoir, geralmente aparece como um divisor de guas. No entanto, como ser demonstrado, muitas das ideias presentes em Beauvoir estavam sendo discutidas antes mesmo do seu famoso livro ser publicado. Os estudos sobre a suposta renovao do feminismo no Brasil na dcada de 1970 que consideram apenas o pensamento de Beauvoir e outras tericas do Norte Global como marcos do aprimoramento do debate feminista local silenciam muitas vozes. Aqui a proposta ouvirmos algumas das vozes silenciadas.
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Sarah Pinho da Silva (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
Unio das Mulheres Cearenses: a Segunda Onda do Feminismo.
Resumo:A pesquisa, ora apresentada, buscou compreender os...
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Resumo:A pesquisa, ora apresentada, buscou compreender os feminismos de Segunda Onda, no Cear, no final da dcada de 1970 e 1980, perodo de ditadura civil-militar brasileira, a partir da Unio das Mulheres Cearenses, que foi a primeira organizao feminista do estado. Com base na metodologia da Histria Oral, mas tambm, dos documentos produzidos pela organizao, tais como: Estatuto e Resoluo, foi possvel observar os processos de descoberta/identificao com os feminismos e, alm disso, o carter organizativo da instituio, que, dentre muitas pautas, buscou agregar diferentes mulheres luta feminista e expandir o movimento por diferentes regies do estado. Ao mesmo tempo em que se observou a expanso da entidade, notou-se os usos do gnero para conseguir militar em plena ditadura militar. Isso no significou que esse grupo, bem como outros, no fosse perseguido e vigiado pelos militares, mas demonstrou que a utilizao do gnero, a estereotipao das organizaes feministas/femininas fez com que, em determinados momentos, o regime militar no se sentisse ameaado ou ao menos tentasse demonstrar isso. Contudo, o que se discute que, apesar da conjuntura e especificidade que envolvia o pas no final da dcada de 1970, muitas mulheres se organizaram, em movimentos autnomos de carter feminista, e propam uma luta conjunta, em que a deposio dos militares, a luta de classe e os direitos das mulheres estavam alinhados e sendo buscados em conjunto. Apesar de, muitas vezes, algumas pautas se sobreporem a outras, visto que muitas organizaes de esquerda tinham como vertente principal a chamada luta geral, que seria a derrubada da ditadura e a luta de classe, enquanto que as demandas especficas, como as do movimento feminista, deveriam ser deixadas em segundo plano. Todavia, muitas mulheres e grupos se organizaram e aderiram luta feminista e s pautas do movimento poltico. Dessa forma, a Unio das Mulheres Cearenses foi uma dessas vertentes de organizao que mesmo em meio as diferentes dificuldades, fossem elas de um contexto de governo arbitrrio at a misoginia enfrentada pelos prprios companheiros, conseguiram fazer da entidade uma realidade e atuar em prol dos feminismos de Segunda Onda.
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Alessandra Maria dos Santos (Prefeitura Cidade do)
Cad as mulheres que estavam aqui? Anlise do processo formativo de mulheres que atuaram em movimentos de educao popular, em Pernambuco, na dcada de 1960
Resumo:A figura feminina, embora presente na Histria, fo...
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Resumo:A figura feminina, embora presente na Histria, foi excluda na escrita desta. Suas produes, percepes, aes, por vezes, silenciadas pelo predomnio do masculino nas narrativas da histria tradicional. At mesmo quando as mulheres foram reveladas, ocorreu pela tica dos homens (PERROT, 2017). A histria das mulheres encontra espao apenas no sculo XX, em virtude de novas abordagens no campo historiogrfico. A guinada historiogrfica, a partir do dilogo com outras disciplinas, ite outros sujeitos e fontes, outras interpretaes e objetos, concedendo, dessa maneira, abertura a perspectivas como a Histria Social e Histria Cultural.
A partir desse dilogo entre os campos historiogrficos intenciona-se, neste estudo, identificar e analisar os processos formativos de mulheres que participaram de movimentos de educao popular, em Pernambuco, na dcada de 1960. Nesta que, sobretudo nos primeiros anos, presenciou o despontar de aes educativas e culturais fruto do anseio de modernizao da Nao. O nacional-desenvolvimentismo chega ao Nordeste, as reivindicaes de trabalhadores rurais e a preocupao com questes polticas e sociais tambm. Neste contexto, movimentos de educao e cultura popular se expandem com fim de erradicar os altos ndices de analfabetismo.
Num perodo em que as mulheres ainda no atuavam livremente no mbito pblico, os movimentos feministas at aquele momento no haviam erguido suas bandeiras e a escolarizao era diferenciada na estrutura e no currculo, mulheres participaram de aes que fundaram o marco da educao popular no pas. Nas narrativas acerca dessas aes evidenciam-se intelectuais, polticos, religiosos, artistas. Todos homens. Mas que parte cabe s mulheres nas reelaboraes do ado? Quais so suas contribuies? E como delinearam-se suas experincias de vida, as quais conduziram-nas participao nestes movimentos educacionais?
Atentar para o processo de formao destas mulheres significa atentar para suas experincias, conceito que, segundo E. P. Thompson, nos ajuda a pensar que o processo formativo no algo estanque, mas que se desenvolve ao longo do tempo, sendo experienciado, marcado, at consolidar-se na subjetividade e nas prticas dos sujeitos. Para isto, utilizaremos enquanto aporte metodolgico a histria oral, a qual nos permitir o histria de vida de mulheres que participaram destas aes educativas populares.
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Taynara Mirelle do Nascimento de Arajo (UFC - Universidade Federal do Cear)
Ninho Cearense: a trajetria das agentes nos embates com a Ditadura (Cear, 1964 1985)
Resumo:A questo da moralidade foi um dos pilares do regi...
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Resumo:A questo da moralidade foi um dos pilares do regime ditatorial, j que inserida na Doutrina de Segurana Nacional como basilar para segurana interna da nao tanto quanto questes polticas e econmicas. No s a militncia de esquerda tinha seus os seguidos e reprimidos, mas todo um setor de pessoas que se encontravam margem desses ideais da moral e dos bons costumes pregados pelos militares e pelo setor mais conservador da Igreja Catlica. Sendo um desses sujeitos a figura da prostituta, que era entendida como degenerada, portanto reprimida de diferentes formas. Contudo, encontraram bastante apoio nos movimentos formados em sua maioria por mulheres do Cristianismo da Libertao. Essas religiosas tiveram um importante papel na resistncia ao regime nas suas aes como alfabetizadoras em movimentos como o MEB, animadoras nas Comunidades Eclesiais de Base e conselheiras em organizaes juvenis como a JEC. Existia, ento, um amplo movimento de missionrias dessa Igreja em Sada que no se encontravam mais dentro dos templos, mas nas favelas e no meio rural cooperando na organizao das comunidades mais marginalizadas e perseguidas pelo poder pblico. Sendo o Ninho Cearense um dos braos desse campo progressista liderado por religiosas, o qual realizava um trabalho de formao e promoo de cidadania para as prostitutas durante o regime de exceo instaurado no pas. Tem-se, portanto, como objetivos deste trabalho, analisar a relao entre as prostitutas e as agentes do Ninho Cearense, a influncia dos ideais da Teologia da Libertao e da Teologia Feminista nas aes desse Movimento, bem como a articulao do Ninho com outros movimentos no embate Ditadura. A investigao se dar a partir da anlise das trajetrias de trs agentes dessa pastoral - Rita Arajo, Raimunda Zlia Carvalho e Nildes Alencar atravs de suas entrevistas e relatrios sobre as aes do movimento e o cotidiano das prostitutas de Fortaleza, Crates e Canind, assim como de publicaes do Ninho e de reportagens.
Palavras-chave: Ninho Cearense. Prostituio. Ditadura Civil-Militar.
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Joana Clara Silva Santiago (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)
A histria que nis sofreu: atuao feminina nas lutas sociais do submdio do So Francisco (1968-1994)
Resumo:Este trabalho objetiva refletir a construo histo...
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Resumo:Este trabalho objetiva refletir a construo historiogrfica sobre as mulheres com enfoque na anlise sobre a histria de mulheres participantes do desenrolar das lutas sociais travadas na regio do Submdio do So Francisco, entre 1968 e 1994, este perodo se refere ao processo de construo de usinas hidreltricas na bacia sanfranciscana entre o lago de Sobradinho e a Cachoeira de Paulo Afonso. O rgo responsvel por essas construes foi a Companhia Hidreltrica do So Francisco (CHESF), que obteve xito em elaborar representaes do pas sob o smbolo do progresso e desenvolvimento econmico brasileiro.
O serto enquanto cenrio potencial de produo energtica e geradora de base lucrativa, tornou-se palco para disputas. A Chesf preocupou-se em narrar sua prpria histria ao se pautar na narrativa propagandista do desenvolvimento sertanejo, o que antes parecia se mostrar indito, a propaganda enquanto caminho para a positivao da insero e continuao das obras estatais. Neste processo, possvel perceber apagamentos na produo histrica desse evento o que permitiu no cenrio narrativo da histria do Submdio elementos fossem, ora invisibilizados, ora esquecidos e ora atropelados, resumidamente, no houve um trato especfico sobre a trajetria das mulheres.
O estudo sobre as mulheres, lida com a ausncia da participao da histria feminina em pesquisas. Michelle Perrot ao longo de seu livro As mulheres ou os silncios da Histria, apresenta a dificuldade presente na historiografia em construir produes voltadas para as mulheres, ao justificar que estas so historicamente deslocadas dos espaos pblicos, das documentaes e da participao da vida poltica, pelo olhar da forma historicista de entender a Histria. Ao tratar de como possvel estabelecer pesquisas em torno do feminino, a autora prope os mtodos orais, por entender que esses lugares legitimados para documentaes, como arquivos e fontes escritas, as mulheres ainda esto ausentes, ou minimamente representadas. Essa perspectiva dialoga efetivamente na pesquisa sobre as mulheres do Submdio, pois alm de serem mulheres e estarem imersas nessa situao, esto em regio sertaneja e atuantes de movimentos sociais. Perrot, em seu artigo Prticas da memria feminina, conduz uma crtica a histria das mulheres no que diz respeita a fontes que permitem/permitiram construes narrativas. Ao tratar dos arquivos do sculo XIX, documentos voltados para mulheres so ausentes, com isso, a memria sobre as mulheres foi e construda intrinsecamente a prtica da oralidade feminina. Com isso, podemos inferir que a oralidade feminina carrega em si um potencial instrumento de resistncia. A oralidade se torna elemento cultural, poltico e histrico das mulheres.
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Dbora Campani Chagas (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran)
A atuao de mulheres nos grupos de luta armada contra a Ditadura de Segurana Nacional (1967-2020)
Resumo:O presente trabalho investiga a atuao de Maria d...
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Resumo:O presente trabalho investiga a atuao de Maria do Carmo Brito, Sonia Lafoz, Iara Iavelberg, Dulce Maia, Renata Ferraz Guerra de Andrade e Zenaide Machado, em grupos de resistncia armada contra a ditadura brasileira de Segurana Nacional (1964-1985). Os objetivos da pesquisa so investigar quais foram as aes praticadas por essas mulheres dentro das organizaes em que atuaram, assim como compreender o desenvolvimento do aparato repressivo do Estado e de que modo ele interfere e se incorpora na vida destes sujeitos. As fontes selecionadas para a realizao da pesquisa se dividem entre entrevistas concedidas por essas mulheres para a produo de documentrio ou de depoimento para a Comisso Nacional da Verdade, disponveis no Youtube e no site da Comisso Nacional da Verdade, e em alguns casos como o de Maria do Carmo Brito e Iara Iavelberg -, disponveis em livros. Alm disso, analisarei tambm os documentos da represso, isto , do Centro de Informao do Exterior, disponibilizado a mim a partir de pesquisa realizada no Arquivo Nacional em Braslia e no Arquivo Pblico do Paran em Curitiba, assim como documentos do Departamento de Ordem Poltica e Social, que podem ser encontrados na internet atravs do site Brasil Nunca Mais Digital. A seleo das fontes explica a escolha da temporalidade da pesquisa (1967-2020), j que a partir de 1967 que so formados os grupos de resistncia armada investigados neste trabalho, e 2020 sendo o ano de entrevista realizada com uma dessas mulheres. Por se tratar de fontes do aparato repressivo e de memrias das ex-militantes, considero importante que sejam analisadas compreendendo as intencionalidades dos sujeitos que as produziram. Atravs da anlise crtica das fontes e dos dilogos com as bibliografias j existentes sobre o tema, pretendo investigar quais eram os conflitos presentes durante os anos iniciais da ditadura, e assim, contribuir com novas informaes s investigaes realizadas sobre a trajetria de luta dos combatentes daqueles anos.
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Jannaiara Barros Cavalcante (Estudante vinculada a UFPE)
O Centro de Professores Primrios de Pernambuco: pensando o protagonismo de mulheres
Resumo:A historiografia sobre o movimento associativista ...
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Resumo:A historiografia sobre o movimento associativista e sindicalismo docente tem crescido no Brasil nas ltimas dcadas. Quando tratamos sobre a organizao coletiva de professores, no h como no direcionarmos os olhares tambm para as paisagens que compem o cenrio educacional de um dado perodo. Assim, ao longo do sculo XX, as polticas educacionais estiveram muito voltadas para a oferta do nvel primrio de ensino, como forma de diminuir os altos ndices de analfabetismo existentes em todo pas. Nesse sentido, ou a ter visibilidade tambm as escolas Normais, espaos de formao inicial dos que ariam a lecionar as primeiras letras. Desde o fortalecimento do processo de industrializao, especificamente a partir da dcada de 1930, as mulheres j compunham maioria no magistrio primrio. Profisso que foi crescendo e sendo associada a caractersticas tidas como femininas. Desse modo, se foram as mulheres que, devido a vrios fatores, se constituram em maioria nos quadros do magistrio primrio, foram elas tambm as responsveis pelas primeiras experincias de organizao coletiva classista, ao estruturarem os centros ou associaes de professores, possuindo muitas vezes um perfil: profissional, assistencialista, recreativo, mas tambm reivindicativo. Assim, a discusso que propomos, gira em torno do Centro de Professores Primrios de Pernambuco, instalado oficialmente em 1955 no Recife, tendo como uma grande idealizadora a professora Maria Elisa Viegas de Medeiros, que a partir de sua atuao no campo educacional e consequentemente apoio do magistrio primrio pernambucano, chegou a ser deputada estadual, ampliando expectativas do professorado do estado com relao conquistas para a categoria. A partir de fontes como o peridico produzido pelo Centro- o Jornal do Professor- bem como jornais da grande imprensa pernambucana, pretendemos dar visibilidade ao protagonismo das mulheres no movimento associativista docente, pontuando o potencial e as fragilidades de tal movimento.
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ST 22 - Sesso 3 - Sala 22 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 w3o1f
Local: Sala 22
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Daiane da Silva Vicente (UPE - Universidade de Pernambuco)
Adalgisa Cavalcanti: Trajetria de uma Pernambucana Militante Comunista
Resumo:O presente estudo tem como objetivo trazer algumas...
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Resumo:O presente estudo tem como objetivo trazer algumas consideraes sobre a trajetria poltica de Adalgisa Cavalcanti, e assim, visibilizar sua atuao enquanto militante comunista, entre dcadas de 30 e 60. Levando em considerao que a histria das mulheres, como afirmou Michelle Perrot (2019), sofreu modificaes. No se restringe a uma histria voltada apenas a questes ligadas a vida privada. Dessa maneira, ou a ser uma histria das mulheres nos espaos pblicos da cidade, do trabalho, da poltica, da guerra, da criao (PERROT, 2019, p. 15). Com isso, no basta um estudo tendo como foco a vulnerabilidade feminina, modificou-se em direo a importncia de uma histria das mulheres ativas, nas mltiplas interaes que provocam a mudana (PERROT, 2019, p. 15-16). Adalgisa nasceu em 1905, em uma cidade chamada Glicrio, atualmente conhecida como Canhotinho, localizada no interior de Pernambuco. Ela foi considerada a primeira deputada estadual de Pernambuco, eleita em 1947 pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), sendo uma das mais votadas de seu Partido. A pernambucana exerceu a vida pblica atuando como uma das que lutou bravamente pela conquista de mais direitos para as mulheres e para os menos favorecidos economicamente. Diante de suas aes, ganhou o respeito e irao de muitas pessoas, inclusive de seus colegas polticos. Enquanto deputada estadual, infelizmente, no finalizou o mandato. Atuou em um curto perodo de apenas nove meses, e durante esse curto tempo que assumiu ela apresentou projeto que foi aprovado autorizando o Governo estadual a conceder abono familiar s mes que exerciam funo pblica estadual (FERREIRA, 2002, p. 45). Naquele perodo, esse abono era um privilgio exclusivo dos homens. O motivo da anulao de seu mandato esteve relacionado ao PCB ter sido colocado novamente na ilegalidade, fato motivado pelos interesses da oposio que viu diante do florescer e do carisma do PCB, uma ameaa aos seus interesses polticos. Mesmo na clandestinidade, ela continuou engajada na luta reivindicatria pelos direitos das chamadas minorias, e como tantas outras mulheres, contribuiu para o fortalecimento da conquista dos direitos femininos. Envolvendo-se ativamente com as questes polticas de sua poca. Para o desenvolvimento desta pesquisa, ser utilizado o pronturio individual n 5306 do acervo da Delegacia de Ordem Poltica e Social (DOPS), pertencente ao Arquivo Pblico Estadual Jordo Emerenciano (APEJE), Recife PE, e a entrevista da Adalgisa concedida a Eliane Moury Fernandes, em 1982, localizada na Fundao Joaquim Nabuco, Recife - PE.
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Juliana Marques do Nascimento (UFF - Universidade Federal Fluminense)
Muito alm da musa da esquerda: a trajetria da militante Iara Iavelberg
Resumo:Iara Iavelberg (1944-1971), militante de organiza...
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Resumo:Iara Iavelberg (1944-1971), militante de organizaes revolucionrias durante a ditadura civil-militar, como Organizao Revolucionria Marxista Poltica Operria (POLOP) e Vanguarda Popular Revolucionria (VPR), figura conhecida entre as esquerdas. Vista na atualidade como a musa da esquerda de 1968, famosa por sua beleza, liberdade sexual caracterstica considerada frente de seu tempo e, muitas vezes, descrita como uma feminista dentro da luta armada. Enquanto era viva, porm, a imagem que se criou a seu respeito era outra: Iara era descrita pelos rgos de represso como promscua, destruidora de lares e atrelada unicamente figura de amante do capito da guerrilha Carlos Lamarca narrativas ecoadas pela imprensa da poca. Dentre tantas representaes contraditrias e polmicas, como saber quem foi Iara? De qual dessas imagens sua personalidade se aproximava mais? Essas so questes muito importantes para meu projeto de doutorado, que busca se afastar das concepes deslegitimadoras da narrativa ditatorial, mas tambm dos discursos anacrnicos e romantizados produzidos por uma esquerda liberal nos anos 1990 materializados no livro biogrfico produzido pela jornalista Judith Patarra, em 1992 e que repercutem at hoje. Voltando-me para a anlise de fontes escritas sobre Iara e as organizaes na qual militou e de fontes orais entrevistas com pessoas prximas a ela , o objetivo do trabalho produzir uma biografia histrica de Iara Iavelberg. Nesta biografia, para alm de aspectos de sua vida pessoal e amorosa, pretendo compreender e elucidar o ser poltico que era Iara, com anlise de sua base terica marxista e do histrico de seu engajamento, que vai desde o movimento estudantil, em meados dos anos 1966, at seu assassinato por foras policiais, em 1971. Os resultados que pretendo apresentar nessa comunicao sero parciais.
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Thais Gouveia Calazans Dantas (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
Lucy de Carvalho: uma mulher em quatro frames
Resumo:Em 1961, a atriz baiana Lucy de Carvalho estreou n...
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Resumo:Em 1961, a atriz baiana Lucy de Carvalho estreou no filme Barravento, dando incio a uma breve carreira de grandes filmes para a histria da produo cinematogrfica brasileira, na segunda metade do sculo XX. A intrprete trabalhou nos seguintes longas metragens: Barravento (1961), Trs Cabras de Lampio (1962), Os Cafajestes (1962) e O Grito da Terra (1964). Apesar do curto perodo em que esteve presente na atuao flmica, a atriz contribuiu positivamente na insero de mulheres baianas na cena cinematogrfica de seu tempo. As interpretaes de Lucy de Carvalho foram essenciais para o dilogo sobre as possibilidades de insero feminina no espao pblico, bem como ruptura de paradigmas, ainda emergentes, na contemporaneidade. As transformaes tecnolgicas, polticas e culturais refletem diretamente nas relaes sociais e, especialmente, nas relaes de gnero. Esse trabalho busca fazer uma descrio do universo esttico cinematogrfico brasileiro, a partir do ponto de vista de uma das suas principais atrizes, que apesar de sua importncia para a Histria do cinema nacional e regional (baiano), muito pouco dito sobre ela.
O exerccio de seleo da memria, o de lembrar-se e esquecer-se, so fenmenos da atividade cientfica e sociocultural. A Historiografia, a Comunicao e a Arte de cada temporalidade, assim como o Cinema, assumem o papel fundamental nesse processo de sociabilizao com o pblico, do que pode ser perdurvel ou no. O conflito de narrativas sobre esse ado, esquecido ou demasiadamente lembrado, tem como arena o tempo presente, que de maneira desordenada, permeado entre a racionalidade e irracionalidade, utiliza formas de disseminar impresses das experincias acumuladas para as novas geraes. Esse trabalho busca friccionar e enxertar um pouco mais uma lacuna existente, trazendo tona as contribuies dessa relevante atriz, a partir da anlise genealgica dos fatores que atravessavam uma mulher que fez cinema nos anos 1960.
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Maria Clara Martins Cavalcanti (UNICAMP)
A recusa de ser invisvel: Gnero, raa e colonialidade na obra de Esmeralda Ribeiro.
Resumo:Esmeralda Ribeiro jornalista, poeta, ensasta e ...
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Resumo:Esmeralda Ribeiro jornalista, poeta, ensasta e contista; integrante do ainda vivo grupo Quilombhoje e autora presente em quase todas as publicaes dos Cadernos Negros, coletnea de contos e poemas de literatura negro-brasileira, fundado em 1978. Seus poemas e contos trazem como temtica as perspectivas de personagens negros - predominantemente de mulheres negras - e suas experincias atravessadas pelas dinmicas das relaes de poder decorrentes do racismo, do patriarcado, do capitalismo e do colonialismo (estruturas coexistentes e interligadas, como vem defendendo as feministas interseccionais e decoloniais). Uma escrita, portanto, enquadrada no que Conceio Evaristo, escritora da mesma gerao, chama de escrevivncia: a escrita literria das mulheres negras que tem como tema suas experincias na sociedade brasileira, uma escrita politicamente carregada de subjetividade, que aciona novos referenciais e faz uso da memria para expurgar a dor. Este trabalho analisa parte da trajetria e obra da escritora Esmeralda Ribeiro entendendo-a como intelectual engajada na luta pela transformao de estruturas de opresso a partir de sua escrita. Pretendo, portanto, trazer tona as formas com que suas narrativas literrias revelam estruturas raciais, patriarcais, de classe e coloniais construdas historicamente e, ao mesmo tempo, contam histrias de reinveno. Interessa ainda perceber como essa escrita l o ado da populao negra no Brasil, se relaciona com o mito da democracia racial e com a histria colonial do pas. Concordando com o princpio epistemolgico e poltico que entende a escrita das mulheres negras como produo de conhecimento, desejo ainda refletir sobre as possibilidades de afirmao da escrita de Esmeralda Ribeiro como conhecimento produzido na encruzilhada, ou seja, como um saber praticado nas margens por inmeros seres que fazem tecnologias e poticas de espantar a escassez, abrindo caminhos e, por isso, prtica prxima de um investimento decolonial.
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Joelma Dias Matias (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
Nos cruzamentos da Histria: narrativas sobre mulheres na escrita de Beatriz Nascimento no contexto social brasileiro
Resumo:Este estudo tem como objetivo central fazer uma an...
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Resumo:Este estudo tem como objetivo central fazer uma anlise do pensamento de Beatriz Nascimento a partir de sua percepo sobre o lugar da mulher na sociedade brasileira, em especial, a mulher negra. Na historiografia do campo intelectual brasileiro, pouco se tem produzido sobre o pensamento de autoras negras, por esse motivo o trabalho aqui exposto tentar minimizar as lacunas existentes nessa vertente, possibilitando a visibilidade da produo de uma das maiores historiadoras negras do Brasil. A nossa anlise ser baseada em trs textos escritos por Beatriz em perodos diferentes de sua trajetria intelectual: A mulher Negra no Mercado de Trabalho (1976), A Mulher Negra e o Amor (1990) e O Papel da Mulher no Quilombo (s/d) que esto publicados no livro: Beatriz Nascimento: quilombola e intelectual (2018). Para Beatriz, o critrio racial constitui-se como mecanismo de seleo para o ingresso da mulher negra no mercado de trabalho, mas quando essa mulher alcana uma determinada posio social, ela tende a individualizar-se, a buscar a paridade entre os sexos e potencializar o processo seletivo para a escolha de seu par desestruturando a hierarquia de poder socialmente construda do homem sobre a mulher. No quilombo, a mulher percebida por Beatriz como fora atuante e visvel frente ao trabalho dos homens e que deve constar nas pginas da historiografia brasileira e no ser vista como sexo oprimido. Portanto, compreender a mulher negra em diversos contextos, atravs da produo intelectual de Beatriz Nascimento nos permite refletir sobre nossa posio na sociedade nos dias atuais, observar as mudanas e permanncias dos estigmas associados figura da mulher negra desde as mais antigas sociedades ocidentais.
Palavras-chave: Beatriz Nascimento, trajetria intelectual, mulheres.
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Bruno Sanches Mariante da Silva (UEM - Universidade Estadual de Maring)
A construo de uma memria presidencial: a atuao da primeira-dama Sarah Kubistchek (1976-1996)
Resumo:Em agosto de 1976 um acidente automobilstico na R...
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Resumo:Em agosto de 1976 um acidente automobilstico na Rodovia Presidente Dutra vitimou o ex-Presidente da Repblica Juscelino Kubistchek de Oliveira (1902-1976), que deixava como legado uma trajetria poltica meterica e um mandato presidencial (1956-1961) bastante representado como smbolo do processo de modernizao do Brasil. Deixava tambm esposa e duas filhas. Sarah Lusa Gomes Kubistchek (19081996) foi casada com Juscelino por quase quarenta e cinco anos (1931-1976), tendo sido, ao longo desse tempo, primeira-dama de Belo Horizonte (1940-1945), de Minas Gerais (1951-1956) e do Brasil (1956-1961). Durante todo esse perodo de intensa atividade poltica, Sarah ocupou-se, especialmente, da conduo de instituies de assistncia social. Quando da sua chegada capital federal em 1956, criara a Fundao das Pioneiras Sociais, uma instituio filantrpica particularmente dedicada a fornecer cuidados mdicos s populaes carentes, que tambm construiu um centro referncia de estudos e tratamentos do cncer ginecolgico, alm do hospital referncia em reabilitao motora j em Braslia. possvel afirmamos que aps a morte de Juscelino, Sarah esteve bastante engajada na misso de salvaguardar e manter viva a memria de seu marido. Alm de inaugurar pontes, estdios, placas e bustos de JK pelo Brasil a fora, Sarah esteve envolvida na construo do Memorial JK em Braslia. Originrio do ano da morte do ex-presidente, o projeto comeou a tomar concretude quando Sarah, pessoalmente, negociou, em 1979, junto ao presidente Joo Baptista Figueiredo, ltimo dos generais ditadores, a construo do memorial. Erguido em tempo recorde, foi inaugurado em 1981. Para tal feito Sarah utilizou de todo seu capital poltico e social, composto por anos de intensa participao social e poltica (mesmo sem ocupar cargo eleito), para angariar fundos junto populao e a grandes empresrios e polticos. Sarah presidiu o Memorial at sua morte em 1996. Tanto na filantropia quanto na atuao poltica Sarah Kubistchek no foi insubmissa aos padres de gnero, pois configurava-se como uma mulher de elite, que imbuda das representaes de gnero para mulheres, porm, desejosa de usufruir dos espaos destinados ao gnero masculino, especialmente, do poder poltico e do espao pblico, aproveitou as oportunidades que lhe apareciam e procurara criar novas para si. Mais do que uma mulher transgressora de padres, por vezes os fortalecera e os exaltara (como me e esposa exemplar), pois seu capital poltico deles derivava. Ao o que, mesmo que minimamente, borrava os limites impostos s mulheres, como o uso da palavra e do poder poltico, ambos de modo pblico e no mais nos bastidores.
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Eduardo dos Santos Chaves (Instituto Federal de Santa Catarina)
Mulheres latino-americanas de direita nos anos 1960: ditadura, redes polticas e anticomunismo
Resumo:O trabalho pretende analisar a organizao do I Co...
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Resumo:O trabalho pretende analisar a organizao do I Congresso Sul-Americano da Mulher em Defesa da Democracia, ocorrido entre 16 e 22 de abril de 1967 na cidade do Rio de Janeiro. O evento, elaborado pela Campanha da Mulher pela Democracia (CAMDE), organizao feminina de direita criada em 1962, procurou reunir mulheres de diversos pases da Amrica Latina na tentativa de construir redes polticas femininas em reao Conferncia Tricontinental de Havana, ocorrida em 1966, em Cuba. Pretende-se verificar de que modo as organizaes femininas de direita existentes na Amrica Latina elaboraram o evento, em que medida essas mulheres se fizeram presentes e como construram redes polticas femininas a partir de pautas conservadoras. Por ltimo, busca-se analisar o congresso diante da ditadura civil-militar brasileira e as estreitas relaes entre a organizao do evento com a agenda do regime. Cabe destacar que as direitas femininas no Brasil estavam organizadas desde 1962, quando acreditavam na existncia de uma real ameaa comunista por parte do governo de Joo Goulart (1961-1964). Surgiram primeiramente em So Paulo e no Rio de Janeiro, mas logo em seguida, seguindo diretrizes semelhantes das companheiras paulistanas e cariocas, espalharam-se por Minas Gerais, Pernambuco, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Naquele contexto poltico contriburam para o desgaste do governo, promovendo forte campanha de propaganda, principalmente em escolas, igrejas e associaes de bairros; e organizando atos pblicos, como as Marchas da Famlia com Deus pela Liberdade. Aps o golpe civil-militar de 1964, muitas permaneceram organizadas, mantendo-se na viglia anticomunista pautada pela ditadura, e na defesa de valores conservadores. Para tanto, analisa-se recortes de jornais e material produzido pela organizao do evento, como os anais do Congresso.
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Brena Oliveira Pinto (UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Legisladoras e antifeminismos na dcada de 1970 no municpio de Amlia Rodrigues/BA
Resumo:Considerando a ascenso do movimento feminista bra...
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Resumo:Considerando a ascenso do movimento feminista brasileiro, a partir da dcada de 1970, onde houve renovao e surgimento de novas pautas e bandeiras de luta entre as mulheres, este trabalho tem como objetivo analisar a atuao das legisladoras eleitas nesse perodo, no municpio de Amlia Rodrigues, localizado no Recncavo Baiano. Embora apresente um histrico de eleio de mulheres desde as primeiras disputas, ps-emancipao, Amlia Rodrigues um municpio caracterizado pela poltica assistencialista e patriarcal, resqucio da atividade aucareira e escravagista que vigorou por tanto tempo nessa regio. Sendo assim, este trabalho visa compreender os espaos e narrativas que facilitaram o o das mulheres na poltica local e analisar a atuao dessas legisladoras a partir desse referencial e cultura, considerando que todas as vereadoras eleitas tinham em comum as atividades ligadas educao e ao assistencialismo das igrejas, principalmente a Catlica.
Para esta pesquisa, utilizaram-se como fonte as atas de registro das sesses da Cmara de Vereadores, mas tambm fonte oral, em que foram entrevistadas duas das vereadoras e o prefeito eleitos no perodo pesquisado, alm de figuras de expressividade, como professoras que atuaram e contriburam nas campanhas.
Para analisar a atuao dessas mulheres necessrio compreender o espao e o tempo em que estavam localizadas, apesar da conjuntura nacional favorecer a projeo das mulheres em espaos de disputa e deciso e um protagonismo na luta por direitos. No significa, porm, que todas as mulheres que se inseriam na poltica na dcada de 1970 se tornavam automaticamente feministas. Muitas vezes, como no caso de Amlia Rodrigues, elas apresentavam um alinhamento muito maior com um projeto conservador e patriarcal, do que com os ideais libertrios e progressistas, defendidos pela chamada Segunda Onda do movimento feminista no Brasil. So esses contrapontos que sero objeto de anlise dessa pesquisa.
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Fernanda Pereira de Moura (SME-RJ)
Quem so e o que defendem as antifeministas no Brasil atual?
Resumo:Pretendemos com este trabalho apresentar quem so ...
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Resumo:Pretendemos com este trabalho apresentar quem so e o que defendem as mulheres antifeministas do Brasil de hoje. Localizando-as tanto na longa histria de conservadorismo da sociedade brasileira quanto dentro do panorama internacional de reemergncia da extrema direita o mundo. Assim vamos identificar quem so os principais nomes deste movimento antifeminista no Brasil com destaque para as deputadas federais do PSL Major Fabiana, Bia Kicis, Caroline de Toni, Carla Zambeli e Chris Tonietto que defendem em Brasilia a criminalizao do aborto, o porte de armas e a perseguio professores que debatam gnero, assim como o fazem a deputada estadual de Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo e a ministra da mulher, famlia e direitos humanos Damares Alves e sua ex colega de ministrio, Sara Winter, nomeada por Damares como Coordenadora Geral de Ateno Integral Gestante e Maternidade do Departamento de Promoo da Dignidade da Mulher, da Secretaria Nacional de Polticas para as Mulheres (SNPM). Pretendemos deixar claro o quanto a presena destas mulheres antifeminsitas na poltica fundamental para legitimao das pautas neoliberais e conservadoras junto sociedade. O tema se faz particularmente relevante tanto neste momento de ascenso da extrema direita caracterizada pela perseguio s minorias polticas quanto neste momento de pandemia em que as mulheres apesar de no serem as principais vitimas diretas da doena (que mata mais homens em funo do descuido como mostra de masculinidade) so as principais vtimas indiretas (da violncia domstica, da sobrecarga de trabalho domstico, da perda de renda por ocuparem os postos de trabalho mais precarizados, etc). Nosso estudo se insere no campo da histria do tempo presente dialogando com os estudos sobre mulheres de direita de Margareth Power e de antifeministas de Rachel Soihet.
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