Resumo: A anlise da dimenso histrica das narrativas literrias, a partir de relaes simbiticas e interaes incessantes entre textos e contextos de produo intelectual, fornece o objetivo central e escopo de interesse deste simpsio temtico. So contemplados, em especial, trabalhos que dialoguem com as relaes entre a literatura e as formas de lembrar, ao compreender as narrativas ficcionais a partir de seus vnculos com as operaes de memria, as escritas autorreferenciais e a dimenso autobiogrfica do literrio, isto , na sintonia refinada entre as experincias concretas e trajetrias de literatos e romancistas e sua produo cultural. Ademais, o simpsio visa incorporar pesquisas que articulem os vnculos entre a cultura literria e os imaginrios polticos, ao contemplar a ficcionalidade enquanto via de problematizao de embates e defesas polticas, das formas de interpretao e interveno no mundo social, bem como do estudo das sensibilidades, notadamente das formas de ver, sentir e pensar em determinados contextos histricos.
Bibliografia:
BACZKO, Bronislaw. A imaginao social. In: LEACH, Edmund (et. al.) (org.). Anthropos-Homem. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985.
CERTEAU, Michel de. A escrita da histria. Rio de Janeiro: Florense Universitria, 1982.
GUIMARES, Manoel. Histria e narrativa: historicizando o debate. In: LUSTOSA, Isabel (org.). Imprensa, histria e literatura. RJ: Casa de Rui Barbosa, 2008.
KALIFA, Dominique. Escribir uma historia del imaginario (siglos XIX-XX). Secuencia, v.105, pp.1-17, 2019.
PESAVENTO, Sandra Jatahy; LANGUE, Frdrique (orgs.). Sensibilidades na histria: memrias singulares e identidades sociais. Porto Alegre: UFRGS, 2007.
REVEL, Jacques. Recursos narrativos e conhecimento histrico. In: REVEL, Jacques. Histria e historiografia: exerccios crticos. Curitiba: Ed.UFPR, 2010. p.205-233.
SPIEGEL, Gabrielle. The Past as a Text. Baltimore: John Hopkins University, 1997.
STONE, Lawrence. The revival of narrative: reflections on a new old history. In: The past and the present. Boston: Routledge & Kegan Paul, 1981.
THOMPSON, E. P. Os romnticos. A Inglaterra na era revolucionria. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2002.
THOMPSON, E. P. William Morris. Romantic to Revolutionary. Pontypool: Merlin Press, 2011.
WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade na histria e na literatura. So Paulo: Companhia das Letras, 1990.
WILLIAMS, Raymond. The English Novel: From Dickens to Lawrence. Londres: Chatto & Windues, 1973.
ST 16 - Sesso 1 - Sala 16 - Dia 16/09/2020 das 14:00 s 18:00 513s32
Local: Sala 16
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Lais Bonamigo (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco), Keyla Patrcia da Silva Macena (FAFIRE - Faculdade Frassinetti do Recife)
Anlise da obra oitocentista rsula sob a perspectiva das categorias gnero e raa
Resumo:O presente artigo visa analisar a obra rsula, dat...
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Resumo:O presente artigo visa analisar a obra rsula, datada 1859, de Maria Firmina dos Reis, sob as perspectivas de gnero e raa. Objetiva-se, reconhecer as representaes e esteretipos femininos e negros presentes no romance, de modo a compreender a construo de personagens negras e do gnero feminino na dimenso do tempo e do espao em que esto inseridas. Pretende-se tambm, localizar circunstncias em que a historicidade das personagens exponha elementos polticos, sociais, econmicos e culturais da poca retratada.
Sendo essa uma pesquisa bibliogrfica, adotou-se a reviso literria como metodologia, com anlise de contedo construda com base nas categorias gnero e raa. As contribuies de Emlia Viotti da Costa (1999), Mary Del Priore e Renato Venancio (2016) e Heleieth Saffioti (2013) sustentam a compreenso do perodo histrico, enquanto a abordagem de Valentim Facioli (2001) referencia a discusso sobre o estilo literrio ao qual a obra de Maria Firmina dos Reis est integrada.
O presente estudo procura valorizar e compreender o primeiro romance de carter abolicionista escrito por uma mulher negra e liberal no perodo imperial e escravocrata. Desta maneira, espera contribuir para a construo de uma viso de mundo mais ampla e crtica, a fim de desconstruir a ignorncia sobre a historicidade dos fatos e o preconceito existentes.
O texto se divide em trs partes: A primeira retrata o contexto histrico social e literrio que caracterizou o perodo imperial do pas, alm de apresentar uma breve biografia da autora; a segunda resume a obra rsula, analisando as representaes negras e femininas; a terceira prope-se a estabelecer relaes entre os(as) sujeitos do perodo com os(as) sujeitos da sociedade atual, ressaltando a considerao da historicidade para compreender a influncia na contemporaneidade.
Intelectuais abolicionistas foram importantssimos e importantssimas para que o fim da escravido se tornasse possvel. Rememorar e estudar o primeiro romance abolicionista do pas escrito por uma mulher negra tentar compreender um perodo histrico e vislumbrar a possibilidade de analisar mais precisamente o nosso presente. Nesse sentido, por meio da anlise do romance, foi possvel refletir e compreender o texto literrio numa perspectiva histrica, como material relevante para o estudo social das relaes tnico-raciais e de gnero no Brasil contemporneo.
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Andra Camila de Faria Fernandes (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Sirva de prlogo: construo identitria nas apresentaes das obras poticas de Gonalves Dias
Resumo:Os prefcios, tambm chamados prlogos, avisos ao ...
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Resumo:Os prefcios, tambm chamados prlogos, avisos ao leitor ou advertncias, servem, de maneira geral, como uma espcie de introduo obra que o leitor tem em mos. Esses textos preliminares mediam a relao entre autor e leitor, apresentam a obra e a maneira como esta deve ser lida, sadam o leitor e a crtica e, de alguma forma, testemunham a exposio pblica da obra e as circunstncias de sua publicao. Tendo isso em mente, o objetivo do presente trabalho analisar os prlogos publicados por Gonalves Dias nas edies originais de seus Primeiros (1846/1847), Segundos (1848) e ltimos Cantos (1851), assim como o de suas edies reunidas, intitulada Cantos (1857), entendendo que esses textos nos permitem ar a criao de uma memria e uma identidade autoral que, confrontadas e comparadas com as narrativas ntimas existentes em suas cartas, nos permitiro ar as estratgias e mecanismos mobilizados pelo poeta no processo de construo de sua memria. Nesse sentido confrontaremos registros de uma narrativa oficial feita pelo poeta, tal como so os prlogos, com os registros de uma narrativa ntima, mas nem por isso menos importante como registro de construo identitria, tal como so as cartas, identificando e problematizando permanncias e contradies existentes nesses escritos.
Nesse sentido, se para Silvio Romero o prlogo de um livro de poesias era coisa dispensvel, para ns, pelo menos quando os prlogos e os livros em questo so os do poeta Gonalves Dias, eles so mais do que importantes, so fundamentais para a compreenso dos mecanismos de criao de identidade autoral desenvolvidos pelo poeta na escrita, publicao e divulgao de suas obras e para ns esses mecanismos tiveram um papel marcante na consolidao da memria que hoje conhecemos dele. Assim, analisaremos os prlogos de suas obras poticas procurando identificar como Gonalves Dias representava a si mesmo enquanto autor, que caractersticas frisava para si e o que parecia esperar da crtica especializada e do pblico leitor, porque os prlogos, enquanto, textos mediadores, nos permitem mapear esses jogos.
Essa perspectiva de anlise , na verdade, um dos focos do projeto do doutorado em curso atualmente no PPGH-UERJ sob o ttulo A fabricao do imortal: uma biografia intelectual de Gonalves Dias, cujo objetivo , identificar os mecanismos de construo e fixao de sua memria, procurando (re)significar autor e obra atravs da identificao dos mecanismos de construo e fixao da memria consagradora do escritor maranhense Antonio Gonalves Dias, procurando re-significar as relaes entre a elaborao da identidade autoral e sua produo letrada.
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Mri Frotscher (UNIOESTE)
Uma escrita de si entre dois mundos: o dirio de e/imigrao de Paul Schwarzer (Brieg - Colnia Brusque, 1862-1864)
Resumo:Esta apresentao trata do dirio que compreende...
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Resumo:Esta apresentao trata do dirio que compreende relatos de viagem - de Paul Schwarzer (1844-1906), o qual emigrou em 1862 aos 18 anos de idade da provncia da Silsia, ento Reino da Prssia, para o Sul do Brasil. Ele primeiramente permaneceu na colnia So Loureno, na provncia de So Pedro do Rio Grande, e quase um ano e meio depois se instalou com a famlia, que tambm emigrou depois dele, na colnia Itajahy (colnia Brusque), provncia de Santa Catarina.
O dirio foi manuscrito em lngua alem entre setembro de 1862 e fevereiro de 1864, num total de 220 pginas. Em razo de ser uma narrativa de quem partiu de seu pas para noutro se instalar, o intuito apresentar uma anlise prvia dessa narrativa autobiogrfia a partir do lugar social do autor e de sua condio de e/imigrante. O acento da no a descrio da viagem pelo Atlntico e, depois, os deslocamentos no Sul do Brasil, um tema por si s, nem o cotidiano da vida na colnia So Loureno, onde primeiro se estabelece, mas os momentos decisrios importantes desde a despedida, que o levam a ficar ou a deixar os locais por onde a at reencontrar a famlia.
O dirio inicia com a aventura que ele inicia sozinho, a partir da despedida do pai. Essa situao e a amplitude de seu projeto se dirigir para a Amrica do Sul tem relao com a razo de comear a escrever este dirio. Esta escrita de si premeditada, pois ele leva consigo um volume com folhas sem pauta, no qual a a escrever por, pelo menos, um ano e cinco meses, at se instalar com a famlia em Brusque. O dirio e para o autor narrar suas experincias, mas tambm expressar sensibilidades e angstias, em funo de incertezas sobre a emigrao e reunio com a famlia. Assim, a narrativa do dirio permite ao leitor apreender no apenas o que foi vivido, mas tambm o que se queria ter feito, o que no se efetivou, as escolhas e condicionantes do projeto emigratrio amiliar. A e/imigrao se apresenta como um campo de possibilidades, constantemente avaliada e reavaliadas. Esta apresentao se vincula ao projeto de pesquisa Um estudo sobre cartas e dirios de e/imigrantes: microhistria e conexes entre o local e o global, financiado pelo CNPq.
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Evander Ruthieri S. da Silva (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Aventura, poltica colonial e literatura em At Home in the Transvaal (1884), de Mary Ann Carey Hobson
Resumo:Na segunda metade do sculo XIX, a escrita de roma...
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Resumo:Na segunda metade do sculo XIX, a escrita de romances aventurescos estava fortemente associada legitimao pblica das polticas coloniais na frica do Sul, apresentando-as ao seu pblico leitor enquanto possibilidades de ascenso socioeconmica e protagonismo poltico. Por meio das narrativas literrias, a conquista de outros territrios era delineada a partir dos sentimentos e sensibilidades de seus articulistas, com frequncia atrelando as paixes polticas (expresso de Pierre Ansart) da expanso colonial ao de homens jovens e viris. O estudo em questo segue uma direo diferente, e concentra-se na literatura aventuresca de autoria feminina, com nfase no romance At Home in the Transvaal (1884), da escritora Mary Ann Carey Hobson (1832-1911). Por meio de seu romance, ambientado durante a guerra sul-africana de 1880-1881, e que resultou na perda da Colnia do Transvaal para os beres, Hobson detalha o cotidiano de homens e mulheres que, em busca de oportunidades econmicas, abandonam a metrpole para lanar-se sorte na minerao de diamantes ou na economia agrcola. A partir de um aporte terico-metodolgico inspirado na histria cultural e na histria poltica, a anlise detm-se sobre o romance de aventura a partir dos entrelaces estabelecidos com os embates polticos e conflitos intertnicos decorrentes do processo de ocupao territorial e formao nacional da frica do Sul, sobretudo no contexto das prticas polticas coloniais ao longo do sculo XIX. Por meio de sua literatura, Carey Hobson vislumbra uma aproximao entre britnicos e beres na construo da identidade nacional sul-africana, vinculando-a ao controle de terras e populaes africanas, relegadas na narrativa condio de mo de obra nos campos de minerao e fazendas. Simultaneamente, projeta certos espaos de protagonismo feminino nas sendas do colonialismo, tanto por meio de suas personagens britnicas e beres, quanto por sua atuao em um campo editorial e gnero literrio que era visto, naquele perodo, como exclusivamente masculino.
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Flvio Luan Freire Lemos (UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)
Bezerra de Menezes: poltica e representaes sertanejas em sua escrita romanesca (1880-1900)
Resumo:Pensar o Espiritismo no Brasil como objeto de pesq...
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Resumo:Pensar o Espiritismo no Brasil como objeto de pesquisa nos deparar, em algum momento, com um universo literrio de natureza doutrinria. A literatura foi e ainda um instrumento bastante importante na construo do que, por volta do incio do sculo XX, no Brasil, tornou-se uma religio baseada nos escritos de Allan Kardec. Na vanguarda da produo literria e romanesca de cunho esprita, temos o cearense Adolfo Bezerra de Menezes, um dos fundadores da Federao Esprita Brasileira FEB, como um intelectual bastante importante nessa consolidao do aspecto religioso do Kardecismo. Multiprofissional, Bezerra foi uma figura com grande circularidade na capital imperial. Todavia, foi enquanto parlamentar do Partido Liberal na Cmara Municipal da Corte e deputado no Parlamento Imperial, entre os anos de 1861 a 1885, que se deu o incio da sua visibilidade pblica, sobretudo nas pginas dos jornais cariocas. Importante frisar as poucas investigaes existentes acerca desse aspecto de sua biografia, mesmo em trabalhos mais contemporneos, como dos historiadores Marcos Marques (2015), Daniel Valle (2010) ou da sociloga Clia Arribas (2010), possuem recortes especficos, sobre sua vida enquanto mdico, abolicionista e lder esprita respectivamente. O objetivo da pesquisa localiza-se na compreenso do sujeito Bezerra de Menezes, e suas concepes polticas, atravs da sua escrita romanesca. Busca-se compreender suas estratgias argumentativas para a construo, por via da literatura, dos sertes nortistas do pas e o uso dessa plataforma como discurso poltico, realizando crticas a sociedade da corte e sua respectiva estrutura poltica. Para tanto, se buscar identificar as representaes sobre os sujeitos e prticas, assim como elementos autobiogrficos nas narrativas produzidas. Utilizamos do texto literrio como meio de ar essas representaes, realizando as devidas crticas e localizando-o dentro de um recorte histrico. Nossa hiptese que atravs dos folhetins romanescos A Casa Assombrada, A Prola Negra e O Evangelho do Futuro publicados no Reformador entre 1888 a 1911, Bezerra de Menezes extrapolou a inteno meramente doutrinria, ou seja, de divulgao dos escritos do Allan Kardec, realizando exerccios de reflexo poltica, revisitando suas pautas parlamentares, como tambm rememorou sua infncia por meio de relatos autobiogrficas, na constituio dos sujeitos e prticas dos sertes nortistas.
Palavras-chave: Histria do Espiritismo. Literatura Esprita. Bezerra de Menezes.
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Gislane Cristiane Machado Trres (Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia (IFPI))
Entre Tradio e Inveno: geraes literrias na Academia Piauiense de Letras
Resumo:O texto objetiva discutir sob o ponto de vista his...
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Resumo:O texto objetiva discutir sob o ponto de vista historiogrfico o processo de construo do quadro de scios imortais da Academia Piauiense de Letras (Casa de Lucdio Freitas) tomando como ponto de partida a insero (ou no) dos grupos e geraes literrias nesta instituio. Fundada em fins de 1917, a Academia Piauiense de Letras objetiva o desenvolvimento literrio, cientfico e artstico do Piau e, com um processo de isso atrelado ao fim de mandados vitalcios e ao reconhecimento das qualidades literrias pelos j imortais, a Academia Piauiense de Letras tenciona reunir em seus quadros um conjunto de indivduos que publicaram obras de reconhecido valor em qualquer rea do saber. Em A Escrita da Histria, ao discorrer sobre elementos constituintes da operao historiogrfica, Michel de Certeau chama ateno para as relaes entre lugar social, prticas dos sujeitos e as escritas forjadas a partir desta interao. Tomando a Academia Piauiense de Letras como um lugar de saber-poder que constri narrativas e imagens sobre si, analisamos os processos de recrutamento de escritores como uma estratgia capaz de propiciar a inscrio desta como instituio representativa da intelectualidade local. Equilibrando-se entre a preservao de uma tradio literria e a insero literatos e escritores representativos de novas formas de escrita, a Academia Piauiense de Letras agrupa representantes de diferentes geraes e grupos literrios. Considerando as reflexes de Jean-Franois Sirinelli sobre os conceitos de gerao e intelectual nossos questionamentos so: Quais geraes literrias esto presentes na Academia Piauiense de Letras? Quais proximidades e distanciamentos estas geraes apresentam entre si? Como se configuram as disputas de poder e os conflitos de memrias dentro desta instituio? Acreditamos que refletir sobre tais processos so importantes para melhor compreenso da dinmica interna desta instituio, bem como do entendimento do lugar distinto que esta ocupa no cenrio cultural piauiense. Michel de Certeau, Jean-Franois Sirinelli, Pierre Bourdieu e Regina Ziberman compem o aporte terico-metodolgico desta anlise.
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Juscelino Barros da Silva Filho (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)
A recusa da escola e a saudade do Engenho
Resumo:Pretendemos analisar algumas significaes espacia...
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Resumo:Pretendemos analisar algumas significaes espaciais literrias. O espao escolar no romance de Jos Lins do Rego, Doidinho (1933), apresenta significaes espaciais relacionadas a uma viso de mundo senhorial das elites Nortistas. Nossa pretenso problematizar tais significaes presentes em romances que foram elaborados na temtica memorialstica da educao dos primeiros anos de Jos Lins, e na medida do possvel tambm relacionamos com a produo de alguns intelectuais do Nordeste. Mostraremos as relaes de poder e de saber relacionadas a emergncia de um discurso pejorativo do espao escolar da infncia, em especial, a partir de uma anlise da literatura de Jos Lins do Rego. A anlise das dimenses simblicas dos espaos requer o princpio da historicidade. Os significados atribudos a uma espacialidade so forjados sempre a partir de dadas condies histricas, produzidas em determinados momentos. Um ambiente histrico est sempre proporcionando espacialidade. Podemos tratar a dimenso simblica dos espaos analisando no s as imagens construdas ou seus significados, mas, sobretudo, o ambiente onde foram construdas. Investigar os espaos tambm reconstruir as condies de possibilidade que permitiram suas valoraes de uma determinada maneira. Pretendemos partir destas literaturas e desses simbolismos para pensar uma determinada sensibilidade saudosista do ado senhorial do ponto de vista poltico. Tal pesquisa tem por objetivo fazer uma histria das mentalidades e das sensibilidades. A concluso deste artigo nos leva a pensar na relao que os espaos literrios possuem com as relaes de poder travadas no ambiente histrico de quem as elaborou, as significaes espaciais sejam elas ficcionais ou no fazem parte da teia de relaes sociais que estamos inseridos. Os significados que damos aos espaos, nos servem at mesmo como parmetros referenciais aos nossos os, servindo ento como base para nossas aes.
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Artur Vitor de Arajo Santana (UFPRE)
O vaqueiro nas letras: A construo da paisagem nacional em Eurico Alves Boaventura
Resumo:Historicamente o vaqueiro foi representado de dife...
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Resumo:Historicamente o vaqueiro foi representado de diferentes formas na literatura. Nesse trabalho temos como objetivo analisar a imagem vaqueira construda por Eurico Alves Boaventura, em Fidalgos e vaqueiros. O ensaio foi escrito entre 1952-1957, mas foi publicado aps a morte do escritor, apenas em 1989. No processo de escrita da obra, a paisagem nacional ganha destaque, por tomar o vaqueano como protagonista no processo de interiorizao da nao, se tornando personagem central na construo do Brasil. Para o poeta feirense, o vaqueiro seminalmente haveria construdo o espao, como se antes da interveno humana, eram apenas pginas em branco. A narrativa euriquiana apresenta uma imagem particular de nao, pautada nos dizeres de uma Bahia sertaneja e centrada no aboio do vaqueiro viril. Como o prprio escritor aponta em seu livro, o impulso civilizador [...] eram as slabas iniciais de uma grande crnica de civilizao (BOAVENTURA, 1989, p. 50), que foi tecida pelo boi, o vaqueiro e os currais. As palavras do discurso do ensasta montam uma forma de ler e dizer o pas, que toma a regio do pastoreio, no interior da Bahia, como lcus da narrativa de origem do Brasil. Em Boaventura, a nacionalidade foi construda a partir do gesto seminal do vaqueiro em penetrar a terra aivada/em repouso, que necessitava da sua insero viril para a construo social brasileira. Foi observado, que nesse processo, muito influenciado pelas leituras sobre psicanlise e sexualidade de Eurico Alves, o vaqueano exerceu o papel de colonizador. Apenas o mestio (do branco com o indgena), com suas caractersticas aclimatadas, foi capaz de entrar no serto e povo-lo. O homem branco, na viso do autor, se acomodou no litoral, se tornando os preguiosos senhores donos das fazendas de cana de acar.
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ST 16 - Sesso 2 - Sala 16 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 306x5p
Local: Sala 16
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Dbora Faccin (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Sculo XX e exlio na autobiografia de Stefan Zweig: algumas revises
Resumo:Esta comunicao prope trazer para discusso os r...
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Resumo:Esta comunicao prope trazer para discusso os resultados do Trabalho de Concluso de Curso intitulado Wohin, para onde? Exlio e ruptura na escrita de Stefan Zweig defendido em 2019, bem como os questionamentos e debates propostos pela banca examinadora. Ele se monta como uma resposta s possibilidades e anlises que ainda podem ser realizadas, s sempre necessrias revisitas do historiador aos seus escritos e, especialmente, com a proposta de compartilhar os estudos realizados at ento e angariar sugestes tericas e metodolgicas quanto sua continuidade. O debate gira em torno da obra Autobiografia: O mundo de ontem escrita em 1942 por Stefan Zweig, autor nascido no final do sculo XIX, ainda no Imprio Austro-Hngaro. Em sua obra, Zweig manifesta as grandes transformaes do cenrio europeu no sculo XX e a sua experincia enquanto intelectual judeu e austraco: Vivencia o fim do Imprio Austro-Hngaro, a Primeira Guerra Mundial, e se v obrigado a exilar para a Inglaterra s vsperas da Segunda. Com o incio da Segunda Guerra Mundial, atravessa o Atlntico deixando a Europa em direo aos Estados Unidos e, mais tarde, ao Brasil. Antes gentleman da burguesia vienense, Zweig se torna exilado, um aptrida. Quando escreve Autobiografia: O mundo de ontem, intenta traduzir para a linguagem a sua experincia, sabendo que no falava apenas de si, mas de uma gerao inteira. Como toda obra, que escapa das rdeas da intencionalidade e transborda, O mundo de ontem vai alm do que pretende o autor e revela sua busca por ressignificao em meio a um mundo no qual j no se reconhece, um mundo de rupturas. O mundo de ontem, o qual Zweig sepulta e ao mesmo tempo eterniza em sua obra, protegendo-o contra a corrosividade do tempo, no apenas sobre uma Europa dourada que jaz em runa pelas guerras, mas tambm sobre um homem que um dia se via dourado e agora no reconhece mais sua cor. A experincia de Stefan Zweig, enquanto intelectual europeu, judeu e exilado, representa muito. Estampa o ideal de segurana da Belle poque e o otimismo ilustrado, a crena na razo, na cincia e no progresso e a devastao de todos estes ideais. Reflete a ruptura do pensamento europeu contemporneo que perde todos os seus referenciais, expe o triunfo do devir, da provisoriedade, a descrena no ser humano e nas suas verdades. Portanto, ao longo deste trabalho, pretendemos reconhecer e apreender na obra O mundo de ontem, de Stefan Zweig, as rupturas do sculo XX e um dos seus marcos mais expressivos: o processo de exlio de milhares de refugiados dos governos totalitrios s vsperas da Segunda Guerra Mundial.
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Lucas Eduardo de Souza Ferreira (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora)
Carlos Drummond de Andrade e o Estado Novo: uma anlise historiogrfica do conjunto de sua produo potica - de 1940 a 1945
Resumo:Resumo
Minha proposta de trabalho investigar al...
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Resumo:Resumo
Minha proposta de trabalho investigar alguns livros Carlos Drummond de Andrade que vieram a lume durante o perodo em que fora chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educao no Estado autoritrio constitudo por Getlio Vargas em 1937 a partir do golpe, que inaugura o regime poltico de exceo conhecido por Estado Novo brasileiro. Estou me referindo aos livros Sentimento do mundo de 1940, Jos de 1942 e A rosa do povo de 1945. Em linhas gerais, nessas obras o poeta demonstra uma faceta at ento pouco explorada em suas poesias. O bucolismo, patriarcalismo, individualismo, e outras caractersticas formais e temticas que marcaram suas obras anteriores, isto , Alguma poesia de 1930 e Brejo das Almas de 1934 do lugar a uma percepo mais participante, poltica e socialmente. O contexto era extremamente delicado, recortado pelos infortnios da Guerra Mundial, tendo ado pela sangrenta Guerra Civil espanhola, pela Crise de 1929, pela ascenso fascista e totalitria, sobretudo no velho continente, mas tambm em outras partes do planeta. No Brasil, a despeito das peculiaridades do regime, h deveras uma relao fina com esses movimentos.
Meu objeto, portanto, so as obras de Drummond e o prprio sujeito histrico. Junto a eles fiz uma coleta de cartas que foram trocadas por Drummond com Mario de Andrade, Murilo Mendes, Cyro dos Anjos, Gustavo Capanema, entre outros.
As bases tericas que norteiam a pesquisa provem sobretudo da chamada Histria Cultural, principalmente os trabalhos de Chartier e de Sandra Jatahy Pesavento. Para me ajudar a entender a lrica drummondiana e melhor fundamentar a anlise dos poemas estabeleo um dilogo com Antonio Candido e Iumna Simon, ambos referencias imprescindveis para o estudo da literatura drummondiana.
Os objetivos com essa pesquisa so vrios. As perguntas so muitas. Primeiro gostaria de delinear como Drummond (selecionado como objeto principal, pela sua importncia tanto poltica, quanto intelectual, e sua postura oblqua, austera, disfarada) se posiciona politicamente atravs da poesia, cartas, contos e fragmentos escritos nos anos em que esteve frente do gabinete de Gustavo Capanema. Segundo entender como e porque mesmo discordando ideologicamente do Estado Novo ele demonstra isso atravs de cartas, bem como sua inclinao intelectual ao comunismo permaneceu durante toda durao desse regime at sua derrocada em 1945. Por ltimo, no menos importante, e que constitui a base de todo o projeto, analisar as estruturas lingusticas, as figuras de linguagem usadas pelo poeta, de modo que isso ficasse tcito, disfarado, e fosse desprezado ou desconhecido pelo Estado autoritrio getulista.
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Leandro Antnio dos Santos (Servio Social da Indstria)
Entre a Zona norte e a Zona sul do Rio de Janeiro: ao correr da pena pulsa a cidade romntica de Nelson Rodrigues.
Resumo:Este artigo pretende diagnosticar a relao de Nel...
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Resumo:Este artigo pretende diagnosticar a relao de Nelson Rodrigues e sua fico jornalstica como matria prima elementar tendo a cidade do Rio de Janeiro na elaborao de uma percepo do cotidiano das ruas e mudanas comportamentais. Os contos analisados fazem parte do contexto da dcada de 1950 escritos em sua coluna diria A vida como ela ... mas que trazem em sua construo a viso romntica do jornalista ao perceber a sociedade carioca em um clima de intensas mudanas estruturais mas que traz consigo o pessimismo e a nostalgia da belle poque carioca que emoldura as relaes sociais dentro de um ordenamento social mais coeso e moralista, perodo este que o jornalista traz como presena temporal em sua escrita. Permeando esse sentimento de ado que no se foi ou de apego as relaes mais tradicionais da cidade, o jornalista capta os sinais, indcios e detalhes a partir do paradigma indicirio de Carlo Ginzburg, no seu olhar atento para um presente fugidio e que se transforma na sua tica ficcional. Alm de deixar um vasto legado teatral e modernizado forma de encarar a dramaturgia contempornea, Nelson Rodrigues tambm fez carreira no jornalismo, ao transpor sua experincia romntica para as notcias dirias publicadas na famosa coluna A vida como ela ...
Na verdade, a escrita dos contos jornalsticos so uma agem para uma srie de peas que procuram tematizar a cidade do Rio de Janeiro a partir de suas personagens que adensam as chamadas tragdias cariocas; onde o dramaturgo refaz seu caminho narrativo migrando de temas eminentemente psicolgicos para uma abordagem mais urbana de suas peas, se voltando para a realidade a sua volta tendo a cidade mais visvel ainda em seus dramas.
Nesses contos o autor deixa clara a forma como a cidade participa ativamente dos dramas cotidianos dos seus moradores e induzem a situaes que contradizem a moral vigente. inerente que a cidade envolve os personagens rodriguianos, a fim de que cada um possui um destino traado, mas que as transformaes que se avolumam na dcada de 1950 permitem um relativismo da ordem natural das coisas, fazendo que o trnsito de pessoas dentro de interior permita uma reconfigurao de valores pautados pela tradio e moralidade.
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Valter Guimares Soares (Universidade Estadual de Feira de Santana), Eliane de Jesus Costa (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
TODO POBRE AGORA J VIROU NEGRO": tenses entre raa e classe no romance Jubiab.
Resumo:Perodo de redescoberta do Brasil e de emergncia ...
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Resumo:Perodo de redescoberta do Brasil e de emergncia de novas configuraes do nacional, os anos de 1930 foram marcados pela ampliao dos debates acerca da identidade brasileira, desdobrando para formulaes sobre a nossa composio tnico-racial. No campo da cincia destacam-se os estudiosos da chamada gerao de 30, cujas obras, sejam elas de perfil mais historiogrfico (Srgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado), sejam de cunho scio-antropolgico (Arthur Ramos e Edison Carneiro), colocam em cena a populao e a cultura negra, discusso que se amplia com a realizao de dois Congressos Afro-brasileiros, nos anos de 1934 e 1937, e a organizao e aes dos movimentos negros, a exemplo da publicao de jornais e revistas. Por sua vez, a literatura no fica margem do tempo, voltando-se para questes socioculturais e inscrevendo-se no conjunto de textos que instauram novas formas de regionalismo e renovadas maneiras de pensar e sentir o que o Brasil e o que ser brasileiro, a partir de um iderio e uma imagtica do que seria a modernidade e a modernizao.
Neste contexto, na primavera de 1935, foi lanado na cidade do Rio de Janeiro o romance Jubiab, do ento jovem escritor baiano Jorge Amado. A narrativa conta a trajetria do negro Antnio Balduno, desde a infncia vivenciada na comunidade negra e pobre no Morro do Capa Negro at o despertar da conscincia de classe e a participao na greve de estivadores na cidade da Bahia. Por ocasio do seu lanamento, a recepo crtica do romance oscilou entre duas perspectivas: uma que apontava a colocao do negro e a questo racial como temas que transgrediam as pginas da cena literria na dcada de 1930; outra, que enfatizava o carter da pedagogia e propaganda poltica inscrito no romance, acentuando a sua dimenso utpica em direo transformao social e s causas coletivas. Com efeito, as questes de raa e de classe so colocadas em tenso na obra, a um s tempo operao de reescrita da histria e de pedagogia poltica com vistas formao de subjetividades revolucionrias, deixando mostra uma influncia do marxismo como modelo de interpretao do mundo social e como agenda de atuao poltica.
Considerando o discurso literrio como uma leitura possvel no processo de recriao do real e postulando que uma poca no apenas escreve mas tambm se inscreve nos textos, neste trabalho objetivamos apresentar uma leitura do romance Jubiab, destacando como nele se tece a tenso raa-classe, ao tempo em que, atentos historicidade da produo, buscamos rastrear as relaes (e implicaes) entre tica, esttica e poltica que habitam a narrativa.
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Jossefrania Vieira Martins (IFCE - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Cear)
O Rei Degolado e a Revolta de Princesa: reflexes sobre memria e histria intelectual luz do romance de Ariano Suassuna
Resumo:Esta proposta de comunicao tem como objetivo apr...
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Resumo:Esta proposta de comunicao tem como objetivo apresentar alguns resultados da minha pesquisa de Doutorado que resultou na tese Pelejas de um sonho de escritura: um olhar sobre a histria intelectual de Ariano Suassuna luz de seus romances (2020). Intelectual reconhecido dentro e fora do Brasil, Suassuna (1927-2014) comeou a ganhar destaque ainda nos anos 1950 com os tons humorsticos de seu teatro como em sua pea mais famosa: o Auto da Compadecida. No entanto, sua obra vasta e compreende ainda experincias com a poesia e o romance. Neste ltimo gnero, ele planejou um projeto literrio, ao qual conceituo como um sonho de escritura. Em tal projeto um dos elementos referenciais e estruturantes foi o seu pai, Joo Suassuna, cuja vida pblica encontra-se entrelaada ao contexto da poltica oligrquica que marcou aquela poca e que tinha no coronelismo o seu modus operandi. Nele, um evento local merece ateno: a Revolta de Princesa (1930) com participao dos Suassunas. A memria desse mundo pr-1930 plasmado no culto figura paterna foi compartilhada por sua famlia e consumida por Ariano ao longo da vida. Tais eventos, destinos e lugares de trauma se fazem presentes especialmente em um de seus romances: Histria de um Rei Degolado nas caatingas do serto: Ao sol da Ona Caetana e As infncias de Quaderna (1975-1977). Idealizada como uma continuao do Romance dA Pedra do Reino, esta narrativa mergulha na contextura daqueles eventos com uma forte carga autobiogrfica. Escrito nos anos 1970, ou seja, num perodo de intensa atividade intelectual de Suassuna, o Rei Degolado um evento importante na trajetria desse escritor. Primeiro por ser um espao narrativo de enfrentamento do trauma; em segundo lugar, porque foi publicado no modelo de folhetim semanal no jornal Dirio de Pernambuco; e por ltimo porque ele no foi concludo e coincidiu com um perodo de crise de autoria de Ariano que o levou ao afastamento das atividades literrias e pblicas ainda nos anos 1970. Estes e outros aspectos tornam o romance Rei Degolado um tema-problema em potencial e um captulo fundamental para a compreenso da histria intelectual de Ariano Suassuna. Por conseguinte, exploraremos essas nuances da histria intelectual com a literatura problematizando os limites e as possibilidades da construo da autoria. Nesse percurso interpretativo, nossa companhia terico-metodolgica composta pelas reflexes de Michel Foucault, Giorgio Agamben e Roland Barthes no que diz respeito desconstruo da autoria; Dominik LaCapra e David Halan para refletir sobre as conexes entre histria intelectual e literatura; e Pierre Nora e Michael Pollack para repensar os lugares e aspectos da memria.
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Natlia Ferreira de Sousa
Famlia e Masculinidade em O. G. Rego de Carvalho
Resumo:Relaes de gnero, famlia e seus papis na socie...
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Resumo:Relaes de gnero, famlia e seus papis na sociedade so temas que h muito despertam interesse nos historiadores. So eles referncias de perodos, configuraes da sociedade que mudam suas funes e alteram seus valores em pocas diferentes. Como portadora de uma ordem social, essas relaes produzem sensaes variadas, ora de afetos ou desprezo, ora de poder ou de dominao. Elas demonstram, assim, verdades sobre diferentes camadas sociais e suas particularidades, formando imagens sobre a forma como se dava a convivncia nestas e seu cotidiano. a partir dessa viso, que o presente trabalho pretende analisar questes sobre famlia e masculinidade na obra Somos Todos Inocentes (1971), de O.G. Rego de Carvalho. A histria se a na cidade de Oeiras, antiga capital piauiense, no ano de 1929, e apresenta a dinmica de uma sociedade provinciana, onde os personagens parecem presos a uma ordem social antiga, de mando senhorial, de tradies veladas e das fofocas dirias. S que, diferente dos romances que retratam a figura masculina sertaneja como forte, comandando a casa, sendo responsvel por seu sustento e bem estar, a exemplo de Vidas Secas e O Quinze, os homens de O. G. Rego so dependentes de suas mulheres tanto fsica quanto emocionalmente. So elas as responsveis pelas decises principais da histria, delas vem a redeno dos homens e sua salvao. A questo familiar pera essas noes e o ser masculino aparenta uma posio secundria nela. Ao querer se exprimir sobre os principais pontos que mais o marcaram de sua cidade natal e dos ressentimentos que o afetaram, O.G. Rego acaba por construir uma obra que diversifica os olhares sobre homens e famlia nas dcadas iniciais do sculo XX, que coloca esses objetos na contramo de um imaginrio popular, de lares patriarcais e de mulheres submissas e frgeis. Desse modo, alm do livro fonte aqui utilizado, jornais da poca e obras de outros autores piauienses so usados para a construo de um contexto local. O aporte terico fica por conta do dilogo com autores como Teresinha Queiroz, Pedro Vilarinho, Maria Izilda e Durval Muniz.
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Fernanda Gallinari Machado Sathler Mussi (Colgio Academia)
O Poltico que era escritor ou o escritor que era poltico? A trajetria literria de Carlos Lacerda (1964-1977).
Resumo:A trajetria de Carlos Lacerda s vezes se confund...
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Resumo:A trajetria de Carlos Lacerda s vezes se confunde entre a poltica e as suas produes literrias. Suas obras, apesar de no serem inteiramente uniformes, tratavam-se quase sempre de temas polticos. Lacerda foi um dos grandes nomes da poltica conservadora, com certo cunho liberal, do sculo XX. Sero discutidas algumas obras relevantes de autoria desse personagem, para defender a hiptese de que a literatura lacerdista estava sendo feita propositalmente para expor suas concepes sobre a poltica vigente, mesmo em meio s censuras impostas pelos militares. Em resumo, interessa aqui construir a trajetria do discurso poltico de Lacerda ps-Golpe Militar, utilizando, contudo, as obras literrias do sujeito aqui abarcado para estudo. Alguns ttulos que sero abordados so: A casa do meu av, 1977; Desafio e Promessa, o Rio So Francisco, 1964; Uma Rosa, uma rosa, uma rosa, uma rosa, 1965; Ideias polticas: Brasil entre a verdade e a mentira, 1965; Palavras e ao,1965; O Co Negro, 1971; e Em vez; publicado pela primeira vez em 1975. Algumas dessas obras so colees de artigos ou notcias publicadas no Tribuna da Imprensa, ou em outros jornais, como o Correio da Manh; portanto, nem sempre elas foram escritas nesse intervalo de tempo (1964-1977). indiscutvel a relevncia da Literatura como uma importante fonte histrica. Portanto, indito, retratar um personagem de tamanha importncia e centralidade na poltica brasileira do sculo ado, dentro de suas prprias produes, escritas em um perodo "singular" do cenrio do pas no qual a censura era algo real e punitiva, o que gerava um desconforto e produes intelectuais refletidas em metforas e fraseios. Todos os intelectuais da poca, foram obrigados a produzirem apenas memrias coerentes com o governo vigente da poca, e para Carlos Lacerda no foi diferente. Cabe a esse trabalho, entender, como foi essa desvinculao desse poltico com os militares de 1964 e suas reaes dentro de suas prprias obras.
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Maria Isabel Pia dos Santos (UFPB - Universidade Federal da Paraba)
Represso aos cultos afro-brasileiros na Paraba representada na pea teatral Cemitrio das Juremas (1975)
Resumo:O fenmeno religioso lido a partir do dilogo entr...
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Resumo:O fenmeno religioso lido a partir do dilogo entre a histria e a literatura suscita algumas questes: quais so os dilogos possveis entre essas? Ou melhor, em que momentos se conectam para fornecer uma compreenso histrico-social de uma poca, de uma acontecimento? Como as narrativas literrias podem contribuir para a compreenso da leitura do ado? Muitas problemticas podem ser levantadas para analisar a relao entre ambas. De antemo, pode-se dizer que as narrativas literrias, tidas como fontes histricas, transmitem (re) leituras de diversas realidades ou percepes de mundo, leituras sobre os/as personagens e suas relaes, o contexto (espaos) em que a trama aconteceu e os possveis conflitos surgidos nesse, a conexo com a realidade. A partir disto, este ensaio tem o propsito de expor uma breve discusso terica acerca das relaes entre histria e literatura para o estudo do fenmeno religioso. Outrossim, tem-se como objeto de estudo a pea teatral Cemitrio das Juremas, de Altimar de Alencar Pimentel, a fim de identificar: como a represso aos cultos afro-brasileiros na Paraba representada na obra; quais so as leituras que o autor faz da intolerncia religiosa, dos conflitos sociais, do preconceito, da violncia simblica e da dessacralizao de espaos (ou o esvazeamento de sentidos sagrados desses), etc.; como a cultura afro-religioso local representada na obra ou como esta histria reapresentada, recontada, nesta pea teatral. A priori, a obra vai problematizar a presena destas religies na sociedade paraibana, especialmente, no municpio de Alhandra, a questo da represso policial a estes cultos, bem como as posies e os embates dos/as adeptos/as (sujeitos religiosos) ante as investidas policiais. A narrativa propicia diversas leituras possveis para entender como se d as controvrsias expostas na pea teatral, permite ainda adentrar melhor em outros universos de anlise para abstrair informaes sociais, polticas, econmicas e, em especial, o fenmeno religioso embutido no tecido social.
Palavras-chaves: Histria. Literatura. Represso. Cultos afro-brasileiros. Pea teatral Cemitrio das Juremas. Paraba.
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Juliano Lima Schualtz (03)
Da Instabilidade Morte do Homem: Niilismo e Memria na Trilogia do Desespero de Evandro Affonso Ferreira.
Resumo:O poster, primeiramente, pretende expor algumas li...
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Resumo:O poster, primeiramente, pretende expor algumas linhas sobre a Literatura Brasileira Contempornea, esse territrio contestado (Delcastagn, 2013), e seus possveis pontos de encontro com a Histria. Partindo de um contexto marcado pela narrativa de sujeitos excludos, entendemos que a entrada desses sujeitos na cena literria opera a partilha do sensvel (Rancire, 2005), despontando um investimento poltico atrelado a um investimento esttico.
Em seguida, analisar a Trilogia do Desespero do escritor Evandro Affonso Ferreira, composta por trs livros, o primeiro chamado Minha me se matou sem dizer adeus (2010), em seguida O mendigo que sabia de cor os adgios de Erasmo de Rotterdam (2012) e Os Piores dias de minha vida foram todos (2014). Sendo assim, problematizando os elementos comuns aos trs livros, ou seja, as narrativas de personagens excludas e suas relaes com o luto, morte e a melancolia em um contexto de precarizao da vida e temporalidade neoliberal (Turin, 2019).
Por fim, enfatizando a reflexo sobre o luto como sensibilidade, ser desenvolvida a partir da filsofa Judith Butler, visando compreender o luto como poder de subverso da memria, por outro lado, as vidas precrias e a ausncia construda historicamente da comoo e inscrio de certos corpos em circuitos de reconhecimento. Esses conceitos sero investigados no cruzamento interdisciplinar entre Histria, Filosofia e Literatura com a finalidade de anlise da Trilogia do Desespero.
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ST 16 - Sesso 3 - Sala 16 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 152o3i
Local: Sala 16
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Lcio Geller Junior (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
O historiador e o nufrago: Gabriel Garca Mrquez luz dos debates sobre histria pblica e oral
Resumo:Ao lado do escritor de obras com reconhecimento in...
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Resumo:Ao lado do escritor de obras com reconhecimento internacional, que tornaram-se best-sellers, como Cem anos de solido (1967), h, igualmente, em Gabriel Garca Mrquez (1927-2014), um notvel jornalista e ativista poltico. parte destes xitos, outra obra, composta antes desta que lhe rendeu o Nobel de Literatura em 1982, exemplo, justamente, de outro gnero narrativo do autor: a reportagem. Narrada em primeira pessoa, Relato de um nufrago (1970) foi dividida em 14 partes e publicado diariamente pela primeira vez no jornal El Espectador na dcada de 50, no qual Garca Mrquez trabalhava como reprter, at ser relanado em formato de livro em 1970. O personagem principal, entrevistado em vinte sesses pelo autor, um marinheiro, chamado Luis Alejandro Velasco. nico sobrevivente, entre oito tripulantes cados do destroier Caldas no Mar do Caribe, em 1955, sua histria, poca, foi transformada em motivo de orgulho nacional na Colmbia do ditador Gustavo Rojas Pinilla (1953-1957). Alm de valer-se de sesses de entrevistas, a narrativa do Relato aborda a experincia de um indivduo em uma situao extrema a solido em uma balsa deriva em meio a um governo ditatorial. Pelo carter testemunhal, pensando essa problemtica no campo da histria, pode-se refletir sobre a emergncia do eu, isto , a experincia dos sujeitos no tempo. Em um continente marcado pelo fardo da colonialidade e da escravido, pelas recorrentes leses aos direitos civis e humanos em ditaduras cvico-militares, a escuta e a narrativa (histrica e jornalstica) so mobilizadas para alar o sujeito ao primeiro plano, no de forma reativa, mas atenta polissemia das experincias. Nas palavras de Joan Scott (2007), deve-se visibilizar os pontos cegos da sociedade, no para propor novos sistemas, mas para abrir possibilidades de pensar e agir. Nesse sentido, as prticas de histria oral e histria pblica so uma possibilidade para abordar o significado e o impacto das questes histricas sobre a experincia pessoal; mobilizando questes sensveis da experincia e procedimentos dialgicos entre distintos saberes, considerando o carter pblico da histria. Deste modo, com base na anlise da narrativa da obra, busca-se: a) pensar as aproximaes e possibilidades entre diferentes narrativas; b) analisar como o autor, em uma modalidade no acadmica, nos termos de Beatriz Sarlo (2007), constri o contedo da forma escrita; e, busca comunicar a experincia do personagem aspecto relevante para pensar o como fazer sentido do ado; e c) refletir sobre o relato jornalstico, luz dos debates abertos pelos campos da histria pblica e oral, em relao s possibilidades de apropriao do ado empreendidas por este gnero narrativo.
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Carolaine Tomaz Silva (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)
A sada do povo daqui por essa tal de barragem: Memria e cordel na luta dos beraderos no Submdio do rio So Francisco 1968-1994
Resumo:O cenrio que guarda as trajetrias histricas inv...
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Resumo:O cenrio que guarda as trajetrias histricas investigadas o Submdio do So Francisco. Regio esta que a partir de 1950 serve de palco para uma srie de consequentes mobilizaes e enfrentamentos por grupos que tiveram seus modos de fazer, viver e configurar suas existncias ameaadas, atingidas e destitudas por medidas tomadas a contragosto pela chegada e instaurao da Companhia Hidreltrica do So Francisco (CHESF). Os beraderos, por vezes silenciados no processo histrico, so os sujeitos que protagonizam o embate direto ou indiretamente contra a CHESF. a partir desses sujeitos que permitido analisar e ar por meio dos cordis as narrativas dos indivduos registradas em papel pardo suas memrias, emergindo nos registros os elementos em que teciam sua vidas cotidianas, atravs das experincias, dos elementos de saudade, das organizaes territoriais, enunciao de inquietaes, reivindicaes e atuao na resistncia.
A resistncia popular evocada nessa relao nada amistosa entre o Estado e a populao ribeirinha quando o povo v suas vidas disputadas e em eminncia de perda de identidade engolidas por um inimigo avassalador maior que o tamanho das paredes da usina em construo. As guas inundariam a paisagem e tambm a vida de ribeirinhos ameaados por um movimento de anexao, de dominao e asfixia dos modos de fazer camponeses. A significao dos cordis para o povo beradero aparece como forma de disputa narrativa e de aplicao sentido de suas existncias, contrariando a ideia do Nordeste como terra arrasada. Dessa forma, por intermdio desta literatura popular ritmada, que possvel perceber tal como constitudo, smbolos, anseios, esperanas, mobilizao popular e significaes da existncia naquele lugar que tornar-se-ia espao. a partir desta literatura marginal que elementos de saudade entoam como movimentos mobilizadores e justificam a necessidade de uma organizao popular consistente, este que permite costurar as memrias (re)significando as existncias e/ou experincias diante de dilemas entre novas e antigas configuraes de tempo, noes de territorialidade e sentimentos saudosistas. Os cordis conseguem interpelar o chamamento para a resistncia enunciada pelo povo das beiras do rio e exprimem a necessidade de manuteno de tradies e prticas do povo que atua ativamente em suas prprias historicidades.
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Luiz Gustavo Bezerra de Melo (SINDICATO DOS CONFERENTES PORTUARIOS)
A inveno da Argentina: Histria de uma ideia. Uma anlise da formao do nacionalismo argentino, a luz da obra de Nicolas Shumway
Resumo:Esse trabalho foi elaborado a partir da experinci...
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Resumo:Esse trabalho foi elaborado a partir da experincia de Nicolas Shumway, que em 1975 visitou a Argentina, tendo posteriormente escrito o livro A inveno da Argentina: historia de uma ideia. Com grande xito na Argentina, o livro teve sua primeira edio em espanhol em 1993, conseguindo grande repercusso em notas de jornal, resenhas e entrevistas. Recebeu tambm um premio pelo jornal norte americano The New York Times em 1991 como livro notvel do ano. O livro busca identificar a formao da identidade do povo argentino, atravs de uma contextualizao histrica, elaborada a partir dos diferentes posicionamentos de intelectuais, escritores e polticos argentinos do sculo XIX, e do conflito existente entre o centro argentino Buenos Aires e as demais regies do Pas.
A proposta desse artigo de analisar a formao do nacionalismo argentino a partir da obra de Nicolas Shumway, A inveno da Argentina: histria de uma ideia.
O Autor traz em sua obra, a Argentina do sculo XIX que em sua perspectiva, viveram a peculiar mentalidade divisria criada por intelectuais argentinos, sendo eles os primeiros a formular os direcionamentos polticos e culturais do Pas.
Essa mentalidade ideolgica criada por esses intelectuais foi herdada pela populao, atravs de um ideal unificador. Em contrassenso, serviu como uma receita para uma sociedade de opositores, embora diversos fatores devam ser levados em considerao, para se equacionar a complexa Argentina, que veio de uma Amrica hispnica, unida antes sob o mesmo vice-reinado, mas que aps a abolio tornou-se um pas com caractersticas prprias, comparado com as demais colnias.
Com o objetivo de construir um modelo de nao, a Argentina durante o sculo XIX conviveu com as fices-diretrizes, conforme se observa:
As fices que orientam as naes no podem ser comprovadas, so de fato, produtos to artificiais quanto s fices literrias. No entanto, so necessrias para dar aos indivduos um sentido de nao, de povo, uma identidade coletiva e um objeto nacional. (SHUMWAY, 2008, p.17)
Algumas incurses na historia social devem ser consideradas para se entender a formao da Argentina, diante das variadas possibilidades de definio e delimitao que influenciam os diversos trabalhos produzidos pelos historiadores. Quando falamos de histria social, no h como deixar de referenciar a Escola dos Annales com todo o seu significado e ambiguidades, como bem definiu Hebe Castro (1997).
Para a Autora, esse movimento surge como uma resposta historiografia marcada unicamente por fatos, centrada em grandes acontecimentos. Inspirada pelos Annales, a Histria social tem como caracterstica a interdisciplinaridade, novos problemas, mtodos, abordagens e aproximao com a antropologia.
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Diego Lino Silva e Silva (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)
Nos bichos da Feira, a forma social negro brasileira de Muniz Sodr (1983 1991)
Resumo:Os regimes de significados produzidos sobre a hist...
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Resumo:Os regimes de significados produzidos sobre a histria e a memria das populaes negras no Brasil compem o objeto dessa investigao. Objetiva-se aqui analisar as proposies de interpretao do cenrio racial brasileiro, construdas por Muniz Sodr atravs de alguns textos produzidos ao longo da dcada de 1980. Em 1991, Muniz Sodr, jornalista, professor e socilogo, nascido em So Gonalo dos Campos BA, escreveu o romance O bicho que chegou a Feira. A narrativa acontece na cidade de Feira de Santana, vizinha a cidade natal do autor. Nesse livro, o baiano traceja algumas trajetrias no interior da cidade, durante o golpe de 1964, enquadrando na sua narrativa, especialmente, as populaes negras. Pretos e pardos protagonizaram a fico ofertada pelo jornalista. Poucos anos antes de publicar O bicho que chegou a Feira, em outros dois textos, Sodr refletiu sobre elementos prprios de uma forma social negro brasileira, como ele prope. Em 1983, foi publicado o livro A verdade Seduzida e, em 1983, publicou O terreiro e a cidade. Ensaios com teor sociolgico que ofertam reflexes em torno das dinmicas culturais das populaes negro brasileiras. A presente comunicao procura demonstrar as associaes possveis entre as reflexes de Sodr sobre as populaes negras no Brasil e os personagens construdos pelo pesquisador no romance, analisando como a construo do romancista enuncia as proposies raciais elaboradas nas suas reflexes. Para tanto, procura-se identificar as principais mecanismos de anlise e interpretao propostos pelo socilogo nas obras de 1983 e 1988. A partir disso, foram analisadas as trajetrias dos personagens pretos e pardos do romance e como a narrativa reproduz as interpretaes identificadas. Entre os resultados, foram identificadas algumas aproximaes e dilogos entre os textos analticos e ficcionais do autor. Por exemplo, a concepo de territorialidade associada s dinmicas culturais das populaes negro brasileiras, as dinmicas de formulao cultural customizada nos interstcios das imposies dominantes e uma experincia marcada por proposies racialistas construdas num gradiente cromtico em que pretos e pardos negociam trnsitos raciais.
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Brbara Bruma Rocha do Nascimento (Prof.Substituto Universidade Federal do Piau)
Formas de voltar para casa: histria, literatura e memria em Alejandro Zambra
Resumo:Esta proposta nasce do dilogo entre a hitria e a...
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Resumo:Esta proposta nasce do dilogo entre a hitria e a literatura, tendo como fonte a obra Formas de voltar para casa, do escritor chileno Alejandro Zambra, publicada no Brasil em 2011, esta traz em sua narrativa as memrias e vivncias da infncia de um garoto no Chile na dcada de 1980,perodo onde ainda se vivia a ditadura de Augusto Pinochet. Partindo da noo de testemunho na literatura, consideramos a obra de Zambra como ponte para uma discusso sobre: histria, memria e regimes ditatoriais na Amrica Latina, compreendendo a complexidade do trabalho de registrar o ado.
A Amrica Latina traz em suas veias abertas, memrias de vivncias traumticas, entre elas a instaurao de regimes autoritrios. Nos ltimos anos, as pesquisas historiogrficas vm discutindo as possibilidades de compreender os regimes autoritrios e as ditaduras como construes sociais, complexas e ambivalentes. No Chile, em 11 de setembro de 1973, o ento presidente eleito por vias democrticas, Salvador Allende, foi deposto por um golpe apoiado pelas foras armadas e a colaborao da extrema direita, assume ento Augusto Pinochet, com um projeto de governo autoritrio e com uma poltica exterior anticomunista. Salvador Allende, trazia em suas propostas a nacionalizao das minhas de cobre e a acelerao da reforma agrria, considerando o contexto de Gerra Fria importante destacar o apoio finaceiro dos EUA para a formao de regimes que se estabeleceram para ficar um longo perodo no controle do aparato do Estado. Tomemos o Brasil de 1964, com a aproximao entre setores militares e civis da sociedade, a instaurao de uma ditadura e a cooperao entre aparelhos repressivos criados por estes regimes, militares brasileiros contriburam com a desestabilizao dos regimes democrticos em outros pases, houve a criao de agncias de informaes que tinham como ao combater o inimigo comum: o comunismo. Com o advento da ditadura no Brasil, alguns brasileiros precisaram procurar abrigo em outros pases a exemplo de Portugal, Chile,Uruguai e tantos outros, mas esses exilados aram a ser monitorados, citamos aqui a criao, em 1966, do Centro de Informaes do Exterior, sob a responsabilidade do Itamaraty, o CIEX foi criado para atuar externamente, acompanhando e monitorando as atividades dos brasileiros no exterior, especialmente em pases vizinhos, como no caso do Chile.
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Kathiane Thas Facenda (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran)
Fui testemunha ocular: Memria e representao na Histria em Quadrinhos Maus A histria de um sobrevivente.
Resumo:O presente trabalho visa analisar como a relao e...
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Resumo:O presente trabalho visa analisar como a relao entre linguagem e imagem, principal especificidade das Histrias em Quadrinhos, utilizada como recurso para o estudo de eventos traumticos, ou seja, como constante imbricao de artifcios literrios e grficos, se constitui como um importante recurso para a representao de eventos histricos extremos. Para tal, nos utilizaremos de duas obras do famoso quadrinista estadunidense Art Spiegelman; Maus A histria de um sobrevivente; e Metamaus - A look inside a modern classic. Maus. A primeira obra citada, foi serializada entre os anos de 1980 e 1991 na revista Raw e, publicada em uma edio definitiva contendo seus dois volumes no ano de 1994, esta HQ retrata os momentos de terror vivenciados pela famlia do autor e em especial por seu pai, Vladek Spiegelman, um judeu polons, durante a Segunda Guerra Mundial, enfocando na perseguio e no extermnio em massa dessa populao, o Holocausto. J a segunda obra utilizada como ferramenta de estudo, Metamaus - A look inside a modern classic, Maus, foi publicada no ano de 2011, quase 20 anos aps o lanamento de sua maior obra e, busca responder aos principais questionamentos que Spiegelman mais recebe sobre Maus: "por que quadrinhos?"; "por que ratos?"; e "por que o holocausto?". Assim Spiegelman apresenta aos leitores os bastidores e o processo de criao da HQ. Diante do exposto, nosso principal objetivo compreender como o estilo de escrita e de ilustrao do referido artista, assim como outros importantes elementos da linguagem quadrinstica, se constituem como ferramentas para narrar e reconstituir eventos traumticos, como os vivenciados pelos Spiegelman e outros tantos judeus. Acontecimentos que no marcaram somente a pele destes sujeitos, mas a memria e, principalmente a memria, devido ao teor de irrealidade e horror dos eventos vividos, que acarretaram aos seus sobreviventes dificuldades em reviver as reminiscncias, ou seja, em falar ou escrever sobre os episdios vividos no interior dos Campos de Concentraes, e dentro de uma sociedade antissemita. Nesse sentido, nosso recorte temporal se situa entre o perodo de produo e publicao das obras, ou seja entre os anos de 1980 a 2011. Como aporte metodolgico, nos utilizaremos da histria cultural, principalmente dos estudos sobre memria, juntamente com a semiologia, para assim, demonstrar como a unio de aspectos visuais e no visuais constitui-se como elemento chave, para o estudo da representao de memrias derivadas de acontecimentos traumticos.
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Dyener Santos (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran)
Narrador e o homo solitarius moderno: uma breve anlise de representao literria na obra "Fight club" (1996)
Resumo:NARRADOR E O HOMO SOLITARIUS MODERNO: UMA BREVE AN...
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Resumo:NARRADOR E O HOMO SOLITARIUS MODERNO: UMA BREVE ANLISE DE REPRESENTAO LITERRIA NA OBRA FIGHT CLUB, 1996.
Dyener Santos
O objetivo do consumidor no possuir coisas, mas consumir cada vez mais e mais a fim de que com isso compensar o seu vcuo interior, a sua ividade, a sua solido, o seu tdio e a sua ansiedade.
(rico Verssimo)
RESUMO
O seguinte artigo tem como proposta problematizar a questo da solido moderna, no mundo contemporneo, a partir da literatura selecionada Fight Club de 1996, do escritor norte-americano Chuck Palahniuk. A obra literria serve como uma representao de mundos e de realidades possveis que tornam o processo de dilogo terico demasiado rico. imprescindvel a prtica de leituras interdisciplinares entre literatura, histria e cincias sociais para a composio do problema sendo assim, a problemtica consiste ento em perceber, em que medida Fight Club evidencia os dilemas da solido moderna no mundo ps-moderno, compreendendo essa temporalidade enquanto um perodo e conceitualizao desse sujeito (o ps-moderno). Dentre muitas outras possveis questes, a fonte, evidencia o esvaziamento de sentido da vida de Narrador protagonista e responsvel pela maioria dos acontecimentos da trama. Portanto se faz necessrio mapear as reflexes e prticas desse sujeito, seu processo de individualizao, que mesmo no plano literrio caracterizam, a partir da solido, uma nova perspectiva da formao da subjetividade.
Palavras-chave: Solido moderna, Clube da Luta, Histria, Literatura.
Clube da luta uma obra de fico transgressional, sendo a primeira produo literria escrita por Chuck. Diferentemente do que muito se imagina, a obra pouco conhecida pois seu ttulo ganhou fama pelo filme estrelado por Brad Pitt e Edward Norton no ano de 1999, produzido pela Twenty Century Fox.
Nascido em 1962 na cidade de Pasco em Washington, Chuck Plahniuk autor de diversos livros Climax, Condenada, Maldita, Tell-All, Pygmy, Snuff, Rant, Assombro, Dirio, Cantiga de Ninar, Monstros Invisveis, Sobrevivente e Clube da Luta que somados venderam mais de cinco milhes de exemplares s nos Estados Unidos. (PALAHNIUK, Chuck. Clube da Luta 2. So Paulo: LeYa, 2016)
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Gueise de Novaes Bergamaschine (UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto)
A metafico histrica como possibilidade de representao e de contribuio aos debates contemporneos
Resumo:A obra The Executioners song, do americano Norman...
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Resumo:A obra The Executioners song, do americano Norman Mailer, vencedora do Prmio Pulitzer de fico em 1980, baseada em um crime de enorme repercusso na histria dos Estados Unidos e publicada em um curto intervalo de tempo aps os eventos que narrava, tendo grande impacto na sociedade americana. Ela citada por Hayden White para exemplificar o que ele trata como docudrama, faction ou metafico histrica.
Apontada por estudiosos da crtica literria como um locus onde se daria a discusso sobre aquilo que constitui o conhecimento histrico, a metafico histrica permite o tratamento das questes levantadas pelos trabalhos recentes de Paul Veyne, Michel de Certeau, Dominick LaCapra, Edward Said entre outros. Ou seja, questes como as da forma da narrativa, da intertextualidade, das estratgias de representao e da funo da linguagem.
Atravs da obra de Mailer nos interessa discutir a categoria da metafico histrica como um modo de representao de eventos prprios ao nosso tempo e como forma de contribuio da historiografia para os debates sociais contemporneos.
Nossa hiptese de que os elementos discursivos que permitem metafico histrica um grande alcance junto ao pblico, no comprometeriam a possibilidade de que ela comunicasse ao leitor alguma dimenso factual e que fosse incorporada positivamente pela sociedade nos seus debates.
Existem trabalhos cientficos que apontam a relevncia da obra de Mailer para a discusso de temas importantes para a sociedade americana, como por exemplo, a pena de morte. Seu carter ficcional no a teria impedido de, abordando um acontecimento real do ado da sociedade americana, se inserir na discusso, atuar nas diferentes formas de interpretao desse ado e influir nos rumos que essa discusso tomaria. A literatura funcionaria ento como uma forma de come to with the past e como ferramenta de interveno no mundo social.
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Kathiane Thas Facenda (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran)
Fui testemunha ocular: Memria e representao na Histria em Quadrinhos Maus A histria de um sobrevivente.
Resumo:O presente trabalho visa analisar como a relao e...
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Resumo:O presente trabalho visa analisar como a relao entre linguagem e imagem, principal especificidade das Histrias em Quadrinhos, utilizada como recurso para o estudo de eventos traumticos, ou seja, como constante imbricao de artifcios literrios e grficos, se constitui como um importante recurso para a representao de eventos histricos extremos. Para tal, nos utilizaremos de duas obras do famoso quadrinista estadunidense Art Spiegelman; Maus A histria de um sobrevivente; e Metamaus - A look inside a modern classic. Maus. A primeira obra citada, foi serializada entre os anos de 1980 e 1991 na revista Raw e, publicada em uma edio definitiva contendo seus dois volumes no ano de 1994, esta HQ retrata os momentos de terror vivenciados pela famlia do autor e em especial por seu pai, Vladek Spiegelman, um judeu polons, durante a Segunda Guerra Mundial, enfocando na perseguio e no extermnio em massa dessa populao, o Holocausto. J a segunda obra utilizada como ferramenta de estudo, Metamaus - A look inside a modern classic, Maus, foi publicada no ano de 2011, quase 20 anos aps o lanamento de sua maior obra e, busca responder aos principais questionamentos que Spiegelman mais recebe sobre Maus: "por que quadrinhos?"; "por que ratos?"; e "por que o holocausto?". Assim Spiegelman apresenta aos leitores os bastidores e o processo de criao da HQ. Diante do exposto, nosso principal objetivo compreender como o estilo de escrita e de ilustrao do referido artista, assim como outros importantes elementos da linguagem quadrinstica, se constituem como ferramentas para narrar e reconstituir eventos traumticos, como os vivenciados pelos Spiegelman e outros tantos judeus. Acontecimentos que no marcaram somente a pele destes sujeitos, mas a memria e, principalmente a memria, devido ao teor de irrealidade e horror dos eventos vividos, que acarretaram aos seus sobreviventes dificuldades em reviver as reminiscncias, ou seja, em falar ou escrever sobre os episdios vividos no interior dos Campos de Concentraes, e dentro de uma sociedade antissemita. Nesse sentido, nosso recorte temporal se situa entre o perodo de produo e publicao das obras, ou seja entre os anos de 1980 a 2011. Como aporte metodolgico, nos utilizaremos da histria cultural, principalmente dos estudos sobre memria, juntamente com a semiologia, para assim, demonstrar como a unio de aspectos visuais e no visuais constitui-se como elemento chave, para o estudo da representao de memrias derivadas de acontecimentos traumticos.
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