Resumo: Resumo: Social e historicamente construda, a violncia de gnero encontra nas relaes de poder e nas representaes o sustentculo de sua inteligibilidade imaterial e subjetiva, que, avocada ao campo das prticas tangveis subjugam os corpos. Embora isso, h de se considerar que as relaes de foras so sempre tensas e que, como props Foucault (2014), do outro lado, encontram-se resistncias. Assim tambm, Michel de Certeau (2014) excepcional ao trazer a astcia como condio de resistncia em condies de dominao e opresso e, sob esse interesse, que o presente simpsio prope contemplar anlises voltadas questo de gnero e a violncia que dela decorrente, mas, sobretudo, s prticas e tticas usadas pelos sujeitos promotoras de recognies de suas experincias e eventuais atos interventivos que lhe garantam a renitncia necessria para se contrapor noo de que so seus corpos instncias das inscries atravs das quais ressoam relaes de alteridade e a produo de discursos empenhados em ditar seus usos e desusos. Nesse sentido, aceitam-se trabalhos do campo da Histria e reas afins que contribuam para a ampliao do conhecimento acadmico com base nas relaes entre gnero, linguagens e violncia.
Bibliografia:
ALMEIDA, Suely de S. (org.). Violncia de gnero e polticas pblicas. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2007.
BUTLER, Judith P. Problemas de gnero: feminismo e subverso da identidade. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2017.
CERTEAU, Michel de. A inveno do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrpolis: Vozes, 2014.
CHARTIER, Roger. A fora das representaes: histria e fico. Chapec: Argos, 2012.
FOUCAULT, Michel. Histria da sexualidade 1: a vontade de saber. So Paulo: Paz e Terra, 2014.
HOLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
OSTERMANN, Ana Cristina; FONTANA, Beatriz (orgs.). Linguagem, gnero, sexualidade: clssicos traduzidos. So Paulo: Parbola Editorial, 2010.
PEDRO, Maria Joana; GROSSI, Miriam Pillar (orgs.). Masculino, feminino, plural: gnero na interdisciplinaridade. Florianpolis: Ed. Mulheres, 1998.
PUGA, Vera Lcia. Violncia de gnero / intolerncia. In: COLLING, Ana Maria; TEDESCHI, Losandro Antonio (orgs.). Dicionrio crtico de gnero. Dourados: Ed. UFGD, 2019. p. 715-718.
RAGO, Margareth. A aventura de contar-se: feminismos, escrita de si e invenes da subjetividade. Campinas-SP: UNICAMP, 2013.
SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. A ontognese do gnero. In: SWAIN, Tania Navarro;
SOIHET, Rachel. Violncia simblica: saberes masculinos e representaes femininas. Revista Estudos Feministas, v. 5, n. 1, p. 7-29, 1997.
ST 10 - Sesso 1 - Sala 10 - Dia 16/09/2020 das 14:00 s 18:00 5h3e1k
Local: Sala 10
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Joseane Pereira de Souza
SEXUALIDADES E RELAES DE GNERO: padres transgressores das normas, Inquisio de Lisboa , sculo XVII
Resumo:Essa apresentao resultado das pesquisas para o...
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Resumo:Essa apresentao resultado das pesquisas para o Mestrado em Histria Social na Universidade Federal da Bahia (UFBA), na qual tratamos a respeito das relaes entre padres confessores solicitantes e suas/seus penitentes. Analisamos como os comportamentos sexuais associados aos clrigos, solicitantes por ocasio da confisso sacramental, foram tratados pela Inquisio, especialmente pelos Regimentos Inquisitoriais e Cadernos do Promotor. Por meio de uma anlise das relaes de gnero, pretende-se igualmente discutir as posies de poder exercidas pretensamente entre os sujeitos sociais que foram julgados pela instituio inquisitorial. Dessa forma, discute-se sobre as conexes entre sexualidades e ofcio eclesistico, e contribui ainda para o entendimento acerca da ao da Inquisio sobre esse delito e para a escrita de uma Histria Institucional do Gnero. O crime de solicitao foi um delito associado ao ofcio eclesistico. A chamada Solicitatio ad turpia in acto confessions pode ser literalmente traduzida como Solicitao para atos torpes no momento da confisso e era vista como uma atitude transgressora que acontecia quando os padres confessores aliciavam as/os penitentes durante a realizao da confisso sacramental. Neste caso, eles eram acusados de terem relaes sexuais e/ou amorosas com suas (seus) confessadas (os). Constitua-se como uma consequentemente uma ofensa ao sacramento da penitncia.
A Igreja ps-tridentina exigia dos sacerdotes uma postura moral referente continncia sexual, como condio para obter o mrito de representar a Igreja e istrar sacramentos, pois a propagao da imoralidade clerical no confessionrio poderia incitar o descrdito dos fiis em relao sacralidade da confisso. Solicitando suas filhas (os) espirituais para contatos amorosos e/ou sexuais no confessionrio, os sacerdotes confessores utilizavam o momento da penitncia, consagrados pela Igreja como momento de contrio dos fiis, para objetivos categoricamente contrrios queles que o catolicismo delegava aos confessores atravs da confisso sacramental. O momento destinado ao perdo e conduo para o caminho da salvao, em que o confessor seria o intermedirio entre os fiis e o pai celestial transformava-se em momento de lubricidade. Atravs dos estudos de gnero, refletimos como a Igreja ou alguns setores dela, juntamente com o Tribunal da Inquisio, fabricaram e constituram gneros atravs da prtica da solicitao.
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Daniela Cavalcanti Bruto da Costa (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
Entre a cultura da honra e o crime: as representaes femininas no Dirio de Pernambuco (1850-1900)
Resumo:A diviso dos espaos e de papis sociais, veio ac...
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Resumo:A diviso dos espaos e de papis sociais, veio acompanhada de um discurso fundamentado, teoricamente na cincia, um discurso naturalista sustentado na medicina e na biologia. Por esse discurso o homem, estava associado ao crebro, a inteligncia, a razo ldica, a capacidade de deciso. As mulheres, ao corao, sensibilidade, aos sentimentos. A criao de tais esteretipos, serviram de base para a organizao poltica fundamentada por ilustres filsofos como Fichte, Hegel e Comte. (PERROT, 1992 Joan Scott (1988 apud CABRERA, 2001), afirmou que um discurso uma estrutura especfica de sentenas, termos e categorias, histrica, social e institucionalmente estabelecida que opera como um sistema constituinte de significados mediante os quais, as pessoas representam e compreendem seu mundo, incluindo quem so e como se relacionam com os demais. Sendo assim, a construo de uma ideia de sociedade que rompia com valores aristocrticos e associados a um projeto de sociedade fundamentado no trabalho e no econmico, na ideia de progresso, ajudaram a fortalecer a ideia de que cada um deveria ter um papel nesse processo e esse papel seria a diviso social baseada no sexo.Como instrumento civilizador, a imprensa pernambucana, aos poucos foi assumindo o papel de informar aes oficiais, abrindo espao para o relato do crime, uma realidade em expanso com a urbanizao. Estabelecidas as regras de uma cidade modernizada, os crimes representam no apensas as fissuras desse projeto, mas evidenciam as divergncias entre homens e mulheres, em especial o crime cometido por mulheres. A anlise de diversos documentos pode nos conduzir a diferentes discursos sobre o tema (documentos ligados a autoridades, jornais, registros de conversas em dirios pessoais), sendo os peridicos a fonte fundamental da nossa anlise. A escolha dos peridicos como principais fontes, esto relacionadas ao posicionamento poltico de cada um deles e a construo discursiva do relato do crime, foram resultado desse posicionamento.
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Maruza Gabrielle Martins Campelo (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
Em busca da construo de um modelo de mulher: Representaes femininas nas pginas da revista "Maria"
Resumo:No limiar do sculo XX, o Brasil ou por grande...
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Resumo:No limiar do sculo XX, o Brasil ou por grandes transformaes polticas, sociais, culturais e econmicas ocasionadas pela chegada da modernidade, as quais refletiram na vida privada de homens e mulheres, permitindo experimentassem novas configuraes comportamentais e uma ressignificao da famlia e dos espaos pblicos, gerando assim, o descontentamento das elites civil e religiosa. Nesse momento, a Igreja Catlica intensificou o discurso de que a figura feminina era fomentadora e perpetuadora da f e tradio, sendo assim, compreendida como elemento essencial para sustentao das famlias, cabendo-lhe o encargo de educar e manter seus familiares sob as boas condutas e hbitos da tradio cristos. Desta forma, os eclesisticos aram cada vez mais a propagar os papeis e funes que as mulheres deveriam exercer na sociedade, como os de: me, esposa e educadora. Como forma de dinamizar o alcance desse objetivo, perceberam que seria imprescindvel o uso dos peridicos catlicos, nos quais, constantemente, eram estampadas representaes femininas que deveriam ser seguidas ou evitadas por todas que desejassem ser consideradas detentoras dos bons costumes e defensoras da f. Deste modo, a imprensa ou a exercer um papel fundamental, pois intensificou a difuso de saberes e ideologias que antes estavam concentradas nos sermes dos padres. Portanto, pretendemos neste artigo, analisar a importncia dos peridicos para a construo de um iderio feminino, atravs da publicao de representaes que deveriam servir de modelos. Nesse sentido, analisaremos algumas matrias publicadas nas pginas de Maria, durante o perodo compreendido entre 1913 e 1930, na cidade do Recife. Essa revista era editada e destinada s scias da Pia Unio das Filhas de Maria, associao destinada as jovens solteiras, consideradas de boas famlias, cuja principal finalidade era educao e preparao suas associadas, sob a espiritualidade mariana. Acreditamos que, naquele momento, esse peridico significou uma das principais ferramentas para a disseminao das convices religiosas, sociais e culturais do clero pernambucano. Para o desenvolvimento dessa abordagem, utilizaremos os conceitos terico-metodolgicos de gnero e representao, propostos respectivamente, pela historiadora estadunidense Joan Scott e pelo historiador francs Roger Chartier. Pois, a partir dessas perspectivas, esperamos compreender como as representaes femininas publicadas nas pginas de Maria, contriburam na busca pelo modelo de mulher desejado pela Igreja Catlica.
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Vanessa Nascimento Souza
Nunca a mulher se denudou tanto em publico, nunca seu corpo apareceu tanto: crticas ao movimento feminista nas pginas do jornal O Ideal (1957)
Resumo:Em Paripiranga, cidade do interior baiano, os refl...
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Resumo:Em Paripiranga, cidade do interior baiano, os reflexos do movimento feminista chegaram intimidados pela imprensa local, principalmente por ser um meio de comunicao totalmente guiado por homens, as matrias que eram publicadas sobre a questo de lutas das mulheres sempre ou quase sempre eram criticadas pelos redatores do jornal, ou at mesmo distorcidas. Diante disso, o presente estudo volta-se a analisar a matria intitulada 3 transfigurao da mulher, extrado do peridico A Marcha e publicada no jornal local O Ideal. A manchete, assinada por Juara de Campos (acreditamos que um pseudnimo para no expressar que um discurso masculino sobre o movimento, e ganhar a credibilidade e confiana por parte das jovens leitoras), tratava a conquista dos direitos femininos como defeitos, pois defendia que o lugar ao sol reivindicado por esta causa desnecessria j lhe foi dada por Deus. O texto buscava afirmar que o lugar da mulher no espao domstico, cuidando da estabilidade do lar e da famlia, e quando se desvia desse caminho o resultado uma exposio em demasia das propriedades de fmea, fazendo com que no haja mais o respeito por parte dos homens. Ainda exalta qualidades como suavidade e meiguice, e acrescenta que a mulher do mundo moderno se perdeu em busca dos exageros da moda e desejo de liberdade, atitude que no compreendida nem to pouco aprovada poca. A relevncia da pesquisa justamente trazer uma discusso sobre o impacto do movimento feminista no mundo, e entender como essa influncia chegou ao interior do Brasil, principalmente atravs do meio de comunicao mais comum na dcada de 1950, o jornal impresso. A metodologia utilizada foi a exploratria, com a anlise do discurso sobre o feminismo, e vale destacar que o jornal O Ideal foi consultado no acervo digital do Laboratrio de Ensino e Pesquisa em Histria LEPH do Centro Universitrio UniAGES, em Paripiranga/BA. Contudo, ficou evidente que o objetivo dos redatores ao republicarem a manchete era distorcer o real sentido do movimento, para que as jovens da localidade desconhecessem a causa da luta das mulheres no mundo e as seguissem.
Palavras-chave: Paripiranga, feminismo, discurso, imprensa.
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Caque Nascimento (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Erro da natureza?: a construo da corporalidade trans no Dirio de Pernambuco (1970 1985)
Resumo:O trabalho a seguir refere-se ao estudo sobre os p...
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Resumo:O trabalho a seguir refere-se ao estudo sobre os processos de construo das corpas trans durante o perodo da ditadura cis-htero-militar e de como elas eram interpeladas pelo CIStema normatizador, que visava controlar as dissidncias de gnero e as prticas sexuais. Este trabalho busca compreender os discursos presentes no jornal Dirio de Pernambuco, entre os anos de 1970 e 1985, que estavam ancorados nos dogmas da Igreja Catlica, na medicina e no judicirio. Cunhado em 1966, o termo transexual foi criado por Harry Benjamim. O sexlogo alemo criou procedimentos clnicos cujo o objetivo era identificar e atender pessoas transexuais. Os mdicos europeus apontavam a cirurgia de mudana de sexo como uma ltima etapa de uma srie de mtodos que tinham como promessa devolver a alegria para essas pessoas, mas que na verdade, tratavam as corpas falantes como doentes que precisavam de tratamentos psiquitricos, hormonais e de intervenes corporais. No Brasil, reduziam a transexualidade a uma patologia e a classificavam apenas como um distrbio de identidade de gnero, restringindo a cirurgia apenas para aquelas que apresentassem um quadro de transexualismo puro e verdadeiro. importante salientar que no haviam e no h testes que comprovem o que seria uma transexual de verdade. Os cirurgies plsticos que realizavam esses procedimentos cirrgicos no Brasil, como o famoso Roberto Farina, eram acusados pelo judicirio de cometer atos de leso corporal e impedidos de exercer sua profisso. Tinha-se a ideia geral de que aquelas que almejavam pelas mudanas corporais consideravam suas corpas como erros da natureza e que por isso estavam presas dentro da corpa errada. Sendo assim, a partir das anlises dos jornais, como metodologia, possvel compreender que as subjetividades e as construes das corporalidades trans se baseiam nas conformaes histrico-polticas do perodo da ditadura cis-htero-militar. Como referencial terico utilizarei Michel Foucault, a partir de uma noo de discurso como a construo de um conhecimento ao longo da histria e do conceito de biopoltica; Paul B. Preciado com as suas reflexes sobre o desenvolvimento da Era Farmacopornogrfica como sendo um regime de poder-saber-subjetivao, onde as tecnologias biopolticas am a redefinir as corpas; e Berenice Bento atravs do seu olhar crtico sobre os processos de construo das corpas trans.
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Cibely Cristina de Holanda (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
Da Construo s Invisibilidades: Narrativas e Representaes nas mdias sociais.
Resumo: As Construes dos meios de comunicao e su...
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Resumo: As Construes dos meios de comunicao e suas linguagens tem por finalidade discutir as aes de representaes e visibilidades dos/as sujeitos/as e as estruturas que esto sendo desenvolvidas. Em uma sociedade cujo o capital quem escolhe as narrativas individuais, se faz necessrio produtos serem desejados para o consumo, colocamos em pautas os corpos, mentes, gnero, sexualidade e questes raciais subalternas a essa padronizao de esteritipos, que implica na falta de diversidade nas redes de comunicao e sociais, permanecendo assim uma supremacia. A invisibilidade das mulheres negras, lsbicas, gordas e trans a comprovao da ausncia nos agentes trasnformadores em sociedade, desse modo, se faz necessrio discutir como esto sendo estruturados e quem est estruturando esses espaos para essas pessoas. No que tange a discusso por espaos tomados vmos apenas trajetrias de silncio por trs de uma representao, um poder institucional que resulta em lucro, porm sem os/as protagonistas. A visibilidade tem o poder da criao do novo a ser dilogado as modificaes na cultura nos\as sujeitos/as, de suma importncia promover essas mudanas em todos os canais de comunicao, sobretudo nas redes sociais aonde estamos com o maior nmero de consumo em tempo maior tambm. As configuraes em nosso cenrio atual sobretudo poltico social apressa uma ao transformadora de modo que possamos (re)inventar as representaes e seus protagonismos. Os comportamentos sociais atuais so oriundos de uma subverso das redes de comunicao que produzem opinies negativas e positivas atreladas aos assuntos importantes, essas ticas particulares no entanto no ampliam os olhares e debates acerca das individualidades e identidades. Como aporte terico-metodolgicos utilizaremos a anlise de gnero, visibilidade, representaes, movimentos sociais polticos das intelectuais Bell Hooks Chimamanda Ngozi Adichie e Sueli Carneiro.
Palavras- chave: Gnero. Representatividade.Redes Sociais.
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Felipe Augusto Barreto Rangel (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)
Sexualidades e discurso de dio contemporneo
Resumo:No Brasil contemporneo, especialmente na conjuntu...
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Resumo:No Brasil contemporneo, especialmente na conjuntura ps-golpe de 2016, vimos a efervescncia de uma srie de facetas escancaradas do discurso de dio, direcionado majoritariamente a grupos sociais em situao de vulnerabilidade e historicamente marginalizados, e s polticas afirmativas de promoo da igualdade adotadas nas ltimas dcadas. Neste contexto, nosso trabalho, fruto de uma monografia de Especializao em Direitos Humanos e Contemporaneidade (UFBA), se debruou sobre o estudo da linguagem, mais especificamente do uso certos termos, identificados como neologismos, cujos sentidos so atribudos em funo do sentimento de dio contra grupos e sujeitos LGBTQI+. Mimimi, vitismismo, ditadura gay, orgulho heterossexual, entre outras palavras, fazem evocar contextos histricos de preconceito e discriminao, voltados para as populaes em tela, travestindo em novas roupagens mentalidades e atitudes de velhas ordens patriarcais, brancocntricas e crists. A partir de Pierre Bourdieu e Michel Foucault, o objetivo do trabalho foi refletir sobre as disputas simblicas e microfsicas de poderes inerentes a esta linguagem particular e seus desdobramentos sobre a descaracterizao de trajetrias de lutas e resistncias desses grupos e sujeitos. O discurso de dio demonstra a perniciosidade do imaginrio produzido pelo mito da democracia racial, cuja racionalidade contribui para persistncia de uma mentalidade colonizadora dominante que expressa uma heteronormatividade brancocntrica incompatvel com a diversidade brasileira e a pluralidade social e poltica garantidas pela Constituio Federal de 1988 e o arcabouo jurdico contemporneo dos direitos humanos. Utilizaremos como fontes dados quantitativos e qualitativos sobre violncia LGBTQI+, conjuntos normativos nacionais e internacionais, alm de manifestos de diferentes instituies voltadas ao combate da violncia de gnero e LGBTFobia. Como forma de combate ao discurso de dio, prope-se a educao decolonial.
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Lays Fernanda Oleniuk (UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro Oeste)
O jornal ucrano-brasileiro Prcia: Gnero e discurso
Resumo:A presente comunicao prope uma anlise do conte...
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Resumo:A presente comunicao prope uma anlise do contedo editorial do Jornal Праця (Prcia) a fim de compreender as relaes de Gnero que peram seus textos. O peridico centenrio a expresso mxima da imprensa tnica ucraniana na cidade de Prudentpolis-Paran, municpio que recebeu grande nmero de imigrantes provenientes do leste europeu no fim do sculo XIX e incio do sculo XX. O peridico apresenta em sua gnese a ligao com a Igreja Catlica, tendo em vista sua produo pela tipografia dos Padres Basilianos, congregao catlica oriunda da Ucrnia ligada a Ordem de So Baslio Magno. A partir da observao da configurao do jornal optou-se pela anlise da coluna Для Пань Дому (Para a Dona de Casa), estabelecendo o recorte temporal no perodo de 1963 a 1970. A temtica das publicaes rene sobretudo receitas culinrias, no entanto, em menor escala aparecem orientaes de comportamento, religiosidade, istrao domstica, educao dos filhos, entre outros. O pblico-alvo enunciado numerosas vezes ao longo das edies analisadas: donas de casa, anfitris, mes, damas, senhoras, mulheres. Buscou-se atravs da anlise discursiva destas publicaes compreender os comportamentos e prticas aspiradas pela sociedade para estas mulheres, sendo possvel refletir sobre as violncias de gnero inerentes aquele espao. Apoiados nas discusses de Pierre Bourdieu acerca da dominao masculina, pode-se compreender que a intrnseca ligao do jornal Igreja Catlica do Rito Ucraniano configura-se como determinante na natureza dos discursos veiculados no impresso. De forma considervel, destaca- se a grande quantidade de textos que anunciam a diviso do trabalho, para as mulheres imigrantes ucranianas e suas descendentes delegada a funo de educar, alimentar e limpar. Os textos da coluna Para a dona de casa, neste sentido, reforam e acentuam esteretipos de gnero historicamente e socialmente estabelecidos.
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Beatriz Bianca Barbosa da Silva (Universidade Catlica de Pernambuco)
Olhar desviante: Os cinemas porns e o desenvolvimento da ps-pornografia como linguagem alternativa
Resumo:O presente trabalho foi desenvolvido a partir dos ...
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Resumo:O presente trabalho foi desenvolvido a partir dos mltiplos questionamentos sobre o processo de produo e consumo das pornografias audiovisuais e performances pornogrficas iniciadas na segunda metade do sculo XX, e dos discursos que giravam em torno de uma politizao acerca da construo das sexualidades. Nesse momento, o mercado comeou a produzir um vasto catlogo onde s haviam corpos pornogrficos ou sexualmente desejveis que se encaixam dentro de padres de beleza socialmente estabelecidos e que valorizam signos especficos vinculados magreza, branquitude e juventude. Em contrapartida, no contexto da pornografia hegemnica, surge a produo pornogrfica feminista, oriunda do feminismo pr-sexo como linguagem alternativa dividida em trs subgneros: porn para mulheres, a pornografia queer e a ps-pornografia. Esta ltima surge como um fazer que vai alm dos fins das produes de sexo explcito voltados ao onanismo, pautando-se nas discusses contemporneas em torno das polticas de gnero, diferente dos primeiros. As produes pornogrficas queer e feminista se adequaram ao contexto do capitalismo contemporneo, divididos em nichos de mercado para atender s demandas especficas dos consumidores. J o ps-porn, por outro lado, aproxima-se mais de uma forma no comercial de ativismo sexual, procurando questionar a prpria indstria que atravessa a produo pornogrfica. Com isso, o objetivo desse trabalho fazer uma sntese do desenvolvimento dos cinemas pornogrficos, o impacto social que eles causaram no final do sculo XX e apresentar a ps-pornografia como uma proposta de linguagem disruptiva na quebra das construes de padres socialmente determinados. Compreendendo a ps-pornografia como comunicao do corpo, do lugar de discurso, interao por meio da lngua, dos sentidos e das sensaes, podemos utilizar dessa linguagem um fazer poltico a favor das identidades subversivas. Para isso, utilizarei como aportes tericos Nuno Csar Abreu para discorrer sobre a pornografia audiovisual, Paul B. Preciado para compreender as reflexes propostas pela ps-pornografia como sugesto revolucionria contra a pornografia tradicional e Dominique Maingueneau como linguagem estabelecida entre o meio social e a produo pornogrfica. A metodologia consiste no levantamento bibliogrfico e na anlise dos sites, cujo contedo aborda performances e filmes ps-pornogrficos, sendo eles: Monstruosas, EdiyPorn, KUCETA Plataforma, e o site da performer Bruna Kury. Mesmo se tratando dos percursos iniciais da pesquisa possvel vislumbrar que essa nova corrente surge como uma pornografia diversa, experimental e poltica para todos.
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ST 10 - Sesso 2 - Sala 10 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 6r5y4v
Local: Sala 10
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Henrique Cintra Santos (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
Corpos dissidentes e a injria: violncia e subverso.
Resumo:As contribuies de Judith Butler para a Teoria Qu...
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Resumo:As contribuies de Judith Butler para a Teoria Queer encontram na reflexo sobre a linguagem um ponto terico fulcral. Assim, o campo dos estudos da linguagem desponta como profcuo para se observar uma das formas primrias de se produzir excluso, mas que devido ao carter ontolgico que lhe socialmente pressuposto, d-se de forma difusa e a priori pouco percebida na sociabilizao dos corpos. Nesse sentido, deve-se considerar a linguagem como ferramenta interpelativa do sujeito, tendo como um dos efeitos possveis a injria. O xingamento, a ofensa, o degradar discursivo produzem, no entanto, no apenas o efeito injurioso. A eficcia discursiva de uma injria apenas possvel a partir da possibilidade de incisiva repetio do termo na fala. Ou seja, xingamentos direcionados aos corpos dissidentes de gnero e sexualidade em nossa sociedade s apenas atingem a interpelao desses corpos de forma violenta a partir de uma srie de condies, principalmente a propagao do termo em repetio constante na sociedade. Assim, expresses como "viado", "bicha", entre outros so direcionados a sujeitos LGBT+, por exemplo, pois so termos deslocados de sua inteno discursiva inicial e, a partir de uma repetio e propagao em condies de produo de sentidos atualizadas, so apontadas como injrias a fim de repreender esses corpos dissidentes. No entanto, observar tais efeitos e a forma como se do tambm possibilita empreender um contra discurso, no qual a injria pode ser desestabilizada e subvertida. Tais investimentos so percebidos, principalmente na comunidade LGBT+, ao ter se apropriado de ofensas como "queer" nos falantes do Ingls ou "viado" nos falantes do portugus, tomando tais termos para si e os reutilizando em novas condies de sentido, o que promove um novo efeito discursivo e a desestabilizao do efeito injurioso pretendido pelos sujeitos propagadores hegemnicos de excluso. Nesse sentido, a cultura LGBT+ dos Ballrooms, desenvolvida na segunda metade do sculo XX em Nova York e hoje em estado de transnacionalizao, com uma expressiva comunidade engajada nas prticas dessa cultura tambm no Brasil, desponta como exemplo expressivo de um engajamento lingustico constante a fim de lidar com as represses e violncias impostas aos seus corpos, seja por sua identidade de gnero e/ou sexualidade. Estima-se aqui, ento, observar a historicidade de tais processos sobre a linguagem dentro dessa cultura a fim no apenas de compreender melhor como a linguagem produtora de violncia, mas como nela mesma que se d tambm a possibilidade de resistncia e subverso.
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Alessandro Cerqueira Bastos (UFBA - Universidade Federal da Bahia)
Masculinidades, significados de violncia e honra no cotidiano das classes populares ( Feira de Santana-BA, 1960-1970).
Resumo:A violncia um fenmeno culturalmente situado e ...
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Resumo:A violncia um fenmeno culturalmente situado e os seus significados variam a partir de parmetros sempre histricos. Uma das nossas hipteses de que s possvel melhor compreender as dinmicas do que chamamos violncia considerando variveis de gnero, raa, classe social, sexualidade e outras. Partindo dessa compreenso, esta comunicao apresenta e problematiza achados ainda preliminares duma pesquisa cujo propsito investigar as configuraes histricas e plurais de masculinidades vivenciadas e representadas em ajustes violentos dos segmentos populares de Feira Santana, interior da Bahia, em 1960 a 1970. Baseados em fontes judiciais, memorialistas, fragmentos de jornais, canes e bibliografia especializada, buscamos tambm compreender o lugar da violncia ( fsica e simblica) na experincia de homens das camadas populares, assim como os significados que estes construram em torno dessa noo. Da mesma forma, nos perguntvamos como o recurso a violncia e as noes de masculinidades esto intimamente imbricados, sem recair no apenas na vilanizao masculina mas tambm em voluntarismos diversos. Na nossa investigao, os processos-crimes foram tomados como ferramentas privilegiadas a partir da qual possvel vislumbrar os ideais normativos de ser homem, desvios das normas culturais e alcanarmos formas prticas de vivncias masculinas. Para tanto, recorremos a uma anlise que joga luz especialmente nas relaes cotidianas, em que normas, prticas, representaes e discursos so reatualizados, manipulados e contestados pelos agentes sociais. Nesse sentido, imprescindvel uma anlise histrica que combine tanto as categorias de gnero, classe, como uma compreenso terica informada a partir de pressupostos feministas centrados na crtica epistemolgica ao androcentrismo e ao heterossexismo.
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Bruna Zanetti (UFPEL - Universidade Federal de Pelotas)
A desonra como justificativa do assassinato de Carolina Maria por Joo Ribeiro: Gnero, honra e masculinidades (Pelotas, sculo XIX)
Resumo:Introduo:
Essa comunicao visa explorar o pro...
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Resumo:Introduo:
Essa comunicao visa explorar o processo-criminal, datado do ano de 1863, que foi analisado em meu Trabalho de Final de Curso. A pesquisa tem como enfoque a narrativa do assassinato de Carolina Maria de Arajo Ribeiro pelo seu marido Joo Pinto Ribeiro.
Objetivo:
O objetivo do trabalho possibilitar reflexes acerca do crime cometido contra a vtima Carolina Maria, de modo a se considerar o contexto social e familiar, a qual ela estava inserida; as motivaes que teriam levado o ru a cometer o crime, bem como o resultado do julgamento. Alm disso, se pretende uma aproximao ao iderio daquela sociedade, utilizando a histria dessa mulher para pensar a realidade de muitas outras.
Metodologia:
A metodologia de pesquisa a anlise documental de processos crimes, a partir de autores como Fausto (1984), que v estes documentos como peas artesanais, que precisam ser montadas, para que revelem as subjetividades dos envolvidos. De todo o modo, os processos criminais cada vez mais tm sido reconhecidos pelo que realmente, ou seja, fontes complexas e ricas em informaes tanto as ali descritas quanto as presentes nas entrelinhas.
Resultados:
A partir das anlises feitas acerca do documento, vrios aspectos podem ser apontados nesse momento. O processo utilizado est sob posse do arquivo pblico do Rio Grande do Sul e datado de 1863, em Pelotas.
Ao longo do processo percebemos a participao de personagens alm da vtima e do ru. So chamadas de testemunhas e de informantes: ao total so 7 testemunhas e 6 informantes. Os diversos testemunhos facilitam entender melhor como o crime ocorreu e as circunstncias desse. Permite-nos pensar o cdigo penal vigente na poca e os privilgios que esse garantia aos homens, bem como o termo honra masculina presente no processo justificava o ato.
Concluses:
Os processos criminais so fontes documentais que possibilitam uma maior imerso no cotidiano das sociedades e o documento aqui analisado nos auxilia a perceber o contexto no qual uma mulher perdeu sua vida, por supostamente ter maculado a honra masculina.
As pesquisas referentes a esta rea esto cada vez mais ganhando um merecido espao, j que aram muito tempo nas sombras. Atravs delas tem se conseguido reconstruir a trajetria das mulheres, j que sobre elas havia, muitas vezes, um silenciamento.
Referncias:
FAUSTO, Boris. Crime e Cotidiano: a criminalidade em So Paulo (1880 - 1924). So Paulo: Editora Brasiliense, 1984
PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gnero na pesquisa de histria. Histria, So Paulo, 2005.
PERROT, Michelle. Minha Histria das Mulheres. So Paulo: Contexto, 2019.
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Thais Strelow da Silva (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Trabalhadoras na Justia do Trabalho: busca por direitos, relaes de gnero e violncias (Porto Alegre 1941-1942)
Resumo:A temtica desta pesquisa parte de uma aproximao...
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Resumo:A temtica desta pesquisa parte de uma aproximao dos estudos de gnero com o mundo do trabalho ao analisar processos trabalhistas impetrados por trabalhadoras contra empregadores na 1 Junta de Conciliao e Julgamento de Porto Alegre entre os anos 1941 e 1942. O marco temporal escolhido objetiva analisar os primeiros anos da atuao da Justia do Trabalho no Brasil e o critrio de seleo dos processos investigados foi a identificao de supostas aes violentas por parte dos patres e patroas contra as empregadas, conforme relatos nos autos dos processos. Entende-se como violncia aes que atingem a integridade fsica e psicolgica por meio de ameaa, coao ou fora com a finalidade de punir, intimidar e humilhar. Baseado em uma perspectiva de gnero como categoria de anlise, os objetivos da pesquisa foram: compreender as relaes de gnero nos ambientes de trabalho e como ocorreram as supostas situaes de violncia no interior dessas relaes e observar como so construdos os argumentos de trabalhadoras e patronato no empenho de validar as suas aes e obter o ganho de causa. A partir de uma anlise dos discursos jurdicos, foi possvel compreender a tentativa das partes em produzirem sujeitos, verses sobre si e sobre o outro, ao mesmo tempo que descrevem o funcionamento dos locais de trabalho, as relaes de gnero e, principalmente, as experincias femininas no mundo do trabalho. Entre os processos, alm da busca pelos mesmos direitos, tais como aviso prvio, indenizao, horas extras e descanso semanal; os atos de violncia reclamados tambm se assemelham, definidos como perseguio, ofensa, insulto, humilhao, agresso fsica. Durante a tramitao dos processos, observa-se que as alegaes de violncias no so o centro dos processos, mas se tornam relevantes ao serem expostas pelas trabalhadoras para legitimar os seus argumentos, enquanto os empregadores justificavam suas atitudes em decorrncia de indisciplina e/ou insubordinao das empregadas. As trabalhadoras procuravam a Justia do Trabalho em busca de fazer valer seus direitos e barganhar algum ganho efetivo, expor as aes violentas do patronato foi uma das estratgias utilizadas para comprovar um tratamento injusto que, geralmente, levava a demisso. Entre os atos de fala percebe-se a construo de dicotomias entre bom/mau patro e disciplinada/indisciplinada empregada, definies morais do feminino e do masculino que expressam os marcadores de gnero que atravessam as relaes de trabalho. Outrossim, a pesquisa contribui para a compreenso de como relaes de gnero se manifestam na Justia do Trabalho e como esse campo de lutas tornou-se uma alternativa possvel para que trabalhadoras fossem ouvidas e tivessem chances de pleitear direitos previstos em lei.
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Deane Soares Figueiredo (TRIBUNAL DE JUSTIA DE PERNAMBUCO)
LEI MARIA DA PENHA: por uma melhor prestao jurisdicional s mulheres vtimas de violncia domstica e familiar na Comarca do Recife/TJPE
Resumo:O tema violncia domstica e familiar contra as mu...
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Resumo:O tema violncia domstica e familiar contra as mulheres est presente, diariamente, nas pautas de todas as mdias. Esta temtica precisa ser discutida, cada vez mais, pois seus ndices so alarmantes, ao redor do mundo. Estudiosos/as concordam que o fenmeno endmico. No Brasil, acompanhando um movimento de ordem mundial, foi criada uma lei especfica que trata da matria: Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006, popularmente chamada de Lei Maria da Penha. Legislao reconhecida nacional e internacionalmente como uma das mais avanadas (ao lado das leis vigentes da Espanha e da Monglia). Ela cria mecanismos para coibir a violncia domstica contra as mulheres, nos termos do 8 do art. 226 da Constituio Federal, da Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra as Mulheres e da Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher (Conveno de Belm do Par). Contudo, na contramo de todos os esforos envidados pelos rgos, que integram a Rede de Proteo Mulher Vtima de Violncia, especialmente durante o isolamento social, imposto como condio de poltica pblica de sade, por ocasio da epidemia causada pelo coronavrus, aqui no pas, a partir do ms de maro do ano de 2020, tais ndices cresceram, exponencialmente. Ora, partimos de alguns pressupostos: a violncia acontece dentro de uma dinmica, segundo o Ciclo de Violncia Domstica. Adotaremos o modelo formulado por Lenore E. Walker. Como tal, apia-se numa relao de natureza txica ou abusiva. Logo, vtimas e agressores se retroalimentam, num contexto patologizante. Neste aspecto, creditamos codependncia um dos fatores primordiais, seno o principal, para justificar a permanncia desse jogo simblico entre vtima-agressor. Afinal, o isolamento torna os homens violentos (considerando a grande maioria de agressores do sexo masculino)? Ou simplesmente, o isolamento desnudou uma realidade que ns, enquanto sociedade, insistimos em no ver? Como tantas outras mazelas sociais que implodiram: misria extrema, desemprego, colapso do sistema de sade etc. O presente trabalho, de natureza documental, pretende apresentar sugestes melhor prestao jurisdicional. Nossas fontes sero os dados oficiais da instncia judiciria, Delegacias de Policia, Ministrio Pblico e Unidades Pblicas de Sade; resultados de experincias neste campo sociojurdico, consonante com a quarta onda do movimento feminista atual, a partir do mtodo indicirio proposto por Carlo Ginzburg. No campo terico, adotamos o conceito de violncia simblica definido por Pierre Bourdieu.
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Viviane Holanda Rangel
Traos de agresses: Vozes femininas em meio a um sistema jurdico silenciador das violncias de gnero (1970 - 1971)
Resumo:O Sistema jurdico, enquanto brao repressivo do E...
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Resumo:O Sistema jurdico, enquanto brao repressivo do Estado, tem como funo a disciplinao da populao atravs da criao e manuteno de normas que estabilizem a ordem social e tornem mais vivel o seu controle. No entanto, sendo o Estado um conjunto de instituies calcadas em bases patriarcais que visavam dominar os corpos das mulheres, sua caracterstica misgina foi ada para o campo do direito, e a estruturao do capitalismo apenas reafirmou a importncia desse domnio na medida em que reforava a funo exclusiva do gnero feminino na reproduo da fora de trabalho. O contexto brasileiro foi especialmente marcado por tais concepes devido a questes religiosas e sociais herdadas no processo de colonizao e no perodo do Imprio. O posterior estabelecimento da Repblica no causou rupturas demasiadas com a ordem social anterior. Esta, baseada na desigualdade de papis de gnero foi uma das premissas utilizadas para a coeso social da famlia, a qual significaria em ltimo grau, a coeso do prprio pas. Nas dcadas seguintes, com o governo Vargas e a Ditadura Militar, tais valores foram debatidos e repensados, mas permaneciam calcando a estrutura de famlia desejada para uma sociedade civilizada e moderna. Com esse propsito em mente, a violncia masculina permaneceu como forma vlida de manuteno das hierarquias sociais e dos papis de gnero. No entanto, as mulheres teciam estratgias para se livrar destes tipos de violncias quando assim podiam, as quais muitas vezes eram a fuga de relacionamentos indesejados ou a recusa a permanecer com seus companheiros. Este trabalho visa explicitar os silncios existentes na justia quanto s violncias sofridas pelas mulheres em relacionamentos na dcada de 1970 em Pernambuco atravs de dois estudos de caso respectivamente de estupro e seduo. A justia e sua autoproclamada neutralidade acabavam por naturalizar um discurso patriarcal que ora justificavam, ora tornavam imperdoveis atos de violncia contra as mulheres, dependendo do exemplo que se desejava dar sociedade da poca. As opes das mulheres nesses casos e seus posicionamentos demonstraram que estas tinham suas prprias percepes dos modelos de gnero e de famlia as quais gostariam de seguir, e que, de acordo com suas demandas prprias, poderiam decidir romper com os lugares tradicionalmente estipulados para si e suas congneres.
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Flaviane Soares da Silva (LICENCIATURA EM HISTRIA)
Mulheres negras no Ps-Abolio: Experincias cotidianas e trabalho nos processos judiciais de rapto e defloramento (Recife na dcada de 1890)
Resumo:O objetivo dessa pesquisa investigar as vivncia...
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Resumo:O objetivo dessa pesquisa investigar as vivncias cotidianas das mulheres negras na dcada de 1890 na cidade do Recife. Buscamos percorrer suas experincias atravs dos seus envolvimentos em crimes de estupro, defloramento, rapto ou em crimes de ofensa a moral pblica. importante ressaltar que este foi um perodo de constantes modificaes sociais e polticas no pas, como a Abolio da escravido e a Proclamao da Repblica. Com o regime republicano, emergiu uma poltica de modernizao e disciplinamento das condutas populares seguindo o padro moral vigente. Na qual, as prticas femininas foram as mais controladas e reprimidas, atravs das suas vestimentas, seus comportamentos. De modo que, por meio dos processos-crimes, sobretudo dos habeas corpus, foi possvel ar esse controle do corpo feminino, alm de informaes sobre essas sujeitas, como suas relaes de trabalho, seus locais de moradia e os usos que estas faziam da justia afim de conseguir ganhos. Os habeas corpus foram as principais fontes analisadas nessa pesquisa, o qual foi uma medida utilizada para recorrer da ao legal e evitar-se ilegalidades na priso. O crime de defloramento, o mais recorrente entre os processos coligidos, trouxe o debate sobre a conduta feminina, na qual a mulher deflorada deveria construir um discurso convincente acerca da sua honestidade, seguindo os parmetros da ividade feminina, provando que ela teria sido seduzida. Alm disso, percebemos que essas sujeitas buscavam nas aes judiciais uma reparao da honra perdida, atravs da realizao do matrimnio, do recebimento de um dote ou da condenao do acusado. Os registros judiciais no possuam a descrio da cor dessas mulheres, devido ausncia do auto de corpo de delito nos habeas corpus, documento onde so detalhadas as caratersticas fsicas das vtimas. Apesar disso, percebemos que so as mulheres das camadas populares que mais tiveram suas prticas sociais e amorosas controladas pelo Estado, visto que so as mais vulnerveis ao processo de represso, padronizao e embranquecimento existente no regime republicano.
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ST 10 - Sesso 3 - Sala 10 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 k4825
Local: Sala 10
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Ariadne Marinho Machado (Universidade Federal de Mato Grosso)
Memria do Asilo-Colnia So Julio entre as dcadas de (1960-1970)
Resumo:Esta pesquisa pretende apresentar discusses relat...
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Resumo:Esta pesquisa pretende apresentar discusses relativas histria da lepra/hansenase em Mato Grosso entre dcadas de 1960 e 1970. Buscamos analisar o estigma social imputado aos doentes acometidos pela enfermidade, tendo como estudo de caso o asilo-colnia So Julio (MS), mandado construir em 1941 pela poltica varguista e atualmente localizado no estado de Mato Grosso do Sul. O medo era to arraigado na sociedade brasileira que as polticas de Estado promoveram a sistematizao do aprisionamento foroso em instituies intramuros, como o leprosrio. No interior desses espaos, refletia-se nos enfermos um apagamento do eu e a manipulao de suas identidades. Deste modo, torna-se necessrio compreender a vivncia e as estratgias de sobrevivncia tecidas no cotidiano da unidade asilar. Assim, a memria daqueles que estiveram internos no asilo-colnia So Julio fornece-nos uma fonte privilegiada de histrias. No h dvidas que ao longo dos anos, a colnia-hospital foi palco de inmeras narrativas, histrias cotidianas de doentes segregados e isolados do mundo externo pela distncia, por muros altos e o estigma que foi marcado feito ferro quente com o braso do abandono, deixados a suas prprias sorte para a morte fsica, porque a social j havia acontecido ao tornar-se leprosa ou leproso. Alm disso, buscamos questionar os discursos sobre as mulheres, encaradas como seres marcados por certas identidades padronizadas, normalmente ligadas maternidade e ao cuidado, de modo a tornar aparente a contradio da concepo do ser mulher, associado ideia de pureza, com o fato de serem leprosas e, assim, pecadoras. no contexto dessa discusso histrico-poltica de gnero que se fundamentam as reflexes sobre as dificuldades das mulheres nos processos de traar tticas de sobrevivncia, tanto na vida em recluso como na volta sociedade.
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Manoel da Paixo Lordelo da Silva Junior (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
Paradigma indicirio feminista: uma reanlise da obra de Carlo Ginzburg a partir das teorias feministas de Silva Federici
Resumo:O artigo prope uma reinterpretao do processo in...
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Resumo:O artigo prope uma reinterpretao do processo inquisitrio de uma bruxa apresentado no trabalho do historiador Carlo Ginzburg, a partir das novas contribuies das reflexes e paradigmas propostos pela obra O calib e a bruxa: mulheres, corpos e acumulao primitiva, da historiadora talo-estadunidense Silva Federici. O texto apresenta as teorias desses dois pensadores a fim de entender em uma perspectiva interseccional feminista a poltica da caa s bruxas como uma ferramenta de representao e legitimao de controle e extermnio do Outro, sobretudo das mulheres, trazendo ao debate a importncia de algumas categorias de anlise na pesquisa histrica.
O modelo epistemolgico apresentado por Carlo Ginzburg de um mtodo heurstico que valoriza os resduos, os detalhes, vestgios, sinais e dados marginais presentes na fonte ou no relato da testemunha possibilitou uma importante ferramenta nas pesquisas de construo das narrativas histricas e das anlises sociolgicas, j consolidado nos meios acadmicos. Este processo, cunhado pelo autor como paradigma indicirio, possibilitou que pesquisadores e pesquisadoras se atentassem aos vestgios ocultos e excludos dos documentos histricos, fazendo o uso de sua intuio e sensibilidade para revela-los.
Notoriamente, os trabalhos realizados pelas pesquisadoras feministas nas ltimas dcadas contribuem de modo significativo para se pensar em um novo paradigma nas pesquisas acadmicas. Talvez sejam os trabalhos mais importantes que por excelncia tenha utilizado dos indcios de uma histria apagada e marginalizada para uma proposio de reviso e construo de novas epistemologias neste sculo.
Partindo dessas novas conexes apresentadas por autoras feministas, em destaque o trabalho de Federici, proponho uma apresentao dessas teorias intercalando com alguns indcios presentes nos documentos inquisitrios do trabalho de Ginzburg, que no foram apresentados nem debatidos pelo autor. No se trata de uma crtica anacrnica ou ideolgica obra do autor, mediante as importantes contribuies de seu trabalho, mas uma maneira de construir leituras possveis de um mesmo fenmeno a partir de uma pluralidade de ngulos.
A anlise interseccional, com destaque as categorias de gnero, sexo, raa e classe, permitem repensar a escrita histria bem como perceber ainda hoje como os discursos racistas, machistas e misginos so fundamentados por diversas esferas sociais, que, assim como no incio da Idade Moderna, permitiram a violncia sobre as mulheres e a morte de inmeros sujeitos em nome de uma ordem.
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Vitria Regina de Luna Cavalcanti Barros (FGV DOC)
Mulheres e Memria: mapeando arquivos pessoais brasileiros
Resumo:O presente trabalho tem o objetivo de discutir a e...
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Resumo:O presente trabalho tem o objetivo de discutir a existncia de repositrios femininos em instituies arquivsticas. A partir desse propsito, foi realizado um mapeamento analtico de quatro arquivos brasileiros em busca de verificar quantitativamente a presena de mulheres entre os titulares dos acervos e analisar qualitativamente as apresentaes biogrficas das proprietrias desses documentos histricos e arquivsticos.
Dessa forma, ser levantado reflexes a respeito do espao destinado as mulheres no arquivo, o qual apresenta, em sua maior parte, documentos masculinos, fazendo com que seja possvel debater a influncia que a instituio arquivstica possui na construo de uma memria feminina silenciada. Partindo dessa perspectiva, a busca por representaes sobre mulheres nos arquivos selecionados tomou como modelo o debate acadmico sobre memria, arquivo e gnero.
Os arquivos selecionados para a delimitao do campo emprico da pesquisa foram: o Programa de Arquivos Pessoais do Centro de Pesquisa e Documentao de Histria Contempornea do Brasil (DOC), o Arquivo de Histria e Cincia do Museu de Astronomia e Cincias Afins (MAST), o Departamento de Arquivo e Documentao da Casa de Oswaldo Cruz (COC) e o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).A opo pelos quatro arquivos se deu pela pluralidade entre as linhas de acervo seguidas por eles. Acredito que a diversidade entre as linhas de acervos seja um indicador que nos permita verificar aproximaes e distanciamentos entre arquivos de mulheres que seguiram diferentes trajetrias pessoais e profissionais.
Os arquivos possuem acervos pessoais, questo importante para a discusso sobre memria feminina, pois, segundo Michelle Perrot, a documentao e a memria de mulheres se expressam mais intensamente em arquivos pessoais, uma vez que os arquivos pblicos em geral calariam as mulheres por privilegiarem a cena pblica, espao por muito tempo a homens. Nesse sentido, a historiadora afirma que os arquivos pessoais seriam um espao mais livre de expresso feminina.
Em vista do exposto, o trabalho a seguir foi dividido em trs partes: a primeira busca debater a relao entre arquivo, memria e mulheres, com o objetivo de questionar a (in)visibilidade de fundos femininos em instituies arquivsticas. Na sequncia, ser apresentado os dados qualitativos e quantitativos extrados dos fundos e colees arquivsticas dos quatro acervos analisados, estes disponveis nos sites das bases de dados e guias de cada arquivo. Por ltimo, foi realizado uma sntese dos dados em conjunto com uma breve discusso sobre a importncia do debate sobre gnero e arquivo para o campo das Cincias Humanas, sobretudo no cenrio brasileiro, uma vez que esforos voltados a essa questo ainda esto incipientes.
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Fernando Marques de Mello Jnior (UNESP - Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho)
Lascivas dos trpicos: a imagem libidinosa das mulheres da Amrica portuguesa na literatura de viagem (1610 - 1807)
Resumo:Com o desembarque da frota comandada por Pedro lv...
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Resumo:Com o desembarque da frota comandada por Pedro lvares Cabral no continente americano muitos foram os visitantes europeus que dedicaram algum espao em seus escritos para descrever este Novo Mundo e seus habitantes. Nessa construo do Brasil e de sua gente pelos visitantes do velho continente identificam-se, sem maiores dificuldades, certos lugares comuns estabelecidos ao longo desse processo, cujo fomento se dava, quase de forma exclusiva, pela literatura de viagem. Assim sendo, a presente comunicao se dedicar a mapear brevemente a construo de uma destas tpicas recorrentes nos escritos europeus: a libertinagem das mulheres da colnia portuguesa nos trpicos. As naturais do lugar no tardariam a frequentar os pargrafos estrangeiros revelando aos leitores sua sexualidade exacerbada, desregrada e quase animalesca. Entretanto, no incio do sculo XVII, momento em que os primeiros ncleos urbanos comeam a tomar forma e a chamar a ateno dos visitantes estrangeiros, a lascvia atribuda antes aos nativos a a caracterizar os costumes dos colonos, em especial os das mulheres. Jovens damas adlteras, dotadas de uma sexualidade desregrada e ardendo de desejo pelos galantes estrangeiros am a figurar entre as descries do mundo que os portugueses erigiam nos trpicos. Destarte, a presente comunicao prope-se a compreender os contornos desta construo a respeito da moralidade feminina no perodo colonial tomando como marcos limites a edio do relato atribudo a Franois Pyrard de Laval, impresso em 1611, e a prensagem da narrativa do oficial ingls James Kingston Tuckey, datada de 1807. Dito de outra maneira, intentar-se-, na comunicao proposta, demonstrar como os europeus construram a imagem libertina das mulheres da Amrica portuguesa, em especial a imagem atribuda s colonas, compreendendo as narrativas de viagens escritas entre o incio do Seiscentos, com a narrativa responsvel por inaugurar esse padro discursivo, e o alvorecer dos Oitocentos, quando possvel notar a inflexo deste discurso.
Palavras-chave: mulheres; Brasil colnia; literatura de viagem.
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Bruna Caroline da Silva (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
MSICA DO SILNCIO: Questes de Gnero e Representatividade Potica
Resumo:Em virtude da poltica do patriarcalismo, as mulhe...
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Resumo:Em virtude da poltica do patriarcalismo, as mulheres tiveram e tm suas imagens invisibilizadas e subjugadas. Evidenciando que a memria e a narrativa histrica so masculinizadas, a literatura de autoria feminina suscita um novo olhar sobre a produo literria produzida desde meados do sculo ado at os dias de hoje. Por isso, nosso objetivo dar visibilidade a escrita e existncia da poetisa Maria do Carmo Barreto Campello, em que seu protagonismo caiu em esquecimento, mesmo tendo contribudo para a literatura pernambucana. A grande intelectual nordestina, nasceu na cidade do Recife em 21 de julho de 1924 e falece em 23 de julho de 2008. ou sua infncia entre a capital pernambucana e a cidade do Rio de Janeiro, onde teve fortes influncias eruditas e catlicas. Tornou-se imortal pela Academia Pernambucana de Letras, em 1982, ocupando a cadeira nmero 29. Profissionalmente atuou como professora, jornalista e tcnica em comunicao social na Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Em tal trabalho procuramos demonstrar alguns traos da personalidade da autora a partir das obras: Msica do silncio 1 momento: Os smbolos. 2 momento: os sobreviventes (1968) e Msica do silncio 3 momento: Ciclo da Solido (1971). A intelectual viveu e escreveu sobre dor, amor e solido, nessa perspectiva, ao decorrer de suas poesias ela busca fundamentar a compreenso e entendimento do seu pertencimento e solitude, demonstrando a representatividade da fragilidade humana com suas angstias e perplexidades. Ao analisarmos as poesias de Maria do Carmo, percebemos que, a liberdade o estado de esprito que melhor representa a produo de seus versos, pois sua escrita no segue padres mtricos e seus versos so livres. Como aportes tericos-metodolgicos utilizamos a anlise dos estudos de gnero proposta por Joan Scott, as discusses biogrficas apresentada pela historiadora Margareth Rago, e a categoria de representao desenvolvida pelo historiador Roger Chartier.
Palavras-Chave: Gnero. Literatura. Intelectuais.
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Carlos Bittencourt Leite Marques (UPE - Universidade de Pernambuco)
As representaes da violncia de gnero, durante a Primeira Repblica, nos peridicos e processos crimes do Recife.
Resumo:O objetivo deste trabalho analisar como os meios...
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Resumo:O objetivo deste trabalho analisar como os meios de comunicao (especificamente os principais peridicos que circulavam pelo Recife no final dos oitocentos e primeiras dcadas do sculo XX) e os processos crime (cuja tramitao na justia se deu no mesmo perodo citado, independente do perodo em que o crime tenha ocorrido), ajudaram a construir a representao social da violncia de gnero contra a mulher
nesta cidade. Para tanto, elegemos como corpus de pesquisa, notcias sobre violncia de gnero publicadas nos jornais da capital pernambuca, mesmo que o crime no tenha ocorrido necessariamente nela, veiculadas entre os anos de 1890 e 1920, nos jornais Dirio de Pernambuco, Jornal do Recife e Jornal Pequeno. Bem como os processos crimes da comarca do Recife, que esto localizados no Memorial da Justia de Pernambuco. Acreditamos que tais construes narrativas possuam o duplo papel de construir e cristalizar esteretipos ao mesmo tempo que moldavam as prticas dos sujeitos histricos. Buscar-se-a, desta maneira, analisar as representaes acerca da violncia de gnero a partir dos: esteretipos de vtima e agressor na sociedade; da motivao do crime; da lindividualizao
do problema da violncia e da associao desse problema s questes econmicas. O estudo destas fontes no nos apresenta apenas informaes relativas aos sujeitos retratados na mesma, uma vez que a construo discursiva no pode ser dissociada do contexto, dos atores sociais e das instituies envolvidas em sua produo.
A anlise da documentao nos permitiu perceber que o discurso das notcias, bem como dos diversos personagens que fazem parte da lgica interna do processo crime, por vezes reforam esteretipos de vtima e agressor, tpicos de
uma estrutura social patriarcal e machista. Alm disso, apesar de no deixar de ser uma consequncia do machismo, a vtima acaba aparecendo como responsvel da agresso sofrida; percebe-se, desta forma que, a violncia de gnero
apresentada como um problema individual e no social. Por ltimo tambm foi identificado que tanto nas fontes jornalsticas como judiciais, este tipo de comportamento criminoso estava relacionado s camadas mais pobres da populao.
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Brbara Magalhes Tavares Rodrigues (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
Quando o vento do ado volta: Uma anlise da trajetria de Deborah Brennand
Resumo:O presente trabalho busca apresentar os resultados...
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Resumo:O presente trabalho busca apresentar os resultados da pesquisa CATLICAS IMORTAIS: Deborah Brennand, a poetisa rfico-mtica na Academia Pernambucana de Letras, desenvolvida no PIBIC-UNICAP 2019-2020; na qual analisamos a vida e as obras da poetisa Deborah Brennand, demonstrando como a mesma foi vista pelos demais intelectuais e como sua escrita impactou o mundo das letras. Nascida em 12 de fevereiro de 1927, no Engenho de Lagoa do Ramo, em Nazar da Mata, a poetisa teve uma importante atuao no cenrio das letras, chegando a publicar seis livros; no ano de 2007, ocupou a cadeira de nmero 37, antes ocupada pelo escritor Manuel Correia de Oliveira Andrade. Ela faleceu no dia 26 de abril de 2015, aos 88 anos, no bairro de Piedade, localizado em Jaboato dos Guararapes. Em um primeiro momento, para conseguirmos compreender e analisar a trajetria da escritora utilizamos a proposta sobre biografia desenvolvida por Benito Bisso, devido a sua multiplicidade de observaes e leituras. Atravs da anlise de suas narrativas e sua insero na Academia Pernambucana de Letras, percebemos que ela encarava a poesia muito mais como um hbito natural e espontneo e, por muito tempo, preferiu manter suas produes literrias na sua intimidade, sossegada e distante dos demais. No entanto, a poetisa dificilmente reconhecida por seu talento e produes literrias, sendo normalmente apresentada, primeiramente, como a mulher de Francisco Brennand, ou seja, sendo percebida e reconhecida por muitos como a sombra de um homem, sem sua liberdade e capacidade de expresso artstica. Parafraseando a historiadora Joan Scott, principal referencial terico dessa pesquisa, a partir dos seus estudos de gnero, podemos perceber que, ao expormos que a escritora a a ser reconhecida apenas como a sombra de um homem, estamos alargando as noes tradicionais do que historicamente importante, visto que, a pesquisa buscou como um dos seus principais objetivos inscrever as mulheres na histria. Logo, podemos ter uma noo do porque a posse de Deborah na Academia Pernambucana de Letras no foi noticiada nos jornais impressos ou digitais da poca e, muito menos, temos o registro de seu discurso de posse e sua cerimnia na prpria Academia. Alm disso, aps uma pesquisa minuciosa nas revistas da APL, constatamos que, no ano em que ela foi imortalizada por esta instituio, no h nenhuma matria publicada na mesma e, tampouco, no h referncias sua posse no exemplar do ano seguinte; o que vem colaborar ainda mais para a invisibilidade da poetisa, que apesar de to importante para a literatura pernambucana, no foi at ento, contemplada por demais pesquisadores/as.
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Luza Vieira Cavalcanti (UNICAP - Universidade Catlica de Pernambuco)
Jamais esquecer: vida e obra da imortal Ftima Quintas
Resumo:Neste trabalho, propomos apresentar os resultados ...
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Resumo:Neste trabalho, propomos apresentar os resultados da pesquisa CATLICAS IMORTAIS: Maria de Ftima de Andrade Quintas, uma antroploga na Academia Pernambucana de Letras, desenvolvida no PIBIC/UNICAP 2019/2020; a qual se props realizar uma narrativa sobre a biografia e obras da escritora e antroploga Ftima Quintas. O objetivo principal foi compreender como ela se relaciona com seus livros, produzindo materiais sobre a sua histria e, assim, conforme consta em um dos captulos de seu livro Tempos Partidos (memrias), sua trajetria e legado jamais cairiam em esquecimento. A pesquisa foi dividida em duas fases: a primeira consistiu na busca dos documentos pessoais e verificao dos dados sobre a trajetria da imortal; e, a segunda, voltada para a leitura e anlise de suas obras. A intelectual Ftima Quintas tem atuado em diversas reas do conhecimento cientfico e artstico, sua escrita transita fluidamente entre as reas da Antropologia e da Literatura. Nascida na cidade do Recife, em 28 de fevereiro de 1944, sua infncia foi rodeada pelos livros da biblioteca de seu pai, Amaro Quintas, e bilhetes secretos que trocava com sua me, Edith Queiroz, atravs disso, descobriu sua paixo pelas letras. Formou-se em Cincias Sociais e concluiu seu mestrado em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco, no ano de 2002, foi eleita imortal pela Academia Pernambucana de Letras, ocupando a 31 cadeira, cujo patrono Oliveira Lima. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da APL, trabalhou 37 anos na Fundao Joaquim Nabuco exercendo diversos cargos, atuou como professora universitria, colunista, radialista, escritora, contista, entre outros. Em sua trajetria, a escritora vem permeando vrios espaos dentro do ciclo intelectual pernambucano, nos quais tem produzido diversas pesquisas e obras literrias. Ao analisarmos seus livros, os dividimos em temticas, pois devido sua vasta produo (atualmente possui 52 obras publicadas) e ao curto perodo que tivemos para desenvolver a pesquisa. Deste modo, com o objetivo de tornar a leitura mais dinmica, compreendemos que seria ideal analisar no mnimo um ou dois livros de cada uma das treze temas que identificamos. Alm disso, na pesquisa tambm buscamos compreender quais relaes podem ser estabelecidas entre a sua trajetria, a posio da mulher no campo da intelectualidade e os cnones literrios, a partir dos estudos de gnero. Portanto, tomamos como aportes terico-metodolgicos, o conceito de gnero, proposto pela historiadora Joan Scott e filsofa Judith Butler; e a relao entre livro-autor, proposta pelo historiador Roger Chartier.
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