Resumo: A histria observa um continuo movimento de indivduxs e grupos em conflitos e em relaes de poder, construindo seus espaos de sobrevivncia em sociedade. No processo, a conquista desses espaos, politicamente, faz-se sob o discurso da identidade e/ou do direito. Em uma sociedade juridicamente estruturada no universalismo democrtico, faz-se necessria a crtica feminista no tocante ao respeito diferena, aos direitos relativos s subjetividades no-normativas, ao empoderamento de identidades excludas e invisibilizadas. As revises, no campo da histria-vista-por-baixo e da biografia do anti-heri evidenciam o papel de marginais, excludos/as, subalternos/as, explorados/as, desconstroem vises e verses "oficiais" do ado, e subsidiam a defesa de tais grupos em resistncia, nas suas buscas por justia, at, de existir: ao deslocar o objeto, do sujeito tradicional para o novo sujeito, cobra outras abordagens, no lastro da pluralidade, da interpenetrao e da descolonialidade, incrementando teorias posicionadas. As possibilidades de abordagem neste ST se abrem a estudos sobre os feminismos, as masculinidades, as relaes de gnero na educao e no trabalho (aes para desenvolvermos uma Educao inclusiva, no-sexista, no-racista, no-homofbica, no-lesbofbica e no-transfbica), os Planos Nacionais de Poltica para as Mulheres, o Movimento LGBTTIs, e outros estudos que tenham como foco abordar a diversidade das relaes de gnero em nosso pas. Assim, este ST espao para o debate e a troca de experincias narrativas, a partir de estudos em andamento ou finalizados, resultados em biografias, revises historiogrficas e narrativas dos movimentos sociais (sc XX), bem como, debates historiogrficos, a partir da meta-teoria crtica feminista e dos estudos decoloniais. As pesquisas que pretendemos discutir neste ST so advindas no apenas da Histria, como tambm de reas afins, sob diversas perspectivas tericas, como os estudos Queer, as abordagens antropolgicas e ps-estruturalistas. Cientes da amplitude da temtica, buscamos estabelecer trocas de saberes com pesquisadoras/es de diversos campos disciplinares.
BANDEIRA, Andra. Mulher, Educao e Poltica. In: CASTRO, A. M.; MACHADO, R. de C. F. (Orgs.). Estudos Feministas, mulheres e educao popular. Curitiba: CRV, 2016.
BIROLI, F.; MIGUEL, L. F. Feminismo e Poltica: Uma introduo. So Paulo: Boitempo, 2014.
GOMINHO, Zlia de O. Cidade Vermelha: A Experincia Democrtica no Ps-Estado Novo. Recife, 1945-1955. Tese. Recife: PPGH/UFPE, 2011.
LOURO, Guacyra Lopes. Gnero, sexualidade e educao: uma perspectiva ps-estruturalista. Petrpolis, RJ: Vozes, 1997;
LUGONES, Mara. Rumo a um feminismo descolonial. In: Revistas Estudos Feministas. Florianpolis. 22(3): 320, set.-dez./2014.
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Antnia Lucivnia da Silva (Rede de ensino pblico estado do Cear-E.E.F.M. Jos Alves de Figueiredo)
Gnero, sexualidade e gravidez na educao bsica
Resumo:Este trabalho procura desenvolver uma reflexo ace...
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Resumo:Este trabalho procura desenvolver uma reflexo acerca da gravidez de alunas adolescentes estudantes da educao bsica tendo esta inteno surgido a partir da observao da realidade vivenciada em salas de aulas do ensino mdio na Escola Jos Alves de Figueiredo situada em na cidade de Crato-CE, a partir da evaso de uma estudante do terceiro ano em virtude da gravidez durante o quarto bimestre do ano de 2019, situao diante da qual a escola enquanto instituio no moveu todos os esforos disponveis para evitar a desistncia da aluna. Tal constatao nos fez refletir sobre essas estratgias sutis de negao de direitos e naturalizadoras das desigualdades de gnero e a partir desta situao surgiram diversas indagaes. Como o assunto gravidez trabalhado nas escolas e sob que perspectiva? Se estudantes aprendem na escola, e em outras fontes, sobre mtodos contraceptivos, por que h tantos casos de gravidez? Que fatores contribuem para que no evitem a gravidez? Estas questes so invisibilizadas pelas instituies escolares em virtude de uma cultura patriarcal que associa a identidade do ser mulher maternidade, tratando a evaso decorrente da gravidez como um fato natural, quando seria o papel da escola lanar luz sobre a realidade evidenciando os processos histricos que forjaram a associao do ser mulher maternidade. Todavia, a escola se exime deste papel legitimando a perpetuao das desigualdades de gnero. Mesmo tendo se consolidado uma viso da gravidez na adolescncia como sendo um problema, muitas vezes no estudado atrelado s desigualdades de gnero e abordado nos seus aspectos histricos e sociolgicos, ou quando trabalhada no currculo escolar tratada de forma pontual e no continuada, muito provavelmente por estar arraigada a viso da maternidade naturalizada. Lidar com gnero e sexualidade requer problematizar os comportamentos, os modelos do que ser homem e do que ser mulher, debater a maternidade, a gravidez, os desejos, as expresses da sexualidade.
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Gabriella Soares do Nascimento
De quem o corpo: a questo do aborto no sistema legislativo brasileiro (1980-2000)
Resumo:O objetivo desta comunicao contextualizar o es...
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Resumo:O objetivo desta comunicao contextualizar o estatuto do corpo a partir de projetos de lei referentes ao aborto, nas duas ltimas dcadas do sculo XX, perodo que corresponde redemocratizao brasileira. A perspectiva adotada concebe o corpo como signo das relaes do seres humanos com seu ambiente histrico, social, poltico e cultural. Tal estudo engloba uma srie de pesquisas iniciadas pelas Cincias Humanas em meados da dcada de 80 que desnaturalizou o corpo, antes visto como um mero organismo biolgico, ando, ento, a conceitualiza-lo e entend-lo como uma construo sociocultural interferido pelo tempo e o espao. O corpo ocupou um lugar de destaque nos debates da dcada de 60 e 70 por movimentos sociais, entre eles o feminismo, que retira da esfera privada discusses acerca da sexualidade, liberdade, autonomia do corpo, e conduz um enfrentamento por conquista dos direitos no mbito das polticas pblicas. Nesse sentido, o aborto configura-se como pauta crucial para compreender o corpo em sua dimenso poltica marcada por discursos religiosos, cientficos, polticos, mdicos e do senso comum. Nesse contexto, situa-se a expresso do movimento feminista como fundamental na luta por direitos e autonomia das mulheres, uma vez que o aborto integra um dos temas principais discutidos ao final da Ditadura Civil-Militar (1964-1985), e continua a ser uma temtica fundamental para construo da atual democracia brasileira. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo por base as referncias bibliogrficas e o acervo documental do site da Cmara dos Deputados, a partir do qual analisou-se os projetos de lei tramitados sobre o aborto. Por fim, almeja-se incitar o debate sobre a ordem pblica do corpo, a atuao do movimento feminista em prol do aborto, seus aliados e os grupos que se colocam contrrios prtica.
Palavras-chave: Aborto, Legislativo, Brasil.
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Luciane Silva dos Santos (Centro de Referncia de Atendimento a Mulher em Situao de Violncia Domstica e Familiar)
Ateno s Mulheres em Situao de Violncia de Gnero Acompanhadas Pelo CRAM no Municpio de Valena-BA.
Resumo:
Este trabalho objetiva discutir os aspectos rela...
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Resumo:
Este trabalho objetiva discutir os aspectos relacionados com a violncia de gnero e os enfrentamentos a esta, no municpio de Valena, regio do baixo sul da Bahia. A violncia um problema histrico, social e de sade pblica que atinge uma parcela significativa de mulheres no Brasil. Historicamente, pode-se afirmar que as mulheres se enquadram, via de regra, na condio de expostas a violncia por conta de diferentes fatores e aspectos. No h apenas uma causa que possa caracteriz-la ou defini-la, uma vez que a mesma multicausal, e se encontra presente desde a formao da sociedade em que hoje vivemos. No processo de enfrentamento a violncia de gnero, as mulheres tm obtido diversos avanos, dos quais um dos que possuem grande relevncia a constituio de equipamentos pblicos, a exemplo do CRAM. O Centro de Referncia de Atendimento Mulher-CRAM uma estrutura importante do programa de preveno e enfrentamento violncia contra a mulher em Valena, fazendo parte da Rede especializada de proteo aos aspectos alusivos ao gnero. Foi criado a partir da Lei 11.340/2006, tambm conhecida como Lei Maria da Penha. um servio pblico e gratuito de atendimento psicolgico, social, jurdico e pedaggico para mulheres que vivem em situao de violncia domstica e/ou familiar. O CRAM foi criado com base no reconhecimento de que a violncia de gnero um fato que exige intervenes efetivas do Estado e dos Municpios para assegurar os direitos garantidos na Constituio de 1988. Esta pesquisa foi realizada a partir das informaes dos pronturios de atendimentos, com o objetivo de traar o perfil das mulheres que sofreram algum tipo de violncia domstica em seus relacionamentos conjugais e familiares, entre os anos de 2010 a 2019, atravs da equipe multidisciplinar que atua no referido rgo. Buscou-se entender como as mulheres narram a prpria histria e nomeiam/percebem o sofrimento que enfrentam. Procurou-se aqui problematizar como se desenha a violncia contra mulher em uma cidade que est entre os duzentos municpios brasileiros com maiores taxas de feminicdio. Foram utilizados referenciais tericos da Histria e Psicologia, como forma de contemplar os diferentes elementos presentes nos fenmenos. Com este estudo foi possvel verificar que o CRAM tem sido eficaz nos seus objetivos, apesar das limitaes de estrutura fsica e de recursos humanos disponveis. Alm disso, o CRAM tem demonstrado uma atuao importante na construo do enfretamento violncia.
Palavras-chave: CRAM; violncia de gnero; Ateno.
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Dejenana Keila Oliveira Campos (UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso)
Mulheres negras, resistncias, (re)existncias e ocupao no espao de poder poltico.
Resumo:Neste trabalho buscamos analisar a participao e ...
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Resumo:Neste trabalho buscamos analisar a participao e a representao poltica das mulheres negras nos cargos de deputadas federais e senadoras nas eleies de 2014 e 2018 no estado de Mato Grosso. O enfoque de nossa pesquisa consiste em compreender a trajetria poltica das parlamentares e o percurso trilhado para galgar maior espao no ambiente poltico do estado, marcadamente masculino e etilizado. Para tanto, dialogamos com o movimento feminista negro, que visa ampliar espaos de representao da mulher negra; as relaes de gnero, que discute a histrica desigualdade social e sexual entre homens e mulheres; bem com o racismo estrutural. Utilizamos o instrumental conceitual fornecido pelos estudos que privilegiam a interseccionalidade numa perspectiva decolonial. Alm disso, buscamos avaliar a aplicao e a eficcia da poltica de cotas eleitorais e dos cursos pblicos institudos no Brasil a partir do ano de 2018. Dessa maneira, investigamos o porqu a sub-representao das mulheres negras no cenrio poltico. Vemos que no panorama poltico brasileiro contemporneo, o total de candidaturas para diferentes cargos est de 31% de mulheres para 69% de homens, reflexo de uma sociedade marcada pela excluso e pela cisheteropatriarcado em todas as esferas. O que justifica to baixos ndices de mulheres pretas e pardas na disputa eleitoral, se constitumos a maioria da populao brasileira, segundo IBGE (2018) e apenas 2,5% das 513 cadeiras da Cmara Federal? Observa-se ainda que h pouco compromisso dos partidos com o cumprimento das cotas desde 2018, e aguardando novas leis para as cotas no partido, financiamento pblico e tempo da propaganda eleitoral das candidaturas negras em 2020, respaldado no Estatuto da Igualdade Racial, que deve garantir a igualdade de oportunidades na vida poltica.
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Sandra Regina Alves Teixeira (Secretaria de Estado de Educao do Par)
Ns no cultuamos o demnio: violncias, Direitos Humanos e atuao poltica de mulheres de terreiros em Ananindeua-PA a trajetria de Me Inez Rodrigues
Resumo:O trabalho analisa as agncias e os movimentos soc...
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Resumo:O trabalho analisa as agncias e os movimentos sociopolticos das mulheres de terreiros, em sua maioria mulheres negras, em Ananindeua-PA, pontuando as violncias (racismo, intolerncia religiosa, preconceitos, perseguies, discriminao etc.) vivenciadas por elas nesta cidade, que compe a regio metropolitana de Belm, e sua militncia no combate s opresses. Tambm dimensiona as articulaes dessas mulheres em torno dos lugares terreiro (territrio do sagrado) e espaos pblicos (conselhos, fruns, eatas, atos polticos, audincias pblicas etc.) e do conhecimento e apropriao das legislaes, no intuito de reivindicar e tutelar Direitos Fundamentais e Direitos Humanos para os povos negros e afrorreligiosos. De forma mais pontual, destaca-se a participao e atuao social e poltica de uma das principais lideranas e defensoras dos direitos dos grupos afrorreligiosos em Ananindeua: Nazar Inz Rodrigues, conhecida como Me Inz da Umbanda Tradicional. Trata-se de uma pesquisa transdisciplinar, nas interfaces entre Histria, Antropologia e Direito, centrada em um estudo de caso realizado na Seara de Umbanda Mame Oxum, fundada em 1995 e localizada no Conjunto Cristo Redentor-Ananindeua. Houve o acompanhamento de festas tradicionais do terreiro, palestras no terreiro, reunies do Conselho de Segurana Pblica do Estado do Par e do Conselho e Conferncias de Promoo de Igualdade Racial (no qual Me Inz tem assento) audincias pblicas etc. Alm do trabalho etnogrfico em campo, tambm se realizou o exame qualitativo de matrias veiculadas em peridicos, blogs, sites, documentos institucionais, fotografias (fotoetnografia) e legislaes. Os homens, historicamente, dominaram a esfera pblica e atriburam a ela as suas prprias condies de existir (ARENDT, 1991). Posteriormente, as mulheres am a ocupar esses espaos e desconstruir seus silenciamentos e invisibilidades atravs das lutas por seus direitos sociais, econmicos e polticos. Porm, a colonialidade eurocentrada mantm-se como eixo definidor das relaes de poder/saber/ser na realidade latino-americana, e as mulheres negras permanecem silenciadas e tendo seus corpos e experincias subalternizados, inclusive por outras mulheres (BIDASECA, 2011; LUGONES, 2014). Portanto, ao tratar da trajetria de Me Inz, buscou-se dar visibilidade para esta mulher negra, amaznida e afrorreligiosa que enfrenta cotidianamente a subalternidade imposta ao articular saberes e epistemologias outras que resistem, reexistem e reposicionam essas relaes de poder atravessadas por raa e gnero (COLLINS, 2019; OYEWM, 2019), lutando contra o racismo religioso, as violncias direcionadas s mulheres negras e de terreiros, pelo reconhecimento e valorizao cultural e pela emancipao sociopoltica.
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Luiza Freire Nasciutti (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Gnero, identidade indgena e experincia urbana: processos de subjetivao e agncia nas narrativas de quatro mulheres indgenas na cidade do Rio de Janeiro.
Resumo:Essa comunicao pretende expor as questes levant...
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Resumo:Essa comunicao pretende expor as questes levantadas pela minha pesquisa de mestrado, que analisou as agncias e processos de subjetivao de quatro mulheres indgenas que vivem na cidade do Rio de Janeiro, a partir de narrativas autobiogrficas, ou seja, histrias pessoais autorrepresentadas que examinam experincias, auto-percepes e negociaes de identidade descritas pela perspectiva da sujeita entrevistada (KILOMBA, 2019). Prope-se uma reflexo de como elas se percebem mulheres indgenas na cidade, analisando como vivenciam processos de identificao alinhados a modos particulares de significao, substantivao e legitimao da identidade indgena, marcados e influenciados pelo contexto scio-poltico das disputas ateadas pelo movimento indgena Aldeia Maracan. Procura-se analisar pontos convergentes nas construes de suas autobiografias produzidas sobre processos de busca por suas razes, onde se constri a identidade indgena enquanto potencialidade a ser descoberta e retomada. Busca-se observar como certo trabalho de memria operado na construo de tal identidade, e certa formulao de projeto acionada na enunciao de uma postura poltica em torno da ideia de defesa das culturas indgenas e de valorizao das vozes das mulheres indgenas na cidade. Procura-se investigar como essas sujeitas narram sobre os processos de estigmatizao, marginalizao e invisibilizao que experienciam na cidade, associados a marcadores sociais de diferena de gnero, classe e etnia em articulao, e refletir sobre as agncias que emergem como respostas a essas violncias. Para alm das violncias especficas que narram vivenciar enquanto indgenas, aparece demarcada a experincia generificada, que tambm atravessada pela dimenso de pobreza e precariedade na cidade. Com o ordinrio como campo privilegiado (DAS, 2007), pretende-se captar a vida cotidiana dessas mulheres, a partir de suas narrativas, procurando rastrear nestas as escolhas ocultas e as agncias midas, porm vitais, para viverem as suas vidas e tornarem seus mundos mais habitveis. A produo de si em torno da identidade indgena compreendida aqui como uma experincia urbana e como uma forma de agncia na cidade enquanto mulheres marginalizadas. A descoberta e afirmao de si como mulher indgena enxergada como forma de refazer a vida (DAS, 2007) e como a possibilidade de construo de uma nova vida que transpe os traumas e violncias vivenciadas e afirma para si uma qualidade de existncia em torno do adjetivo guerreira, assumindo um lugar de batalha, resistncia, resilincia e no desistncia constante e cotidiano.
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ST 08 - Sesso 2 - Sala 08 - Dia 17/09/2020 das 14:00 s 18:00 16455m
Local: Sala 08
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Cibeli Grochoski (UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro Oeste)
A "moderna" dona de casa: A representao feminina propagada pela revista Querida nos peridicos de 1960
Resumo:O ano de 1960 foi marcado por muitas transformae...
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Resumo:O ano de 1960 foi marcado por muitas transformaes sociais, econmicas e politicas. As mulheres conquistam novos espaos sociais, o nvel de escolaridade da populao aumentou, sobretudo entre as mulheres, houve a ampliao do mercado de trabalho com a instalao de novas indstrias. Mas as mulheres da classe mdia-alta pblico alvo da revista Querida, ainda seguiam os padres tradicionais, elas eram criadas e educadas para serem esposas, mes e donas de casa (PINSKY, 2014, p.18).
Querida foi criada em 1953 pela Rio Grfica Editora no Rio de Janeiro, seus exemplares circulavam em territrio nacional, contendo diversos artigos importados dos Estados Unidos.
Em 1960 a televiso no era popular no Brasil, a maioria das pessoas ouvia o rdio, porm uma mdia que ganhou bastante destaque no perodo foi s revistas. Ao contrrio do rdio a revista trazia imagens que logo conquistaram principalmente o pblico feminino. A partir da imprensa feminina possvel pesquisar sobre questes sociais, econmicas e culturais, os peridicos de Querida representam um mundo no qual os papis de gnero so bem definidos. Um espao onde se cultiva um esteretipo de mulher ideal sendo recatada, doce, meiga, boa esposa, boa me, a rainha do lar.
As imagens propagadas pela revista construam e consolidavam padres esperados de feminilidade, como afirma Carla Bassanezi Pinsky (2014) as revistas femininas so uma porta de entrada para uma viagem pela histria das relaes de gnero. Em suas pginas so apresentados ideais de seu tempo a respeito dos papis femininos e masculinos.
Este trabalho tem como objetivo analisar as representaes de mulheres em imagens de anncios presentes na revista feminina Querida. Foram analisados peridicos do ano de 1960, perodo marcado pelo discurso de modernizao, os anos de 1945 a 1964 so chamados de Anos Dourados poca marcada pelo otimismo do segundo ps-guerra, pela industrializao e urbanizao do pas.
A anlise da revista traz tona discursos sobre a natureza dos sexos, relaes de poder e dominao masculina. Querida procurava enquadrar suas leitoras dentro de padres moralmente aceitos cheios de valores tradicionais.
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Maria Helosa Lima dos Santos (UNEB)
A Representao Da Mulher Negra No Trabalho Domstico
Resumo:A representao da mulher negra no trabalho domst...
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Resumo:A representao da mulher negra no trabalho domstico o objeto de anlise do presente artigo, que procura trazer algumas reflexes sobre as imagens que foram criadas sobre os corpos de mulheres negra no trabalho domstico e os reflexos disso na construo de um imaginrio negativo de pessoas negras no Brasil. Utilizando para isso de aporte terico-metodolgico de leituras acerca da representao, sobre como a construo do imaginrio coletivo brasileiro na literatura e na mdia ao longo de sua histria tem relao direta com as violncias simblicas produzidas no seio da sociedade, de leituras sobre autoras negras que trazem as experincias das mulheres negras e das trabalhadoras domsticas e os diversos atravessamentos de suas trajetrias de vida, explicada pela teoria da Interseccionalidade, que tem como vanguarda as mulheres negras. Trazendo, tambm, leituras que abordam os avanos e as lutas da categoria das trabalhadoras domsticas no cenrio da legislao brasileira atravs de histrias de vidas de trabalhadoras domsticas.
Para tratar sobre representao preciso entender os debates em torno de como ele foi definido numa sociedade marcada pelas injustias sociais como o Brasil, fruto de uma estrutura historicamente influenciada pelo sistema escravocrata de mais de duzentos anos, onde o corpos negros, trazidos do continente africano, e indgenas nas Amricas, foram deliberadamente escravizados, explorados e usurpado sua humanidade.
Para tanto, a construo de uma imagem positiva da mulher negra trabalhadora domstica pera pela desconstruo de um olhar branco- racista- patriarcal e capitalista, por meio da valorizao da Histria e cultura africana e afro-brasileira na educao, na mdia e nos meios de comunicao. Mulheres negras, enquanto sujeitas ativas de sua prpria histria esto reescrevendo suas prprias histrias, imprimindo suas contribuies intelectuais e seu pensamento crtico sobre a sociedade em seus discursos de resistncia, e como bem nos ensinou a escritora Conceio Evaristo , no contnuo ato de traar uma escrevivncia.
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Amanda de Mello Calbria (Universidade Federal Fluminense)
Poltica, memria e representao na trajetria de uma puta militante
Resumo:A comunicao parte das reflexes geradas na escri...
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Resumo:A comunicao parte das reflexes geradas na escrita da histria de vida de Lourdes Barreto - prostituta, paraibana, militante ativa e grande referncia do movimento brasileiro de prostitutas. A pesquisa centrou-se em um projeto de histria oral, em interface com a histria pblica, atenta aos sentidos, desejos e debates propostos pela narradora e pela sua comunidade de sentido. O movimento de prostitutas, nascido em 1987, tendo Lourdes como uma de suas fundadoras, vem atuando no combate ao estigma de puta (PHETERSON,1986), na mobilizao da categoria e na reivindicao dos direitos civis, laborais e sexuais. Em resposta representao histrica depreciativa da prostituta na sociedade, o movimento produziu uma gramtica particular de luta, bem como a identidade de puta, fundamentada em um discurso de positivao do trabalho sexual, valorizao do sexo, do erotismo e enfatizando a autonomia e a autodeterminao da mulher prostituta. Em sua narrativa autobiogrfica, Lourdes ressalta os marcos polticos, os pilares da luta e reivindica a identidade de puta na memria social do movimento, atualizando-a no reforo da sua contribuio poltica. Enfatiza seu histrico de atuao na agenda brasileira e seu legado acerca da proposta do putafeminismo (PRADA, 2018). Propomos debater, aqui, os sentidos preponderantes na narrativa de Lourdes sobre trabalho sexual e militncia, em uma disputa discursiva, poltica e cultural na sociedade. Enfatizamos a relevncia da histria de vida de Lourdes para o debate sobre relaes de gnero, raa e classe, ao reconhecer a sua posio social enquanto prostituta em articulao com seus marcadores de diferena, bem como a contribuio dos acentos no agenciamento, na positividade e na autonomia da puta, desconstruindo as noes depreciativas hegemnicas e tensionando a ordem normativa sexual existente. Para a produo de tal reflexo, realizamos o cotejamento da narrativa autobiogrfica com fontes diversas: produzidas e/ou preservadas pelo movimento; como as relatorias, projetos, fotografias, jornais, e coletadas na internet; como as entrevistas, reportagens e vdeos sobre Lourdes e o movimento.
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Leonardo da Silva Martinelli (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina)
Representaes e homossexualidades: os gays na revista Veja (1968-1983)
Resumo:A presente comunicao visa apresentar a pesquisa ...
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Resumo:A presente comunicao visa apresentar a pesquisa de mestrado do autor defendida no ano de 2019. Esta analisou as representaes dos gays veiculadas na revista Veja entre 1968 a 1983. Fundamentada nos estudos de gnero e sexualidade, foram coletadas e analisadas matrias veiculadas nesse peridico buscando compreender as representaes publicadas articuladas ao cenrio da poca de intensa defesa da moral e os bons costumes, uma das caractersticas da ditadura civil-militar brasileira, alm do aparato repressor perpetrado, especialmente de censura imprensa, que interditava a possibilidade de positivaes a essa temtica. A revista Veja surgiu no ano de 1968 e fazia parte de uma proposta inovadora de segmentao no Brasil, tratava-se de uma revista semanal de informao inspirada em modelos estrangeiros. Era editada pela Abril, em So Paulo, e pertencia a famlia Civita, sendo que outras revistas j eram produzidas por esse grupo naquele momento. Metodologicamente foi utilizada a anlise de contedo a partir de Moraes (1999) e Bardin (2011) numa abordagem qualitativa, mediante uma anlise temtica, e quantitativa, a partir da elaborao de tabelas, grficos e quadros para compreender a problemtica proposta. Anlises especficas sobre esse tipo de impresso so necessrias para observar as singularidades de cada peridico e aprofundar as discusses para alm das generalizaes. Um olhar minucioso permite observar quais notcias circularam na poca e refletir como essas publicaes inseriam-se naquela conjuntura. Compreender em que medida as representaes estigmatizantes dos gays foram veiculadas e atentar se houve atenuantes e/ou possveis positivaes. Nesse sentido, so apresentados alguns dos principais resultados dessa pesquisa e os desafios encontrados para analisar as homossexualidades em perodos pretritos.
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Patrcia Simone de Araujo (UEG - Universidade Estadual de Gois)
(Re)significando a vida por meio da escrita: as memrias autobiogrficas de Herculine/Abel Barbin (1838-1868)
Resumo:O objetivo central desta pesquisa analisar como ...
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Resumo:O objetivo central desta pesquisa analisar como Herculine/Abel Barbin interpretou seu corpo e sexualidade por meio da sua escrita autobiogrfica frente aos valores morais de sua poca. Redigidas ao final de sua vida, as lembranas demonstram uma pessoa marcada pelo sofrimento por viver uma identidade dupla: a da/o hermafrodita do sculo XIX.
A histria dessa personagem galgou notoriedade, aps a publicao de sua narrativa autorreferencial em 1874 e pela revelao de sua condio sexual pelo professor de medicina legal Ambroise Tardieu. Declarada no seu registro de nascimento em 1838, na Frana, como menina e criada como tal, sua vida mudara significativamente aps um exame mdico que diagnosticou um caso verdadeiro de hermafroditismo determinando, o masculino, como a sua nova identidade sexual. Corroborando o parecer mdico, o tribunal civil de Saint-Jean d'Angely ordenou em 1860 a retificao do sexo e de seu nome na certido de nascimento, ando a se chamar a partir desse momento Abel.
Narrar-se para Barbin era, sobretudo, uma tentativa de lanar um novo olhar sobre sua sexualidade e suas atitudes adas, expressando uma originalidade interpretativa em relao viso pejorativa que a sua poca lhe legou, pois desestabilizou o palco das certezas criado pela sociedade ocidental a respeito do sexo e da sexualidade.
Reconstruiu-se por meio de uma identidade narrativa desvinculada do jugo da culpabilizao, mas vinculada a uma pessoa injustiada. Subverteu a concepo ignbil que o social tinha sobre o seu corpo ao ausentar-se de qualquer condenao por ter nascido com dois sexos.
O grande equvoco para Barbin estava nos padres sociais formulados acerca do sexo e da sexualidade, e no nela(e). Dessa forma, por intermdio do seu texto, oportunizou vislumbrar um ser marcado no s pela dor, mas, acima de tudo, uma pessoa corajosa que no se submeteu aos padres de sua poca na forma de conceber o seu corpo e lugar no mundo, mas vislumbrou na prpria escrita uma forma de desafiar as regras e a moralidade vigentes em seu tempo.
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Danilo Souza Ferreira (UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto)
Historia , Fenomenologia e Memoria conciliadora os olhares sobre a biografia de Edith Stein
Resumo:A vida de Edith Stein se desenvolve entre os anos ...
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Resumo:A vida de Edith Stein se desenvolve entre os anos 1891-1942. Transcorre sua existncia num perodo marcado pelos fomentos da Repblica de Weimar e pelo advento do nazismo, de Adolf Hitler, lder do Partido Nacional Socialista. Edith Stein durante o seu perodo de formao na Universidade de Breslau, havia escolhido disciplinas de natureza humanstica, alm de filosofia e psicologia particularmente literatura e histria. Em sua filosofia, so delineados os traos de uma filosofia no feminino, que comeava a se fazer presente nos meios intelectuais alemes.Podemos perceber a presena desses traos de uma filosofia feminina, no perodo de 1913 em que se inscreve na Faculdade de Filosofia de Gottingen , para ter aulas com Edmund Husserl, fazendo parte de um grupo denominado Sociedade Filosfica, que sobre a orientao de Husserl, estavam homens como Adolf Reinhard, Roman Ingarden, e Johannes Hering mais tambm intelectuais mulheres como Rose Guttmann, e Hedwig Conrad-Martius com quem vai desenvolver uma forte amizade que ser sua madrinha de batismo, quando se converte ao cristianismo. As duas intelectuais Hedwig Martius apresentam trajetrias acadmicas semelhantes ambas as mulheres fazem a sua primeira formao em cincias do espirito ambas escolheram os cursos de psicologia e histria, uma faculdade que lhe fosse til tambm para o ensinamento. Ambas seguem a fenomenologia de Husserl e tentam conciliar a cincias naturais das cincias do espirito. Apesar de um ponto de aproximao entre as duas intelectuais ser o campo profissional ligado a educao em especial as cincias do esprito, j que outras profisses eram limitadas a participao das mulheres como o direito, mesmo nesse campo de atuao a educao a filosofia era incomum a participao feminina como ngela Belo aponta eram , esse, um fenmeno singular, de fato, se observarmos outros crculos filosficos daqueles anos nos damos conta da quase total falta de figuras femininas.O projeto filosfico e biogrfico de Edith Stein despertou o interesse de ativistas em toda a Polnia que tm enfrentado os problemas de representar a comunidade judaica da Polnia desde o colapso do comunismo em 1989. Esses "ativistas da memria" escolhem objetos especficos da memria e caminhos especficos da memorializao. Esta comunicao enfoca a lembrana de Stein na cidade de Wroclaw. Argumenta que a abordagem ativista da memria da "reconciliao cultural" problemtica, no caso de Stein, na medida em que se baseia em uma leitura errada do judasmo de Stein, depois de sua canonizao na igreja catlica por Joo Paulo II . A comunicao defende uma abordagem alternativa fronteiria que reconhece o papel persistente da violncia na construo de identidades e culturas.
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ST 08 - Sesso 3 - Sala 08 - Dia 18/09/2020 das 14:00 s 18:00 4ht32
Local: Sala 08
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Rui Marcos Moura Lima (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paran), Larissa cheyenne Nepomuceno De jesus (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
Queixa-Crime contra a Famlia Canguu: documentos judicirios e a presena/ausncia do feminino em autos judiciais.
Resumo:Resumo: Esse artigo tem como proposta de reflexo ...
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Resumo:Resumo: Esse artigo tem como proposta de reflexo a anlise de um documento judicial, uma queixa-crime relatando o arrombamento e tentativa de homicdio contra Manuel Justiniano de Moura e Albuquerque. O documento foi produzido durante uma grande disputa entre famlias do Alto Serto da Bahia no perodo entre 1844 at os anos finais da dcada de 1850. O conflito entre Mouras, Castros versus Canguus foi motivado pelo defloramento e rapto de Prcia Carolina da Silva Castro, por Leolino Pinheiro Canguu. Para tanto, durante o texto, iremos, em um primeiro momento, apresentar o cenrio no qual deu-se o conflito, em seguida falaremos da importncia da documentao judicial para a construo de narrativas historiogrficas que possuem como foco de anlise as mulheres enquanto agentes histricos. Asseveramos que na historiografia produzida at o momento que aborda a guerra entre as famlias Castos, Moura e Canguu, a qual estamos estudando, foram analisadas majoritariamente pelo vis da voz e perspectiva masculina. Dizemos isso, porque como se sabe, a maioria da produo das fontes foram feitas por homens, pois a escrita era quase exclusividade masculina, justamente por ser uma sociedade baseada no poder do patriarcado, das relaes onde o homem enquanto provedor, o que detinha o poder e assim, a mulher que conseguia driblar essa estrutura e se alfabetizar, ainda enfrentava dificuldade ao o aos espaos de sociabilidade e, portanto as fontes tinham presena e carter masculino em sua maioria. E muitos dos historiadores e historiadoras no se atentaram que mesmo assim, possvel encontrar nas brechas das fontes a presena e fala dessas mulheres. Nesse caso em especfico, em que esses sujeitos estiveram envolvidos em processos judiciais, ns historiadores/historiadoras temos a possibilidade de identificar a presena dessas mulheres na luta e na labuta diria, mesmo que muitas das vezes estivessem em condies de vulnerabilidade, submisso, subalternidade, sendo vtimas nos processos judiciais. Mas, para alm dessas interferncias das fontes, possvel sim, perceber as mulheres em papel de resistncia e de protagonismos histricos. Desta forma, nos ancoraremos nas reflexes produzidas na chamada histria social das mulheres.
Palavras-chave: Documentos judicirios; mulheres, Alto Serto baiano;
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Jacilene de Lima Leandro (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
As Mulheres e o Movimento Abolicionista no Diario de Pernambuco (Recife, 1883-1888)
Resumo:Nosso trabalho se empenhou na investigao das tra...
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Resumo:Nosso trabalho se empenhou na investigao das trajetrias de moas e senhoras que atuaram na militncia antiescravista durante a dcada de 1880. Observamos o espao pblico angariado pelas ativistas na cidade do Recife, sede de uma das maiores sociedades femininas do movimento abolicionista, denominada Ave Libertas. Esta associao iniciou suas atividades em 1884 e favoreceu a atuao de mulheres na capital, ocupando papel relevante na sociedade recifense. Os documentos disponveis produzidos pelas scias da Ave Libertas tambm foram averiguados em nossos estudos, os quais nos aproximaram da dinmica de trabalho das abolicionistas. Atravs da Biblioteca Nacional Digital, amos o jornal Diario de Pernambuco, na procura de publicaes com informaes sobre as militantes envolvidas nas atividades abolicionistas. Com os dados analisados, verificamos indcios da atuao feminina e os perfis das moas e senhoras que atuaram no movimento abolicionista institucionalizado. Identificamos eventos organizados pelas abolicionistas, como bazares, quermesses e festivais, nos quais algumas mulheres proferiram discursos polticos defendendo a causa do abolicionismo. Atuaes que evidenciam a capacidade das ativistas em atuar politicamente e, por vezes, distante dos esteretipos da maternidade, filantropia e religio. Notamos tambm a formao de uma teia de ativismo, criada a partir das relaes pessoais dessas mulheres, possibilitando que amigas, parentes e colegas tivessem o luta antiescravista. Nossas descobertas nos fizeram constatar que a dinmica estabelecida, a partir do engajamento feminino no ativismo abolicionista, contribuiu com as transformaes da conjuntura poltica que se instauravam. Fato que destaca a relevncia da participao dessas mulheres, as quais ganham papel importante na histria do movimento.
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Alcileide Cabral do Nascimento (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
MULHERES SUBVERSIVAS O movimento feminista no Nordeste na luta pela cidadania poltica e direitos trabalhistas (1927-1932)
Resumo:Esta pesquisa tem por objetivo analisar como o mov...
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Resumo:Esta pesquisa tem por objetivo analisar como o movimento feminista liberal, sob a coordenao da Federao Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF), ampliou suas bases no Nordeste e viabilizou o fortalecimento de uma cultura feminista na luta pela incluso das mulheres como cidads, entre os anos de 1927 e 1932. Essa pesquisa tem na Histria Poltica e na Teoria Crtica Feminista seu lastro terico para compreender o impacto da cultura feminista nestes anos de intensas lutas no embate com o regime democrtico conservador, oligrquico e liberal no Brasil. As fontes de pesquisas so diversificadas, abrangendo peridicos, revistas, relatrios, atas, ofcios, fotografias, etc., documentos de domnio pblico e privado sob a guarda de instituies pblicas e privadas, locais, regionais e nacionais. Do ponto de vista terico-metodolgico, a pesquisa articula as reflexes em torno da democracia, da cidadania, dos significados do feminismo, do sujeito de direito feminino, da redefinio entre espao pblico X privado, da diferena entre os sexos quanto ao direito educao, ao trabalho, igualdade salarial e poltica, numa perspectiva comparada. Esses temas matizam as novas searas de embate entre os gneros, questionam a excluso das mulheres na poltica partidria, o casamento indissolvel, a maternidade obrigatria, as diferenas salariais entre as/os trabalhadoras/es e fazem confrontar as feministas liberais filiadas FBPF e as foras antifeministas que reagiram s investidas das mulheres na conquista e ampliao da cidadania, dos direitos sociais e trabalhistas no regime republicano. Como resultado parcial possvel afirmar que o voto feminino no Rio Grande do Norte, em 1927, fez o feminismo e o sufrgio virar tema nacional, bem como acirrar os nimos contra os avanos das mulheres.
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Thays de Souza Lima (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Federao Alagoana pelo Progresso Feminino: A luta pela ampliao da democracia e pelo direito ao voto feminino (1927-1932)
Resumo:A presente pesquisa objetiva investigar a extenso...
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Resumo:A presente pesquisa objetiva investigar a extenso das atividades da Federao Brasileira pelo Progresso Feminino na regio Nordeste, possibilitando a criao, fundao e atuao da FAPF no estado de Alagoas. Atravs de levantamento bibliogrfico e exame de fontes primrias, analisamos os caminhos escolhidos e traados pelas lideranas de modo a fortalecer e ampliar a luta pela incluso das mulheres no exerccio da cidadania. Para tal, aplicamos os debates sobre a noo de pblico e privado luz da teoria crtica feminista presente na obra de Carole Pateman. Discusso necessria, uma vez que a dicotomia entre pblico e privado tece as bases do feminismo liberal encontrado tanto na Federao Brasileira, quanto na alagoana. O conceito de cidadania analisado a partir da obra de Jos Murilo de Carvalho, sendo referncia para compreender o percurso histrico da cidadania no Brasil. Observando o ideal de cidadania brasileiro, pautado nas convices liberais de progresso que teorizavam princpios de igualdade e liberdade, conclumos que sua aplicao na sociedade foi tanto incoerente com seus fundamentos, como tambm se deu de forma verticalizada, atendendo sobretudo aos homens brancos das elites. Contudo, muitos movimentos populares e polticos, ainda na primeira Repblica, protagonizaram levantes significativos para as mudanas e incluso de outros grupos no exerccio da cidadania. Analisando os discursos das Federaes, e em nossa pesquisa especificamente a FAPF, procuramos perceber de que forma as feministas liberais na Federao alagoana operavam com o conceito de cidadania, e em consequncia, a quem esses direitos abrangiam. Ao enfatizar as questes de ordem pblica em detrimento das privadas, as feministas liberais no conseguiam abranger o uso de tais direitos a todas as mulheres, j que negras e pobres no possuam os requisitos constitucionais exigidos. O conceito de interseccionalidade desenvolvido pela terica Kimberle Crenshaw, auxilia na compreenso dessa problemtica. Entendendo as particularidades da sua atuao , nos propomos a compreender o alcance do seu discurso a mulheres de diferentes classes, raas e condies, uma vez que seu carter liberal reiterava alguns lugares naturalizados e fadados a mulher. Com base no discurso de inaugurao da Federao Alagoana proferido por Lily Lages, buscamos entender sua viso sobre corpo, esttica e feminilidade, bem como as consequncias de sua concepo para outras mulheres. Embora exponhamos os limites e controvrsias de suas aes, reiteramos a importncia da FAPF na propagao dos ideais feministas dentro das assembleias essas majoritariamente masculinas e brancas e nas conquistas polticas e civis vivenciadas pelas mulheres durante a dcada de 1930.
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Alla Kssia de Lemos Santos (UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Movimento feminista e o debate da contracepo - Uma anlise acerca do contexto brasileiro na dcada de 1970
Resumo:O presente trabalho busca analisar as particularid...
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Resumo:O presente trabalho busca analisar as particularidades do movimento feminista brasileiro no que se refere ao debate da contracepo feminina iniciado na dcada de 1960. A partir disso, pretende-se fazer uma reviso historiogrfica acerca dessas questes, alm da chegada da plula anticoncepcional no pas, a sua popularizao e os conflitos de interesses presentes nessa dinmica. O cenrio poltico nesse perodo se encontrava marcado pela represso iniciada ainda na dcada de 1960, com um golpe civil-militar. Esse contexto influenciou diretamente na maneira como o movimento feminista atuou nos anos seguintes e, tambm, na forma como foi discutida a questo do o a contracepo. J no incio dos anos sessenta, a plula ou a ser comercializada no pas sem muitas restries, com a sua distribuio ocorrendo tambm atravs de entidades de planejamento familiar. possvel afirmar, que a utilizao dos mtodos contraceptivos modernos contribuiu para que acontecessem mudanas no comportamento feminino e nas relaes de gnero. No entanto, esse processo tambm ficou marcado pelos discursos da poca sobre a necessidade do controle populacional em diversos pases considerados subdesenvolvidos. Sabe-se que o movimento feminista brasileiro, assim como outros movimentos sociais, sofreu com a represso promovida pelo regime militar, que dificultou a sua organizao e que marcou seus principais debates na poca. Diferentemente de outros pases, as feministas brasileiras atuaram na luta pela democracia e no s com relao as pautas consideradas femininas. Vale ressaltar que alm das especificidades causadas pela situao poltica, tambm importante discutir o contexto social do pas, que esteve marcado pela desigualdade social entre as mulheres brasileiras, mostrando a necessidade de se pensar as diferentes mulheres que entravam em contato com os contraceptivos e como tinham o aos mesmos. Nesse sentido, torna-se importante pensar essas relaes que possibilitaram, nas dcadas seguintes, a construo de uma luta por direitos sexuais e reprodutivos.
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Sandra Santana da Costa (Universidade Federal da Bahia)
Trajetria do Feminismo Negro no Brasil: Movimentos e Aes polticas
Resumo:Este artigo pretende apresentar a trajetria e a h...
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Resumo:Este artigo pretende apresentar a trajetria e a histria poltica do movimento feminista negro, a partir da dcada de 70, no Brasil, com ateno para seu surgimento. Interessa pontuar as dificuldades enfrentadas e barreiras que tiveram de ser rompidas pelos diversos ncleos de mulheres negras, espalhados pelo pas, no enfrentamento ao silenciamento de suas vozes, no que diz respeito s questes de raa e racismo e gnero. Para tanto, a fim de investigar esses momentos, o artigo se vale do resgate de narrativas, relatos, experincias e registros de intelectuais negras, de modo que essa proposta de estudo reflita as opresses praticadas pelo movimento feminista hegemnico que, poca, se opunha declaradamente a pautar as demandas especficas s mulheres negras e a luta em favor de seu trnsito enquanto sujeitas polticas no interior do movimento.
O Movimento de Mulheres Negras enquanto contradiscurso surge a partir de demandas urgentes que, ausentes nas reivindicaes propostas pelo feminismo dominante, pensa e avalia as necessidades das polticas da diversidade que contemplam a existncia das mulheres negras, bem como aquelas identificadas como no-brancas. Constitui-se, portanto, tambm, como corrente para se pensar tanto aes polticas quanto tericas, dentro e fora da academia, a fim de (re)dimensionar as diversas perspectivas que antes amordaadas, secundarizadas e, tantas vezes, invisibilizadas por narrativas feministas hegemnicas, a a emergir superfcie dos embates na esfera pblica e privada para contestar os lugares de privilgios - no s a respeito das questes de raa, mas tambm diante de conflitos relacionados a discusso de gnero - reivindicando para si o direito voz.
Na contramo das ideias disseminadas a partir de uma perspectiva das chamadas metanarrativas, cujos sistemas tericos - a exemplo do positivismo, pretendia encaixar, historicamente, toda a humanidade dentro de normas e orientaes de ordem tica e poltica, no que confere, inclusive, aos discursos que veiculam verdades absolutas no tocante s representaes, o Movimento de Mulheres Negras, ao levantar suas agendas e denunciar privilgios, extrapola essas noes de falsa igualdade, utilizadas como forma de garantir a permanncia e manuteno do poder contido nas narrativas hegemnicas do feminismo branco. Este que, por sua vez, acaba por disciplinar e limitar a experincia pblica das mulheres negras, e, consequentemente, silenciar suas demandas.
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Caroline Atencio Medeiros Nunes (PUCRS - Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul)
O local, nacional e o transnacional: Mulheres palestinas e a intergeracionalidade em Pelotas-RS (1948-1980)
Resumo:O presente trabalho origina-se da tese de doutorad...
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Resumo:O presente trabalho origina-se da tese de doutorado em andamento no Programa de Ps-Graduao em Histria da Pontficia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul. Na tese, discutimos as questes relacionadas aos estudos migratrios, transnacionalismo, dispora e Relaes de gnero, no estudo de palestinos na cidade de Pelotas RS, com o recorte de 1948 a 1980. A partir da Histria Oral e estudo minucioso de documentao oficial como o registro nacional do estrangeiro, e documentos provenientes de acervos pessoais, pretendemos construir um estudo que alm de mapear, realize discusses dentro da historiografia as mltiplas identidades do migrante palestino, as relaes com a terra natal e as influncias geracionais deste processo. Dentro desta perspectiva, pretendemos destacar neste momento o estudo sobre a mulher palestina, trazendo uma discusso inicial sobre o papel das relaes de gnero inseridas no discurso migratrio, ao apresentar discursos de mulheres de maneira vertical na anlise migrante, questo essencial no trabalho com as migraes rabes e alm disso de um processo to complexo quanto o caso palestino. Destacamos portanto, o aspecto intergeracional, e a mulher palestina como um dos elos familiar para a manuteno da identidade entre as geraes, bem como o aspecto religioso, visto que a grande maioria do grupo de estudo deste trabalho so muulmanos sunitas. Faz-se necessrio ampliarmos a tica e discutir concomitantemente alguns aspecto do feminismo islmico, e seus desdobramentos transnacionais. Desta forma, ao pleitarmos a dinmica entre a relao do isl, e os estudos de gnero, buscamos mais do que apenas definir o feminismo islmico, mas tambm levantar suas possibilidades a prticas. Todas estas questes pretendem em conjunto construir uma escrita da histria, que fale sobre as relaes transnacionais, experincias que fluem entre aqui e l, estabelecendo parmetros para os estudos migratrios na historiografia, baseados em discursos construdos tambm por mulheres.
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